O EBOLA CHEGOU?

Com o caso da suspeita de ocorrência do vírus ebola em Cascavel, vemos como estamos todos vulneráveis frente ao eventual surgimento da doença na nossa porta. A respeito dos cuidados, extraí a matéria abaixo do sítio BBC Brasil, esperando que te seja útil.

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Saiba como evitar o contágio por ebola

Michelle RobertsEditora de Saúde da BBC

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Com mais casos de ebola sendo registrados fora do epicentro do atual surto, o risco de contágio tem aumentado.
Por outro lado, especialistas têm aprendido mais sobre como conter o vírus que já infectou cerca de 7,5 mil pessoas só na África Ocidental.
Casos também foram registrados na Espanha e nos Estados Unidos - onde uma pessoa morreu -, e um suspeito foi registrado no Brasil.
Autoridades correm contra o relógio para conter a doença, que, em seu surto atual, mata mais da metade das pessoas que contagia.

Evite o contato

O ebola é transmitido pelo contato direto com fluidos corpóreos: sangue, saliva e vômito podem transportar o vírus mortal.
Parentes dos pacientes e os profissionais de saúde que os tratam são os indivíduos em maior situação de risco. Porém, qualquer pessoa que se aproxime de infectados por ebola se colocam em risco.
Por esta razão, o contato deve se restringir a situações de cuidados médicos essenciais e sempre mediante precauções como usar a roupa de proteção completa.
O vírus não consegue penetrar a vestimenta, que inclui máscara, luvas, óculos de proteção, macacão de corpo inteiro e botas de plástico - mas poucas pessoas têm acesso a esse equipamento tão avançado.
Quem usar a roupa completa precisa trocá-la a cada 40 minutos. Colocar todas as peças leva cinco minutos - tirá-las leva, com a ajuda de outra pessoa, 15 minutos. Durante esse processo, as pessoas estão mais suscetíveis ao contágio com ebola, por isso são descontaminadas com cloro.
A temperatura interna dentro do uniforme pode chegar a 40 graus centígrados.

Cubra os olhos

Se uma gota de fluido infectado cair na pele, pode ser lavada imediatamente com água e sabão, ou gel antibacterial.
Já os cuidados com os olhos são mais complicados. Um espirro que atinja o olho pode transportar o vírus para dentro do corpo.
De forma semelhante, as membranas mucosas da boca e de dentro do nariz são áreas vulneráveis.

Cuidados com a lavanderia

Um dos sintomas mais marcantes do ebola é sangramento. Os paciente podem sangrar pelos olhos, ouvidos, nariz, boca e reto. Vômitos e diarreias também pode ser carregados de sangue.
Assim, lavar as roupas se torna um risco. Qualquer lavanderia ou outro dejeto clínico é incinerado. Equipamentos médicos que podem ser reutilizados são esterilizados.
Sem essas medidas, o vírus pode continuar vivo e a transmissão pode se amplificar.
Gotas diminutas em uma superfície que não tenha sido totalmente limpa também são um risco. Ainda não se sabe quanto tempo o vírus pode permanecer vivo e continuar representando uma ameaça. O vírus da gripe e outros germes podem continuar vivos por duas horas ou mais em superfícies como mesas, maçanetas e escrivaninha.
A auxiliar de enfermagem espanhola confirmada com ebola contou ter entrado duas vezes no quarto de um dos dois pacientes que estava ajudando a tratar - primeiro, para ajudar a tratar o paciente, e depois para desinfetar o ambiente após a sua morte.
Nos dois casos, ela usou o equipamento protetor completo. Acredita-se que ela tenha sido infectada quando tirou a roupa.
Água e sabão ou gel antibacterial rapidamente rompem a cápsula que envolve o vírus. Um método de descontaminação facilmente acessível em regiões remotas é o uso de detergentes diluídos em água.

Preservativos

Em tese, quem se recupera de uma infecção por ebola não tem mais a capacidade de passar a doença adiante.
No entanto, o vírus já foi encontrado no sêmen de um paciente três meses depois de ele ter sido declarado curado.
Por esta razão, médicos dizem que os pacientes que se recuperarem do contágio devem evitar as relações sexuais durante três meses ou usar preservativos.

"BESAME MUCHO"

Assistindo à apresentação do vídeo, participamos daqueles momentos inesquecíveis da vida, quando rememoramos o sentimentalismo e o romantismo de uma das formas de arte, hoje vilipendiada por mesmices repetitivas de sons e grunhidos sacolejantes que nada dizem e nada transmitem, a não ser a superficialidade e o vazio de mentes que nada sabem da vida.
Ah!, recomendo não segurar a emoção e chorar à vontade, deixando vazar o sentimento da grandiosidade do momento.

