EDUCAÇÃO, NOVOS FUNDAMENTOS

Raramente li um texto tão instigante e preocupante quanto este que obtive na rede. E erudito, também! Escrito há mais de 170 anos, por um dos grandes pensadores da História, para uma época em que afloravam os conflitos e os questionamentos culturais e intelectuais de outros grandes pensadores, na vivência do contexto da Revolução Industrial com todas suas implicações sobre a vida emergida da Renascença  e, antes dela, da Idade Média,  mostra o dilema da reconstrução intelectual frente a novos conceitos e visões da sociedade. Percebe-se a preocupação de Schopenhauer com os novos impulsos humanos, baseados na rapidez da evolução, que gera a superficialidade de pensamento e a fraqueza dos princípios da transmissão de conhecimentos. 
Isto, naquela época! E hoje, a quantas andamos? 
Será que não vale a pena apostar numa profunda remodelação da Educação, deixando de lado a mesquinhez dos interesses político-partidários e adotar um outro eixo educativo que melhore a condição do instrutor e, deste, para o aprendiz, de forma a que ganhemos novamente consistência no conhecimento?  Será que os fundamentos propostos ontem, não seriam os mesmos necessários hoje?
Como diz Shopenhauer, CONHECIMENTO, não apenas informação. 

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Sobre a erudição e os eruditos
Arthur Schopenhauer (1788-1860), do livro A Arte de Escrever (Porto Alegre: L&PM, 2012).

Quando observamos a quantidade e a variedade dos estabelecimentos de ensino e de aprendizado, assim como o grande número de alunos e professores, é possível acreditar que a espécie humana dá muita importância à instrução e à verdade. Entretanto, nesse caso, as aparências também enganam. Os professores ensinam para ganhar dinheiro e não se esforçam pela sabedoria, mas pelo crédito que ganham dando a impressão de possuí-la. E os alunos não aprendem para ganhar conhecimento e se instruir, mas para poder tagarelar e para ganhar ares de importantes.

A cada trinta anos, desponta no mundo uma nova geração: pessoas que não sabem nada e agora devoram os resultados do saber humano acumulado durante milênios, de modo sumário e apressado, depois querem ser mais espertas do que todo o passado. É com esse objetivo que tal geração frequenta a universidade e se aferra aos livros, sempre aos mais recentes, os de sua época e próprios para sua idade. Só o que é breve e novo! Assim como é nova a geração, que logo passa a emitir seus juízos.

Em geral, estudantes e estudiosos de todos os tipos e de qualquer idade têm em mira apenas a informação, não a instrução. Sua honra é baseada no fato de terem informações sobre tudo, sobre todas as pedras, ou plantas, ou batalhas, ou experiências, sobre o resumo e o conjunto de todos os livros. Não ocorre a eles que a informação é um mero meio para a instrução, tendo pouco ou nenhum valor por si mesma. No entanto, é essa maneira de pensar que caracteriza uma cabeça filosófica.

Diante da imponente erudição de tais sabichões, às vezes digo para mim mesmo: Ah, essa pessoa deve ter pensado muito pouco para poder ter lido tanto! Até mesmo quando se relata, a respeito de Plínio, o Velho, que ele lia sem parar ou mandava que lessem para ele, seja à mesa, em viagens ou no banheiro, sinto a necessidade de me perguntar se o homem tinha tanta falta de pensamentos próprios que era preciso um afluxo contínuo de pensamentos alheios, como é preciso dar a quem sofre de tuberculose um caldo para manter sua vida. E nem a sua credulidade sem critérios, nem o seu estilo de coletânea, extremamente repugnante, difícil de entender e sem desenvolvimento contribuem para me dar um alto conceito do pensamento próprio desse escritor.

Assim como as atividades de ler e aprender, quando em excesso, são prejudiciais ao pensamento próprio, as de escrever e ensinar em demasia também desacostumam os homens da clareza e profundidade do saber e da compreensão, uma vez que não lhes sobra tempo para obtê-los. Com isso, quando expõe alguma ideia, a pessoa precisa preencher com palavras e frases as lacunas de clareza em seu conhecimento. É isso, e não a aridez do assunto, que torna a maioria dos livros tão incrivelmente entediante. Pois, como podemos supor, um bom cozinheiro pode dar gosto até a uma velha sola de sapato; assim como um bom escritor pode tornar interessante mesmo o assunto mais árido.

