DISSECANDO O CRIME (II)

Anteriormente postei um texto com um vídeo, ambos extraídos do blogue do Mansueto Almeida. Agora, como se fosse uma continuidade do mesmo tema, trago a entrevista que Augusto Nardes, do TCU, possibilitou ao jornal Zero Hora, clareando alguns aspectos das "pedaladas" e reafirmando a responsabilidade de Dilma e não de Arno sobre elas.



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Contas públicas
Para relator no TCU, Dilma é a responsável por pedaladas fiscais
Ministro do Tribunal de Contas da União Augusto Nardes, que analisa a prestação de contas do governo federal de 2014, entende que a presidente é quem deve responder por supostas falhas identificadas por equipe de auditores
Por: Carolina Bahia
21/06/2015 - 22h47min
Relator da prestação de contas de 2014, o ministro do TCU Augusto Nardes não tem dúvidas de que essa responsabilidade não pode ser terceirizadaFoto: Charles Guerra / Agencia RBS
Embora o ex-secretário do Tesouro Nacional Arno Augustin tenha assinado um documento assumindo as pedaladas fiscais, de pouco vai adiantar a iniciativa do petista que matou no peito os malabarismos envolvendo recursos do governo federal.
Para o Tribunal de Contas da União (TCU), a responsabilidade é da presidente Dilma Rousseff. É ela quem deve responder pelos procedimentos envolvendo as contas públicas.
Relator da prestação de contas de 2014, o ministro do TCU Augusto Nardes não tem dúvidas de que essa responsabilidade não pode ser terceirizada. Para ele, tanto Augustin quanto o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega poderão ser punidos pela chamada contabilidade criativa, mas quem deve assumir as ações é a presidente.
— Os atos são dela — reforça o ministro.
Presidente tem prazo de 30 dias para se justificar
Em sua análise, o tribunal encontrou R$ 37,5 bilhões de pedaladas fiscais — atraso no repasse para bancos públicos —, além de R$ 281 bilhões em distorções totais. Apesar de criticar o governo em seu relatório, o ministro concedeu 30 dias para que a presidente encaminhe ao TCU as suas justificativas. O prazo começa a contar a partir desta semana. O ministro explica que, se não garantisse esse tempo, o governo poderia recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).
— Seria incoerente não garantir o direito de defesa. Além disso, correríamos o risco de ter todo um trabalho perdido — alega.
Ao todo, o governo precisa explicar 13 pontos levantados pelo TCU, entre eles três envolvendo as pedaladas fiscais. O TCU nunca votou pela rejeição das contas de um presidente da República. Sob pressão de uma cobrança inédita, a Advocacia-Geral da União (AGU) já começou a trabalhar na defesa.
ENTREVISTA
"Acho difícil a explicação da presidente para alguns fatos"
O seu relatório indicava rejeição das contas do governo. Por que houve prazo de 30 dias para apresentação de justificativas?
A minha proposta era pela rejeição das contas da presidente Dilma. Mas o plenário estava dividido. Não podíamos tomar uma decisão sem levar em consideração o conjunto do tribunal, que são nove ministros. Agora, depois da justificativa, do contraditório, vou analisar novamente o parecer. Não posso antecipar meu voto porque tenho de dar o direito de defesa. Mas acho difícil a explicação da presidente para alguns fatos.
O que será difícil de explicar?
O contingenciamento de 2014, que ela tinha de ter feito, deR$ 28,5 bilhões, e não fez. Além de não fazer, condicionou o Congresso a aprovar R$ 10 bilhões adicionais. É um fato que descumpre a Constituição Federal e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
E as pedaladas?
Eles entraram com recursos, mas as pedaladas já estão um pouco mais avançadas no julgamento final do TCU. A primeira manifestação do ministro José Múcio é de que eram ilegais. Vamos ver o que vai acontecer. Mas são mais 12 pontos que também estão em jogo, especialmente o contingenciamento de 2014.
Arno Augustin assinou um documento se responsabilizando pelas pedaladas. De quem é a responsabilidade, afinal?
Acho que ela foi mal assessorada, mas cabe à presidente responder pelas contas. As contas são da presidente da República, não são do Arno Augustin ou do Guido Mantega. Eles até poderão ser punidos, mas ela terá que responder. A presidente é a responsável.
A presidente Dilma foi irresponsável?
No ano passado, procurei a presidente e a alertei sobre essas anomalias que estavam acontecendo dentro do governo. Algumas coisas foram corrigidas, mas o mais grave é que não temos hoje certeza sobre o patrimônio líquido, que é a soma dos ativos e dos passivos. Isso é muito impactante para um país como o Brasil. Temos, por exemplo, shoppings, como em Fortaleza, em terrenos da União, pagando R$ 15, R$ 20 por mês. Não há controle das contas no governo.
O fato de o PR, comandado pelo seu irmão Cajar Nardes no Rio Grande do Sul, ter indicado o novo superintendente do Dnit, pesou na hora de o senhor fazer o relatório?
Não pesou nada, porque ele está em outra esfera. Ele faz política, eu não faço mais política.
A pressão política é grande dentro do TCU?
Sim. Recebi em torno de oito ministros do governo, 10 senadores da oposição, em torno de 15 deputados. Recebi pressão de todo lado. Meu parecer tem de ser aprovado pelo tribunal e, mais à frente, quem vai decidir é o Congresso. Espero que haja serenidade. Nós temos de fazer um choque de meritocracia no país. Chega de amadorismo.
A rejeição das contas públicas pode servir de base para um pedido de impeachment?
A decisão caberá ao Congresso, se é questão de impeachment ou não. Estou fazendo meu trabalho técnico. Demos um basta na questão das contas não serem prestadas de maneira adequada.
Mais dois grandes empresários foram presos, acusados de envolvimentos na corrupção da Petrobras. Faltou controle, fiscalização ao longo dos anos?
A gente já vinha alertando a questão do escândalo da Petrobras há 10 anos. No ano passado, a Petrobras investiu R$ 81 bilhões, 70% sem licitação. Condenamos nove diretores da Petrobras. O TCU não é mais aquela instituição que simplesmente passava a mão na cabeça de todo mundo.
Empresas investigadas na Lava-Jato, com seus presidentes presos, podem participar dos projetos de concessões?
 O juiz Sergio Moro e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não se entendem quanto ao critério da participação. O ideal seria que fechassem um acordo de leniência, que passa pela CGU (Controladoria-Geral da União) e pelo TCU. Cinco empresas já demonstraram interesse. Mas a Odebrecht, por exemplo, ainda não encaminhou documentação para esse acordo. Quem sabe agora, com a prisão do presidente, resolvam encaminhar. Mas, pela lei, não podem ser impedidas.

