MÁRIO QUINTANA

Apenas o fluir do pensador poeta.


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Das Utopias
Mário Quintana

Se as coisas são inatingíveis… ora!
Não é motivo para não querê-las…
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

OLHA PARA O CÉU À NOITE E CAPTURA A HISTÓRIA DO UNIVERSO

Está tudo aí, musicado, poetizado e tornado realidade. Basta pensarmos um pouco sobre isso!

COLISEU (II)?

Há um ano postei a matéria jornalística trágica, com meu comentário sobre o tal do Coliseu do Sertão. Agora, finalmente foi inaugurada a obra, daquelas!, que compõem a tragédia brasileira. Tragédia sob todos os pontos de vista, especialmente aquele que faz crescer o sentimento de importância popular por deter uma inutilidade como essa. Já, sobre as carências, a ninguém interessa dar preocupação.

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Após 6 anos de obras, 'Coliseu do Sertão' é inaugurado no Ceará

Folha de São Paulo, de 11/08/2015


Construído com cerca de R$ 1,3 milhão no sertão cearense, um estádio de futebol com fachada inspirada no Coliseu romano foi inaugurado no domingo (9), após seis anos de obras.
Bancada pelo governo federal e pela Prefeitura de Alto Santo (a 230 km de Fortaleza), a arena tem um quarto da capacidade prevista no início do projeto: comporta 5.000 pessoas. Ainda assim, no jogo inaugural, com ingressos de R$ 5, o público foi de apenas 900 pessoas.
O planejamento da prefeitura era que o público do Coliseu do Sertão chegasse a 20 mil pessoas, acima dos 16 mil habitantes da cidade –a justificativa era de "ampliar o potencial turístico local".
Para a partida, o clube que leva o nome da cidade foi remodelado e entrou em campo pela Série C do Campeonato Cearense contra a equipe do União de Brejo Santo. O time da casa ganhou por 1 x 0.
A reportagem não conseguiu localizar um representante da prefeitura para comentar a inauguração.
O coliseu foi construído com repasse de R$ 619 mil do Ministério do Esporte, por meio de emendas parlamentares. Durante a construção do estádio, a pasta informou que as emendas já vieram definidas pelo Congresso e que o projeto foi aceito pelos técnicos da pasta.
Mesmo com a falta de chuvas na cidade, o gramado é irrigado regularmente desde antes de sua inauguração.

