VESTAIS?

Brossard, ao escrever este artigo, em meados do último dezembro, o livro "Assassinato de Reputações", de Tuma, estava embrionário no conhecimento de todos. Agora, unindo o artigo de Brossard ao conteúdo do livro, vê-se como e quanto essas vestais são dissolutas, farisaicas e de como seus principal líder agiu traidoramente em relação aos seus companheiros.


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Vestais dissolutas

Paulo Brossard, 17/12/2013

 

Quando fundado o PT, seus integrantes eram, em regra, sindicalistas e alguns intelectuais. Por esta razão, ou por outra, o nascente partido tinha a pretensão de ser melhor que os demais. Proclamavam-se superiores. Eram os puros, enquanto os outros seriam os ímpios, ou de segunda categoria.

Cedo, porém, ficou demonstrado que a nova agremiação haveria de revelar-se possuidora de mazelas, quiçá superiores às atribuídas aos outros partidos; com efeito, chegados ao poder não hesitariam em abrir um capítulo novo no elenco das ilicitudes, o mensalão foi o maior, pelo menos o mais chocante por seu ineditismo e ostensividade; não foi o único, formou um rosário. Um dos mais conhecidos relacionou-se quando da eleição a governador de São Paulo, do atual ministro da Educação.

Enfim parece que em matéria de “traficâncias” as vestais revelaram-se insuperáveis

Ficaram famosos os fatos que tiveram como cenário o Hotel Ibis, em São Paulo, local onde agente petista compraria um dossiê que comprometeria o adversário, ao preço de R$ 1,7 milhão, dinheiro de contado. Se bem me lembro, o dossiê não passava de um agregado de coisas ineptas a ponto de o virtual adquirente desinteressar-se da suposta preciosidade e de evadir-se para não se encontrar com a Polícia Federal, deixando mesmo no hotel a soma de R$ 1,7 milhão durante algum tempo. Menciono o caso por ter se tornado público o episódio para demonstrar o proteiforme procedimento instaurado. Diante da repercussão, nada menos que o presidente Luiz Inácio tentou diminuir a importância da ocorrência chamando os compradores, seus correligionários, de aloprados, vocábulo que, se não mentem os dicionários, significa endoidados, malucos, estúpidos.

Agora veio a público que, numa investigação sobre contas no Exterior, o Ministério da Justiça consultou o Legal Department Cayman Islands Government, aparecendo nada mais nada menos que o nome de José Dirceu de Oliveira e Silva. Por esta, ou aquela razão, o Ministério da Justiça, que requerera esclarecimentos, parece ter sepultado a incômoda revelação e o fato não teve a menor consequência, quer dizer, são fatos, e fatos de suma gravidade e os serviços oficiais da alçada de um ministério de alta responsabilidade e conceito teriam arquivado documento que lhe foi dirigido em resposta a inquirição sua. Tais fatos são bastantes para demonstrar a deterioração das normas da nossa administração, sob o governo que pretendia ser um padrão de excelência. Diante deles poderia o Ministério da Justiça arquivá-los, conservando sem divulgação e sem consequências o fato gravíssimo, sem converter-se em co-responsável nem incidir em prevaricação?

Agora, outro fato arrasador vem de ocorrer, envolvendo o coração do governo. Acaba de ser publicado livro, com base em copiosas revelações de Romeu Tuma Junior, ex-secretário Nacional da Justiça do Ministério. Alega-se que Tuma Junior foi exonerado em razão de ilegalidades cometidas ou coisa parecida, mas quanto tempo decorreu desde a demissão? Não foi bastante para apurar a responsabilidade do demitido, suposta a veracidade das imputações que lhe foram feitas? A verdade, porém, é que nada, absolutamente nada, nenhuma iniciativa tomou a administração de apurar fatos ditos graves como lhe cabia.

Publicado em livro e divulgado nacionalmente não se viu nem ouviu uma palavra do governo a respeito. Essa omissão não importa em cumplicidade e esta em corresponsabilidade; as revelações atingem mortalmente a alta administração do país.

Enfim parece que em matéria de “traficâncias” as vestais revelaram-se insuperáveis

 

O DECÁLOGO DE BERTRAND RUSSELL


Decálogo


Bertrand Russell em 1907

Russell propôs, em sua autobiografia, um "código de conduta" liberal baseado em dez princípios, à maneira do decálogo cristão. "Não para substituir o antigo", diz Russell, "mas para complementá-lo". Os dez princípios são:

1.    Não tenhas certeza absoluta de nada.

2.    Não consideres que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.

3.    Nunca tentes desencorajar o pensamento, pois com certeza tu terás sucesso.

4.    Quando encontrares oposição, mesmo que seja de teu cônjuge ou de tuas crianças, esforça-te para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória que dependente da autoridade é irreal e ilusória.

