VIVISSECÇÃO

Como podemos reivindicar o direito de reclamar direitos humanos, por aqui ou pelo mundo, e de exigir melhores condições de atendimento pessoal nos hospitais e na rede pública de saúde? Qual é o sentido de valorizarmos os movimentos de recolhimento, cuidados e adoção de animais perdidos, abandonados ou maltratados? Que fundamento tem tudo isso se ainda praticamos a crueldade da vivissecção?
Sugiro acompanhar a reportagem e a entrevista correspondentes, extraídas do Instituto Humanitas UNISINOS:
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O sacrifício de animais e o ensino da biologia.

Entrevista especial com Róber Bachinski


Em 2007, o estudante de biologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Róber Bachinski
entrou com uma liminar que o liberava de dissecar e sacrificar animais nas aulas práticas do curso de Ciências Biológicas. A justiça garantiu ao aluno o direito de continuar fiel às suas convicções sem que fosse reprovado por não participar dos sacríficios. A atitude de Róber gerou diversas discussões e inúmeras ONG’s em prol dos animais o apoiaram nesta decisão. A universidade recorreu à decisão de Róber e, três anos depois, a Justiça decidiu, na semana passada, por unanimidade, a sentença de primeiro grau, tornando obrigatória a participação do estudante nos trabalhos do curso de biologia. 

A IHU On-Line, que acompanhou todo o caso, entrevistou Róber, por email, que hoje vive no Rio de Janeiro, sobre a decisão. “Muitas vezes pensei em desistir da Biologia e buscar melhorar essa discussão através da Filosofia. Porém sempre quis fazer biologia e não acho justo alguém desistir de uma vontade por imposição de uma ideia, como pensam os juízes da 2ª Instância. A escolha de um curso e de uma carreira vai além das práticas dessa carreira, até mesmo na modificação dela, e todo aluno tem o direito de questionar a validade ética e metodológica do conhecimento passado na academia”, apontou.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Soubemos que a UFRGS ganhou o processo e que você terá que participar das aulas normalmente. Como transcorreu o processo?

Róber Bachinski – A UFRGS recorreu à 2ª Instância sobre o ganho de causa conseguido de objeção de consciência na Vara Ambiental (1ª Instância). Nós já esperávamos os votos contra a objeção de consciência na 2ª Instância, pois eles já tinham caçado a liminar também ganha na Vara Ambiental. Na prática, para o meu caso, isso pouco interfere, pois as aulas com outros métodos foram realizadas enquanto estava em vigor a decisão liminar, sendo que o que ocorreu nesse período teve caráter permanente. Então não precisarei voltar à faculdade para as práticas. Além do mais, terminei a faculdade de Ciências Biológicas na UFRGS no final do ano passado e já estou seguindo meus estudos na área de métodos alternativos ao uso de animais, tanto na investigação científica quanto na educação. Porém, recorreremos da decisão para instâncias superiores, pois sabemos que devemos levantar esse debate (sobre o direito à objeção de consciência dos alunos e o uso de animais na ciência) e esperamos abrir mais um precedente para que outros estudantes não se sintam constrangidos a fazer aulas práticas que firam seus interesses éticos e que não sejam obrigados a abandonar suas carreiras.

IHU On-Line – Você sofreu algum tipo de represália ou preconceito por parte da universidade ou colegas de curso?

Róber Bachinski – Paulo Freire, no livro Pedagogia do Oprimido, coloca que em uma instituição há dois tipos de opressão: a opressão por parte do opressor que deseja manter a hierarquia e a opressão por parte dos outros oprimidos que temem uma mudança de estado e uma represália geral por parte do opressor. Ambos os casos ocorreram na UFRGS. Professores se pronunciaram a meu respeito em eventos, algumas trocas de e-mails e nas salas de aula com interesse de me desqualificar, sem analisarem realmente os motivos que me levaram a ingressar com o processo. Muitos colegas, como se é esperado, aceitaram as opiniões dos professores e se colocaram contra a minha postura, sem demonstrarem uma postura crítica de questionar as bases do nosso ensino. 

Um dos professores, cuja obrigatoriedade do uso de animais nas suas classes me fez ingressar com o pedido judicial, fez declarações escritas em murais dizendo que as minhas atitudes partiam de “crenças do tipo criacionismo científico e imposição de ideias obscurantistas e político-religiosas”. Muitos professores utilizavam como tentativa de desqualificação me colocar como sectarista religioso e anticienticista, desviando o foco da discussão das bases da ciência hegemônica, no qual todos esses que me ofendiam foram criados e se nutriam em seus laboratórios, para uma figura que eles tentaram montar que não deveria estar na faculdade. Na realidade, a intenção deles era proteger o paradigma científico que eles dominam, com medo de não saber como fazer ciência em um modelo sem o uso de animais. Escrevo sobre essa mudança de paradigma e imposição de ideais na academia, nos cadernos IHU ideias, publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos, disponível na internet.