Para a imensa maioria dos eruditos, sua ciência é um meio e não um fim. Desse modo, nunca chegarão a realizar nada de grandioso, porque para tanto seria preciso que tivessem o saber como meta, e que todo o resto, mesmo sua própria existência, fosse apenas um meio. Pois tudo o que se realiza em função de outra coisa é feito apenas de maneira parcial, e a verdadeira excelência só pode ser alcançada, em obras de todos os gêneros, quando elas foram produzidas em função de si mesmas e não como meios para fins ulteriores. Da mesma maneira, só chegará a elaborar novas e grandes concepções fundamentais aquele que tenha suas próprias ideias como objetivo direto de seus estudos, sem se importar com as ideias dos outros.

Entretanto os eruditos, em sua maioria, estudam exclusivamente com o objetivo de um dia poderem ensinar e escrever. Assim, sua cabeça é semelhante a um estômago e a um intestino dos quais a comida sai sem ser digerida. Justamente por isso, seu ensino e seus escritos têm pouca utilidade. Não é possível alimentar os outros com restos não digeridos, mas só com o leite que se formou a partir do próprio sangue.

A peruca é o símbolo mais apropriado para o erudito. Trata-se de homens que adornam a cabeça com uma rica massa de cabelo alheio porque carecem de cabelos próprios. Da mesma maneira, a erudição consiste num adorno com uma grande quantidade de pensamentos alheios, que evidentemente, em comparação com os fios provenientes do fundo e do solo mais próprios, não assentam de modo tão natural, nem se aplicam a todos os casos ou se adaptam de modo tão apropriado a todos os objetivos, nem se enraízam com firmeza, tampouco são substituídos de imediato, depois de utilizados, por outros pensamentos provenientes da mesma fonte.

Diletantes, diletantes! Assim os que exercem uma ciência ou uma arte por amor a ela, pelo seu deleite, são chamados com desprezo por aqueles que se consagram a tais coisas com vistas ao que ganham, porque seu objeto dileto é o dinheiro que têm a receber. Esse desdém se baseia na sua convicção desprezível de que ninguém se dedicaria seriamente a um assunto se não fosse impelido pela necessidade, pela fome ou por uma avidez semelhante. O público possui o mesmo espírito e, por conseguinte, a mesma opinião: daí provém seu respeito habitual pelas “pessoas da área” e sua desconfiança em relação aos diletantes. Na verdade, para o diletante, ao contrário, o assunto é o fim, e para o homem da área como tal, apenas um meio. No entanto, só se dedicará a um assunto com toda a seriedade alguém que esteja envolvido de modo imediato e que se ocupe dele com amor. É sempre de tais pessoas, e não dos assalariados, que vêm as grandes descobertas.

O grande público culto busca viver bem e se distrair, por isso deixa de lado o que não é romance, comédia ou poesia. Para, excepcionalmente, chegar a ler algo com o objetivo de se instruir, o público aguarda antes uma carta de recomendação com o selo daqueles que mais entendem do assunto, declarando que de fato se encontra ali um ensinamento válido. E os que mais entendem do assunto, supõe o público, são as pessoas da área. Ele confunde, assim, os que vivem de uma matéria com os que vivem para uma matéria, embora essas duas atividades raramente sejam exercidas pelos mesmos homens. Como Diderot já disse, em O sobrinho de Rameau, a pessoa que ensina a ciência não é a mesma que entende dela e a realiza com seriedade, pois a esta não sobra tempo para ensinar.

Em todo caso, o erudito alemão também é pobre demais para ser honesto e honrado. Por isso, as atividades de torcer, enroscar, acomodar-se e renegar suas convicções, ensinar e escrever coisas em que na verdade não acredita, rastejar, adular, tomar partidos e fazer camaradagens, levar em consideração ministros, gente importante, colegas, estudantes, livreiros, críticos, em resumo, qualquer coisa é melhor do que dizer a verdade e contribuir para o trabalho dos outros – são esses o seu procedimento e o seu método. Desse modo ele se torna, na maioria das vezes, um velhaco cheio de preocupações. Em consequência disso, na literatura alemã em geral e especialmente na filosofia, a deslealdade também se tornou tão predominante, que é de se esperar a chegada a um ponto no qual, sendo incapaz de enganar qualquer pessoa, ela não tenha mais nenhum efeito.

