A DEMOCRACIA INDUZIDA PELA "democracia"

Muito preocupante o texto abaixo. Preocupante mas verdadeiro! Afinal, basta olharmos ao nosso redor, a partir do país em que vivemos, pensar um pouco e, finalmente, veremos que é assim mesmo que funciona: nós, os eleitores, não decidimos coisa alguma. Somos obrigados a um voto, às vezes, de cabresto, em outras, levados pela propaganda, mais ainda, marcados por interesses pessoais ou do nosso grupo e, pior que tudo, quase sempre escolhemos pelo voto útil. Só que o tal de voto útil é aquele dado a quem está na ponta das pesquisas, mas, estas, as pesquisas, podem ou são sempre direcionadas, porquê compradas pelo poder econômico. Então, vamos no seguimento do líder da manada e nos tornamos o boi manso e cordato com ideias absurdas que surgem no mercado politiqueiro.
Enfim, uma boa leitura, para construtivos pensamentos.

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Os males do marketing político
O acessório foi tomado como principal, resultado direto da atual carência de lideranças políticas
O Estado de S.Paulo/14 Maio 2017
Um dos efeitos mais perniciosos da ausência de lideranças políticas genuínas é a frivolidade do debate público, evidenciada de maneira cabal durante as campanhas eleitorais. Em raríssimas ocasiões se veem contrapostos visões e projetos substanciosos para o País, caminhos pelos quais aos eleitores é dado optar nos regimes democráticos. Um ato essencialmente político, um fundamento da democracia representativa, como é a campanha eleitoral, é transmutado em uma espécie de show circense para escamotear a pobreza de conteúdo do que se apresenta ao escrutínio público.
Diante desse cenário desolador, não surpreende o elevado custo das campanhas eleitorais, nem que tanto dinheiro acabasse sendo buscado no indecente contubérnio entre partidos, empreiteiros e lambazes de todo tipo. Por não terem condições de oferecer uma proposta clara, planejada e inteligível aos eleitores, os candidatos preferiram contratar os famosos marqueteiros, que, ao invés de suprirem eventuais deficiências de comunicação de seus contratantes, passavam, eles mesmos, com a ajuda de institutos de pesquisa de opinião pública, a pautar o debate. E por este trabalho eram regiamente remunerados por meio de caixa 1, caixa 2, caixa 3 ou tantas caixas quantas fossem necessárias para viabilizar uma eleição dessa natureza. Pode-se mesmo dizer que a ilegalidade do meio de pagamento se tornou, com o tempo, irrelevante, pois o que era essencialmente desonesto era a subtração, ao povo, do debate político e das oportunidades de fazer uma escolha sensata dos governantes.
O custo descomunal para chegar ao poder no Brasil tem feito com que o eleito não se ocupe de outra coisa a não ser a busca incessante dos meios de financiamento de sua permanência no cargo – não raro por mecanismos escusos, como se vê pela sucessão de escândalos –, dedicando pouco tempo de seu mandato para legislar ou governar pautado unicamente pelo interesse público. Quando a inspiração de agir visando ao bem comum – traço distintivo de uma legítima liderança política – não se faz presente, abre-se espaço para a tentação dos privilégios e benesses do poder. Cria-se, assim, o ambiente para a perpetuação de um sistema que não medirá esforços para isso e não verá a lei como um anteparo dissuasório, e sim como uma pequena barreira a ser transposta.
Esse marketing, tal como tem sido feito, contribui decisivamente para o abastardamento da política, ao impor um debate sobre questões irrelevantes – quando não fantasiosas –, privando os eleitores de conhecer verdadeiramente as ideias e planos daqueles que lutam por seus votos. Não é um bom sinal de vigor democrático, e menos ainda da substância de nossas lideranças políticas, quando marqueteiros passam a ser figuras públicas, tratadas na pauta corrente do noticiário e das conversas populares. Pior ainda quando seus nomes aparecem vinculados à prática de crimes.
 O peso desmedido dado às pesquisas eleitorais também contribuiu para o estágio em que se encontra a propaganda política hoje. Pouco a pouco, os candidatos passaram a privilegiar o discurso que os eleitores gostariam de ouvir, e não o que precisava ser dito. No mundo real, nem sempre os dois se coadunam. É neste contexto que os marqueteiros políticos passaram a ganhar cada vez mais importância. Não é exagero dizer que, em muitos casos, são eles, e não os políticos – os verdadeiros mandatários –, que determinam o debate público. A porosidade dos limites entre uma atividade e outra chegou a tal grau que marqueteiros não só figuravam lado a lado de “seus” candidatos durante a campanha como, quando estes eram eleitos, eram chamados para tomar assento em reuniões onde ações de governo eram traçadas. Nos piores casos, tornaram-se idealizadores de dissimulações ou mesmo partícipes de práticas criminosas.
Evidentemente, não se trata aqui de demonizar o marketing político e as pesquisas de opinião ou de negar o importante papel que essas atividades podem desempenhar no regime democrático. O problema é que o acessório foi tomado como principal, resultado direto da atual carência de lideranças políticas. Sem a renovação do quadro político, arejado por novas e boas ideias, o cenário político brasileiro continuará assombrado por um permanente desalento.