IHU On-Line – Você tem ideia de quantos animais vivos são usados, por semestre ou por ano, nas universidades?

Róber Bachinski – No Brasil nós não temos esses dados. Porém, Regan (Jaulas Vazias) diz que nos EUA, os estudantes relativos ao Ensino Médio e do Ensino Superior brasileiro dissecam anualmente mais de seis milhões de animais. O Quinto Relatório de Estatística Sobre o Uso de Animais na ciência na União Europeia, liberado em 2007, afirma que em 2005, nos países membros da EU, foram utilizados 12,1 milhões de animais em todas as esferas científicas (pesquisa e ensino), sendo desses 53% camundongos e 19% ratos. O Ensino contribui com 1,6% do uso total de animais nesses países. É uma porcentagem baixa, mas, em números absolutos, é uma contribuição de mais de 193 mil animais. Além disso, devemos considerar que a maioria das instituições europeias não utiliza animais no ensino, como na Inglaterra, Alemanha e Áustria.

IHU On-Line – Você considerou abandonar o curso de Biologia ou trocar deuniversidade?

Róber Bachinski – Muitas vezes pensei em desistir da Biologia e buscar melhorar essa discussão através da Filosofia. Porém, sempre quis fazer biologia e não acho justo alguém desistir de uma vontade por imposição de uma ideia, como pensam os juízes da 2ª Instância. A escolha de um curso e de uma carreira vai além das práticas dessa carreira, até mesmo na modificação dela, e todo aluno tem o direito de questionar a validade ética e metodológica do conhecimento passado na academia.

IHU On-Line – Aqui no Brasil há alguma universidade que já optou por não usar animais vivos em aula?

Róber Bachinski – Sim. A Faculdade de Medicina da UFRGS não utiliza animais no ensino desde 2007, mesmo para as disciplinas básicas de Fisiologia e Bioquímica. A Faculdade de Medicina do ABC Paulista, em 2008, decidiu abolir as aulas com animais. Além disso, muitas universidades não utilizam animais e não divulgam isso oficialmente. Sabemos apenas através dos estudantes que em seus cursos não utilizam animais.

IHU On-Line – Por que ainda protegem tanto a vivissecção?

Róber Bachinski – É o paradigma científico vigente, no qual a maioria dos profissionais foi formada e eles resistem à mudança por que essa é a sua instituição. No momento em que o paradigma da vivissecção for quebrado, muitos cientistas verão seus currículos quebrarem juntos. Como diz Grün(1994), “parte dos cientistas de hoje é, tal como diz a metáfora de Descartes, um exército de artesãos trabalhando loucamente para manter um edifício velho, esmigalhando-se, com alguma aparência de estar sendo reparado”. 

IHU On-Line – Você pretende recorrer à decisão da justiça?

Róber Bachinski – Sim, recorreremos, pois há muitos estudantes que necessitam da objeção de consciência para não desistirem dos seus cursos. Há outras tantas pessoas que me escrevem dizendo que desistiram da graduação em Biologia, Enfermagem, Veterinária, Medicina, Farmácia, etc, por que nesses cursos exigiam o uso de animais. Assim necessitamos levantar essa discussão no judiciário e conquistar o direito de formar pessoas foram do paradigma vivisseccionista.

IHU On-Line – Nesse período depois que você requereu o direito de não participar de aulas que sacrificavam animais, o que mudou?

Róber Bachinski – No período logo após ter ganhado a liminar houve um movimento muito forte contra o meu processo. Os professores diziam que eu não deveria ter escolhido Biologia (esse também foi o parecer da UFRGS contra a minha objeção de consciência), instigavam os colegas contra o meu processo e a maioria julgava que processei a UFRGS para chamar atenção. Em nenhum momento pensei em chamar a atenção para mim, tampouco pensei que daria tanta repercussão. Apenas quis levantar um debate que não tinha espaço na “academia”. Embora houvesse muita ação negativa, depois de alguns meses, as pessoas começaram a me respeitar mais, pois mantive meu posicionamento, comecei uma pesquisa sobre métodos alternativos ao uso de animais, inédito naUFRGS. 

Consegui apoio de uma professora da Educação em Ciências, Nádia de Souza, a quem sou muito grato. Comecei a auxiliar outros alunos e a buscar mais alternativas. Fiz meu estágio de Curso no Departamento de Farmacologia e Toxicologia do INCQS/Fiocruz, com métodos alternativos ao uso de animais. E meu Trabalho de Conclusão de Curso - TCC também em métodos alternativos para aulas de bioquímica e técnicas histológicas. Hoje algumas pessoas me dizem que fui corajoso e que fiz bem levantar a discussão. Porém, na época, poucos me incentivaram dentro da UFRGS e ninguém teve coragem de me apoiar abertamente. Isso mostra ainda que a opressão na universidade beira à época da ditadura militar. 

IHU On-Line – Algum professor defendeu o seu direito de não sacrificar animais?