De resto, na república erudita ocorre o mesmo que nas outras repúblicas: todos amam um homem despretensioso que segue seu caminho com tranquilidade e não pretende ser mais esperto do que os outros. Eles se unem contra as cabeças excêntricas que oferecem perigo, tendo a seu lado a maioria (e que maioria!). Na república dos eruditos as coisas se passam, em geral, do mesmo modo que na república do México, onde cada um pensa somente nos seus benefícios próprios, procurando reconhecimento e poder para si, sem nenhuma consideração pelo bem comum, que com isso acaba sendo arruinado. Do mesmo modo, na república dos eruditos, cada um procura promover a si próprio para conquistar algum reconhecimento, e a única coisa com que todos estão de acordo é em não deixar que desponte uma cabeça realmente eminente, quando ela tende a se destacar, pois tal coisa representaria um perigo para todos ao mesmo tempo. Com isso, o modo como o todo da ciência é conduzido fica fácil de prever.

Entre os professores e os eruditos independentes existe, desde muito tempo atrás, um certo antagonismo, que talvez possa ser esclarecido pela comparação com aquele que existe entre os cães e os lobos. Os professores têm, pela posição que ocupam, grandes vantagens relativas ao reconhecimento por parte de seus contemporâneos. Em contrapartida, os eruditos independentes têm, pela posição que ocupam, grandes vantagens relativas ao reconhecimento por parte da posteridade, porque esse segundo tipo de reconhecimento exige, entre outras coisas muito mais raras, também um certo ócio e uma certa independência. Como demora muito para que a humanidade chegue a descobrir a quem ela deve conceder sua atenção, o professor e o erudito independente podem realizar seu trabalho paralelamente. De um modo geral, a forragem da cocheira dos professores é a mais apropriada para esses ruminantes. Em contrapartida, aqueles que recebem o seu alimento das mãos da natureza preferem o ar livre.

A maior parte de todo o saber humano, em cada um dos seus gêneros, existe apenas no papel, nos livros, nessa memória de papel da humanidade. Apenas uma pequena parte está realmente viva, a cada momento dado, em algumas cabeças. Trata-se de uma consequência sobretudo da brevidade e da incerteza da vida, mas também da indolência e da busca de prazer por parte dos homens. Cada geração que passa rapidamente alcança, de todo o saber humano, somente aquilo de que ela precisa. Em seguida desaparece. Segue-se, cheia de esperanças, uma nova geração que não sabe nada e tem de aprender tudo desde o início; de novo ela apanha aquilo que consegue ou aquilo de que pode precisar em sua curta viagem, depois desaparece igualmente. Assim, que desgraça seria para o saber humano se não houvesse a escrita e a imprensa! As bibliotecas são a única memória permanente e segura da espécie humana, cujos membros particulares só possuem uma memória muito limitada e imperfeita.

O saber humano se espalha para todos os lados, a perder de vista, de modo que nenhum indivíduo pode saber sequer a milésima parte daquilo que é digno de ser sabido. Sendo assim, as ciências adquiriram uma tal amplitude em suas dimensões, que alguém com a pretensão de realizar algum empreendimento científico deve se dedicar apenas a um campo muito específico, sem dar importância a todo o resto. Nesse caso, ele de fato se encontrará acima do vulgo em seu campo, no entanto será como qualquer pessoa em todos os outros. Além disso, torna-se cada vez mais comum hoje em dia o descuido com as línguas antigas, cujo aprendizado parcial de nada serve, contribuindo para a decadência geral da cultura humana. Com isso, frequentemente veremos eruditos que, fora de seu campo específico, são verdadeiras bestas.

Em geral, um erudito tão exclusivo de uma área é análogo ao operário que, ao longo de sua vida, não faz nada além de mover determinada alavanca, gancho ou manivela, em determinado instrumento ou máquina, de modo a conquistar um inacreditável virtuosismo nessa atividade. Também é possível comparar o especialista com um homem que mora em sua casa própria, mas nunca sai dela. Na casa, ele conhece tudo com exatidão, cada degrau, cada canto e cada viga, como, por exemplo, o Quasímodo de Victor Hugo conhece a catedral de Notre-Dame, mas fora desse lugar tudo lhe é estranho e desconhecido. Em contrapartida, a verdadeira formação para a humanidade exige universalidade e uma visão geral; portanto, para um erudito no sentido mais elevado, algo como um conhecimento enciclopédico da história. Mas quem quer se tornar um filósofo de verdade precisa reunir em sua cabeça as extremidades mais afastadas da vontade humana. Pois onde mais elas poderiam ser reunidas?