DISSECANDO O CRIME (I)

Da coluna do Mansueto Almeida, de quem pouco leio costumeiramente, recomendo o texto e principalmente o vídeo indicado que chamaram minha  atenção. Realmente, é um momento de dissecação do crime praticado pelo governo.

"ENTREVISTA" DE DILMA A GENTILLI

Extraí de O ANTAGONISTA os vídeos com a "entrevista", numa montagem de técnica e de conteúdo geniais por que oportunos aos tempos.
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https://youtu.be/w3E6BtINVJw

SUPREMO PODER JUDICIAL DEFINE SUAS MORDOMIAS

O Editorial do jornal Folha de São Paulo, de 01/06/2015, reputo-o como um dos melhores posicionamentos jornalísticos dos últimos tempos, especialmente por saber contextualizar um absurdo, repercutido pelas excrescências que assolam a vida nacional. Apenas, lamento a delimitação temporal e ocasional que o texto faz ao correlacionar o desprezo do STF para com a sociedade, quando critica o momento coincidente do ajuste fiscal.
No mais, a crítica é totalmente pertinente, pois traz questões preocupantes que mostram, embora de forma sutil, a cristalização de autofavorecimentos de setores específicos e fortes de per si, sem que tenham a visão da nacionalidade como um todo.
Por esta razão o título "Regalias Supremas", é adequado ao pensamento de regalias definidas a si pelo supremo poder judicial.