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A CARTILHA DA CORRUPÇÃO

Tudo isso tem um didatismo e está tão claro como os ensinamentos da cartilha. Lembras da cartilha, aquele livrinho da escola primária onde b + a = ba, ba + ba = baba? Pois é! Apenas não temos certeza se há provas irrefutáveis de tudo o que vem sendo dito, mas, penso que sim, pois o envolvimento dos depoentes mostra serem ele profissionais, tanto atuando no ataque, quanto na defesa, aquela, dos seus interesses.
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Desvios na Petrobras aumentaram após desmontagem do esquema do mensalão 

Josias de Souza
10/10/2014 05:27
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No depoimento que prestou à Justiça Federal do Paraná na quarta-feira (8), o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa expôs uma cronologia reveladora. Segundo o delator, o balcão de negócios instalado na maior estatal brasileira passou a operar mais intensamente a partir de 2006. Pouco depois, portanto, do fechamento dos guichês do mensalão, em 2005.
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Saiba quem são políticos delatados por ex-diretor da Petrobras17 fotos

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PAULO ROBERTO COSTA, O DELATOR - Investigado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, que apura esquema bilionário de lavagem de dinheiro, Paulo Roberto Costa é ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, cargo que ocupou entre 2004 e 2012. Foi preso em março deste ano por tentar ocultar provas que o incriminavam. Solto em maio, foi preso novamente em junho, e fez acordo de delação premiada com a PF em agosto, o que possibilitaria uma redução de sua pena em caso de condenação. Em depoimentos gravados feitos à polícia, ele cita, segundo a revista "Veja", ao menos 25 deputados federias, 6 senadores, 3 governadores, um ministro de Estado e pelo menos três partidos políticos (PT, PMDB e PP), que teriam recebido propina de 3% do valor dos contratos da estatal Leia mais Renato Costa/Frame/Folhapress
Paulo Roberto assumira a diretoria de Abastecimento da Petrobras em 2004, sob Lula. O delator explicou que, no alvorecer de sua gestão, as oportunidades de negócios eram escassas: “Em 2004 e 2005, nós tivemos pouquíssimas obras, porque o orçamento era muito restrito e também não tinha projeto”, disse Paulo Roberto.
“Então, as obras na área de Abastecimento praticamente começam no ano de 2006”, ele acrescentou. No ano anterior, 2005, outro delator, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), jogara o mensalão no ventilador. Sem vincular um escândalo ao outro, Paulo Roberto deixou transparecer que a Petrobras converteu-se numa rendosa fonte alternativa de trambiques.
Foi nessa época, segundo o delator, que ganharam impulso as obras da refinaria Abreu e Lima, hoje célebre por seus superfaturamentos. “Vai ficar pronta em novembro deste ano”, previu Paulo Roberto. “A parte de terraplanagem começou em 2007.” Antes, segundo suas palavras, “teve um período de pouquíssima realização financeira.”
A corrupção aumentou na proporção direta da elevação da “realização financeira”. De acordo com o delator, os contratos celebrados na Petrobras rendiam um pedágio político de 3%, que desciam às arcas de pelo menos três legendas: PT, PMDB e PP. A campanha eleitoral de 2002 fora irrigada com as verbas sujas do mensalão. A de 2010, informou Paulo Roberto, foi besuntada com verbas do petrolão, como vem sendo chamado o novo escândalo.
Um dos pontos áureos do depoimento de Paulo Roberto Costa foi o instante em que, autorizada pelo juiz Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato, a defesa do doleiro Alberto Youssef formulou um lote de perguntas ao depoente. O inquisidor fez os questionamentos sabendo quais seriam as respostas do delator. Interessava-lhe deixar assentado nos autos que Youssef era um mero operador, não o mentor da petro-roubalheira.
— O senhor disse que Alberto Youssef procurava pessoas nas empreiteiras para pegar o dinheiro. É isso?, indagou o defensor do doleiro.
— Correto, respondeu Paulo Roberto, seco.
— As empresas sabiam que esse dinheiro que estava sendo pago ia para agentes públicos?
— Sim.
Na abertura do depoimento, o juiz determinara que não fossem mencionados os nomes das autoridades e dos políticos suspeitos de corrupção. Eles dispõem de prerrogativa de foro. Estão sendo investigados pelo STF. Daí o advogado ter tratado os beneficiários das propinas apenas como “agentes públicos”.
— Eles [os representantes das empresas] tinham convicção de que esse dinheiro ia financiar políticos e campanhas políticas?, prosseguiu o defensor de Youssef.
— Certamente. Sim, a resposta é sim, disse Paulo Roberto, em timbre categórico.
— Ou seja, esse esquema, me perdoe a expressão, de propina era também usado para financiar políticos brasileiros e o esquema de financiamento de campanhas políticas?, insistiu o advogado de Youssef.
— A resposta é sim.
— Em 2010, o senhor disse que esse dinheiro financiou campanhas políticas?
— Sim.
— Várias campanhas?
— Várias.
— Inclusive majoritárias?
Candidatos majoritários concorrem ao Senado, aos governos estaduais e à Presidência da República. O juiz farejou as intenções do advogado. E interveio: “Não, aí não vamos entrar nessa questão, doutor”, brecou. “Eu disse campanhas, Excelência, não disse de quem era”, tentou justificar o defensor do doleiro. E o magistrado: “Doutor, está indeferida a questão.”
“O senhor concorda que esse sistema acaba prejudicando um pouco o meu cliente?”, indagou o advogado. O juiz ironizou: “Bem, mas seu cliente é um político ou é o senhor Alberto Youssef?” O advogado tentou esticar a prosa: “A partir do momento que ele tem…” Mas não teve tempo de completar a frase: “Está indeferida a pergunta, doutor!”
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Operação Lava Jato da PF33 fotos