Róber Bachinski – A professora Nádia de Souza me apoiou assumindo o meu projeto “Estratégias Substitutivas ao Uso de Animais no Ensino e Pesquisa” e me auxiliando na pesquisa. Conseguimos criar um foco, embora pequeno, sobre esse assunto na UFRGS. Em 2009, fizemos o I Seminário sobre Estratégias Substitutivas, com o apoio do PPG Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde, com vários convidados de diversas áreas falando sobre ética animal, educação, direito, métodos em bioquímica, técnicas anatômicas, etc. Foi muito interessante. Outros professores me escreveram em particular elogiando a minha atitude, porém não se manifestaram publicamente.

IHU On-Line – Que novas perspectivas podemos ter em relação ao direito dos animais no Brasil? De que forma a Lei Arouca pode evoluir?

Róber Bachinski – A Lei 11794/08 (baseada no Projeto de Lei do Senador Sérgio Arouca) não traz muitas novidades práticas sobre o uso de animais na ciência. Ela basicamente segue os mesmos preceitos já estabelecidos pela lei 6.638/79, que foi revogada. O que devemos aproveitar da Lei Arouca é o Inciso 3, do parágrafo 14º: “Sempre que possível, as práticas de ensino deverão ser fotografadas, filmadas ou gravadas, de forma a permitir sua reprodução para ilustração de práticas futuras, evitando-se a repetição desnecessária de procedimentos didáticos com animais.”. Todas as práticas de fisiologia, por exemplo, podem ser reproduzidas através de vídeos, sem comprometer a aprendizagem dos alunos. A falha dessa Lei, muito apoiada pelos pesquisadores e sociedades científicas interessadas na vivissecção, é que não impõe prazo final para experimentos com animais e nem estipula verbas para apoio a pesquisas sem animais. Isso faz com que as pesquisas em métodos alternativos continuem, no Brasil, totalmente desconsideradas dos editais de financiamento. 

IHU On-Line – Você pode nos falar sobre como podemos relacionar a Filosofia da moral ao direito dos animais?

Róber Bachinski – As teorias mais completas funcionam como guarda-chuvas para outras teorias. Acredito que Peter Singer foi o que melhor conseguiu incorporar os animais na esfera moral, quando desenvolveu o "argumento da igual consideração de interesses". No livro Ética Prática ele trata de diversos assuntos apenas utilizando o argumento da igual consideração de interesses e os conflitos de interesses gerados entre indivíduos. No caso do aborto, por exemplo, devemos analisar se o feto possui interesses, com qual tempo de gestação surge os interesses (por exemplo, interesse em não sentir dor ou o próprio interesse de viver) e analisar o conflito de interesse entre o feto e a mãe ou a sociedade. A divisão de renda também envolve um conflito de interesse, entre aqueles que possuem mais e os que possuem menos. Todas as nossas ações, direta ou indiretamente envolvem conflitos que deveriam ser “matematizados” para a realização de uma ação lógica, privilegiando os interesses mais básicos. Podemos analisar, por exemplo, o interesse de um humano em comer carne e o interesse de um animal em não ser preso e sofrer (física e psicologicamente) para a produção de carne. Por lógica, o humano tem obrigação de proteger o interesse básico do animal em não ser preso e tratado como máquina para um interesse de um humano sentir o gosto de um churrasco. No caso das experiências, a discussão gira em torno do interesse dos animais em não serem utilizados em experimentos (com todas as ações que isso envolve, como ser obrigados a nascer, crescer em biotérios e serem objetos de experimentação) e o interesse dos humanos em terem suas vidas melhoradas, mas isso não necessariamente é verdade. 

Há diversas críticas metodológicas às pesquisas com animais. O uso de animais não necessariamente contribui para o conhecimento da fisiologia humana e não prediz os efeitos sobre a saúde humana. A organização Americans For Medical Advancement, por exemplo, trabalha para incentivar outros métodos de pesquisas não baseadas em animais. É uma organização montada pelo Dr. Ray Greek, que possui vários livros e artigos mostrando, metodologicamente, por que as pesquisas com animais não são cientificamente sustentáveis. O conflito de interesse envolvido no caso da ciência é outro e, acredito, muito menos altruísta: são os interesses dos animais (os mesmos interesses básicos de liberdade, não sofrimento, conviver no meio ambiente próprio, que nós, humanos, também possuímos) contra os interesses da indústria farmacêutica em liberar novas drogas com patentes garantidas, de pesquisadores financiados por essas indústrias e da manutenção dos currículos e nomes desses pesquisadores.



HOSPITALISTA

Eis, finalmente, um fato que indica o retorno de algo parecido ao antigo médico da família. Claro que não com as mesmas características, pois, hoje, isso não mais seria possível, em face das condições psicossociais e do tamanho geográfico das cidades, do número de pessoas que habitam um espaço urbano, da multiplicidade e da variação de diagnósticos médicos, em função dos avanços da  ciência e da tecnologia, dentre outros aspectos.

