OS GIGOLÔS DE TERREMOTO NA HORA TRÁGICA

Gigolôs da bonomia e da mansidão do povo brasileiro. Mais, proxenetas do movimento para ungir LULLA como o grande nome nacional e internacional, messias daqueles países aos quais foram perdoadas dívidas imperdoáveis, onerando o nosso País com a ausência de elementos básicos para viver melhor. Aliás, onde estão as medidas imediatas, necessárias para a recuperação das comunidades nacionais vitimadas pelas enchentes e pelos desmoronamentos, ocasionados pelas chuvas? Onde está a atenção necessária do governo para os nossos casos? Ah, claro! Esses casos não garantem a projeção internacional!
A esse LULLA falante que pretende representar o sul, e a essa esquerda anacrônica que perdeu o tom e o caminho da modernidade, não deve ser dado mais espaço. Devemos vencê-los com a boa retórica e a fundamental dialética, campos em que não têm a devida capacidade de confronto.
Abaixo, há um texto de Augusto Nunes, dissecando essas atitudes esdrúxulas do governo brasileiro.
Logo a seguir há um outro texto de Jânio de Freitas, pelo qual ele analisa alguns aspectos humilhantes para o cidadão brasileiro, minimamente esclarecido e preocupado com a situação do Brasil do mundo, com essa pantomima dos nossos governantes (!!!???), no Haiti.
Sugiro as leituras abaixo.


Os gigolôs de terremoto - Augusto Nunes


Até terremoto tem seu lado bom, imaginaram os alquimistas do Planalto no dia em que o Haiti acabou. Desde 2004 no comando da força de paz da ONU, ferido pela morte de Zilda Arns, de um diplomata e de 17 soldados, o Brasil conseguira com a tragédia o trunfo que faltava para assumir, livre de concorrentes, a condução das operações internacionais destinadas a ressuscitar o país em frangalhos. E então tomou forma a má ideia: que tal aproveitar a favorável conjunção dos astros para fazer do Haiti um protetorado da potência regional que Lula criou?

Eufóricos com a própria inventividade, os estrategistas federais transformaram o velório de Zilda Arns em comício e escalaram Gilberto Carvalho para o lançamento, à beira do caixão, do novo projeto nacional. A frase de abertura surpreendeu os parceiros de roda de conversa: ”O Brasil perdeu uma grande militante e ganhou uma grande padroeira”. Alheio ao espanto provocado pela demissão de Nossa Senhora Aparecida, substituída sem anestesia pela fundadora da Pastoral da Criança, o secretário particular do presidente foi ao que interessava: “Devemos adotar o Haiti a partir de agora. Temos até uma mártir lá”.
”Vou me empenhar para que Zilda Arns ganhe o Prêmio Nobel da Paz”, emendou Lula na roda ao lado.

Expressamente proibida pelos organizadores do Nobel, a premiação póstuma foi autorizada uma única vez, para atender a circunstâncias excepcionais. Em 1961, o estadista sueco Dag Hammarskjöld, secretário-geral da ONU por muitos anos, já estava escolhido quando, às vésperas do anúncio formal, morreu num acidente aéreo.

Enquanto Lula lançava candidaturas sem chances em cerimônias fúnebres, Nelson Jobim e Celso Amorim articulavam o movimento de resistência à invasão do Haiti por soldados e médicos americanos, armados de remédios, alimentos e equipamentos de socorro. A coleção de fiascos começou com a tentativa de retomar o controle do aeroporto da capital. Quando preparava a contra-ofensiva, Jobim soube que os ianques estavam lá a pedido do governo haitiano.

Se fosse menos primitivo, o Brasil teria aproveitado a vigorosa entrada em cena dos EUA para associar-se à única superpotência do planeta e aprender o que não sabe. No pós-guerra, por exemplo, os americanos organizaram a reconstrução do Japão e da Alemanha. O Brasil não consegue lidar sequer com enchentes de médio porte e é um país ainda em construção. Mas Lula acha que está pronto. E o governo desoladoramente jeca preferiu disputar com os americanos o papel de protagonista.