5.    Não tenhas respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas.

6.    Não uses o poder para suprimir opiniões que consideres perniciosas, pois as opiniões irão suprimir-te.

7.    Não tenhas medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.

8.    Encontra mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se valorizas a inteligência como deverias, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda.

9.    Sê escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentares escondê-la.

10. Não tenhas inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.

DELÍRIOS, APENAS ISTO!


Sempre fui cético quando dizem que vivemos o inicio de uma "ditadura democrático-republicana". Mas, alguns fatos cometidos pelo regime petista mostram que estou errado no meu ceticismo e que devo acreditar no que dizem. Pronto!, o relato a seguir mostra isso! Nos últimos dias, a tal de comissão da verdade (assim mesmo, com letras minúsculas), liderada por pessoas descerebradas, fixadas em verdades inverdadeiras e com objetivo de colocar viseiras em mim, tem passado dos limites, extraindo ossadas dos túmulos, delirando sobre indícios ou falsas evidências da História, para reescrevê-la a seu gosto. Agora, vê só!, a tal comissão quer porque quer, assassinar Juscelino. Então, é importante ler  a notícia abaixo que desmistifica o delírio demencial de quem quer porque quer descobrir os pelos que o ovo não tem.

 

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A Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo divulgou na semana passada um documento composto por 90 pontos com supostos indícios de que a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek foi resultado de uma conspiração dos militares.

A tese, no entanto, é contrária a de Comissão Externa constituída em 2001, na Câmara dos Deputados, requerida pelo ex-deputado Paulo Octávio, casado, com a neta de JK, Anna Cristhina Kubitschek. Na época, a Comissão colheu depoimentos dos peritos que trabalharam na investigação da morte de JK em 1976, Sérgio de Souza Leite e Roberto Freitas Vilarinho e do ex-diretor Departamento Técnico e Científico da Polícia do Estado do Rio de Janeiro, Francisco Gil Castello Branco, que conduziu as investigações na década de 70.

Além disso, convocou dois peritos totalmente desvinculados do processo inicial, João Bosco de Oliveira e Ventura Raphael Martello Filho, para assessorar a Comissão Externa da Câmara. Após ouvir inúmeros depoimentos, viajar ao Chile atrás de eventuais conexões com a Operação Condor e reconstituir a ultima viagem de Juscelino Kubitschek, a Comissão foi taxativa em desconsiderar a tese de assassinato. Segundo a conclusão do relatório, “por mais que se exercite a imaginação e criatividade”, não existem argumentos sólidos, balizados, lógicos ou técnicos que indiquem que ao contrário à um acidente. “Os menores, detalhes não passaram despercebidos. Investigamos todas as dúvidas, todas as suspeitas.

À medida que as questões foram sendo esclarecidas e respondidas, a conclusão foi-se impondo inexoravelmente [...] Ao final destes trabalhos, não resta mais dúvidas de que a morte de Juscelino Kubitscheck foi causada por um acidente automobilístico, sem qualquer resquício da consumação de um assassinato encomendado”, concluiu a Comissão de 2001. O resultado das investigações de 2001 são apoiados por Maria Estela Kubitschek, filha do ex-presidente, e por Maria de Lourdes, filha do motorista Geraldo Ribeiro. Em depoimento à Comissão Especial da Câmara, Maria de Lourdes constestou a versão de assassinato. “Na qualidade de representante legal e afetiva da família, diante dos fatos, da credibilidade do IML na época e dos laudos emitidos em vários estados, acredito até hoje que a perícia de 1976 estava correta. Isto é, que meu pai, Geraldo Ribeiro, não foi atingido por projétil de arma de fogo”. O vereador Gilberto Natalini (PV), presidente do grupo paulista responsável pelas investigações que “comprovam” que JK foi assassinado, disse desconhecer a investigação de 2001. Além disso, o seu assessor, Ivo Patarga, que auxiliou as investigações, não sabia, por exemplo, que os peritos oficiais do caso ainda estavam vivos.

Patarga afirma que qualquer investigação na época da ditadura foi influenciada pelo regime. Para Natalini, as provas apontadas no relatório da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo são fortes e comprovam que foi um assassinato político. Mesmo assim, o vereador já afirmou que poderá ouvir os peritos iniciais para fazer uma acareação sobre o assunto. Contestações Em 1996, após a morte da ex-mulher de JK, Sarah Kubitschek, o ex-secretário do político, Serafim Jardim, autor do livro Juscelino Kubitschek — Onde está a verdade?, pediu a exumação do corpo do motorista Geraldo Ribeiro. A suspeita, constestada até hoje, era de que o motorista havia levado um tiro antes do acidente que vitimou os ocupantes do Opala. Porém, a suspeita foi refutada pelo médico-legista Márcio Alberto Cardoso, responsável pela exumação do cadáver em 1996, vinte anos após o acidente. Segundo ele, há fotos que mostram o crânio de Geraldo intacto, assim que foi tirado da urna no cemitério de Belo Horizonte. “Não havia perfurações ou fratura no crânio dele.