Ao lado dos especialistas médicos, estes também, médicos, serão especialistas do acompanhamento pessoal, contextualizados na tecnologia paralela que diagnostica um mal, situados num ambiente hospitalar que eles deverão conhecer muito bem e junto da equipe de enfermagem. Ou seja, ninguém perde o seu espaço e o doente incorpora, de forma permanente, um profissional pleno junto de si. Certamente a empresa hospitalar ganhará com a redução de custos operacionais e todos serão beneficiados com a redução de erros médico-hospitalares. Aparentemente, pelo menos, esta deverá a ser a nova realidade.

Sugiro, pois, a leitura da reportagem abaixo:
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Mercado Para Novos Médicos

ORIENTAÇÃO VOCACIONAL


Por: Zero Hora
Gaúchos lideram movimento para a formação do hospitalista, médico que tem o hospital como foco. É a especialidade que mais cresce nos Estados Unidos


Pensou em pediatra, cardiologista, psiquiatra? Pois pode começar a incluir na sua lista de opções a medicina hospitalar. Os futuros médicos hospitalistas, que se dedicam integralmente ao cuidado de pacientes internados em hospitais, ainda estão sendo formados no Exterior, mas prometem ascensão de um novo perfil profissional no Brasil.

Por iniciativa de médicos gaúchos, que criaram no ano passado a Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar (Sobramh), jovens residentes e recém-formados em Medicina estão fazendo estágios e imersões em hospitais americanos, onde a especialidade foi criada há 15 anos e já é a que mais cresce no país. O convênio entre as sociedades brasileira e americana de Medicina Hospitalar está sendo estudado, mas os contatos iniciais já abriram caminho para seis profissionais gaúchos que estão nos EUA ou embarcam nos próximos meses para a especialização ainda não-regulamentada no país.
- A medicina hospitalar reconhece que o hospital por si determina riscos à saúde. Trabalhamos para promover o uso adequado a quem precisa. O médico atende no consultório, interna o paciente e o visita uma ou duas vez por dia. Esse é um modelo que não serve mais - diz Guilherme Brauner Barcellos, presidente da Sobramh e preceptor de Medicina Interna do Hospital Conceição.
Para Guilherme, o hospital está abrindo mercado também a um outro tipo de médico cuja atuação se parece muito com a do hospitalista. São os que integram os chamados Times de Resposta Rápida, grupos que atuam para solucionar problemas dos pacientes quando o médico responsável não está presente.
- O hospitalista se diferencia porque acompanha o paciente o tempo todo. Ele se destaca em áreas como tecnologia da informação, pesquisa médica e, sobretudo, na organização de diagnósticos e atendimentos para reduzir o tempo de internação e aumentar a segurança - explica Guilherme.
Para investir na medicina hospitalar ainda é preciso sair do Brasil. Foi o que fez a porto-alegrense Michelle Biehl, 28 anos, pela segunda vez. Depois de um estágio durante a faculdade, ela cursa hoje a residência no Jackson Memorial Hospital (JMH), da Universidade de Miami, nos EUA. Familiarizada com os novos conceitos, Michelle garante que a clínica do paciente enfermo e internado está em grande crescimento.
- No JMH, temos o Serviço de Medicina Hospitalar, com ótima estrutura, e os Times de Resposta Rápida. O hospitalista melhora o desfecho dos pacientes internados e a qualidade do atendimento - diz Michelle, formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Michelle alerta que os hospitalistas cursam a residência em medicina interna ao sair da faculdade. Por isso, podem atender a qualquer tipo de problema que possa ocorrer com o paciente internado, como faz a equipe de resposta rápida. Mas não baseiam nisso a sua atuação. Estão preocupados com o funcionamento do atendimento e com a segurança do paciente. Buscam um novo perfil profissional que está bem longe do modelo tradicional, no qual o médico se contenta com uma ou duas visitas diárias ao paciente internado.

Para boa parte dos médicos, o hospital significa ambulatório ou sala de cirurgia. O dia-a-dia da internação faz parte da rotina da enfermagem de médicos plantonistas, que atendem emergências. Mas uma mudança começou em 2005 no Estado, quando o Hospital Mãe de Deus, na Capital, criou a primeira equipe médica de resposta rápida para solucionar problemas na ausência do médico assistente. O sucesso do serviço, hoje já implantado no Complexo Hospitalar Santa Casa, é o embrião do novo médico.