DESAJUSTES ÉTICOS E MORAIS NACIONAIS

DESAJUSTES ÉTICOS E MORAIS NACIONAIS
ANTECEDENTES
Lembremos o nosso surgimento como Nação e veremos que fomos colônia por muito tempo e que a nacionalidade brasileira atual, moveu-se a partir da independência e consolidou-se com a República.
A ocorrência de episódios plenamente democráticos, com os períodos de exceção da democracia, ajudaram no amalgamento do sentimento de liberdade e de espontaneidade do povo brasileiro, e que caracterizam a Nação como jovem, jovial e progressista.
O MOMENTO
Mas, há entraves!  No processo de formação, talvez pelas características de origem da nossa colonização, talvez pelas facilidades proporcionadas pelas oportunidades ambientais do território, foi-se consolidando a liberalidade das ações do povo e dos seus governantes, que geraram o “jeitinho brasileiro”, e que favoreceu a formação de uma moral de segunda classe.
Junto à estruturação republicana e democrática, também se consolidou a retórica fácil e melíflua dos políticos, com promessas permanentemente vãs, nas quais milhões de pessoas creem; surgiu a possiblidade de criar agremiações políticas a granel e com “ideologias” buscadas nas prateleiras de qualquer mercado das ideias; fortaleceu-se a justificação diversionista e hábil, mas sempre enganosa, para explicar crimes administrativos governamentais e, às vezes, até de morte; e, finalmente, institucionalizou-se a corrupção, fazendo nascer o conceito de que agentes do crime são os bons e os agentes da Lei são os criminosos.
Esses descompassos comportamentais levaram à exaustão a capacidade da população em aceitar e conviver com os fatos corruptivos, surgidos quase diariamente e que chibatam o dorso e laceram a face de cada cidadão trabalhador, também curvado em dívida com a extorsão tributária, com o pagamento por parcos serviços públicos, ou que não são possíveis de usufruir porquê inexistentes e, mais grave, com o desvio desses bens financeiros,  para o enriquecimento de poucos, quase sempre governantes, ou seus agentes, todos facínoras.
Mas, há um momento em que tudo deve ser repensado para que a Nação não sucumba social e economicamente a partir da falência da Moral e da Ética, e pela exacerbação sempre perniciosa do messianismo, do proselitismo e do patrimonialismo.
Este momento, então, é agora, pois as informações estruturais da economia indicam sérios problemas, piorados porque o Estado foi tomado por interesses pessoais; porque o aparelhamento do Estado se tornou completo, tanto pelas centenas de milhares de pessoas contratadas desnecessariamente, quanto pela nefasta inteligência com que esses agentes do mal atuam em favor de seitas políticas; porque a credibilidade internacional do País caiu; porque a infraestrutura existente foi desmantelada; e porque novas instalações que deveriam ser criadas para a melhoria da sociedade não foram efetivadas.
Por outro lado, a credibilidade das instituições e das pessoas envolvidas, dos partidos políticos, dos três Poderes Nacionais e, especialmente, do processo republicano e democrático está afetada por ações enviesadas, obtusas, enganosas e mal-intencionadas.
Tradicionais e respeitados institutos de pesquisa e de estatística são agora usados para modificar métodos, subtrair informações e usar o diversionismo de dados, tudo para iludir a população, extasiada com o mercado onde vende sua vontade, em troca de bolsas, mesmo com a ausência de trabalho.
O FUTURO
A população da Nação brasileira, indignada com a forma como é conduzido o governo do País, exige mudanças comportamentais dos dirigentes eleitos e indicados por estes para cargos públicos ou empresas correlatas, visando acabar com a corrupção, embora saibamos sê-lo processo demorado, pois implica em mudanças culturais. Mas, há que começar!
Para isso, há elementos estruturantes da vida nacional que são possíveis de alterar, a partir da vontade governamental, do esforço do legislativo e da condução do judiciário.
Se, ao longo dos anos, vimos que o Presidencialismo não ajuda flexibilizar a condução dos caminhos republicanos e democráticos, mudemo-lo para o Parlamentarismo.
Se, ao longo do tempo, vimos que o Sistema Majoritário/Proporcional gera distorções, busquemos o Voto Distrital.
Se há dificuldades para apurar crimes de parlamentares, que é um dos elementos geradores da impunidade, alteremos o procedimento e abandonemos a Imunidade Parlamentar.
Se ocorre a compra de votos, por meio da promessa vã, na campanha política, formemos meios legais para punir a irresponsabilidade.
Se ocorrem desvios de recursos públicos, sejam eles financeiros ou bens, estabeleça-se procedimento legal sumário.
A movimentação para a higienização da vida nacional já foi iniciado no  processo judicial do criminoso Mensalão, consolida-se na ação judicial do também criminoso Petrolão e, provável e infelizmente venha a se aperfeiçoar em muitos outros "ãos" que prevê-se surgirem, pois desse grupo que nos regimenta só podemos esperar mais podridão, haja vista os conteúdos que até agora nos assombram.

Enfim, para um bom desfecho dessas ações judiciais em favor da nacionalidade brasileira, devemos ficar atentos e agir com a dialética necessária.