Espíritos de primeira categoria nunca se tornarão especialistas eruditos. Para eles, como tais, a totalidade da existência é que se impõe como problema, e é sobre ela que cada um deles comunicará à humanidade novas soluções, de uma forma ou de outra. Pois só pode merecer o nome de gênio alguém que assume como o tema de suas realizações a totalidade, aquilo que é grandioso, as coisas essenciais e gerais, e não alguém que dedica os esforços de sua vida a esclarecer qualquer relação específica de objetos entre si.

A abolição do latim como língua geral da erudição e, em contrapartida, a introdução do espírito pequeno-burguês nas literaturas nacionais foram um verdadeiro infortúnio para as ciências na Europa. Em primeiro lugar, porque só por meio da língua latina havia um público geral de eruditos europeus, ao qual cada livro publicado era dirigido diretamente. Agora o número de cabeças que realmente pensam e são capazes de julgar é tão pequeno em toda a Europa que se enfraquece infinitamente a sua atuação quando o alcance de suas ideias é dividido e compartimentado por fronteiras linguísticas.

As versões feitas por aprendizes literários, às quais os editores dão preferência, são um péssimo substituto para uma língua erudita geral. Por isso a filosofia de Kant, após um curto período de brilho, atolou-se no pântano da capacidade alemã de julgar, enquanto os fogos-fátuos da pseudociência de Fichte, Schelling e finalmente de Hegel desfrutam, sobre esse pântano, de sua vida fugaz. Por isso a doutrina das cores de Goethe não encontrou aprovação. Por isso não me deram atenção. Por isso a nação inglesa, tão intelectual e capaz de julgar, ainda agora é degradada pela beataria e pela mais vergonhosa tutela clerical. Por isso, falta à física da França o apoio e o controle de uma metafísica digna e suficiente. E diversos outros exemplos poderiam ser mencionados.

Além do mais, a essa grande desvantagem está ligada uma segunda, ainda maior: o fim do aprendizado das línguas antigas. Basta notar o descuido com elas na França e mesmo na Alemanha. Já na década de 1830 a 1840, o Corpus juris foi traduzido para o alemão, o que constitui um símbolo inegável da penetração da ignorância na base de toda a erudição, isto é, na língua latina, portanto um símbolo da barbárie. Agora o processo chegou tão longe, que autores gregos, ou mesmo latinos, são publicados com notas em alemão, o que não passa de uma baixeza e de uma infâmia.

O verdadeiro motivo disso (seja qual for a desculpa dos editores) é que o responsável pela publicação não sabe mais escrever em latim, e a amável juventude o acompanha com prazer no caminho da preguiça, ignorância e barbárie. Eu tinha a expectativa de ver esse procedimento ser repreendido como merecia nas revistas literárias, mas me surpreendi ao ver que ele foi recebido sem censura alguma, como se fosse perfeitamente aceitável. Isso mostra que os críticos também são uns ignorantes. Assim, de modo geral, a mais despudorada infâmia sente-se inteiramente em casa na literatura alemã.

Considerando uma vulgaridade especial, que agora se insinua como uma prática cada dia mais habitual, preciso censurar ainda o fato de que, nos livros científicos e em jornais propriamente eruditos, até mesmo nos que são publicados por academias, passagens de autores gregos e latinos são traduzidas para o alemão. Que desgraça! Os senhores escrevem para sapateiros e alfaiates? Acho que sim, e isso para “comercializar” bastante. Então permitam-me observar respeitosamente que os senhores são, em todos sentidos, sujeitos vulgares. Tenham mais honra e deixem os ignorantes sentirem sua inferioridade, em vez de fazer cortesias às suas carteiras.

Se chegamos a tal ponto, então adeus humanidade, gosto nobre e sentido elevado! A barbárie retornou, apesar das ferrovias, da eletricidade e dos balões voando pelos ares. Finalmente perdemos, com isso, uma vantagem de que todos os nossos antepassados tiraram proveito. Ou seja, não é só a antiguidade romana que nos abre as portas para o latim, mas também a Idade Média inteira, em todos os países europeus, assim como do século passado. Desse modo, por exemplo, Scotus Erigenes no século IX, John Salisbury no XII, Raimundo Lullus no XIII, junto com centenas de outros autores, dirigem-se a mim diretamente na língua que consideravam natural e própria, sempre que pensavam em assuntos científicos. Por isso, ainda hoje eles se encontram muito próximos de mim: estou em contato direto com eles e verdadeiramente os conheço.