- As equipes de resposta rápida já mostraram muitos benefícios. O hospitalista ampliará esse trabalho. Ele não tira o lugar de ninguém - diz a médica Alice Gallo de Moraes, 27 anos, com viagem marcada para os EUA, a fim de estagiar na área em Miami.
Conforme a Society of Hospital Medicine (SHM), entidade que se dedica a promover o cuidado ao paciente hospitalizado, o novo médico diminui despesas hospitalares, em média, em 13%. Mas, conforme o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) há estudos indicando mais de 30%.
- Contratamos hospitalistas porque precisamos implantar um sistema de proteção para a sociedade. Quanto mais complexo é o hospital, mas distante ele fica do modelo atual de atendimento que ainda se baseia no médico que está fora do hospital - diz Alberto Kaemmerer, diretor médico-científico do Sistema de Saúde Mãe de Deus.
A formação do hospitalista

No Brasil, a especialização ainda não foi criada. Os interessados buscam estágios e residência nos EUA, por meio da recém-criada Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar. Jackson Memorial Hospital (JMH), da Universidade de Miami, Mayo Clinic, em Rochester, e Brigham and Womens Hospital, da Harvard Medical School, em Boston, recebem brasileiros.

O mercado no Brasil
O Hospital Mãe de Deus, na Capital, criou em 2005 a primeira equipe de médicos contratada pelo hospital para atender a intercorrências de pacientes internados. A iniciativa existe também no Complexo da Santa Casa e se assemelha ao trabalho do hospitalista, que teria maior carga horária e atuação mais ampla.

Há projetos embrionários em outras instituições que se baseiam em benefícios já comprovados pelos pioneiros como redução de mortalidade, custos e tempo de internação.

O perfil nos EUA
82% dos hospitalistas são clínicos, com idade média de 37 anos, especialização em medicina interna e pelo menos um ano em medicina hospitalar
Está apto a reconhecer, diagnosticar e tratar doenças prevalentes
É capaz de antecipar problemas e, rapidamente, responder a crises ou mudanças no estado do paciente
Assume a liderança nas iniciativas relacionadas à segurança do paciente, como as de elaboração de protocolos

A especialidade
A Medicina Hospitalar surgiu na metade da década de 90, nos Estados Unidos. Hoje reúne mais de 20 mil médicos. A expectativa é de que, até 2012, somem 30 mil, um número maior do que o de cardiologistas no país.

Saiba mais
O 1º Congresso Brasileiro de Medicina Hospitalar ocorre de 1º a 3 de maio, em Gramado. Médicos americanos trarão a história de como a especialidade surgiu há 15 anos e já desponta como a segunda em número de profissionais. Haverá workshops gratuitos e exclusivos para estudantes.
Informações: www.medicinahospitalar.com.br

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De Porto Alegre para Boston
Entrevista: Gabriel Dalla Costa, Médico


Gabriel Dalla Costa, 25 anos, formou-se pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em dezembro de 2006. É residente em Medicina Interna no Hospital Conceição, em Porto Alegre, e tornou-se estagiário no Brigham and Women´s Hospital, da Harvard Medical School, em Boston, nos Estados Unidos. A oportunidade surgiu por meio da Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar. Ela incentiva residentes e jovens médicos a cumprirem estágios e imersões em hospitais americanos que desenvolvem a especialidade que pretendem criar no Brasil. Por e-mail, Gabriel concedeu entrevista ao caderno Vestibular. Confira:
Vestibular - O mais lhe atrai na medicina hospitalar?
Gabriel - É o fato de trabalhar com a constante preocupação de estratégias para uma hospitalização mais segura e breve, garantindo satisfação sem desperdiçar recursos terapêuticos e diagnósticos.
Vestibular - Como é o trabalho nos EUA?
Gabriel - No hospital, cumprimos rotinas pré-estabelecidas que se baseiam em informações exaustivamente pesquisadas, de acordo com os mais recentes avanços publicados no meio científico. Também trabalhamos gerenciando banco de dados e a interação entre as equipes (enfermagem, nutrição, fonoaudiologia, fisioterapia, farmácia, psicologia etc).
Vestibular - Seria uma volta do médico na administração hospitalar?
Gabriel - Não, o modelo hospitalista coloca o médico no papel central do atendimento hospitalar. Isso traz valorização para a medicina e evita a descontinuidade de informações sobre o paciente. Na maioria das vezes, não é o mesmo médico que realiza os dois atendimentos (ambulatório/hospital). Além da descontinuidade que ocorre pela troca de médico, não há um mecanismo de comunicação adequada entre os profissionais, tanto na baixa quanto na alta do paciente. Faltam informação adequada e comunicação entre médicos e diferentes equipes de saúde, e o paciente recebe a carga pela falta de organização.
Vestibular - Como ocorre essa falta de organização?
Gabriel - Vamos imaginar o clínico que tem 10 pacientes internados e precisa atender no consultório. Como dar atendimento adequado com uma ou duas visitas diárias ao paciente internado e ainda atender o consultório com qualidade? A solução proposta é imaginar uma equipe de hospitalistas responsáveis por gerenciar a internação do início ao fim, entregando o paciente ao seu médico de origem após o término da internação. Não se discute a importância de especialistas competentes. Discute-se sim, o uso abusivo e desnecessário do sistema de consultorias, que fragmenta e encarece o atendimento, sem claro benefício documentado.
Vestibular - Quais os planos ao voltar para o Brasil?
Gabriel - Procurar difundir ao máximo os aspectos positivos da medicina hospitalar e ajudar nosso país a oferecer um atendimento mais qualificado. Temos ótimos médicos, mas falta organização. A medicina hospitalar pode modificar nosso sistema de saúde. Em dados reais, em um grande hospital da capital gaúcha que atende pelo SUS, a média de internação em leito de medicina interna é de 12 a 13 dias. Em um grande hospital de Boston (EUA), que mantém serviço de medicina hospitalar, a média é de três a quatro dias. A aplicação desse modelo no país poderia ser fonte imensa de recursos e qualidade.
Vestibular - Qual o futuro dessa especialidade no país?
Gabriel - Requer uma ampla discussão e transformação. Pode ser encarada como um grande desafio. A expectativa é imensa, embora ainda estejamos em estágio embrionário de implementação. Há um esforço formidável de jovens médicos gaúchos. Nos EUA, é a especialidade que apresentou o maior crescimento da história.
Vestibular - Qual a tua dica para quem está se formando e já se interessa pela área?
Gabriel - A medicina é fascinante em todos os seus aspectos. É preciso estudar com afinco e buscar aprimoramento dia após dia. O dinheiro vem, mas certamente é algo secundário quando comparado a satisfação de realizar uma ciência em sua plenitude e excelência. Dedicação ao paciente - e também à vida pessoal - é um bom caminho. É preciso ser técnico brilhante, mas antes de tudo, um caloroso ser humano. Isso é ser médico de verdade, em qualquer área de atuação.