INVESTIGAÇÃO ISENTA?

Concordo que a investigação deva ser isenta, absolutamente isenta. Mas, em face desses fatos que envolvem a acusação contra Temer, com investigação cheia de questionamentos em relação aos métodos, meios e aos seus resultados, a coordenação não pode estar sob a vontade de um Janot, cujo companheiro de procuradoria deixa o serviço público num dia para, no outro, assumir a armação do grampo contra Temer. Além disto, são necessárias explicações sobre o interregno da gravação/publicação, da edição das falas e da falta da elementar perícia do produto gravado antes de ação legal. Especialmente, Janot deve explicar o porquê da gravação/publicação/liberação total de um criminoso, com todos os benefícios possíveis, ou seja, viver no exterior. Tudo simultâneo e rapidamente.
Não podemos esquecer que mais de 10 bilhões (BILHÕES) de reais foram repassados do nosso dinheiro, via BNDES, para esses oportunistas ligados ao lullopetismo, cujos participantes foram sustentados pelo crime.

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IMAGEM DO UNIVERSO

A imagem global abaixo foi obtida pelo telescópio espacial Hubble e, para tanto, mais de 400 fotos foram tiradas e montadas uma ao lado da outra, para criar a maior fotografia conhecida. O resultado foi um arquivo de 1,5 bilhões de pixels que ocupa cerca de 4,3 GB de espaço em disco.
Não apenas a técnica de exposição do Universo, ou de um deles, segundo as novas teorias dos físicos, torna-se impressionante. O seu conteúdo é estonteante e leva ao pensamento de que, afinal, quem somos, de onde viemos e para onde vamos?


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ASSIMETRIAS VALIDADAS SIMETRICAMENTE

Edição de gravação, divulgada sem periciamento pelo MPF; foco de acusação, pois o depoimento divulgado deu atenção quase exclusiva a Temer; o longo tempo entre o momento da gravação e sua divulgação, distante de março e próximo do julgamento do TSE; o largo tempo que possibilitou a negociação da liberdade aos criminosos, e que criminosos!; e, agora, esta da notícia abaixo? Ah! aí tem algo inexplicável.
Nada de defender o Temer, pois, além de vários erros de conduta, incorreu na idiotice de negociar com o crime neste momento em que tudo é investigado e com um dos maiores criminosos. É muita burrice!

IRONIA DOS CRIMINOSOS

Ficamos sabemos, estarrecidamente, dos subterrâneos governamentais, onde foram praticados crimes de lesa-pátria, pelo roubo desenfreado dos recursos públicos, e, consequentemente, de lesa-humanidade, pelas mortes causadas a brasileiros em razão da falta desses mesmos recursos financeiros que poderiam ter garantido a Saúde Pública, a Segurança Pública e melhorar a Educação. Agora, na delação dos malfadados marqueteiros, sabemos que havia comunicação secreta e criminosa entre Dilma e Mônica. Mas, o pior é que o endereço eletrônico utilizado e criado por Dilma era IOLANDA2606@GMAIL.COM. Perguntada pelos inquiridores da Operação lava Jato, Mônica confirmou que foi Dilma quem escolheu a denominação do endereço. Bem, agora vamos à História. Em 26 de junho de 1968 (26/06), sob a Presidência de Artur da Costa e Silva, cuja esposa tinha o nome de Iolanda, foi assassinado pelo grupo de Dilma o soldado Kozel. Um dos muitos crimes de morte imputados à esquerda da época e dos quais esses meliantes nunca foram responsabilizados formalmente.
Tudo coincidência? Pode ser! Pessoalmente, penso que seja grosseira ironia relacionada à morte de um cidadão brasileiro, praticada pelos marginais que assim agiram.