Passada uma semana, só conseguiu ficar ainda mais longe da vaga no Conselho de Segurança da ONU. É o que atesta o resumo da ópera publicado neste 19 de janeiro pelo jornal espanhol Vanguardia, editado em Barcelona. “O terremoto ocorrido há uma semana desnudou a incapacidade da Organização das Nações Unidas para fazer frente a um desastre de tais dimensões. A onerosa missão dos 8.300 capacetes azuis não serviu para nada no momento de enfrentar a emergência e organizar a ajuda aos haitianos. O Brasil, que tem aspirações ao status de potência regional latino-americana, mostrou-se, como coordenador das forças da ONU, incapacidade e falta de liderança”.< /p>

Nesta terça-feira, enquanto os haitianos imploravam pela salvação que teima em demorar, Celso Amorim continuava implorando por conversas com Hillary Clinton. Enquanto soldados brasileiros lutavam pelos flagelados, Nelson Jobim lutava para prolongar por cinco anos a permanência no Haiti das tropas que visita quando lhe convém.

Tanto os brasileiros que morreram em combate quanto os que continuam no Haiti merecem admiração e respeito. São heróis. Políticos que ignoram o pesadelo inverossímil para concentrar-se em disputas mesquinhas merecem desprezo. São gigolôs de terremoto.


Na hora trágica - Jânio de Freitas

Visão do governo Lula sobre a presença brasileira na tragédia do Haiti é menos humanitária do que política


NEM 24 HORAS foram necessárias para que o governo Lula se desmentisse e, com fatos claros, confirmasse que sua visão da presença brasileira na tragédia do Haiti é muito menos humanitária do que política, na sua concepção de Brasil potência. Concepção, aliás, bem semelhante à de Brasil Grande criada pela ditadura, há 30 e tal anos atrás (por acaso ou não, também naquela altura foi feito com a fábrica Dassault um negócio caríssimo de compra de aviões de caça).

Por ora, o resultado de tal política é apenas o ridículo. Sem promessa de que o resultado final seja outro, senão pior, caso o governo não perceba que seu "enfrentamento" com os Estados Unidos está fora do lugar, da hora e das possibilidades mais concretas.

Na quinta-feira, por exemplo, Lula tomou a iniciativa de cobrar ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que a distribuição de alimentos e água no Haiti seja feita só por civis. Na sexta, os soldados brasileiros montaram um posto de distribuição, no qual entregaram "22 mil garrafas de água e 10 toneladas de alimentos". Nada de mais, só um pequeno vexame de falta de orientação e organização.

Pior foi que, no desejo de impedir que os EUA façam o papel simpático de distribuir gêneros, os nossos estrategistas concentrados na sede provisória do governo (o Planalto está em obras) puseram Lula na contramão. As distribuições, em circunstâncias de desespero como as do Haiti, devem ser feitas por militares ou com forte presença militar, para evitar o tumulto e a violência dos famintos na distribuição civil e desarmada. Espera-se que a proposta de Lula tenha ficado, na ONU, só como um vexame telefônico.

A terceira impropriedade em 24 horas sobe de nível: é a explicitude da disputa com um toque de adesão ao estilo Chávez de política externa. O posto de distribuição foi montado ostensivamente diante do que resta do palácio presidencial, porque a área foi ocupada por soldados dos EUA. O que os responsáveis pela atitude brasileira pensariam estar provando ou provocando? Nada mais inteligente, apropriado e adulto do que o cutucão no colega em fila na escola. A não ser que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ainda que vestido à paisana, tenha explicação mais elevada, não relativa ao nível primário, mas já ao secundário.

Por falar nele, outro exemplo, entre vários possíveis, foi a resposta política brasileira ao envio de 7.000 soldados dos EUA para o Haiti. Lula e Jobim: "o Brasil vai duplicar sua presença". Mais 1.750 soldados, portanto. Deu manchetes, TV, entrevistas. Mas, de fato, a soma dos que vão substituir os recém-retornados e dos acréscimos anunciados é de 900, que são os já treinados para as atividades lá. Previsto recurso a soldados que já estiveram no Haiti. A Casa Branca deve ter-se impressionado com a "duplicação da presença brasileira".

Os EUA estão retirando parte do seu pessoal, mas decidiram mandar mais 10 mil pessoas, com a finalidade declarada de servirem à reconstrução. Aguardemos, ansiosos, a réplica do governo brasileiro. Sem perguntar o que imagina obter da disputa prioritária, que tudo indica ser unilateral, com os norte-americanos nesta hora trágica do Haiti.



MEDIOCRACIA

Há os filósofos, os escritores, enfim os pensadores, que fazem dos seus escritos ou de sua fala o chicote dos medíocres. Aquilo que escrevem, ou escreveram, em épocas passadas sobre condutas sociais dos tempos em que vivem, ou viveram, muitas vezes surge como se o houvesse sido para situações atuais. Esses princípios e essas constatações escritas podem, em um momento ou em outro, serem aplicados na comparação com fatos presentes. No momento, vivemos instantes desoladores das condutas públicas dos nossos governantes e representantes democráticos no sistema republicano. Muito há com que nos preocuparmos, os brasileiros conscientes, pois estamos construindo uma Nação, madura na sua idade de cinco séculos, mas ainda adolescente na sua estrutura nacional e cidadã.