MATRIZ ENERGÉTICA

Extraí a breve análise, bem como o  texto, do Instituto Humanitas UNISINOS e efetuo sua postagem por concordar com o que aí está exposto. É necessário que ousemos pensar diferente e moderno na questão da energia, evitando sacrificar a natureza e utilizar desnecessariamente recursos financeiros do Estado que podem ser direcionados para aspectos carentes da sociedade. Pensar desta forma sei que é difícil pois se estará confrontando o campo dos interesses obscuros governamental-politiqueiro e empresarial da construção.

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Matriz Energética.


Uma discussão que Dilma Rousseff ficou devendo
A presidente Dilma Rousseff precisa incluir com urgência em sua pauta uma discussão que ficou devendo: qual a matriz energética adequada para o País e os passos que devem ou não devem ser dados. A opinião é do jornalista Washington Novaes em artigo no jornal O Estado de S.Paulo, 24-12-2010.
Eis o artigo.
A poucos dias do início do seu governo, a presidente Dilma Rousseff precisa incluir com urgência em sua pauta uma discussão, com a sociedade brasileira e os setores produtivos, que o atual governo federal ficou devendo: qual a matriz energética adequada para o País e os passos que devem - ou não devem - ser dados para atingi-la.
Já se recordou neste espaço o estudo promovido pela Confederação Nacional da Indústria mostrando que o setor pode consumir 25% menos energia do que hoje, com programas de eficiência e conservação. Também já se discutiu o estudo daUnicamp/WWF segundo o qual o consumo total de energia no País pode ser metade do que é hoje - ganhando 30% com conservação e eficiência, 10% com a redução das perdas nas linhas de transmissão e mais 10% com repotenciação de geradores de usinas antigas (e a custo muito menor que o de novas geradoras).
Mas só o que se lê e ouve é sobre planos de investimentos de dezenas de bilhões de reais em novas usinas, principalmente na Amazônia, em meio a graves discussões sobre os problemas ambientais e sociais dessas unidades - e ainda esquecendo que esses investimentos poderiam ser redirecionados para setores carentes, como o da saúde, sem necessidade de recriar impostos. E para energias "alternativas".
O noticiário das últimas semanas tem sido farto sobre os problemas nesta área. A começar pela repetição da disputa judicial - no leilão de uma hidrelétrica no Rio Teles Pires (entre Pará e Mato Grosso) - do processo de Belo Monte. Porque na verdade se trata de um complexo de várias usinas, com licença prévia do Ibama, mas submetido a 63 condicionantes (14 da Funai), por envolver questões delicadas com áreas indígenas e de preservação permanente.
O mesmo caminho desponta no horizonte com a Usina São Luís do Tapajós, parte de um complexo de 10 mil MW, já condenada pelo Fórum Social Pan-Americano (O Eco, 30/11) e por grupos indígenas da região. E continua com a ação proposta pelos ministérios públicos federal e de Rondônia, por causa de irregularidades no assentamento de todas as famílias deslocadas pela Hidrelétrica de Jirau (Rio Madeira) com a inundação em Mutum Paraná - sem falar nas discussões sobre a conveniência de uma linha de transmissão da energia do Madeira para o Sudeste, com 2.369 quilômetros de extensão (quando quase toda a Amazônia só dispõe de energia de termoelétricas).
Já a discussão sobre o projeto de Belo Monte (classificado pela revista do Instituto de Engenharia de São Paulo como "vergonhoso") parece não ter fim. A última vistoria do Ministério Público Federal mostrou (Amigos da Terra, 17/12) que não estão sendo cumpridas condicionantes impostas pelo Ibama na análise do estudo de impacto ambiental. Em dez anos são dez ações judiciais em torno do projeto, que nem sequer se sabe exatamente quanto custará, pois as informações variam de R$ 7 bilhões a R$ 30 bilhões. Nem quanto gerará de energia, pois isso depende de transposição de águas na seca (e para isso se fala na escavação de um canal maior que o do Panamá, sem explicar onde se depositarão os sedimentos). Ou para quantas pessoas se terá de prover instalações (20 mil? 80 mil?). Ainda assim, a usina é incluída no livro de realizações do atual governo e a Eletronorte anuncia o início das obras para abril de 2011, sem que 40 condicionantes do Ibama tenham sido cumpridas (o órgão já deu dois pareceres contra o início da construção), sem que se tenha autorização para remover comunidades indígenas atingidas e sem que se saiba até mesmo para onde irá a energia (ao que parece, em parte para usinas de alumínio e alumina no Pará. Será com subsídios na tarifa?).