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Mário Kozel Filho (São Paulo6 de julho de 1949 – São Paulo, 26 de junho de 1968) foi um soldado do Exército Brasileiro morto em um ataque praticado pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) ao Quartel General do II Exército, o atual Comando Militar do Sudeste, na cidade de São Paulo, durante o governo do marechal Artur da Costa e Silva, segundo presidente do Brasil durante o regime militar (1964-1985).[1]

A CRUZADA NECRÓFILA CONTRA A LAVA JATO

O mundo criminoso não tem fim. É sutil, malemolente, melífluo, vale-se de todas as estruturas e mecanismos possíveis, como, por exemplo, colunistas influentes, mídia em geral, criação de fatos para elaborar conceitos a partir deles e, mais importante, ficar martelando "goebbelianamente" para tentar modificar e sedimentar opiniões distorcidas. É isso! Lamentavelmente, há colunistas e meios de mídia influentes que se prestam a trabalho, às vezes sujo, outras vezes vil. E, assim, "la nave va" e o Mal vence o Bem.
O texto abaixo mostra o perfil atual.

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Explicando as razões de Gilmar Mendes
por Augusto de Franco, 09/05/2017808 
Uma cruzada necrófila contra a Lava Jato
Gilmar Mendes, na Folha, acusou a Lava Jato de usar os presos como “reféns” para conquistar apoio popular. É vergonhoso.
Gilmar não é apenas um juiz que faz política para aparecer. Ele está cumprindo uma missão: matar a Lava Jato.
Neste trabalho sujo é ajudado por blogueiros como Reinaldo Azevedo.
Vamos tentar explicar. Qual é a razão para tal comportamento?
É simples. A preservação do establishment. Eles avaliam que a Lava Jato vai desconstituir completamente o velho sistema político, comprometendo situação e oposição (e quem sabe até o judiciário) – não deixando de pé nenhuma liderança – e ficando então o país entregue à imprevisibilidade da política (ou, na visão deles, da não-política), o que abrirá caminho para a volta da esquerda ao poder ou para a ascensão de aventureiros de direita (como Bolsonaro).
Eles pensam que política é, basicamente, construir condições de governabilidade top down, ou seja, manter a ordem pregressa, custe o que custar. É uma perspectiva hobbesiana, não-spinoziana. O papel do Estado, para eles, é impor a ordem e não garantir a liberdade. É uma visão autocrática e não democrática da política.
A Lava Jato está de fato ameaçando o velho sistema político. Mas isto porque o velho sistema político apodreceu em razão de seus próprios vícios, não porque tenha sido introduzida artificialmente uma disfunção (ou malfunction) pelas investigações. Isso seria mais ou menos como acreditar na versão petista (anunciada por Lula e repetida pela militância jihadista do PT) de que a economia vai mal por causa da Lava Jato. Não! Os problemas foram causados por quem cometeu os delitos, não por quem tem a obrigação constitucional de investigá-los.
É claro que não há solução democrática fora da política. Mas política não se reduz à manutenção do status quo. Se fosse assim estaríamos congelados no século 17. A política também introduz modificações na forma e na dinâmica como o sistema está organizado e funciona. Do contrário não haveria mudança.
E é óbvio que, a rigor, num choque no velho sistema político como está ocorrendo neste momento no Brasil, tudo pode acontecer. Mas é assim mesmo na democracia. Querer se proteger das consequências não-previsíveis das mudanças revela uma mentalidade autoritária.
A eleição de um autocrata maluco como Bolsonaro é tão provável quanto seria a Le Pen na França. Mesmo diante da falência dos grandes partidos e de suas lideranças tradicionais (como aconteceu na França e vem acontecendo no Brasil), isso é improvável. E a volta da esquerda ao poder, com a eleição de Lula em 2018, depende apenas de não torná-lo elegível. Por outro lado, o desmonte da Lava Jato contribuirá para dar à Lula a tábua de salvação do palanque de 2018.
É isso que Gilmar e seus apoiadores nos meios de comunicação estão fazendo: ao transformarem Moro e a força tarefa da Lava Jato nos violadores do Estado de direito, eles, contraditoriamente, estão preparando o terreno para a volta de Lula – o único que pode prorrogar a sobre-vida do velho sistema político tal como está. Só Lula pode assegurar a volta do mega-esquema de corrupção (como ele próprio prometeu: ele é o único capaz de disciplinar “esses jovens procuradores e colocá-los no seu lugar”).
Só a sociedade, apoiando decisivamente a Lava Jato, pode impedir que Lula consiga subir no palanque e escapar da justiça, fugindo para frente por dentro do velho sistema, ao escorregar pelos desvãos da sua carcaça podre. Sim, o PT precisa do ambiente corrupto para nele depositar seus ovos. É como aquela vespa parasitoide Hymenoepimecis sp. que usa o corpo do hospedeiro como alimento até sua morte. Essa vespa, como se sabe, controla a mente da aranha e a usa como ninho para suas larvas.
Portanto, tentar deslegitimar as manifestações da sociedade em apoio à Lava Jato, como ações indevidas – por estarem tentando interferir na soberania do poder judiciário – é não entender que elas fazem parte do processo democrático. E que elas são absolutamente necessárias num momento em que o sistema político como um todo (incluindo o judiciário) não tem mais condições de – sozinho, sem a pressão das ruas – se auto-regenerar. Aliás, se não fossem as ruas, não teria havido o impeachment.
É o medo da democracia que faz pessoas como Gilmar Mendes e Reinaldo Azevedo empreenderem uma cruzada necrófila contra a Lava Jato.