Agora, vejamos o que José Ingenieros, que nasceu na Itália, mas que viveu e morreu na Argentina, escreveu sobre isso, há um século:

MEDIOCRACIA

“Em raros momentos, a paixão caldeia a história e se exaltam os idealismos; quando as nações se constituem e quando elas se renovam. Antes é secreta ânsia de liberdade, luta pela independência; mais tarde, crise de consolidação institucional a seguir e, depois, veemência de expansão, ou pujança de energias. Os gênios pronunciam palavras definitivas; os estadistas plasmam os seus planos visionários; os herois põem o seu coração na balança do destino.

(...)

Em certos períodos, a nação adormece dentro do país. O organismo vegeta; o espírito se amodorra. Os apetites acossam os ideais, tornando-os dominadores e agressivos. Não há astros no horizonte, nem auriflamas nos campanários. Não se percebe clamor algum do povo; não ressoa o eco de grandes vozes animadoras. Todos se apinham em torno dos mantos oficiais, para conseguir alguma migalha da merenda. É o clima da mediocridade.

(...)

O culto da verdade entra na penumbra, bem como o afã de admiração, a fé em crenças firmes, a exaltação de ideais, o desinteresse, a abnegação – tudo o que está no caminho da virtude e da dignididade. Todos os espíritos se temperam pelo mesmo diapasão utilitário. (...) Tudo o que é vulgar encontra fervorosos adeptos (...). Os seus mais altos porta-vozes são escravos do seu clima. São atores aos quais foi proibido improvisar, pois de outra forma, romperiam o molde a que se ajustam.

Platão, sem pretender fazê-lo, definiu a democracia: “é o pior dos bons governos, mas é o melhor entre os maus”. Transcorreram séculos e a sentença conserva a sua verdade.

(...) Em cada comarca, uma facção de parasitas detém as engrenagens do mecanismo oficial, excluindo do seu seio todos quantos recusam altivamente a própria cumplicidade em seus empreendimentos.

(...)

Quando o ignorante se julga igualado ao estudioso, o velhaco ao apóstolo, o falador ao eloquente e o mau ao digno, a escala do mérito desaparece numa vergonhosa nivelação de vilania. A mediocridade é isso: os que nada sabem, julgam dizer o que pensam, embora cada um só consiga repetir dogmas, ou auspiciar voracidades.

(...)

Convenciona-se denominar urbanidade à hipocrisia, tolerância à cumplicidade, pois a mentira proporciona estas denominações equívocas (...). A obsessão de acumular tesouros materiais, ou o seu desfrute, apaga o espírito coletivo, os países deixam de ser pátria e qualquer ideal parece suspeito. As coisas do espírito e do sentimento são desprezadas. Já os medíocres sempre os há, pois eles são perenes e o que varia é o seu prestígio e a sua influência. Nas épocas de exaltação renovadora, eles se mostram humildes e ninguém os nota. Quando se enfraquecem os ideais e se substitui o qualitativo pelo quantitativo, começa-se a contar com eles que reunem-se em grupos e arrebanham-se em partidos, condensando a mediocridade, convertendo-se em sistema e tornando-se incontrastável.

(...)

Quando as nações dão em baixios, alguma facção se apodera da engrenagem constituída e florescem legisladores, pululam arquivistas, os funcionários são contatados por legiões, as leis se multiplicam sem eficácia. As ciências convertem-se em mecanismos oficiais de onde jamais brota o gênio e onde se impede que o talento brilhe. As artes tornam-se indústrias patrocinadas pelo Estado.

(...)

Uma apatia conservadora caracteriza esses períodos e enfraquece-se a ansiedade das coisas elevadas.

(...)

As mediocracias são escoradas pelos apetites dos que esperam nelas viver e no medo dos que temem perder o seu espaço.

A indignidade civil é lei nesses climas. Todo homem declina de sua personalidade, ao converter-se em funcionário: a cadeia não é visível no seu pé, como nos dos escravos, mas ele a arrasta, ocultamente, amarrada ao seu intestino. A mediocracia cultiva o incapaz de viver pelo seu esforço, sem o vínculo oficial. Quando tudo de pessoal é sacrificado a esse sistema, sobrepondo-se os apetites às aspirações, o sentido moral se degrada e a decadência se aproxima. Para despertar dessa fadiga, o único caminho da nação é semear o futuro.”