Também não se sabe como fica a discussão sobre a matriz energética na Amazônia, onde as hidrelétricas suprem apenas 20% do consumo total e o restante vem de usinas movidas a óleo diesel. Há 115 termoelétricas no Estado (13 em Manaus, que consomem perto de 1 bilhão de litros de diesel por ano). Segundo o Fórum de Mudanças Climáticas do Amazonas (O Eco, 29/11), já em 2008 a Amazônia emitia, por esse caminho, 3,97 milhões de toneladas anuais de dióxido de carbono, quase 40% mais que seis anos antes. O consumo de combustíveis nas usinas custou R$ 2,4 bilhões em 2009 e chegará este ano a R$ 4,7 bilhões (Estado, 9/8).
Segundo o Tribunal de Contas da União, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não tem controle sobre os métodos e técnicas para esse consumo (Folha de S.Paulo, 14/8) e por isso o custo subiu 7,8% comparado com igual época do ano passado (da mesma forma que a Aneel não controlou os aumentos de tarifas de energia nos últimos anos e agora diz não ter como exigir a devolução de cerca de R$ 8 bilhões aos consumidores). O gasoduto Coari-Manaus, que pode reduzir em R$ 1 bilhão os custos, ainda não opera, não tem rede de distribuição (Estado, 9/8). E não se sabe com que técnica se pretende construir um linhão Tucuruí-Macapá-Manaus que atravesse os muitos quilômetros de largura do Rio Amazonas para transportar energia hidrelétrica (Estado, 15/3). Como não se sabe o que fazer para evitar que aumentos no preço do álcool desviem parte do consumo para a gasolina, aumentando os preços. Ou até quando se estimularão termoelétricas poluidoras.
Talvez não seja demais pedir que também se discutam um pouco os caminhos pelos quais se pretende apressar a exploração do petróleo na camada pré-sal. Certamente não é despropositado pedir que a sociedade - que paga tudo - seja esclarecida e possa opinar. Que a comunidade científica, que tantos estudos tem feito, possa conhecer os argumentos que avalizam as posições contrárias que estão prevalecendo. Democracia é para isso. E seria muito bem-vinda se levada à prática - nesta e em todas as áreas - desde os primeiros dias. O País só ganhará se, em lugar de entregar-se ao "gênio" de alguns iluminados, puder cada vez mais participar das discussões e da escolha dos seus caminhos.



DECISÕES ADEQUADAS

O assunto, copiado abaixo, circulou bastante pela rede telemática nestes últimos anos. Efetuo novamente sua circulação pela importância que tem o posicionamento do Juiz frente à adequação dos termos, dos quais nos esquecemos sua origem e importância, ou por conveniência, ou por sermos levados pela manada, mesmo! Ainda mais, também, é merecedora de elogios a análise psicossocial que o Magistrado faz, situando no mesmo lugar de destaque aquele que se julga superior e o cidadão comum, nesse caso, mero porteiro.
Sugiro pensar um  pouco sobre como enfatizamos “vossa excelência”, ou “doutor” esquecendo que isso é linguajar formal de certos ambientes profissionais, nunca da relação pessoal entre cidadãos. A obrigação do respeito pessoal entre pessoas e, eventualmente, com autoridades, não se manifesta pela aplicação desses, e de outros títulos, mas, sim, pela forma da linguagem e comportamento num determinado momento de um certo ambiente.
Quando conseguirmos desenvolver a empatia como elemento básico das nossas relações, teremos conseguido um grande avanço para solucionar esses conflitos relacionais.
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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - COMARCA DE NITERÓI - NONA VARA CÍVEL