Contudo, como seria se cada um deles tivesse escrito na língua de seu país, seguindo o estágio em que ela se encontrava na sua época? Seria impossível para mim entender sequer a metade dos seus textos, e um contato espiritual com tais autores se tornaria impossível. Eu os veria como silhuetas no horizonte distante, ou então pelo telescópio de uma tradução. Foi para evitar isso que, como declara expressamente, Bacon de Veralam traduziu ele mesmo seus ensaios para o latim, com o título de Sermones Fideles.

Deve ser mencionado aqui, só de passagem, o fato de que o patriotismo, quando tem a pretensão de se fazer valer no reino das ciências, não passa de um acompanhante indecente, do qual é preciso se livrar. Quando se trata de questões puras e gerais da humanidade e quando a verdade, a clareza e a beleza devem ser os únicos critérios, o que pode ser mais impertinente do que a tentativa de pôr na balança a preferência pela nação à qual certa pessoa pertence e, em nome desse privilégio, ou cometer uma violência contra a verdade, ou uma injustiça contra os grandes espíritos de nações estrangeiras para destacar espíritos inferiores da própria nação? No entanto, encontramos exemplos dessa vulgaridade todos os dias, entre os escritores de todas as nações europeias. Esse traço foi satirizado por Iriarte na trigésima terceira de suas ótimas fábulas literárias.

A melhora da qualidade dos estudantes, às custas de sua quantidade já exagerada, deveria ser determinada por lei: Nenhum deles teria permissão para frequentar a universidade antes de completar vinte anos, idade em que passaria por um examen rigorosum nas duas línguas antigas antes de fazer a matrícula. Com isso, todavia, o estudante seria liberado do serviço militar e obteria suas primeiras doctarum praemia frontium [recompensas das frentes doutas]. Um estudante tem muita coisa para aprender, por isso não pode estragar um ano ou mais de sua vida com o manuseio de armas, um trabalho tão heterogêneo em relação ao seu. Sem contar que essa atividade arruína o respeito que todo iletrado, seja ele quem for, do primeiro ao último, deve ao erudito. Por meio da isenção natural do serviço militar para a classe erudita, os exércitos não seriam prejudicados; diminuiria apenas o número de maus médicos, maus advogados e juízes, professores escolares ignorantes e charlatães de todo tipo. Pois é certo que cada momento da vida de soldado exerce efeito desmoralizante sobre o futuro erudito.

Deveria ser determinado por lei que todos os estudantes universitários, no primeiro ano, fizessem exclusivamente os cursos da faculdade de filosofia, e antes do segundo ano não tivessem permissão para assistir aos das três faculdades superiores. Em seguida, os teólogos teriam de dedicar dois anos a esses cursos, os juristas, três, os médicos, quatro. Em contrapartida, nos ginásios, o ensino poderia ser limitado a línguas antigas, história, matemática e alemão, com um estudo especialmente aprofundado das línguas antigas. Em todo caso, como o talento para a matemática é algo muito especial e próprio, que não corre paralelamente às outras capacidades mentais, nem tem nada em comum com elas, deveria valer para a aula de matemática uma classificação específica dos alunos. Desse modo, alguém que frequentasse nas outras matérias a primeira turma poderia fazer parte da terceira no curso de matemática, sem nenhum prejuízo. Assim cada um poderia aprender de maneira proveitosa, segundo a medida de suas capacidades.

Como os professores se preocupam mais com a quantidade dos estudantes do que com sua qualidade, é certo que eles não apoiarão tais propostas, e o mesmo vale para a seguinte: as promoções a professor [Promotionen] deveriam ser feitas gratuitamente, para que a dignidade de doutor, desacreditada pelo afã de lucro dos professores, voltasse a ser uma honra. Para isso, os doutores deveriam ser dispensados dos exames estatais.

ANTOLOGIA DA CRIMINALIDADE



O lullopetismo é feito de momentos, frases, conceitos políticos e teorias sociais antológicas. Antológicas por serem risíveis e ridículas, mitômanas e doentiamente enganadoras, sempre para construir um mundo sonhático mas nunca realizável. Mas, é interessante como as manifestações dos seus líderes, ocorridas às centenas nos anos do regime podre e destruidor da Nação Brasileira, sempre foram EXALTADAS em favor dos criminosos de hoje. 
Assistindo ao vídeo indicado abaixo,  somos levados ao riso, mesmo que involuntariamente.
Todo o vídeo contém elementos que confluem para os fatos que ocorrem esta semana, mas é apartir do minuto 4 que se torna interessante, quando Dilma "estabanada" Russef fala.