Meu Comentário:

Nada mais atual do que esse texto, situado no modo de ser das nações e dos povos do século XXI. Mas, especialmente, de aplicação total no Brasil, onde tivemos uma retórica política voltada à reconstrução nacional, depois de um período democrático anômalo. Porém, logo após a tomada do poder, pelo processo democrático, esse mesmo grupo que antes liderava a discussão, dita de esquerda, desvirtua o conteúdo, domina a cena dos bastidores menos recomendáveis, pulula o país de leis atalhadas, promove a arte que lhe convém, comprando-a, e ameaça liberdades básicas com movimentos coercitivos e pretensamente divinos, parecendo por meios livres, claro!

POLÍTICA, A VERDADEIRA (2)

Num lúcido artigo, escrito semana passada, o senador Buarque levantou questões fundamentais, às quais não vem sendo dada a devida atenção. Costumamos limitar nossa ação, a dos candidatos a cargos e a do eleitor, ao período futuro próximo dos mandatos politiqueiros, pois assim nos conformamos aos padrões institucionais, legais, é verdade, mas perniciosos porque delimitam o programa, quando existe, ao interesse de determinado eleito pelo povo. Da mesma forma, está a se consolidar o pensamento de grupos politiqueiros em manter-se no poder por três, quatro mandatos, como caminho para implantar suas vontades, ideias e interesses. Está esquecido por completo que a verdadeira Política é feita de planejamento de longo prazo, de ideias possíveis de aceitação pelas várias tendências nacionais, e de implantação das ações correspondentes, tendo em vista a consolidação da cidadania e o bem-estar da população.

Sugiro, pois, a leitura do tema abaixo.

Atraso Político

Nesta semana, o mundo se reuniu em Copenhague para pensar os problemas do século XXI.

Mas os políticos presentes estavam presos aos problemas do século XX, e até mais atrás.

A ideia era pensar soluções para a vida no planeta nos próximos cem anos, mas cada político representava seus eleitores, não as gerações futuras, e pensava somente nas próximas eleições.

As catástrofes que ameaçam a humanidade adiante não cabem dentro de país nenhum, nem se manifestarão antes das próximas eleições.

Prisioneiros de cada país e do horizonte da próxima eleição, a política e nós, políticos, estamos despreparados para enfrentarmos as tragédias adiante.

Os problemas ficaram globais, mas a política ficou provinciana. O horizonte de tempo ficou centenário, mas a política continua limitada aos quatro anos à frente.

Lamentavelmente, a globalização apequenou os políticos.

Há até algumas décadas, eles faziam discursos internacionais – pelo socialismo, capitalismo, independência, desenvolvimento –, falavam para o mundo defendendo suas ideias.

Agora, falam apenas para seus eleitores, conforme a orientação dos marqueteiros, baseados nas pesquisas de opinião.

Na verdade, a globalização transformou os líderes mundiais do passado em gerentes comerciais de seus respectivos países.

Para encontrarmos caminhos para cada país, precisaremos encontrar caminhos para o mundo inteiro. E, para tanto, precisaremos de um tipo de político que ainda não temos.

Pelo menos cinco desafios deverão ser enfrentados pela política e pelos políticos nos próximos anos e décadas, para que eles estejam em condições de conduzir os destinos de seus países e da humanidade.

O primeiro desafio é espacial: ser nacional e global, ser capaz de atender às aspirações locais de seus eleitores, sem perder de vista a necessidade de sacrifícios locais em benefício de um planeta equilibrado no futuro.

Esse é um desafio para o qual a geração sentada em Copenhague não parece preparada.

O segundo desafio é temporal: ganhar votos de eleitores imediatistas e ao mesmo tempo olhar para o longo prazo.

Combinar o horizonte de décadas adiante, com o horizonte dos meses até as eleições seguintes.

O terceiro desafio é atravessar a fronteira civilizatória: ir além do debate entre o social e o econômico, e formular uma proposta alternativa para a próxima civilização.

Em vez de apenas propor como produzir mais e distribuir melhor, pensar no que produzir e em como produzir.

Formular novos propósitos: mais tempo livre, mais produtos públicos, nova composição do produto, nova matriz de energia.

Isso vai exigir trocar a busca pelo crescimento pela busca de outro tipo de objetivo, que pode implicar inclusive um decrescimento econômico que traga aumento na qualidade de vida.

O quarto desafio é implícito à atividade política: como se relacionar com o eleitor.

O político das próximas décadas não deve ser apenas o boneco ventrículo dos marqueteiros e da opinião pública.