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8.out.2014 - O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa viajou do Rio de Janeiro para Curitiba para prestar seu primeiro depoimento à Justiça Federal depois do acordo de delação premiada. Costa e o doleiro Alberto Youssef disseram que o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, intermediava os recursos desviados de obras da estatal para o partido. Costa também declarou em depoimento à Justiça que existe um cartel de cerca de dez empresas que controla grande obras dentro e fora da Petrobras Leia maisSamantha Lima/ Folhapress
Nada mais revelador da encrenca que está por vir do que o silêncio sobre os nomões escondidos atrás do escândalo. As cifras desviadas são bilionárias. A Polícia Federal estima que apenas o doleiro Alberto Youssef, que operava em nome do PP, lavou o equivalente a R$ 10 bilhões em dinheiro sujo. E ele não era o único a atuar na Petrobras.
Pelo PT, disseram Paulo Roberto e Alberto Youssef, operava o diretor Financeiro da legenda, João Vaccari Neto. Pelo PMDB, quem passava o chapéu era um cidadão chamado Fernando Soares. O esquema se servia de propinas pagas por pelo menos 12 empresas: Camargo Corrêa, OAS, UTC, Odebrecht, Queiroz Galvão, Toyo Setal, Galvão Engenharia, Andrade Gutierrez, Iesa, Engevix, Jaraguá Equipamentos e Mendes Junior. Todas negaram participação no esquema. Operavam sob a forma de cartel. Dentro e fora da Petrobras, disse Paulo Roberto.
Youssef prestou depoimento na sequência. Confirmou a maioria das informações de Paulo Roberto. Ecoando as preocupações de sua defesa, o doleiro qualificou-se como parte da engrenagem, não como mentor. A certa altura o juiz Sérgio Mouro pediu a Youssef que esclarecesse como funcionava o recebimento das propinas de 3% que o PP (1%) era obrigado a dividir com o PT (2%). O doleiro expressou-se com um didatismo hediondo:
“Vou explicar, para Vossa Excelência entender: o contrato é um só. Uma obra da Camargo Corrêa, de R$ 3,480 bilhões —R$ 34 milhões ela tinha que pagar para o PP. Eu era responsável por esse aporte [referente à diretoria de Abastecimento]. A outra parte eu não era responsável. A empresa tinha que pagar mais 1%, mais R$ 34 milhões, ou 2%, como o Paulo Robeto está dizendo, para outro operador, no caso o João Vaccari”, já que o PT controlava a diretoria de Serviços, responsável por orçar, licitar e fiscalizar as obras tocadas por outras diretorias.
No instante em que encerrava o interrogatório de Paulo Roberto Costa, o juiz Sérgio Moro perguntou ao delator se ele queria “dizer alguma coisa”. E o interrogado: “Queria dizer só uma coisa, Excelência. Eu trabalhei na Petrobras 35 anos. Vinte e sete anos do meu trabalho foram trabalhos técnicos, gerenciais. E eu não tive nenhuma mácula nesses 27 anos.”
Paulo Roberto prosseguiu: “Se houve erro —e houve, não é?— foi a partir da entrada minha na diretoria por envolvimento com grupos políticos, que usam a oração e São Francisco, que é dando que se recebe. Eles dizem muito isso. Então, esse envolvimento político que tem, que tinha, depois que eu saí não posso mais falar, mas que tinha em todas as diretorias da Petrobras é uma mácula dentro da companhia…”
A ser verdade o que disse Youssef em seu depoimento, o próprio Paulo Roberto é fruto de uma chantagem política dos aliados do Planalto. Nessa versão, ele foi alçado ao posto de diretor depois que deputados governistas bloquearam as votações na Câmara por 90 dias. Se a prisão dos mensaleiros ensinou alguma coisa foi que a ética não pode ser ensinada a quem não quer aprender. Quem sai aos seus não endireita.