OS ERROS CONTINUADOS DO PETISMO

Tenho acompanhado o assunto, com muita preocupação, pois, afinal, meu sentimento de amor pelo meu estado natal ainda é muito forte, assim como pelas suas tradições. Mas, o problema é que as populações e suas gerações não assimilam como funciona o engodo, o oportunismo, o crime, enfim! Assim foi na administração do Olívio e, agora, repetidos os erros no governo do Tarso, ambos petistas históricos e, também históricos, os seus erros, os seus desmandos, a as suas inclinações ao crime social, administrativo e político. Para eles não importam as aspirações do povo, valem mais os seus interesses primários e primeiros, sem preocupações com o futuro. Enfim, assim é o PT, vê-se agora no nível nacional.
Apesar de toda a ojeriza que Sarney me dá, reconheço nele um grande pensador, mas apenas quando falou que: "O Brasil deveria passar pelo PT e por LULLA", isto quando passou a apoiar a candidatura do apedeuta em 2002. Tinha ele razão, mas, espero, jamais o Brasil cairá novamente nessa falácia.
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O triste legado assumido por Sartori (Márcio Andrade)

O Socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros. (Margaret Thatcher)
“Criminoso matou, e depois foi chorar no enterro da própria vítima”. Este é um brocardo popular antigo, mas bastante moderno para definir alguns padrões comportamentais diante do quadro das contas públicas no Rio Grande do Sul.
Lembro quando a ex-Governadora Yeda Crusius (PSDB, 2007-2010) disse que ‘a pior coisa que pode acontecer ao Rio Grande é o déficit’, orgulhando-se por ter equilibrado as contas públicas, e ter entregue ao sucessor Tarso Genro (PT) uma situação contábil muito mais tranquila do que encontrou, conhecida nos jargões de economia como ‘déficit zero’.
Tarso, ao assumir seu mandato em 2011, desdenhou por completo a fala da ex-governadora, afirmando que déficit zero era uma ‘falácia neoliberal’, criando, assim, 500 novos cargos em comissão para demonstrar a solidez do seu discurso e conseguindo com o secretário Nacional do Tesouro na época, Arno Augustin (PT), a chamada ‘flexibilização das metas fiscais’, episódio que autorizou o então Governador a aumentar o endividamento do nosso Estado. Não precisamos ter qualquer talento profético para supor o que aconteceria a partir desSe fato; a dívida pública, no período de 2011 a 2014, cresceu 9,8 Bilhões, somada à impossibilidade de o governo estadual contrair novos empréstimos.
E não foi “apenas” isso. Tivemos outros gastos irrefletidos ao longo dos últimos quatro anos: concursos públicos sem qualquer previsão orçamentária; saques de 5,5 bilhões nos depósitos judiciais; aumentos salariais populistas para os segmentos mais obedientes do funcionalismo público; etc. Tudo isso apoiado por setores classistas (CUT, CPERS, SINDSEPE, e outros sindicatos) que, em posição genuflexória, batiam palmas para a irresponsabilidade e descontrole com dinheiro público.
As mesmas entidades que, agora, culpam o atual Governador José Ivo Sartori por ter anunciado um parcelamento salarial para o funcionalismo do estado.
Impossível não perceber nesta postura um misto entre covardia moral e desídia intelectual.
Primeiro, devido ao julgamento que tenta desviar a própria responsabilidade para outrem; todos que ajudaram a destruir economicamente o RS, neste momento, apontam o dedo melecado para Sartori, fugindo às suas responsabilidades sem o mínimo embaraço. A avaliação condenatória é tão frágil, que sequer considera o fato de o Governador ter SEIS MESES de mandato.
Ainda, nota-se uma espécie de preguiça em transcender o raciocínio – nutrida pelas mais grosseiras aparências (tipo parcelamento do salário) – restando por deixar o sujeito domiciliado nos pântanos das imagens rasas e da ideologia cegueta. Criam-se ‘homens-sapiens’ e ‘mulheres-sapiens’ incapazes de refletir sobre a ESSÊNCIA do problema: como estava a situação das contas em tal período? Houve aumento do gasto público? Quais as fontes de receita? Quando piorou? Por quê? Qual foi minha conduta neste episódio? Inércia? Assentimento? Militância dirigida?
Questões incômodas, pois é bem mais conveniente “errar e fugir”, deixando toda responsabilidade para o desavisado que vem logo atrás, a enfrentar nossa persona imatura. Bem mais oportuno criar rótulos para os outros, e se fingir de múmia paralítica.
Deste jeito, assassina-se o Estado. Depois, quando percebemos o reflexo do populismo sedutor e da imprudência nossa de cada dia, choramos no velório… É muito mais fácil.