Terá de se arriscar a propor o novo, mesmo sabendo que diminuem suas chances de ganhar eleições.

Voltou o tempo do Estadista, mas desta vez com sentimento planetário. Além disso, o político não pode se dar ao luxo de ouvir os eleitores apenas por meio da mídia.

A comunicação tem que ser a cada minuto, pelos novos meios de comunicação instantânea.

Finalmente, o quinto desafio é de mentalidade.

O político do futuro deve ser um construtor da mentalidade que permitirá um salto: da atual civilização do consumo depredador privado para a mentalidade do equilíbrio ecológico, da satisfação com o uso de bens públicos; da substituição da divindade do consumo pelo reino do bem-estar.

E o caminho para mudar a mentalidade é uma revolução educacional em escala global.

Todos na escola, mas em uma nova escola.

Pena que não haja muitas chances de que esses e outros desafios sejam enfrentados, diante da mediocridade ideológica provocada pela globalização atual.

Por isso, não dá para sermos otimistas em Copenhague. Nossos líderes ainda não entenderam o que lá estava em jogo.

Cristovam Buarque


Meu comentário:

Primordialmente, é necessário que se repense o fundamento filosófico de Política, estabelecendo uma base conceitual para a ação dos representantes populares, porque, hoje, mesmo bons Congressistas, são levados a atuar confusamente segundo o momento e o procedimento usuais. A partir daí, o rito congressual passaria a ocorrer baseado em bons fundamentos para a sociedade. Mesmo cada um dos parlamentares teria sua ação engrandecida, pois participaria de debates mais consistentes e com visão nacional. Cada projeto deve ser analisado pela qualidade e pelo seu alcance no desenvolvimento nacional ou da cidadania. É verdade que isso se torna difícil e relativo, já que envolve os bons, de um lado, e o baixo-clero, do outro, além das disputas internas entre situação e oposição, mais os interesses, ou não, do Governo, dentre tantas outras variáveis. Mas, há que se ter noção que os verdadeiros representantes populares devem, além dos projetos elaborados, ter a capacidade de influir nas negociações legais, republicanas e cidadãs que signifiquem melhorias para o país e para o povo. A defesa dos interesses da sua região, contextualizada na nação, a proposição de projetos e de idéias que correspondam a ideais partidários e nacionais, extratemporais, com visão de médio e de longo prazos, independentes do tempo do seu mandato e baseados na boa gramática, na retórica e na dialética, definida com o eleitores e com os seus pares, estes são os fundamentos do bom mandato parlamentar. Reconheço que são parâmetros de difícil adoção, em razão da obtusidade imperante há décadas, mas, afinal, por que temos a imprensa, a internete, a mídia em geral, trazendo-nos informação de qualidade e atemporal, com isso possibilitando a interação e a pressão sobre os verdadeiros políticos? É para que possamos acompanhar e avaliar os nossos representantes e emitir opinião quando podemos fazê-lo, cumprindo nossa obrigação de conduzir os destinos da sociedade. Afinal, nós, os eleitores, somos os donos do Poder! Do contrário, seremos aquele Homem Medíocre, de José Ingenieros, que "é imitativo e está perfeitamente adaptado para viver em rebanho, refletindo rotinas, preconceitos e dogmatismos, reconhecidamente úteis para a domesticidade". Utopia? Mas, alguém tem que começar!

O GUIA

Todo rio chega ao oceano sem guias e sem mapas. Nós também podemos chegar ao oceano, mas ficamos emaranhados no caminho.

O guia, o mestre, não é necessário para levá-lo ao oceano - isso pode acontecer por si mesmo -; o mestre é necessário para mantê-lo alerta, a fim de que você não fique emaranhado no caminho, porque existem mil e uma atrações.
O rio se move, chega a uma bela árvore, desfruta-a e segue em frente; ele não se apega à árvore, ou o movimento pararia. Ele chega a uma bela montanha, mas ele prossegue, completamente agradecido, grato à montanha pelo deleite de passar por ela e por todas as canções que acontecem, e pela dança... O rio está grato, certamente grato, mas de maneira nenhuma aprisionado. Ele segue se movendo, seu movimento não para.
O problema com a consciência humana é que você se depara com uma bela árvore e deseja fazer ali sua moradia; agora você não deseja ir a lugar algum. Você se depara com um belo homem ou com uma bela mulher e fica aprisionada ou aprisionado. O mestre é necessário para repetidamente lembrá-lo a não se prender a coisa alguma. Não quero dizer para não desfrutar nada. Na verdade, se você se prender, não será capaz de desfrutar; você pode desfrutar somente se permanecer desapegado, solto.