Processo n° 2005.002.003424- 4


S E N T E N Ç A
Cuidam-se os autos de ação de obrigação de fazer manejada por ANTONIO MARREIROS DA SILVA MELO NETO contra o CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO LUÍZA VILLAGE e JEANETTE GRANATO, alegando o autor fatos precedentes ocorridos no interior do prédio que o levaram a pedir que fosse tratado formalmente de "senhor". 
Disse o requerente que sofreu danos, e que esperava a procedência do pedido inicial para dar a ele autor e suas visitas o tratamento de ' Doutor, senhor" "Doutora, senhora", sob pena de multa diária a ser fixada judicialmente, bem como requereu a condenação dos réus em dano moral não inferior a 100 salários mínimos. (...)
DECIDO: "O problema do fundamento de um direito apresenta-se diferentemente conforme se trate de buscar o fundamento de um direito que se tem ou de um direito que se gostaria de ter." (Noberto Bobbio, in "A Era dos Direitos", Editora Campus, pg. 15).
Trata-se o autor de Juiz digno, merecendo todo o respeito deste sentenciante e de todas as demais pessoas da sociedade, não se justificando tamanha publicidade que tomou este processo. 
Agiu o requerente como jurisdicionado, na crença de seu direito. Plausível sua conduta, na medida em que atribuiu ao Estado a solução do conflito.
Não deseja o ilustre Juiz tola bajulice, nem esta ação pode ter conotação de incompreensível futilidade. O cerne do inconformismo é de cunho eminentemente subjetivo, e ninguém, a não ser o próprio autor, sente tal dor, e este sentenciante bem compreende o que tanto incomoda o probo Requerente.
Está claro que não quer, nem nunca quis o autor, impor medo de autoridade, ou que lhe dediquem cumprimento laudatório, posto que é homem de notada grandeza e virtude. Entretanto, entendo que não lhe assiste razão jurídica na pretensão deduzida.
"Doutor" não é forma de tratamento, e sim título acadêmico utilizado apenas quando se apresenta tese a uma banca e esta a julg a merecedora de um doutoramento. Emprega-se apenas às pessoas que tenham tal grau, e mesmo assim no meio universitário. Constitui-se mera tradição referir-se a outras pessoas de 'doutor', sem o ser, e fora do meio acadêmico.
Daí a expressão doutor honoris causa - para a honra -, que se trata de título conferido por uma universidade à guisa e homenagem a determinada pessoa, sem submetê-la a exame.
Por outro lado, vale lembrar que "professor" e "mestre" são títulos exclusivos dos que se dedicam ao magistério, após concluído o curso de mestrado. Embora a expressão "senhor" confira a desejada formalidade às comunicações - não é pronome -, e possa até o autor aspirar distanciamento em relação a qualquer pessoa, afastando intimidades, não existe regra legal que imponha obrigação ao empregado do condomínio a ele assim se referir.
O empregado que se refere ao autor por "você", pode estar sendo cortês, posto que "você" não é pronome depreciativo. Isso é formalidade, decorrente do estilo de fala, sem quebra de hierarquia ou incidência de insubordinação. Fala-se segundo sua classe social. O brasileiro tem tendência na variedade coloquial relaxada, em especial a classe "semi-culta" , que sequer se importa com isso.
Na verdade "você" é variante - contração da alocução - do tratamento respeitoso "Vossa Mercê". A professora de linguística Eliana Pitombo Teixeira ensina que os textos literários que apresentam altas freqüências do pronome "você", devem ser classificados como formais. Em qualquer lugar desse país, é usual as pessoas serem chamadas de "seu" ou "dona", e isso é tratamento formal.
Em recente pesquisa universitária, constatou-se que o simples uso do nome da pessoa substitui o senhor/a senhora e você quando usados como prenome, isso porque soa como pejorativo tratamento diferente. Na edição promovida por Jorge Amado "Crônica de Viver Baiano Seiscentista", nos poemas de Gregório de Matos, destacou o escritor que Miércio Táti anotara que "você" é tratamento cerimonioso. (Rio de Janeiro, São Paulo, Record, 1999).
Urge ressaltar que tratamento cerimonioso é reservado a círculos fechados da diplomacia, clero, governo, judiciário e meio acadêmico, como já se disse. A própria Presidência da República fez publicar Manual de Redação instituindo o protocolo interno entre os demais Poderes. Mas na relação social não há ritual litúrgico a ser obedecido. Por isso que se diz que a alternância de "você" e "senhor" traduz-se numa questão sociolingüística, de difícil equação num país como o Brasil de várias influências regionais.
Ao Judiciário não com pete decidir sobre a relação de educação, etiqueta, cortesia ou coisas do gênero, a ser estabelecida entre o empregado do condomínio e o condômino, posto que isso é tema interna corpore daquela própria comunidade.
Isto posto, por estar convicto de que inexiste direito a ser agasalhado, mesmo que lamentando o incômodo pessoal experimentado pelo ilustre autor, julgo improcedente o pedido inicial, condenando o postulante no pagamento de custas e honorários de 10% sobre o valor da causa. P.R.I. Niterói, 2 de maio de 2005.
ALEXANDRE EDUARDO SCISINIO
/Juiz de Direito/


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