Editorial do jornal Folha de São Paulo, 01/06/2015
Regalias supremas


Se entre as virtudes desejáveis num juiz se destacam a sabedoria e a prudência, causa espécie que nenhuma delas apareça na proposta de Estatuto da Magistratura que o Supremo Tribunal Federal prepara para substituir a Lei Orgânica da Magistratura (Loman), de 1979.
O STF falta com a prudência ao propor, num momento de duro ajuste das contas públicas, um Poder Judiciário maior, mais caro e menos sujeito a controles de produtividade e eficiência.
Como mostrou reportagem desta Folha, o projeto em gestação fixa a proporção de 1 desembargador para cada 4 juízes de primeira instância, o que implicaria, logo de início, a criação de 834 vagas de magistrados de segunda instância. No instante seguinte, viriam o exército de servidores e as mordomias associados a esses cargos.
Além disso, a proposta falta com a sabedoria ao advogar por uma série de benesses e privilégios para os magistrados que não apenas irritam a opinião pública como ainda conspiram para tornar o país menos republicano.
A lista de desfeitas é quase inesgotável. Começa com a surreal sugestão de que magistrados recebam até 17 salários por ano, continua com as promoções salariais automáticas quando o profissional se casar e tiver filhos, passa pela concessão de auxílios para que togados e seus familiares estudem e termina de forma bizarra com o funeral dos juízes, que também seria custeado pelos cofres públicos.
Pretende-se ainda proibir que magistrados sejam interrogados por quaisquer autoridades que não outros magistrados de mesmo nível hierárquico ou superior e, talvez descontente com a lista de regalias domésticas, o Supremo cogita de dar a todos os juízes passaportes diplomáticos sempre que viajarem a serviço, a fim de que não tenham de passar por grandes filas nos aeroportos de outros países.
"Crème de la crème", um dos ministros pretende que os reajustes nos vencimentos do Judiciário deixem de ser decididos pelo Legislativo e se tornem prerrogativa do STF, que teria a missão de perseguir a devida "valorização institucional da magistratura".
É evidente que magistrados, como ocorre em todas as democracias, devem receber bons salários. Mas é igualmente evidente que não devem constituir categoria superior à de outros cidadãos.
Se esses exageros de fato se materializarem na versão final do projeto, caberá aos parlamentares rechaçá-los. Outra providência sábia seria retirar da Constituição o mecanismo que dá ao STF a prerrogativa exclusiva de propor o Estatuto da Magistratura. Pelo que se conhece da natureza humana, é tentação demais até para os juízes. 

TRÊS PALAVRAS QUE DEFINEM TUDO


Então, depois da indignação relativa àquilo que vimos nas exposições anteriores, resta-nos a  compensação do texto abaixo que simplifica tudo. Apenas, acrescento mais uma palavra: aproveitaram. Pronto!




de William Somerset Maugham
Felipe lembrou-se da história do Rei do Oriente que, desejando conhecer a história da humanidade, recebeu de um sábio quinhentos volumes; ocupado com negócios de Estado, pediu-lhe que a condensasse. Ao cabo de vinte anos, o sábio voltou e a sua história ocupava agora apenas cinquenta volumes; mas o rei, já velho demais para ler tantos livros volumosos, pediu-lhe que a fosse abreviar mais uma vez. Passaram-se de novo vinte anos, e o sábio, velho e encanecido, trouxe um único volume com os conhecimentos que o rei procurara; este, porém, estava deitado no seu leito de morte, nem tinha mais tempo de ler sequer aquilo. Aí o sábio deu-lhe a história da humanidade numa única linha: “Nasceram, sofreram, morreram

QUANTO GANHAM OS EX-GOVERNADORES (da série "os pesos-mortos que sustentamos")

Bem, já que estamos falando de masoquismos, vamos apreciar, sim, apreciar!, o ganho dos ex-governadores. Afinal, pagamos tudo isso e ficamos quietos. Então, cabe-nos apreciar e aplaudir esses ganhos, deles.


OS PESOS-MORTOS QUE SUSTENTAMOS

Acabei de estimular nosso masoquismo expondo o texto do Hélio Schwartzman, da FSP, sobre os abusos salariais que ocorrem no STF. Pois bem, continuo no mesmo estímulo, agora sugerindo a leitura da lista dos salários dos parlamentares aposentados, que pode ser acessada no endereço abaixo.
Não esqueçamos que somos nós os pagadores desse pesos-mortos da sociedade, com as fiéis contribuições, obrigatórias, claro!, que fazemos periodicamente ao governo central.
Uma ótima leitura, apesar de tudo.

INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL

Levando em conta os debates a Inteligência Emocional, sugiro a leitura do texto abaixo. É um novo campo de inflexão de estudos da mente e do...