Em Osho, "Osho Todos os Dias"

Meu comentário:
Osho fala da necessidade de seguirmos a vida, observando e criando por onde passamos, sem que nos detenhamos a detalhes que, embora momentaneamente satisfatórios, nos farão segmentar a nossa vivência. Se, no nosso percurso, pararmos para que nos dediquemos a um dos elementos da vida que o façamos sem perder a visão do todo, do universo, da divindade.

FUNDAMENTOS EXISTENCIAIS

Para nós, humanos, o fundamental é a luta pela sobrevivência material e biológica. O que menos importa é a busca da verdade. Ao homem interessa a satisfação imediata das suas necessidades e, menos, a identificação dos caminhos que o levam a evoluir espiritualmente, no contexto divino. Assim, aos primeiros percalços da sobrevivência, surgem as reações iradas, negativas, retaliatórias. O sentimento negativo domina o tênue ambiente do pensamento e as energias se esvaem, gerando consequências em efeito cascata no nosso organismo e no meio em que vivemos. A nossa mente constrange-se cada vez mais, buscando o fundo. É necessário, então, e fundamental, renovar a confiança na energia criadora, à qual podemos denominar Deus, e estabelecer novas referências pessoais. Como diz Pietro Ubaldi, "é louco quem, num mundo feito de guerra, enquanto ferve a luta, se põe a fazer pesquisas sobre a verdade; mas louco é também quem, na sua ignorância, violando a lei natural, atrai tantas dores".
Sugiro, pois, a leitura do texto postado abaixo que mostra o caminho para revertermos a estratégia a que estamos acostumados de, apenas, valorizar a nossa luta exterior.

NÓS PROFETIZAMOS O FUTURO ATRAVÉS DAS PALAVRAS QUE FALAMOS NO PRESENTE
Por Gillian Macbeth-Louthan

Quando nós falamos, estamos dando vida ao que estamos dizendo, plantando uma semente. Palavras são como sementes: possuem poder de criação. Nós somos o que somos hoje devido às palavras que dissemos no passado. Todas as nossas palavras se tornarão uma autoprofecia no futuro. Preste atenção ao que você diz a respeito de si mesmo. Pensamentos negativos não precisam se tornar palavras negativas. No momento que você diz alguma coisa abertamente, um sentindo totalmente diferente é adquirido, assim como uma energia totalmente diferente. Se você não gosta do que tem experimentado na vida, comece a mudar suas palavras.

Nós profetizamos o futuro através das palavras que dizemos no agora. Nossas palavras são sempre profecias que se autocumprem. Não plante sementes negativas. Apenas profetize o que é bom e as boas intenções. Você tem o poder de anular os planos mais bem assentados do universo através de suas palavras negativas e suas contemplações negativas. Suas palavras são poder de vida ou de morte. Você obterá aquilo que anda a falar. Suas palavras darão vida exatamente ao que estiver dizendo. É melhor dizer não coisa alguma a dizer algo negativo. Palavras negativas anulam os planos de Deus. Você estará amaldiçoando seu futuro. Suas palavras podem ser usadas para amaldiçoar seu futuro ou para abençoar seu futuro. Declare palavras de fé. Declare o suporte que Deus oferece à sua luz e ao seu coração. Mude a atmosfera de todos os lugares que você vai através de suas palavras. Chame por Deus, peça por luz, peça por amor e por ajuda divina. Mude seu mundo mudando as suas palavras. Sua língua tem o poder de morte e de vida.

Não fale sobre os problemas, fale sobre as soluções. Nós não somos os repórteres de nossas vidas e sim, aqueles que fazem as previsões. Nós devemos chamar pelo invisível como se já fosse visível. Chame por aquilo que você deseja, chame com palavras recheadas de fé, chame com luz!

Você tem dado luz à vida ou a destruição?

Circunstâncias são formadas através de cada palavra pronunciada. Suas palavras são profecias que se autocumprem. Você é o criador de suas próprias circunstâncias.

O que foi criado com suas próprias palavras pode ser mudado.

Quando agimos negativamente às mudanças repentinas e ao caos em nossas vidas, estamos atrasando o propósito da criação. Se nós aceitarmos o caos como uma oportunidade para a elevação espiritual, a dor desaparece. Sozinhos determinamos o ritmo de cada passo em períodos turbulentos. Existem incontáveis futuros que existem ao mesmo tempo (como potenciais). Nosso próprio comportamento determina em qual universo adentramos.