O que achamos foi um prego, que chamamos de cravo, usado para fixar uma estrutura de pano nos caixões”, afirma. Em entrevista ao Correio Braziliense, o perito Ventura Raphael Martello Filho, convocado para assessorar a Comissão Externa da Câmara, confirmou a impossibilidade de ter acontecido um atentado. “Com 40 anos de experiência, não consegui descobrir, por meio de laudos, fotos, recursos técnicos e análise do local, que houve ali outra coisa a não ser um acidente de trânsito.

O parecer técnico foi feito. Há uma série de impropriedades e argumentos infantis (como as teorias de conspiração)”, avalia Martello. Congresso Nacional O deputado Walter Feldman (PSB-SP) apresentou à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara um requerimento convidando para audiência pública o presidente do colegiado paulistano, vereador Gilberto Natalini (PV), o ex-secretário de JK Serafim Jardim e o perito criminal Alberto Carlos de Minas.

O requerimento deverá ser votado na próxima quarta-feira (18/12). Os três convocados defendem a versão de que o ex-presidente foi assassinado. Até o momento, os peritos iniciais ( Sérgio Leite e Villarinho), o legista que exumou o cadáver ( Márcio Cardoso) e os peritos que assessoraram a Comissão Externa ( João Bosco e Raphael Martello) não foram incluídos entre os que prestarão depoimentos.

 

 

SÓ PARA EMBALAR O RISO

É, sim! Só para quebrar a monotonia e embalar o riso.
 
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CHATEAR E ENCHER, por Paulo Mendes Campos 
Um amigo meu me ensina a diferença entre “chatear” e “encher”. Chatear é assim: você telefona para um escritório qualquer na cidade.
— Alô, quer me chamar por favor o Valdemar?
— Aqui não tem nenhum Valdemar.
Daí a alguns minutos você liga de novo.
— O Valdemar por obséquio.
— Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.
— Mas não é do número tal?
— É, mas aqui nunca teve nenhum Valdemar.
Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:
— Por favor, o Valdemar já chegou?
— Vê se te manca palhaço. Já não lhe disse que o diabo desse Valdemar nunca trabalhou aqui?
— Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.
— Não chateia.
Daí a dez minutos, ligue de novo.
— Escute uma coisa: o Valdemar não deixou pelo menos um recado?
O outro dessa vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.
Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:
— Alô. Quem fala aqui é o Valdemar! Alguém telefonou para mim?

NO PAÍS DA COPA


Recomendo a leitura desta boa análise do momento, escrita por Paulo Brossard.



No país da Copa

Autor: Paulo Brossard, 24/12/2013

 
Lamento que as vésperas do Natal, em vez de inspirar-me nele, tenha tido de escrever sobre temas tão ingratos

Se há um dado que se tem expandido entre nós é o protagonizado pela violência. As manifestações populares, grandes ou pequenas, tradicionalmente, terminam em passeatas ou coisa parecida. Agora, parece que devam ser concluídas com atos concretos de agressão ou dano; uma vitrina quebrada é uma conclusão digna de um tipo, como o incêndio de um veículo compõe excentricidade apropriada ao desfecho de outro. A partir daí, tudo pode acontecer. Mas, se me ocupo deste fato é porque vi com meus olhos o termo de um jogo de futebol, quando número apreciável de pessoas ocupavam as bancadas da assistência e se convertia com convulsão de alta belicosidade; as cenas que a televisão perpetuou e veio a mostrar com rigorosa objetividade; cabeças humanas pisoteadas com requintes de selvageria. Ora, quem vai assistir a uma disputa sabe de antemão que o seu clube pode ganhar, empatar ou perder. Sempre ouvi falar em espírito esportivo, mas nunca em conflito rude e isso tem acontecido, foi documentado e divulgado pela televisão. Mas são esportistas ou torcedores, são grupos de marginais ocultos sob a camisa de times. O fenômeno não é apenas extremamente nocivo, mas até perigoso, porque envolve multidões e se sabe do que são capazes as multidões.

Este o fato que, se não estou em erro tende a generalizar-se, talvez por preparo de grupos para este fim. E isso me parece perigoso porque a violência tolerada não cessa de propagar-se, de concessão em concessão, pode chegar ao insuportável. De mais a mais, as sanções adotadas tem sido ineptas. Em um caso o agressor foi condenado a pagar uma cesta básica e em outra situação, um agente do Ministério Público proibiu (sic) que a polícia entrasse nos estádios…

De concessão em concessão chegou-se a uma legislação ineficaz que resultou no triunfo da impunidade

Outrossim, proibir o acesso dos agressores é praticamente inviável, dado que a massa humana que sai de casa para assistir o espetáculo esportivo, não há como se identificar pessoa por pessoa, que comparece com sua carteira ou entrada.