A PERDA DE UMA GERAÇÃO

Obtive o texto abaixo navegando na rede e não sei quem o escreveu. Concordo com tudo o que ele explana, mas discordo do seu final, pois o aspecto mais grave da crise que vivenciamos é a moralidade destruída. E essa destruição pega em cheio uma geração que se acostumou a ver a impunidade dos políticos, dos executivos públicos e privados, dos legisladores e, até, do judiciário. Essa impunidade e esse descaso com as instituições éticos e morais da nossa vida cotidiana, levou ao fortalecimento do "jeitinho" para ludibriar tudo e todos, pegando, digo novamente, em cheio a atual geração. O quanto perdemos de evolução da nacionalidade nunca poderá ser medido. Infelizmente!
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A CRISE MAIS GRAVE: BRASIL PERDE UMA GERAÇÃO!

1. Em 2011, o populismo keynesiano adaptado aqui começava a diluir. Daí para frente os fundamentos macroeconômicos foram derretendo até tornarem a recessão "sustentável". Em 2015, a situação dramática pós-eleitoral deu nitidez a tudo isso. As medidas de ajuste adotadas mostram-se insuficientes para dar uma resposta em curto prazo.

2. As projeções de cenários apontam para o alongamento da recessão até, pelo menos, 2017. Alguma luz no fim do túnel, talvez, em 2018, assim mesmo como transição e se o dever de casa for feito adequadamente. A alternativa seria a tradição latino-americana de tributar e crescer com a inflação. Mas a mudança em 2018 seria inevitável.
     
3. Serão 8 anos em 2018. Oito anos em que as perspectivas negativas das pessoas, das famílias e das empresas, como reação ao clima de desconfiança hoje e de imprevisibilidade amanhã, as faz atuar defensivamente. Vale dizer, perde-se a ousadia.
     
4. Supondo um jovem terminando o ensino fundamental, isso significa que dos 15 aos 23 anos esse pessimismo o estará contaminando. Nas empresas -além do desemprego- aumenta a rotatividade de forma a trocar funcionários de maior por menor salário, desestimulando todos.
     
5. Os governos municipais e estaduais, vivendo a mesma crise fiscal do governo federal, apontam contra sua maior despesa, que são os servidores públicos. Interrompem os concursos, aplicam reajustes menores que a inflação, interrompem políticas de estímulo e cortam quando podem. Com isso, o setor público perde dinamismo, criatividade e ousadia ou, em uma palavra, produtividade, acentuando as curvas da crise.
     
6. Portanto, a crise que o Brasil atravessa precisa ser medida muito além dos dados objetivos e mensuráveis, como inflação, juros, câmbio, taxa de desemprego, taxa de crescimento, taxa de inadimplência, etc. O impacto da crise é muito mais profundo, pois atinge a motivação e a formação dos jovens e, dessa forma, o futuro.
     
7. Após a crise, lá por 2018 ou 2019, o desenvolvimento brasileiro perderá impulso interno sustentável e terá que se valer de fatores humanos externos, importando ainda mais tecnologia, bens de capital e obras, e novos meios de desenvolvimento da educação, da saúde e da segurança.
     
8. Esse é o aspecto mais grave da atual crise.

MILAGRES?

Simples assim, mas pleno de verdade o pensamento, na linguagem do poeta.

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DOS MILAGRES (Mário Quintana)

O milagre não é dar vida ao corpo extinto, 
Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo,
Nem mudar água pura em vinho tinto,
O milagre é acreditarem nisso tudo

FHC, SOBRE "LULLOSE" E MEDIOCRIDADES

Excluídas algumas opiniões emitidas aqui e ali por Fernando Henrique Cardoso, que confrontam meus pontos de vista, sobre alguns fatos da política recente brasileira, percebe-se nele a tranquilidade soberana de um intelectual experiente, denso e atualizado. No artigo abaixo, publicado neste final de semana pelo Estadão, é fácil perceber tudo isto. A partir do início da sua escrita, quando trata de amenidades da sua viagem e da sua visão sobre as coisas, ao analisar as dificuldades da comunicação de uma época, passando rapidamente para as facilidades de hoje e, repentinamente, entrando no debate dos nossos últimos dias, sendo possível, aí, sentir a sua profunda crítica e o seu desprezo à superficialidade de visão política e à tentativa de cooptação vil, estabelecidos por LULLA e sua trupe, tudo para levar levar mais pessoas à profundidade escura em que se colocaram. 
Fernando, então, dá a volta por cima e mostra qual é seu verdadeiro pensamento. Enfim, um belo e esclarecedor texto!