SERÁ DEMOCRACIA?

Muito preocupante o texto abaixo. Preocupante mas verdadeiro! Afinal, basta olharmos ao nosso redor, a partir do país em que vivemos, pensar um pouco e, finalmente, veremos que é assim mesmo que funciona: nós, os eleitores, não decidimos coisa alguma. Somos obrigados a um voto, às vezes, de cabresto, em outras, levados pela propaganda, mais ainda, marcados por interesses pessoais ou do nosso grupo e, pior que tudo, quase sempre escolhemos pelo voto útil. Só que o tal de voto útil é aquele dado a quem está na ponta das pesquisas, mas, estas, as pesquisas, podem ou são sempre direcionadas, porquê compradas pelo poder econômico. Então, vamos no seguimento do líder da manada e nos tornamos o boi manso e cordato com ideias absurdas que surgem no mercado politiqueiro.
Enfim, uma boa leitura, para construtivos pensamentos.


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A democracia ainda existe?
A verdadeira, em que todos se envolvem nas tomadas de decisão, não existe em lugar algum
ARTURO BRIS*, para O Estado de S.Paulo, 02 Maio 2017
Hoje apenas 4,5% da população mundial vive em países plenamente democráticos, de acordo com o Índice de Democracia da Economist Intelligence Unit. Cerca de 45% vivem em democracias falhas, 33% em regimes autoritários.
Crescemos acreditando que desde os gregos a democracia tem sido o melhor sistema do mundo. De fato, entre as dez economias com maior competitividade no Ranking da Competitividade Mundial do Institute for Management Development (IMD) em 2016, apenas duas, Hong Kong e Cingapura, não são democracias por completo. No entanto, dados mostram que hoje o mundo é menos (e não mais) democrático do que há dez anos; os países cuja competitividade evoluiu não são os democráticos. E estes – Cingapura e Emirados Árabes – são modelos em todo o mundo.
Em Against Democracy, o professor Jason Brennan, da Universidade de Georgetown (EUA), destaca a ignorância dos eleitores. Ele os classifica em 1) hobbits, os que não se preocupam em aprender sobre política e, portanto, votam em completa ignorância; 2) hooligans, que seguem seu partido com a devoção de um fã de esportes, sem considerar os desempenhos e os planos; 3) e uma minoria significativa que se comporta racionalmente e vota com informação completa, os vulcans. Infelizmente, e por causa do domínio dos hobbits e dos hooligans, os resultados democráticos não são representativos e são prejudiciais ao bem comum.
A propósito, pode-se concluir que as manifestações em massa nos EUA contra o presidente, eleito, são de pessoas protestando entre uma ditadura de hobbits e de hooligans.
A verdadeira democracia, em que todos os afetados estão envolvidos nas tomadas de decisões, não existe em lugar nenhum. Não há razão para que apenas os cidadãos acima de 18 anos votem. Quando o resultado da eleição americana afeta a todos, o mundo todo deveria ter o direito de votar. Em muitos casos punimos ou dificultamos as escolhas de gerações futuras ao votarmos, por exemplo, nas políticas previdenciárias de pessoas que nem sequer nasceram.
O voto do Brexit pode ter sido uma decisão racional de pessoas bem informadas, mas certamente restringiu as oportunidades para muitos britânicos, que não poderão ter acesso a um mercado europeu ampliado no futuro – e não endossaram essa decisão.
Mas há outros problemas. Por exemplo, o referendo colombiano sobre o chamado Acordo de Paz com as Farc. O papa Francisco apoiou o “sim”. Uma vez que ele é protegido por dogmas, deve estar certo. Mas o resultado foi “não”. E deve ter sido errado, já que o papa está sempre certo!