As cenas degradantes que assistimos no estádio de futebol são uma forma de reprodução do que vemos fora dele. Autores de furtos e agressões raramente são detidos e quando o são, logo ganham as ruas e ficam liberados. As penas de pagar cestas básicas são cômodas para quem as aplicam, mas tornam-se um convite a delinquir. A reincidência dos delitos é a prova da ineficiência do aparato repressor do Estado, que transforma os cidadãos em vítimas potenciais, vivendo acuados em casas gradeadas. A população está encarcerada, enquanto os infratores estão à solta.

De concessão em concessão chegou-se a uma legislação ineficaz que resultou no triunfo da impunidade. A barbárie vista em Joinville é irmã do que assistimos nas ruas. Isso não é bom, e para não ficar pior, é preciso enfrentar o flagelo.

Lamento que as vésperas do Natal, em vez de inspirar-me nele, tenha tido de escrever sobre temas tão ingratos, mas isso revela quanto me feriram os sucessos mencionados. Espero sinceramente não tenha que desculpar-me outra vez pelos temas escolhidos nas vésperas do Natal e também de outras datas santificadas.

Para encerrar, eu me pergunto qual a impressão que eles despertam naqueles que em todo o mundo, procuram propagar as excelências dos esportes, quando na sede geográfica da próxima Copa do Mundo se assista cenas sub-humanas, exatamente no mais popular e enraizado esporte brasileiro.

Fonte: Zero Hora, 23/12/2013

 

ASSUNTOS DA HISTÓRIA

É-nos possível visualizar como ocorreu a evolução geopolítica da Europa no último milênio, acessando o endereço abaixo. Dentre muitas constatações, percebe-se que territórios de algumas Nações permaneceram praticamente únicos; outras Nações mantiveram poderio territorial e unidade em um determinado tempo, perdendo-o depois; outras, modificaram-se, unindo povos ou etnias, como a Itália e a Alemanha; e, finalmente, como ocorreram as modificações forçadas ocorridas no último século, em decorrência das I e II Guerras Mundiais e da formação do bloco comunista. 
Vale a pena ganhar três minutos de conhecimento. Se quiseres acompanhar essa evolução do século passado, de forma romanceada, recomendo os livros "OS PILARES DA TERRA", cuja história está circunscrita no início dos anos 1100, além de  "QUEDA DE GIGANTES" e "INVERNO DO MUNDO", estas duas ambientadas nos anos 1900, tendo como foco as duas grandes guerras mundiais e as inter-relações sociais da época.
Há, ainda,  o livro "PÓS-GUERRA, Uma História da Europa desde 1945", de Tony Judt, escritor inglês morto há dois anos, com detalhes sociais, políticos, geográficos e econômicos que nos fogem do conhecimento quando lemos sobre o período de forma abrangente.
Boas leituras!
 


http://youtu.be/Q_94OIkJMrM

INCOMPETÊNCIA (burrice) GOVERNAMENTAL OU ESPERTEZA ELEITORAL


Esperteza eleitoral, claro!, por parte do governo. Burrice da sociedade produtiva que aceita esse tipo de negócio estupidificante para 25% da população brasileira, também esta responsável por aceitar a esmola.

 

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Por que o número de beneficiários do Bolsa Família só cresce no Brasil

·         Autor: Comunicação Millenium

  

Em 2013, governo destinou 20,6 bilhões de reais para bancar o benefício a 14,1 milhões famílias – ou seja: um em cada quatro brasileiros

Há oito meses, boatos sobre o fim do Bolsa Família causaram pânico e levaram milhares de pessoas a agências da Caixa Econômica Federal em todo o país. Em meio ao episódio, duas cenas exibidas em telejornais foram reproduzidas na internet por seu aspecto inusitado. Elas mostravam beneficiárias do programa fazendo queixas incomuns. Francisca Flores, de São Luís (MA), reclamava: “Só ganho 134 reais e não está dando nem para comprar uma calça para minha filha, que tem 16 anos. Porque uma calça para uma jovem de 16 anos (sic) é mais de 300 reais”. Diana dos Santos, de Fortaleza (CE), contou diante das câmeras: “Eu fui à lotérica, como vou de costume, fazer um depósito na poupança do meu esposo. Fui depositar o dinheiro. Como eu já estava lá, aproveitei, levei o cartão, e tirei o Bolsa Família”.

Francisca acreditava que o dinheiro do auxílio do governo deveria ser usado para bancar bens de consumo mais caros do que os que o trabalhador médio pode bancar com seu salário. Diana revelou, sem se incomodar, que sua família poupa dinheiro mensalmente – e quem faz poupança evidentemente não está em situação de emergência financeira. É difícil estimar a quantidade de beneficiários irregulares do Bolsa Família: mas os exemplos de Francisca e Diana mostram que há algo de errado com o programa. Os números de 2013 reforçam esta impressão.