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Lobo ou cordeiro? (Fernando Henrique Cardoso, para o jornal O Estado de São Paulo)

Tardiamente, círculos petistas se lembraram de que talvez fosse oportuno conversar com os tucanos

Passei três semanas de julho na Europa, entre o trabalho (pouco) e o descanso (a que reluto a me entregar). Ainda agora escrevo da Sardenha. Caminhando pelos pequenos portos da ilha, assim como pelos da Córsega, sentindo a placidez que ainda hoje envolve a vida dessa gente, não pude evitar a nostalgia pelo nunca vivido por nós metropolitanos.
Nostalgia e inveja, mesmo sabendo, pela leitura apaixonante de Fernand Braudel, cujo livro sobre o Mediterrâneo carrego comigo, que a placidez atual mal esconde as agitações do passado, quando sarracenos, fenícios, normandos, gregos, romanos e toda gama de diferentes povos lutavam pela conquista do Mare Nostrum.
As marcas de tudo isso estão esculpidas nos fortes, torres e casamatas que se espalham pela região, quando não pelas correntes que fechavam literalmente a entrada do porto de Bonifácio, uma fortificação erguida pelo Papa Bonifácio II, incumbido da defesa da Córsega, no final do século IX.
Naqueles tempos não havia o furor pela informação em tempo real. É verdade que a notícia de um ataque pirata a uma localidade entre Gênova e Split chegava a Nápoles em três horas, graças aos fogos que, nessas ocasiões, encarregados acendiam nas torres ao longo da costa de Portofino. Mas nenhuma informação, por certo, cruzaria rapidamente o Mediterrâneo de Chipre a Gibraltar, muito menos dali à costa brasileira do outro lado do Oceano Atlântico.
Hoje, não passa dia ou noite sem que o celular ou o e-mail perturbe a paz do pretendente ao sossego. Não há notícia, boa ou má, relevante ou não, que as tecnologias atuais e a ansiedade por comunicar “novidades” não façam chegar de imediato a quem deseje ou não dela saber.
Assim, tive minha tranquilidade entrecortada, não pela agitação dos mares, mas pelo lento e contínuo noticiário sobre o desmoronar de muito do que se construiu a partir da Constituição de 1988 no Brasil. A desagregação vem de longe, mas parece ter ricocheteado com mais força no mês de julho. Tornou-se claro para a opinião pública que a crise atual nada tem a ver com a “lá de fora”, e que ultrapassa o ridículo insistir em que a culpa é do FHC.
Tornou-se óbvio que há um acúmulo de crises: de crescimento, de desemprego, de funcionamento institucional, moral, de condução política. Tardiamente, círculos petistas se lembraram de que talvez fosse oportuno conversar com os tucanos… Parece a história do abraço do afogado. Calma, minha gente, há tempo para tudo. Há hora de conversar, hora de agir e hora de rezar.
Na ocasião da viagem que a presidente Dilma e os ex-presidentes fizemos juntos à África do Sul, em dezembro de 2013, para assistir ao funeral de Mandela, disse a todos que a descrença da sociedade no sistema político havia atingido limites perigosos.