A profecia é poder enxergar o futuro em nossas ações no presente.


EM ALGO EVOLUÍMOS! OU NÃO?

O jornal Correio Brasiliense, há alguns dias, expôs reportagem sobre os Jogos Panamericanos de 2007, no Rio de Janeiro, informando que o TCU analisa 35 processos de mau uso dos recursos públicos aplicados no conjunto daquele evento. As suspeitas de falhas graves e de desvios de recursos têm as mais variadas origens e, de um orçamento inicial previsto de pouco mais de 300 milhões de reais para a realização dos Jogos, ao final foi calculado um custo de 3,3 bilhões de reais. Assim, o Tribunal investiga o porquê de uma elevação de mais de 1000% de custos para a realização dos Jogos. Mantida essa correlação de previsão e custo final, pois, não é absurdo algum projetarmos os 26 bilhões de reais, declarados pelo Governo, para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016, para algo em torno de 260 bilhões de reais ao seu final.
A pergunta a ser feita é se vale a pena essa despesa no âmbito de um país com necessidades básicas não supridas, com educação deficiente, sem saneamento adequado, com uma infraestrutura de transporte aéreo, terrestre, fluvial e marítimo extremamente atrasada em relação a outros e, finalmente, com um sistema de saúde que deixa as pessoas em longas filas diárias e com tempos de meses ou de anos à espera de atendimento ou de cirurgias. Não há razão para declararmos o orgulho e a satisfação nacionais pela responsabilidade que nos foi dada ao País para essa realização dos Jogos se, além das defasagens mencionadas acima, nem sequer relevamos historicamente os nossos atletas, com preparação física adequada, atenção às suas necessidades pessoais e familiares, valorizando as associações de que eles participam e dando-lhes suporte financeiro e técnico, além do conhecimento científico relacionado a determinada prática esportiva. Afinal, não são essas as razões que os fazem buscar treinamento e preparação em países mais avançados e preocupados com atletas?
Relativamente a isso tudo, e por causa dessas observações, cabe lembrar a recente publicação do Índice de Percepção da Corrupção, da organização Transparência Internacional, que mostra ao mundo como ocorre essa anomalia no âmbito das 159 Nações analisadas. A partir dessa exposição, pode-se ver como o Brasil se situa na relação, de forma preocupante, pois mostra um país de governantes omissos com a correção, com a moral e com a ética, e um povo correspondente bovinamente acomodado. Preocupante, também, é a ascensão, ano após ano, fazendo com que o nosso país, num período de dez anos, vá do 46º ao 80º lugar na lista do Índice que indica do menos corrupto ao mais corrupto. O mais estranho é que estamos no sétimo ano de um governo de um partido político que nasceu, cresceu e se solidificou mantendo a retórica contra a corrupção, denunciado a vilania das governanças e propondo a revolução da moral pública. Enfim, evoluímos ou involuímos?
Vê, abaixo, como se situa o Brasil na publicação da Transparência Internacional:

1998 –> 46º lugar
1999 –> 45º lugar
2000 –> 49º lugar
2001 –> 46º lugar
2002 –> 45º lugar
2003 –> 54º lugar
2004 –> 59º lugar
2005 –> 62º lugar
2006 –> 70º lugar
2007 –> 72º lugar
2008 –> 80º lugar

As inerências referentes a essa classificação podem ser obtidas no sítio www.transparency.org.

DESVIO DE RUMO

No artigo, postado abaixo, esse escrevente disseca com precisão a falácia em torno da descoberta de petróleo em pré-sal e o endeusamento das eventuais oportunidades de negócio, baseado nesse produto, em nome do Brasil.

Lembro-me que, aí pelos anos 70, lia com sofreguidão o jornal Opinião (lembra dele, do Pasquim, do Movimento, etc?), onde eram mostradas análises políticas nacionais, internacionais, os eventuais contornos da evolução social, os direcionamentos econômicos do mundo, dentre outros temas. E, desses, um era o eventual esgotamento total das reservas petrolíferas e os impactos mundiais dessa "catástrofe" possível de acontecer. Nessa mesma década ocorreu o "choque do petróleo", o que veio a consolidar a linha de pensamento pessimista da época.

Hoje, não se vê dessa forma a questão. Novas tecnologias surgiram, tanto de identificação das reservas, quanto de sua prospecção; os modelos econômicos nacionais são outros, nas diversas regiões do mundo; e, finalmente, há uma visão da necessidade de substituição do produto fóssil, por algo mais correto para a conservação da natureza em geral e da vida humana, especialmente.