No ano passado, o total de beneficiários e o valor gasto com o programa atingiram novos recordes. Foram 20,6 bilhões de reais, pagos a 14,1 milhões de famílias. O próprio Ministério do Desenvolvimento Social aponta que mais de 50 milhões de pessoas, ou seja, mais de 25% da população brasileira, são atendidas pelo Bolsa Família. É o equivalente à população da África do Sul.

Em 2004, as dimensões eram bem menores: o total pago foi de 5,5 bilhões de reais, divididos por 6,6 milhões de famílias. Para 2014, os números indicam que deve surgir um novo recorde: o Orçamento previsto para o programa é de 25,2 bilhões de reais. Comparado com o total do orçamento, o valor significa pouco mais de 1% dos gastos do governo. O problema é a ampliação indefinida no programa. Não é exagero afirmar que, mantida a curva de crescimento populacional do país e o aumento gradual dos recursos para o programa, em menos de dez anos, metade dos brasileiros poderá ser beneficada com o dinheiro do Bolsa Família. Um crescimento tão acelerado no número de dependentes de auxílio governamental não aconteceu nem na parte da Europa que mergulhou em uma grave crise econômica nos últimos anos.

A presidente Dilma Rousseff tem como meta para 2014 incluir no programa outras 500.000 famílias – cerca de 1,8 milhão de pessoas – que teriam direito ao benefício mas estão fora do cadastro dos programas sociais do governo. Fora isso, o crescimento vegetativo e as oscilações da economia podem lançar no Bolsa Família novos beneficiários. É fácil entrar no programa e difícil sair: mesmo que a família passe a receber acima do limite de 140 reais mensais per capita, o corte no auxílio financeiro não é automático. Se a renda per capita não ultrapassar meio salário mínimo (362 reais), o cancelamento do benefício só é feito durante o período de revisão cadastral, em outubro de cada ano.

O governo usa o Bolsa Família como exemplo de uma medida bem sucedida. Mas como um programa criado para tirar pessoas da pobreza pode ser elogiado se o número de dependentes aumenta a cada ano? O crescimento vegetativo da população é uma explicação insuficiente, já que a quantidade de beneficiários sobe muito mais rapidamente do que a de brasileiros. “Se uma em cada quatro pessoas recebe Bolsa Família, isso quer dizer que três em cada quatro pagam por uma quarta. Não me parece que a longo prazo isso seja sustentável”, diz o economista Adolfo Sachsida, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O combate à pobreza é necessário, e o Bolsa Família cumpre essa função. Mas a expansão indiscriminada no número de atendidos pode não ser um simples lapso. Para o governo, há pouco a perder e muito a ganhar com o crescimento descontrolado no número de assistidos pelo dinheiro público: um programa relativamente barato, que tem pouca rejeição popular, mantém dependente do Estado uma parcela cada vez maior dos cidadãos. Com a devida propaganda, a lealdade desse eleitorado a cada quatro anos costuma ser elevada.

Fiscalização 
As falhas na fiscalização também ajudam a explicar o número cada vez maior de beneficiários, apesar do crescimento da economia. Trabalhadores que possuem empregos informais – segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 40 milhões de pessoas – por vezes acabam burlando as regras e recebendo o benefício. “Não tem sido feito um controle adequado e isso desvirtua o programa”, diz o professor Newton Marques, da Faculdade de Economia da Universidade de Brasília (UnB).

Relatos de fraudes no programa não são raros: algumas das irregularidades descobertas envolvem pagamentos em nome de crianças, estrangeiros, mortos e até animais. As dificuldades na verificação dos critérios facilitam os desvios. A fiscalização é feita no plano municipal, com o uso de ferramentas oferecidas pelo governo federal.

Em um fórum virtual que reúne gestores do Bolsa Família, os relatos sobre as dificuldades são frequentes. Em uma das mensagens publicadas na página, um funcionário admite que não pretende cancelar os pagamentos a uma beneficiária que, pelas regras, já ultrapassou a renda exigida para participar do Bolsa Família: “Eu me sinto frustrado em ter que fazer parte desse processo. Será por iniciativa minha que ela deixará de receber o dinheiro que já está acostumada a receber. Sou eu quem irá explicar o motivo de ela estar com o beneficio bloqueado. Enfim, serei eu quem irá escutar as reclamações, ameaças e tudo mais”, diz ele.

O Bolsa Família contempla os núcleos familiares com menos de 70 reais de renda per capita ou famílias que tenham renda de até 140 reais per capita e possuam ao menos um jovem menor de 15 anos. O menor auxílio pago aos beneficiários do programa é de 32 reais. De acordo com a renda familiar e a quantidade de filhos, o valor pode subir muito: há beneficiários que recebem 600, 700 e até 800 reais por mês. O valor médio pago é de 120 reais.