A democracia também é um processo lento. O sistema suíço é o melhor em termos de participação popular e as decisões são aceitas porque a democracia direta é implementada em todos os lugares. Mas os acordos demoram. Veja-se a linha ferroviária Ceva, com uma rota de 16 km, que liga Genebra à França. Estima-se que será concluída em dezembro de 2019. Porém o projeto original é de 1850 e sua construção começou em 1912! Esse atraso se dá pela dificuldade de todos os envolvidos chegarem a um consenso.
Curiosamente, antes aceitávamos que a democracia é por natureza redistributiva e, portanto, protege a classe baixa contra os excessos de qualquer minoria governante. Entretanto, Daron Acemoglu e James Robinson demonstraram recentemente que essa premissa está errada. Num grande estudo longitudinal de mais de cem países – Democracia, Redistribuição e Desigualdade, 2013 – eles mostraram que a democracia não parece ter nenhum efeito significativo na desigualdade de renda. Ao contrário, a desigualdade tende a aumentar sob a democracia quando a economia já tiver sofrido uma transformação estrutural expressiva, quando há alta desigualdade na distribuição de terras e quando o espaço entre a classe média e os pobres é relativamente pequeno.
Só podemos reivindicar o triunfo da democracia se reconhecermos os problemas de qualquer uma das alternativas. As ditaduras dependem de uma alocação aleatória de líderes políticos. Os países podem ter a sorte de contar com um ditador benevolente (Emirados Árabes, Cingapura), com intenções nobres e políticas altruístas, mas isso raramente se verifica (Coreia do Norte, Guiné Equatorial), na maioria das vezes os ditadores não são responsáveis pelo bem comum (China, Arábia Saudita).
O grupo de apoio de um líder democrático tem de ser maior por natureza e por isso é mais difícil de agradar. Esse grupo é o que Bueno de Mesquita e Alastair Smith (O Manual do Ditador: Por Que o Mau Comportamento é Quase Sempre Boa Política, 2012) chamam de fundamentos, ou de coligação vencedora. Para eles, em qualquer sistema há três importantes grupos políticos a considerar: o dos intercambiáveis ou nominalmente seletivos, que inclui qualquer pessoa com voz na escolha do líder (numa democracia, quem pode votar); o influente ou real, dos que realmente escolhem o líder (numa democracia, os que realmente votaram); e os fundamentais, cujo apoio realmente importa (numa democracia, os que votam no candidato vencedor). Quanto menos democrático for um sistema, menor o último grupo e, portanto, o mais corrupto, porque o sistema precisa garantir a satisfação financeira apenas desse grupo. Curiosamente, as dez economias mais corruptas do Ranking Mundial de Competitividade do IMD de 2016 são, na verdade, de países democráticos.
Embora a maioria aprecie os países democráticos como lugares exemplares para viver, olhar em profundidade a competitividade das nações revela outro cenário. Como pesquisador nessa área, não poderia recomendar que qualquer país, especialmente um novo país, procure ser democrático a todo custo – especialmente quando se levam em conta alguns dos resultados sísmicos que os processos democráticos nos proporcionaram durante o ano passado.
* ARTURO BRIS É PROFESSOR DE FINANÇAS NO IMD, ESCOLA SUÍÇA DE NEGÓCIOS, DIRETOR DO CENTRO MUNDIAL DE COMPETITIVIDADE DO IMD

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