1984 É HOJE



Como sabemos, George Orwell vem sendo vendido massivamente nos Estados Unidos, durante Trump. Normalmente mantemos a visão de que o escritor era contra o comunismo. Sim, mas não só! Ele era contra a tirania em suas formas amplas e, por isso, a busca pela obra "1984", por lá. Para quem ainda não leu "1984", recomendo a leitura, assim como "A Revolução dos Bichos", pois esta última tem tudo a ver com o Brasil recente e as guinadas enganosas do lullopetismo.
Sobre o autor, penso valer a pena assistir ao documentário indicado abaixo, pois ali há muitos detalhes desconhecidos, ou aos quais  não demos a devida importância sobre ele.

O RETORNO

Extraí da rede o texto abaixo, chamando minha atenção o retorno mostrado por ele que as pessoas vão adotando ao saírem do delirante delírio da exposição pessoal e da ânsia xereta em visualizar o quê os outros fazem de bom ou de ruim, sempre sofrendo, ou merecendo, a crítica ou elogio sem sentido porquê distante, desconhecido, descompromissado. Pela informação contida no escrito percebe-se que há uma esperança de bom senso no ar.
Quem sabe, as pessoas retomarão a boa escrita das longas mensagens do correio eletrônico, (lembras dele?), ou das conversas pessoais, mesmo que pelo telefone, abandonando os excessos do "feicibuque" e do "uátizapi". Aliás, estas,  boas ferramentos para um tipo de comunicação, em momentos pontuais das nossas vidas. Pode ser que o ano de 2017 reafirme essa saudável tendência. Pode ser!
No mais, vivas para o retorno.



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Desconectados: A Interessante Tendência da Europa em Abandonar a Internet

Muitas pessoas estão desconectando-se da Internet para passar tempo conectando-se com o mundo real

A Internet, com todas suas maravilhosas promessas de ilustração intelectual e conexão social, tornou-se um grande vício. Passamos mais tempo do que precisamos on-line e não nos damos conta do quanto perdemos em termos de capacidade de prestar atenção, conexão com o redor e tempo para realizar outras atividades.

O jornal espanhol El Mundo, relata sobre uma interessante tendência que está se manifestando na França, na qual muitas pessoas estão decidindo abandonar as redes sociais e desconectar-se da Internet. Em 2012, 3,4% dos franceses haviam decidido abandonar voluntariamente a Internet, um número que parece estar crescendo.

Uma das vozes líderes neste movimento que também ocorre na Espanha, é Enric Puig Punyet, doutor em filosofia da Universidade Autônoma de Barcelona, quem decidiu desconectar-se da Internet e, além disso, documentar a vida das pessoas que optam por esta estratégia de higiene mental em seu livro La Gran Adicción (O Grande Vício). Como sobreviver sem internet e não desligar-se do mundo. Puig Punyet relata como foi inclinando-se à desconexão:
Sentia saturação após horas e horas navegando, pulando de uma página para outra à toa, viajando de um link para outro, aparentemente fazendo tudo, mas no fundo, não fazendo absolutamente nada, porque com muita frequência a informação que obtemos depois de um dia colados à tela é desigual, em ocasiões contraditória e logo nos esquecemos.

Há somente 10 anos, a Internet era uma ferramenta de consulta. Fazia-se uma pergunta e somente depois buscava-se a resposta na rede. Mas hoje a dinâmica mudou por completo. O tempo vazio se encheu de nada. Muitas vezes é a Internet quem formula a perguntas, roubando o indivíduo de novos marcos de referência. A Internet é onipresente porque está sempre ativa e em todas as partes. Ao ocupar grande parte de nossa vida, com frequeência faz com que descuidemos das pessoas ao nosso redor.



Em seu livro, Puig Punyet mostra como muitas pessoas que estavam utilizando a Internet por mais de 1 década diariamente, e que acreditavam que seu trabalho dependia das ferramentas digitais, descobriram que a vida sem a Internet continua e sua renda não era afetada. "Pelo contrário: o grande paradoxo é que os desconectados sentem-se como se reconectassem com o mundo real".