Um dos problemas mais graves do Bolsa Família é a falta das tão propaladas portas de saída. Oito em cada dez atendidos pelo programa continuarão dependentes do benefício depois de cinco anos. E não se pode dizer que os outros 20% superaram a pobreza necessariamente graças ao auxílio do governo.

O efeito do programa também pode ser uma das explicações para a baixa no índice de desemprego. A metodologia aplicada pelo IBGE só considera desempregada a pessoa que, tendo mais de 15 anos, procurou um emprego nos trinta dias anteriores à pesquisa e não encontrou. Com o Bolsa Família garantido por tempo indeterminado, argumentam alguns economistas, muitas pessoas não se dedicam com afinco à procura por um novo trabalho. Como consequência, elas não são vistas estatisticamente como desempregadas.

Adolfo Sachsida e Newton Marques concordam que seria adequado instituir um limite temporal – três ou quatro anos, sugere o pesquisador do Ipea – para que os beneficiários busquem uma qualificação e adquiram uma fonte de renda por conta própria. Mas, dado o potencial eleitoral do programa, nenhum partido político encampa uma proposta do tipo.

Eleições
No período eleitoral de 2014, não haverá debates sobre o fim do Bolsa Família, nem sobre a instituição de limites temporais ao programa. O candidato do principal partido de oposição, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), já se vacinou contra os potenciais boatos de que iria encerrar o programa: apresentou um projeto de lei transformando o benefício em política de Estado.

“Não se pode falar disso durante a eleição. E a principal razão é esta: 50 milhões de pessoas dependem do programa”, diz o professor Paulo Kramer, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB). Ele lembra que, em 1996, o governo americano implementou uma reforma no sistema de assistência social para impor limites temporais aos benefícios concedidos às famílias pobres. As mudanças implementadas por Bill Clinton alteraram o modelo implementado três décadas antes, no governo de Lyndon Johnson.

O desgaste do sistema anterior era evidente: muitas pessoas em perfeitas condições de procurar trabalho deixaram de fazê-lo para não perder os benefícios; o número de crianças nascidas fora do casamento aumentou, já que os homens solteiros já não se sentiam obrigados a assumir a responsabilidade financeira sobre as crianças; e os gastos federais com a assistência social impediam o saneamento das contas públicas.

A regra aprovada em 1996, após um esforço suprapartidário, instituía um prazo de dois anos para que o beneficiário encontrasse um trabalho; depois disso, ele perderia direito ao auxílio financeiro. Durante toda a vida, o cidadão poderia receber o benefício por no máximo cinco anos. Também foram criados incentivos para a responsabilidade individual dos assistidos. É bom lembrar: Bill Clinton pertence ao Partido Democrata, mais à esquerda. Isso não impediu a reforma moralizadora.

É razoável que o governo auxilie famílias que, por razões diversas, estejam à beira da miséria. O debate gira em torno do modelo aplicado: sem critérios rigorosos e apoio à autonomia dos mais pobres, programas de assistência social podem causar efeitos negativos. É a lição que os Estados Unidos aprenderam e que, aparentemente, o Brasil ainda precisa aprender.

Fonte: Veja

 

ANARQUISMO NO BRASIL, UMA PÁGINA ESQUECIDA DA HITÓRIA


Perdoa-me o entusiasmo, mas penso ser importantíssimo conhecermos todos os aspectos que formaram a nacionalidade brasileira, mesmo que sejam eventos de pequena duração ou de pouco impacto. Este, o da Colônia Anarquista, é significativo pela composição do grupo, a partir imigrantes italianos, aqui situados no contexto da política de colonização do Império, pelas ideias contidas nele e pela vinculação com uma das sociedades curitibanas mais tradicionais, a SOCIEDADE GIUSEPPE GARIBALDI, situada no Centro Histórico da capital do Paraná. O filme, indicado no texto, além de instigante e esclarecedor sobre o episódio, também estabelece os limites da nossa pobreza cultural que nos leva a nada registrar sobre episódios tão significativos. Embora o Anarquismo tenha os tons cinzentos do Comunismo, e foi por esta última doutrina incorporado depois, marcou um momento de tentativa que não pode esquecido.


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Colônia Cecília, o 1º experimento anarquista no Brasil

Em artigo, Celso Lungaretti resgata um episódio pouco conhecido dos brasileiros. Pelas lentes do cineasta francês Jean-Louis Comolli, descobre-se o experimento criado no século XIX por europeus no interior do Paraná

POR CELSO LUNGARETTI | 21/01/2014

O filme La Cecilia (d. Jean-Louis Comolli, 1975) resgata um episódio histórico pouco conhecido entre nós, embora aqui transcorrido: a implantação de uma colônia rural no Paraná, por parte de anarquistas italianos. Pode ser assistido em (http://youtu.be/MTHaEWuIsJg), completo e legendado.