ESPÍRITO DE BOIADA

Tem razão o Ruy, que nojo!  dessas cafonices que surgem e perduram por aí.

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Bleargh! (Ruy Castro, para o jornal Folha de São Paulo, de 11/10/2014)

RIO DE JANEIRO - A Pont des Arts, uma ponte de Paris mandada construir por Napoleão, sobreviveu a duas guerras mundiais. Mas pode desabar ao peso do amor --dos cadeados que milhares de casais aplicam às suas grades (com os nominhos rabiscados a chave), trancam e jogam a dita chave no rio Sena, supondo que, com isso, seu amor ficará "trancado" para sempre.
Há dias, uma parte da grade veio abaixo sob 500 kg de cadeados. Calcula-se que a ponte esteja hoje com 60 toneladas dessa praga --que está se espalhando por outros monumentos da Europa. Nas praças mais turísticas, como Londres, Amsterdã ou Praga, já se vendem cadeados em forma de coração e pode-se gravar os nomes no ato da compra. A mania está chegando a São Paulo. Os primeiros cadeados apareceram na praça do Ciclista, na avenida Paulista.
Os "cadeados do amor" equivalem a outras cafonices, como despedir-se mandando beijos no coração --bleargh!-- ou fazer o gesto do coraçãozinho com as mãos para insinuar amor. Que cantores mandem beijos no coração e jogadores de futebol façam o coraçãozinho depois de um gol, é normal. Nem tanto quando se trata de candidatos à presidência da República. Sem falar no novíssimo e já extinto "É tóis!" --abreviatura, me parece, de "Eta, nóis!"--, criado por Neymar e repetido na TV por Dilma poucas horas antes dos 7 x 1 da Alemanha.
Competem em cafonice a pessoa dizer-se "guerreira"; declarar no Facebook que está "num relacionamento sério"; e, de modo geral, usar o Facebook como se ele fosse a revista "Contigo" --com todo respeito pela "Contigo". E a breguice mais recente está em tirar "selfies" dentro da cabine de votação, posando ao lado da cara do candidato na tela.
Não é apenas contra a lei. Quem garante que, um dia, você não desejará apagar a prova de que votou no Tiririca ou no pastor Feliciano?

DIGNIDADE

Parabéns CELSO KARSBURG! Ser Magistrado é isso também, ao conseguir a visão do todo e não apenas da letra da Lei. Julgar é saber enteder a Lei, compreender a Lei e contextualizá-la. Enfim, ser Magistrado e ter dignidade, o que, aliás, está muito bem demonstrado nesse teu posicionamento.
Abaixo, segue íntegra da notícia do jornal Gazeta do Sul.
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10/10/2014 - 21h10

Juiz de Santa Cruz renuncia a auxílio-moradia e vira notícia nacional

Celso Karsburg anunciou que dispensaria o benefício em um artigo na Gazeta do Sul
Foto: Michelle Treichel/Banco de Imagens
A decisão de um juiz do trabalho que atua em Santa Cruz do Sul de renunciar ao auxílio-moradia ganhou repercussão nacional. Celso Fernando Karsburg, do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, anunciou por meio de um artigo publicado na Gazeta do Sul no último dia 1º que abriria mão do polêmico benefício.

O artigo foi destacado no blog do jornalista Frederico Vasconcelos, do jornal Folha de S. Paulo, na manhã desta quinta-feira, 9. No texto, o magistrado classifica a gratificação como "imoral, indecente e antiética". Segundo ele, que é juiz há 17 anos e desde 2001 possui casa própria, a publicação não gerou manifestações oficiais de entidades de classe da magistratura, mas a tendência é que outros juízes também dispensem o auxílio. Karsburg disse ter comunicado a decisão via e-mail ao serviço de orçamento do TRT.

Alvo de polêmica, a concessão de auxílio-moradia para todos os juizes do País foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal. O benefício, já regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pode chegar a R$ 4,7 mil mensais. Promotores e procuradores também devem ter direito.