Ainda não era possível antecipar o tamanho da crise em gestação, mas não restava dúvida de que o país enfrentaria dificuldades econômicas e que essas seriam ainda maiores se as suas lideranças políticas não dessem resposta ao problema da legitimidade do sistema político.
Disse também que todos nós ali presentes, independentemente do grau maior ou menor de responsabilidade de cada um, deveríamos nos entender e propor ao país um conjunto de reformas para fortalecer as instituições políticas. A sugestão caiu no esquecimento.
Naquela ocasião, como em outras, a resposta do dirigente máximo do PT foi, ora de descaso, ora de reiteração do confronto, pela repetição do refrão autorreferente de que antes dele tudo era pior. Para embasar tal despautério, o mesmo senhor, no afã de iludir, usou e abusou de comparações indevidas.
Mais uma vez agora, sem dizer palavra sobre a crise moral, voltará à cantilena de que a inflação e o desemprego de hoje são menores do que em 2002, omitindo que, naquele ano, a economia sofreu com o medo do que poderia vir a ser o seu governo, um sentimento generalizado que, em benefício do país, meu governo tratou de atenuar com uma transição administrativa que permitiu ao PT assumir o poder em melhores condições para governar. Sobre a crise de hoje, nenhuma palavra...
Perguntado por uma repórter sobre se o ex-presidente Lula me havia enviado emissários para abrir um diálogo, respondi que ele não precisa de intermediários para isso, pois tem meus telefones. E condicionei o eventual encontro: desde que seja para uma discussão de agenda de interesse nacional e pública. Por que isso?
Porque não terá legitimidade qualquer conversa que cheire a conchavo ou, pior, que permita a suspeita de que se deseja evitar a continuidade nas investigações em marcha, ou que seja percebida como uma manobra para desviar a atenção do país do foco principal, a apuração de responsabilidades.
Será que chegou o tempo de rezar pela sorte de alguns setores da vida empresarial e política? Talvez. Mas a hora para agir já não é mais, de imediato, do Congresso e dos partidos, mas, sim, da Justiça. Essa constatação não implica dizer um “não” intransigente ao diálogo.
Decidam a Justiça, o TCU e o Congresso o que decidirem, continuaremos a ter uma Constituição democrática a nos reger e a premência em reinventar nosso futuro. Tomara que as aflições pelas quais passam o PT e seus aliados lhes sirvam de lição e os afastem da arrogância e do contínuo desprezo pelos adversários, até agora tratados como inimigos.
É hora de reconhecerem de público que a política democrática é incompatível com a divisão do país entre “nós” e “eles”. Para dialogar, não adianta se vestir em pele de cordeiro. Fica a impressão de que o lobo quer apenas salvar a própria pele.
Mais ainda, passou da hora de o lulopetismo reconhecer que controlar a inflação e respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal nada têm a ver com neoliberalismo, senão que são condição para que as políticas sociais, tanto as universais como as específicas, possam ter efeitos duráveis.
Em suma, cabe aos donos do poder o mea-culpa de haver suposto sempre serem a única voz legítima a defender o interesse do povo.