O experimento durou cerca de quatro anos, entre 1890 e 1893. Houve muito entusiasmo no início, mas depois foram aflorando os problemas que acabariam levando à extinção da colônia. Eis alguns deles:

- a contribuição desigual de citadinos e camponeses, pois a produtividade dos primeiros era inferior. Deveriam receber a mesma fração dos frutos do trabalho, conforme os ideais igualitários? Isto não significaria uma espécie de proletarização dos que produziam mais por estarem acostumados a lidar com a terra? De outra parte, se os lavradores fossem melhor aquinhoados do que os outros, não estaria sendo reproduzida a escala de valores da sociedade burguesa? Inexistia uma solução que contentasse a todos.

- a dificuldade de lidarem, no dia a dia, com o conceito do amor livre, uma novidade que incomodava principalmente as colonas de origem camponesa;

- a absoluta falta de seriedade do Estado brasileiro, que já era patético décadas antes de De Gaulle o haver constatado. O imperador Pedro II, atendendo a pedido do músico Carlos Gomes, doou as terras para a instalação da Cecília, mas, proclamada a República, o seu ato foi sumariamente revogado e os colonos tiveram de pagar pelas terras com parte de sua colheita e trabalhando sem remuneração em obras do governo;

- a hostilidade dos moradores da região (por sentirem-se prejudicados pela concorrência) e de uma vizinha comunidade polonesa, católica e conservadora;

- as fases de escassez e de fome, com a consequente ocorrência de doenças decorrentes da desnutrição (problemas passageiros, que, contudo, reforçaram a tendência ao egoísmo por parte dos menos convictos dos ideais anarquistas, gerando nocivas divisões);

- a tentativa do governo de recrutar os colonos (italianos!!!) para combaterem a Revolução Federalista, o que, inclusive, contrariava seus ideais, pois simpatizavam com os revoltosos.

A Cecília chegou a ter 250 moradores, houve defecções em massa, a chegada de novas levas de pessoas atraídas pela divulgação nos círculos libertários europeus, etc. Alguns desistentes migraram para Curitiba, onde fundaram a Sociedade Giuseppe Garibaldi.

É o que o filme mostra, de forma dramatizada e com evidente simpatia pela causa.

Vale destacar que o elenco, cuja única cara familiar ao público brasileiro é a do ótimo Vittorio Mezzogiorno (No coração da montanha, O processo do desejo, Três irmãos), deu perfeita conta do recado.

Particularmente, eu preferiria uma abordagem menos convencional -como, por exemplo, a que o cineasta suíço Alain Tanner deu aos ideais de 1968 no seu extraordinário Jonas, que terá 25 anos no ano 2000.

Mas, sendo tão raras as produções que enfocam episódios históricos ligados ao anarquismo, temos mais é de difundi-las e recomendar a sua discussão.

Chega a ser chocante que, em meio a tanta tralha produzida no Brasil, ninguém haja realizado um filme sobre a Colonia Cecília. Nem sobre a importantíssima greve geral de 1917, a primeira com maior abrangência em nosso país, tendo sido dramática, sangrenta, longa e… vitoriosa!

A tutela do sectário PCB sobre a historiografia de esquerda implicou a minimização tanto da Colonia Cecília quanto da greve de 1917, durante décadas. Quando as bandeiras negras anarquistas foram erguidas nas barricadas parisienses em 1968, o interesse dos historiadores por ambas foi reavivado, daí resultando livros e estudos acadêmicos que dimensionaram melhor sua relevância.

Nosso cinema, contudo, continua desperdiçando estes dois grandes temas. Que cada um teça suas conjeturas sobre os motivos de tão injustificável omissão.




 

 

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL AO VIVO


Sou fã do jurista Dallari, menos em opiniões como esta. Penso ser justo e necessário que os cidadãos acompanhem os debates, vejam as suas nuances, entendam os argumentos jurídicos contextualizados nos processos e, finalmente, formem opinião sobre aquilo que está sendo julgado. Um dos argumentos de Dallari reza que quem assiste aos julgamentos nada entende do campo jurídico. Pura falácia! Esconder-se, sim, esconder-se, na sala dos julgamentos não é democrático e pode ser, até, suspeito. Não!, não aceito argumentos de que em outros países com Instituições mais avançadas é diferente, pois vivo no Brasil e é aqui que necessitamos formar nossa cidadania.

 

 

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Publicidade, vedetismo e deslumbramento

Por Dalmo de Abreu Dallari


A experiência que já se tem da transmissão ao vivo – ou, segundo a gíria dos meios de comunicação, da transmissão em tempo real – das sessões do Supremo Tribunal Federal deixa mais do que evidente que essa prática deve ser imediatamente eliminada, em benefício da prestação jurisdicional equilibrada, racional, sóbria, inspirada nos princípios jurídicos fundamentais e na busca da Justiça, sem a interferência nefasta de atrativos e desvios emocionais, ou de pressões de qualquer espécie, fatores que prejudicam ou anulam a independência, a serenidade e a imparcialidade do julgador.