Confira o artigo na íntegra:
 
Auxílio-moradia para juízes

"Recente decisão de ministro do Supremo Tribunal Federal, concedendo indistintamente o auxílio-moradia a todos os magistrados do País, repercute gerando acirradas controvérsias e indignação. Apenas para relembrar. Depois de anos de luta, a magistratura conseguiu a instituição do subsídio a que se refere o § 4º do artigo 39 da Constituição Federal, sendo que o critério para correção deste – anual – se encontra fixado no inciso X do artigo 37. Com a instituição do subsídio, visava-se tornar mais transparente a forma como a magistratura é remunerada e acabar com toda a sorte de ajuda-disto e auxílio-daquilo pagos indistintamente. A Lei Orgânica da Magistratura, promulgada em 14/3/1979, no artigo 65, por sua vez, entre outras vantagens, prevê o pagamento de “ajuda de custo, para moradia, nas localidades em que não houver residência oficial à disposição do Magistrado”.

É fato notório, também, que desde 2006 o Poder Executivo não vem concedendo reposição salarial plena – e não está a se falar em aumento salarial, apenas reposição das perdas causadas pela inflação – a que se refere o artigo 37 supracitado, o que vem levando à exasperação não somente a magistratura mas também todos os servidores públicos abrangidos pelo artigo em questão, em evidente desrespeito à Constituição Federal.

A partir dessas constatações, uma indagação. Se desde 1979 já existia o direito ao recebimento do auxílio-moradia, por que somente agora, passados 35 anos, alguém se lembrou de requerer seu pagamento? Será que ninguém percebeu que esse direito estava ao alcance de todos os juízes mas que, por alguma insondável razão de bondade, não foi exercido durante todo esse tempo? À evidência que não. E a resposta é simples. Porque durante todos estes anos o pagamento da vantagem, indistintamente a todos os juízes, era visto como algo indevido, para não dizer absurdo, imoral ou antiético. E somente deixou de assim ser visto quando a magistratura percebeu que o Poder Executivo não iria conceder a reposição do poder aquisitivo causado pela inflação que ele mesmo produz.

Portanto, digam o que quiserem dizer: o pagamento do auxílio-moradia, indistintamente a todos os juízes, ainda que previsto na Loman, é uma afronta a milhões de brasileiros que não fazem jus a esse “benefício” e na realidade se constitui na resposta que um Poder – o Judiciário – deu a outro – o Executivo – porque este não cumpriu sua obrigação de repor o que a inflação havia consumido. É uma disfarçada e espúria concessão de antecipação ou reposição salarial por “canetaço” ante a inércia do governo federal – que tem dinheiro para construir portos para regimes políticos falidos, perdoar dívidas de outros tantos, que deixa bilhões escorrer entre os dedos das mãos nos incontáveis casos de corrupção que diariamente são noticiados – mas não tem dinheiro para repor as perdas causadas pela inflação, nem para remunerar de forma digna a magistratura.

Outras perguntas. Se o Poder Executivo continuar não concedendo a reposição da inflação nos próximos anos – continuando a demonstrar, assim, o seu desprezo para com a magistratura – a PEC 63/13, que institui a parcela indenizatória de valorização do tempo de serviço (ATS), também será atropelada por liminar do STF fazendo valer o inciso VII do mesmo artigo 65 da Loman antes já mencionada, que prevê o pagamento de gratificação adicional de 5% por quinquênio de serviço, até o máximo de 7?

Como ficam os juízes que residem na comarca e em residência própria? Irão receber a gratificação? Sob a justificativa de que a União não fornece a residência? E os casais, quando ambos forem juízes, qual deles receberá o auxílio-moradia? Receberão ambos? De minha parte, apenas uma certeza. Desde já renuncio ao recebimento da “gratificação”, por considerá-la imoral, indecente e antiética. Não quero migalhas recebidas por vias transversas e escusas. Quero apenas o mínimo que a Constituição Federal me assegura para exercício de meu cargo com dignidade. A reposição da inflação anualmente. Nada mais do que isso."


fonte: Redação Gazeta do Sul

AGORA, UMA POESIA!

A poesia de Drummond, abaixo, parece não dizer nada, mas diz tudo. Fala do enfado e da revolta, da desilusão e do perdão e, ao seu final, dá relevo à pequena ocorrência da Natureza, em local inóspito, mas um fato da maior importância para vida. 
Boa leitura!

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A FLOR E A NÁUSEA
Carlos Drummond de Andrade

Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias, espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Vomitar este tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.
Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.
Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

O POLITICAMENTO CORRETO COMO FORMA DE CENSURA

A adoção do posicionamento POLITICAMENTE CORRETO vem sendo adotada pela esquerda mundial como forma sutil de dominação da sociedade, fazendo...