O El Mundo também relata o caso de uma blogueira australiana chamada Essena O´Neill, que tinha centenas de milhares de seguidores no Youtube e Instagram e decidiu apagar todas suas imagens escrevendo:

Sou a mulher que teve tudo e quero dizer que, ter tudo nas redes sociais não significa nada na vida real. Deixei que me definissem pelos números e a única coisa que realmente me fazia sentir bem, era conseguir mais seguidores, mais likes, mais repercussão e visitas. Nunca era suficiente,

E é assim, a fama digital vem com o preço de estar enchendo a demanda dos seguidores ou fãs e existir de maneira fragmentada on-line e no mundo real, administrando a personalidade que criamos para nossos perfis. Fazer isso pode nos deixar esgotados para realizar nosso trabalho fora da Internet. Às vezes temos que escoher entre um e outro.

MAIS UM ENCANTONADO NO FUNDO DO CHIQUEIRO



Que vergonha para o meu País! Que vergonha para o Judiciário do meu País! Que vergonha para a minha Maçonaria!  Sim, pois esse Zveiter domina a maçonaria (assim, com letra minúscula) carioca. 
É o fim! Vou juntar os cacos.


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UM PODER QUE SE VAI

A politicose passou a dominar outro dos Poderes Republicanos, gerando a stfite, num contexto stfoide que só pode fazer mal à Nação brasileira. Dominados por "conceitos" de valorização do momento crítico por quê o País passa, os seus juizecos esquecem os fundamentos, os artigos, os itens, as alíneas, pelos quais se debruçaram durante toda a vida, para decidir em favor de momentosos momentos oportunistas, para si e para parcelas da sociedade. Os seus pensamentos jamais ocorrem  para o todo, para o fortalecimento institucional, para o exemplo que forma a concepção de seriedade da geração advinda e das que virão. A normose tomou conta de todos, aquela em que valem os preceitos menores e que não formam os conceitos melhores.
Tudo isto, depois de 07/12/2016, quando o STF decidiu sobre Renan, um dos males da República.

NOVAMENTE SOBRE O STF

Acerca da atuação juridicamente abortiva promovida pelo STF na última semana, muito se escreveu e se interpretou da decisão absurda daquele amontoado de juízes (assim mesmo, com letra minúscula), ou, caracterizado como li ontem na rede, "o STF é um arquipélago sem conexão entre as ilhas". O significado dessa frase é que cada juiz (assim mesmo, com letra minúscula) ali situado está dominado por interesses próprios, faltando-lhes a visão maior, aqueles expressos na Constituição e que representam o pensamento e a vontade da Nação Brasileira.
Enfim, naquele momento vivenciamos mais um dos momentos tristes da história do nosso Judiciário, assim como estamos vivendo diversos outros momentos deploráveis da história da Administração Nacional, especialmente demarcada pelas Operações Lava Jato, Zelotes, Acrônimo, além de muitas outras, que traçam um perfil daqueles em quem acreditamos, ontem, mas que se mostram criminosos, hoje.
Mas, de todos os artigos, textos e reportagens que li, a mais incisiva e sucinta é o que está abaixo, valendo a pena uma leitura.



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O STF não deveria ser o guardião da Constituição?