A par disso, a suspensão da transmissão direta das sessões contribuirá para a preservação da autoridade do Supremo Tribunal Federal, livrando-o da louvação primária aos rompantes e destemperos emocionais e verbais de alguns ministros. A recreação proporcionada pela transmissão ao vivo das sessões do Supremo Tribunal equipara o acompanhamento das ações da Corte Suprema às manifestações de entusiasmo ou desagrado características das reações do grande público às exibições dos programas de televisão que buscam o envolvimento emocional dos telespectadores e a captação de consumidores para determinados produtos, recorrendo ao pitoresco ou à promoção de competições entre pessoas ou segmentos sociais sem maior preparo intelectual para a avaliação racional e crítica de disputas de qualquer natureza.

Como tem sido observado por estudiosos e conhecedores do Judiciário, o Brasil é o único país do mundo em que as sessões do Tribunal Superior são transmitidas ao vivo, proporcionando recreação aos que as assistem, pessoas que, na quase totalidade, não têm conhecimentos jurídicos e são incapazes de compreender e avaliar os argumentos dos julgadores e o real sentido das divergências que muitas vezes se manifestam durante o julgamento e que, em inúmeros casos, já descambaram para ofensas grosseiras e trocas de acusações absolutamente desrespeitosas entre os ministros do Supremo Tribunal Federal.

Diálogo áspero

A prática dessas transmissões teve início com a aprovação pelo Congresso Nacional da Lei nº 10.461, de 17 de maio de 2002, que introduziu um dispositivo na Lei n° 8.977, de 6 de janeiro de 1995, que dispõe sobre o serviço da TV a cabo. Foi, então, acrescentada uma inovação, que passou a ser o inciso “h” do artigo 23, estabelecendo que haverá “um canal reservado ao Supremo Tribunal Federal, para divulgação dos atos do Poder Judiciário e dos Serviços essenciais à Justiça”.

A utilização desse veículo de comunicação ganhou enorme ênfase, com absoluto desvirtuamento da idéia de serviço, quando assumiu a presidência do Supremo Tribunal o ministro Gilmar Mendes, que dirigiu a Suprema Corte de 2008 a 2010. Basta assinalar que no orçamento do STF para o ano de 2010 foram destinados 59 milhões de reais a “Comunicações Sociais”, quantia essa equivalente a 11% do orçamento total da Suprema Corte. Essa dotação superou em quase cinco vezes o orçamento anual do Tribunal Superior Eleitoral – e isso num ano eleitoral no Brasil, em que houve eleições de âmbito nacional.

Tem início, então, uma fase verdadeiramente degradante para a imagem da mais alta Corte do país, com o mais deslavado exibicionismo de alguns ministros e a transmissão, ao vivo de trocas de ofensas e de acusações grosseiras entre membros do Supremo Tribunal. Assim, em abril de 2010 ocorreu um diálogo extremamente áspero entre os ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. No debate transmitido para todo o Brasil, este acusou Gilmar Mendes de ser um deslumbrado, um praticante do vedetismo, dizendo, textualmente: “Vossa Excelência está diariamente na mídia, dirigindo palavras ofensivas aos demais ministros e destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro”.

Dois anos depois, coube ao ministro Joaquim Barbosa presidir o Supremo Tribunal Federal e o que se tem observado, desde então, é que o vedetismo e o deslumbramento pelo prestígio entre os telespectadores, descaminhos que antes ele condenara, continuaram a marcar o desempenho do ocupante da direção da Suprema Corte e a ser a tônica na utilização do canal de televisão reservado ao Supremo Tribunal.

Linguagem elevada

Por tudo isso é merecedor do mais veemente apoio o Projeto de Lei nº 7.004, de 2013, proposto pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP). De acordo com esse projeto, o referido inciso “h” do artigo 23 da Lei nº 8.977 passará a ter a seguinte redação: “Um canal reservado ao Supremo Tribunal Federal para a divulgação dos atos do Poder Judiciário e dos seus trabalhos, sem transmissão ao vivo e sem edição de imagens sonoras das suas sessões e dos demais Tribunais Superiores”.

O projeto poderia ser mais veemente, dispondo textualmente: “Vedada a transmissão ao vivo”, mas esse é um pormenor. O que é de fundamental importância é a eliminação das degradantes e desmoralizadoras transmissões ao vivo das sessões do Supremo Tribunal Federal, restaurando-se na mais alta Corte brasileira uma atitude de sobriedade, de respeito recíproco entre seus integrantes, sem os desníveis estimulados pelo exibicionismo. E isso não trará o mínimo prejuízo para a prática da publicidade inerente ao Estado Democrático de Direito, que deverá ser ética, em linguagem elevada e respeitosa, transmitindo o essencial das decisões e dos argumentos dos ministros, inclusive das divergências, a fim de que prevaleçam os interesses da Justiça.

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Dalmo de Abreu Dallari é jurista, professor emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo

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