A JUSTIÇA E A ADVOCACIA (Joaquim Falcão)

Parece que a operação Lava Jato, e nela contextualizada a ação da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal, aqui expressada mais por Sérgio Moro, estabelece novos parâmetros de combate ao crime, fazendo com que seja difícil desmoralizá-la, desacreditá-la e, consequentemente, paralisá-la. A vontade, percebe-se, de muitas das forças da sociedade brasileira, especialmente aquelas criminosas, criminosas demais, ou acadêmicas, acadêmicas demais, é de que tudo acabe. Especialmente, o elemento novo inserido nela, a delação premiada, tem sido o travamento de ganhos fáceis de muitos escritórios de advocacia, pois lhes tira a possibilidade de aprofundamento, encadeamento e tergiversação no contexto de cada ação judicial. Enquanto no outro lado, o novo elemento faz gelar o coração dos criminosos facilmente escondidos na sombra.
Por essas razões, vale uma leitura do breve texto abaixo, de autoria de de um eminente jurista, que sabe o quê fala.


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LAVA JATO MUDA A JUSTIÇA E A ADVOCACIA
JOAQUIM FALCÃOPARA O JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO, DE 31/07/2015
A Justiça penal não será a mesma depois do mensalão e da Operação Lava Jato. Tanto a prática de juízes, delegados, procuradores e advogados como nas doutrinas e tribunais. Tudo começa a mudar. Que mudanças são essas?
Mudança geracional. Juízes, procuradores, delegados são mais jovens. Fizeram concurso mais cedo. Vivem na liberdade de imprensa, na decadência dos partidos e na indignante apropriação privada dos bens públicos. E não têm passado a proteger ou a temer.
Dão mais prioridade aos fatos que às doutrinas. Mais pragmatismo e menos bacharelismo. Mais a evidência dos autos –documentos, e-mails, planilhas, testemunhos, registros– do que a lições de manuais estrangeiros ou relacionamento de advogados com tribunais.
Erram aqui e acolá. Às vezes, extrapolam, mas passaram por duro aprendizado institucional com Banestado, Castelo de Areia, Furacão e outras operações. Atentos, buscam evitar nulidades processuais. O juiz, e não mais os advogados, conduz o processo.
Usam de múltiplas estratégias. Jurídica, política e comunicativa. Valorizam a força das imagens, que entram, via internet, televisão, lares e ruas, nos autos e tribunais.
São informados e cosmopolitas. Organizam cooperação internacional com Suíça, Holanda e Estados Unidos. É difícil para a tradicional advocacia individual enfrentar essa complexa articulação entre instituições. Usam com desenvoltura a tecnologia. Extraem inteligência de “big data” (análise de grandes volumes de informação). Aplicam-se em finanças e contabilidade.
As consequências para a advocacia são várias. Plantar nulidades para colher prescrição –o juiz não seria competente, a defesa foi cerceada, o delegado extrapolou poder investigatório etc.– é estratégia agora arriscada. Tribunais superiores não suportam mais serem “engavetadores” de casos que chegam quase prescritos. Diminuem-se diante do olhar da opinião pública.
Apostar que juízes, procuradores e delegados agem com arbítrio, ferem direitos fundamentais dos réus, sem clara e fundamentada evidência, é protesto que se dissolve no ar.
Algumas defesas tentam politizar o julgamento. Juízes, delegados e procuradores agiriam a serviço do governo ou dos políticos envolvidos. Colocam suas fichas que no Supremo Tribunal Federal tudo se resolveria politicamente. É tentativa possível. Nunca deixará de ser. Mas hoje o sucesso é menos provável.
O invisível ministro Teori Zavascki não dá mostras de vergar. Até agora não se conseguiu colocar Curitiba contra Brasília. Nem vice-versa.
Neste cenário, como em todos os países, a defesa preferencial dos réus tem sido a minimizadora de riscos. Contabilizar perdas e danos.
Por isso aceitam a delação. Amortecem as condenações individuais dos executivos, oferecendo o apoio empresarial às famílias. Fazem acordo de leniência. Pagam alguns bilhões via Controladoria Geral da União. Vendem ou remodelam as empresas. Assim o país se encontra com nova Justiça e advocacia penal no Estado democrático de Direito.
* artigo publicado na Folha de S. Paulo, em 31.07.2015

A TRISTE REALIDADE DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Recomendo fortemente o acesso ao endereço que indico abaixo. É triste, eu sei!, sua leitura, mas é a realidade vivida por nossa nacionalidade. Sem sabermos, ou por estarmos afastados da escola há muito, ou por  não prestarmos a devida atenção aos conteúdos de aula dos nosso filhos e netos, vivenciamos a formação, via lavagem cerebral institucionalizada, de uma geração que comandará o País amanhã. Paramos para pensar e, necessariamente, vêm-nos à mente como ocorreram as revoluções comunistas há décadas passadas, todas elas falidas e enterradas. Aquelas ainda sobreviventes são cômico-cruéis e retrógrado-dependentes, sempre penduradas em benefícios pedidos aos outros, aqueles que ainda lhes têm simpatia.
Afinal, não é admissível sermos enganados por pautas desse tipo, que formam nossos futuros cidadãos.

O CONTEXTO DO TEMPO E NÓS

O tempo, ah, o tempo! Nada somos no contexto do tempo e nada deixaremos a não ser lembranças, também estas, morredouras. ___________________...