Alice Queiroz*
Coincidentemente lendo sobre a Lei de Improbidade Administrativa, nos últimos dias, me deparei com uma citação que dizia:
“O direito a um governo eficiente, honesto e zeloso com pelas coisas públicas, tem, nesse sentido, natureza transindividual: decorrendo, como decorre, do Estado democrático, ele não pertence a ninguém individualmente; seu titular é o povo, em nome e em benefício de quem o poder deve ser exercido.” Tal citação foi extraída de um livro do Ministro Teori Zavascki.
Ministro esse que, no último dia 7, embora ausente fundamento constitucional para tanto, proferiu seu voto em favor de um só indivíduo, ignorando os mesmos direitos que prega pertencerem ao povo.
O direito a um governo honesto foi esquecido pelo ministro por ocasião da votação, o que torna hipócrita e até engraçada a citação referida acima, dada a distância abissal entre pregar que o direito a um governo correto é de titularidade do povo e escolher manter um criminoso contumaz em um dos mais altos cargos da República: a presidência do Senado.
A redação Constitucional, pra não perder o costume, é lacunosa.
Discutir a inclusão dos sucessores do cargo da presidência da República na proibição de assim permanecer diante de denúncia recebida pelo STF, seria, portanto, aceitável, não fossem as flagrantes manobras conduzidas pela Corte para dificultar a clareza no julgamento da liminar oferecida no sentido de afastar Renan Calheiros da presidência do Senado.
O que alguns ministros fizeram no julgamento da ADPF na qual se discutia exatamente a questão da extensão da proibição, cujo conteúdo vinha sendo por eles debatido desde antes do recebimento da liminar de afastamento pelo STF, não pode ser visto como mera rotina de trabalhos. Em se tratando de Brasil, saudável é desconfiar de tudo até que se prove o contrário, e não o inverso.
Existem alguns ministros nos quais eu, particularmente, já não confiava. Só pra exemplificar o que quero dizer:
Toffoli não foi afastado do julgamento do Mensalão e nem se declarou impedido para tanto, ainda que os motivos para que o fizesse fossem óbvios, julgamento cujos comentários são dispensáveis neste momento.
Lewandowski, respeitado constitucionalista e, por consequência, conhecedor da Constituição, desmembrou o julgamento de impeachment da ex-presidente Dilma como se não houvesse amanhã, em clara afronta a dispositivo constitucional que, diferente do caso de Renan, é claro e não deixa margem a qualquer dúvida.
O que pesou, no julgamento da liminar de Renan, foi perceber que, na verdade, a Corte, de forma geral, já não é mais digna de devoção ou confiança.
Independentemente da mudança drástica de ares na votação da ADPF sobre a extensão da proibição constitucional do art. 86, parágrafo único, inciso I à linha sucessória, após o voto do decano Celso de Mello, verdade inconteste é que a maioria dos ministros já havia se posicionado pela extensão.
Como explicar mudança tão rápida de posicionamento numa questão de tamanha delicadeza, que afeta inclusive membros do STF (já que o presidente da Corte integra a linha sucessória da mesma forma)?
Não desconfiar desse tipo de coisa nada mais quer significar do que uma cegueira deliberada (teoria importada do direito americano inclusive já aplicada pela Corte em questão) sem precedentes.
Numa votação que já tinha futuro certo, o erro da Corte foi abrir as pernas e lançar mão de um garantismo irresponsável, decorrente de interpretação literal da Constituição, às vésperas de um julgamento que tinha tudo para salvar parte da confiança que o Supremo ainda guardava junto ao povo.
Não consigo eleger o que mais me chocou no frigir dos ovos:
Se o voto do decano, que não satisfeito em votar pelo não afastamento de Renan, inovou, se sentindo o próprio Poder Constituinte, no auge de seu ativismo judicial, votando no sentido de mantê-lo na presidência do Senado mas o afastando de eventual sucessão no cargo de presidência da República;
Se o voto do Lewandowski que, apesar de não me surpreender, usou como argumento o absurdo de dizer que “não existe indicação de que o presidente da República chegue a ser substituído pelo presidente do Senado”, como se a Constituição fizesse qualquer ressalva nesse sentido; ou
Se o voto da Carmen Lúcia, em quem eu confiava quase que plenamente e acreditava que pudesse significar a expectativa de um novo Supremo sob a sua presidência.
De fato, a única conclusão a que podemos chegar é que o Judiciário, infelizmente representado, neste momento, pelo Supremo Tribunal Federal, que a cada julgamento emblemático vem, salvaguardadas as raríssimas exceções, envergonhando a nossa classe, foi rebaixado ao patamar de poder desprovido de qualquer sentimento positivo por parte do povo, como já o são há muito tempo os poderes Legislativo e Executivo.
Ainda que acredite que política não possa se misturar com justiça, repudiando veementemente qualquer conduta no sentido de confundi-los, incluindo a nomeação dos ministros do Supremo pelo presidente da República e a prerrogativa de função deste último no próprio Supremo, até essa semana, o Supremo ainda carregava alguns “heróis de capa preta” nos quais eu me permitia depositar minha própria confiança, tanto quanto cidadã como advogada.
Órfã de instituições públicas que me representem, com a exceção do Ministério Público, que vem fazendo um trabalho indefectível na famigerada Operação Lava Jato, é com pesar que finalmente afirmo: o Judiciário brasileiro, personificado na figura da mais alta Corte de justiça, não me representa mais.

Sobre a autora: Alice Queiroz é advogada e estudou na AMPERJ – Escola de Direito do Ministério Público.

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