Assim, comprometer bilhões dos nossos recursos financeiros numa aposta incerta é exagerado e oportunista, frente a uma infraestrutura deficitária de moradia, de emprego, de alimento e de qualidade de vida, em razão da falta desses mesmos recursos da aposta vazia (não nos esqueçamos, agora, da Olimpíada de 2016, com o custo previsto, por baixo, de 26 bilhões de reais que podem atingir muito mais se formos seguir a proporção dos Jogos Panamericanos de 2007, orçados em 400 milhões e que chegaram a mais de 1,5 bilhão).

Como mostra o artigo, a BP descobre óleo a 10.000 metros de profundidade, enquanto as autoridades tupiniquins arrotam arrogantemente o atingimento dos 7.000 metros, fazendo acenos e gracejos retóricos à OPEP e aos países que a compõem, como se a descoberta brasileira nos colocasse no topo dos produtores. Como diz o escrevente, devemos ir com calma, pois há muitas variáveis possíveis de ocorrer, tais como capacidade real dos poços, custo dessa extração, capacidade do mercado, tempo para disposição definitiva desse produto ao consumidor, etc.
Mas, enfim, o escrevente esqueceu, ou não quis analisar, que esse é, apenas, um movimento eleitoral. E o custo disso para a cidadania brasileira? Ora, o que importa! O importante é o Poder.

Petro-Sal(ro): de volta aos tempos jurássicos

João Luiz Mauad

A petrolífera inglesa BP anunciou na quarta-feira (02/09) a descoberta de um campo gigante no Golfo do México, a cerca de 6 milhas de profundidade, ou seja, bem mais fundo que o famigerado Pré-Sal tupiniquim. Embora a Petrobras tenha uma participação de 20% no negócio – graças ao sistema de concessões vigente nos EUA –, a tecnologia de perfuração é da majoritária BP, o que demonstra a grande falácia que é dizer que a Petrobras é monopolista ou pioneira nesse tipo de tecnologia. Não é! Já se tira petróleo de profundidades maiores há algum tempo.

Embora exultantes com a descoberta, os executivos e engenheiros da BP são bem mais cautelosos do que os da Petrobras quando falam do futuro e das possibilidades de lucro. Segundo eles, devido ao altíssimo custo de produção e toda a infra-estrutura necessária, a retirada do petróleo ali só se tornará lucrativa se os preços da commodity forem superiores a US$ 70,00 por barril. Além disso, estimam que o início da operação comercial só se dará daqui a 10 anos, ocasião em que é praticamente impossível prever como andarão os preços.

Já os nossos experts da Petrobras, políticos e burocratas de “Banânia”, apostam numa alta acentuada dos preços a médio e longo prazos, pois acreditam que o “ouro negro” estará muito mais escasso daqui para frente. Essa teoria sustenta que o pico de produção do petróleo (peak oil) já teria ficado para trás e que a tendência futura seria de um rápido esgotamento das reservas terrestres. Tal tese, endossada por alguns geólogos, deságua na proposta estúpida de “planejar” a retirada do óleo existente, uma vez que, futuramente, os preços serão muito maiores, beneficiando os poucos produtores que sobrarem.
Não é isso, entretanto, que pensam os analistas sérios. De acordo com reportagem do New York Times, a exemplo de várias crenças malthusianas apocalípticas, essa “teoria” do “peak oil” tem sido promovida por grupos de cientistas ligados a grupos de interesse sindicais ou empresariais, os quais baseiam suas conclusões, não raro, em análises estáticas pobres e interpretações distorcidas dos dados técnicos. Segundo quem entende do riscado, as novas tecnologias tornarão possível o incremento das reservas petrolíferas a curto e médio prazos, e estima-se que, por isso mesmo, a tendência dos preços é para baixo.
Isso sem falar que há inúmeras pesquisas sérias acontecendo mundo afora, que visam ao desenvolvimento de combustíveis alternativos, economicamente viáveis, de baixo custo e consumo, além de menos poluentes que os hidrocarbonetos. Algumas montadoras já vendem com enorme sucesso no exterior os automóveis híbridos, meio elétricos, meio a combustão. Outras estão em adiantado desenvolvimento de veículos movidos a hidrogênio, para muitos o verdadeiro motor do futuro, por ser muito mais barato e absolutamente inofensivo ao meio ambiente.
Pois bem: apesar das fortes indicações de que são altas as possibilidades de que a coisa possa se tornar um grande mico, o governo brasileiro, de olho nessa ilusão subterrânea que chamam de Pré-Sal, montou uma verdadeira pantomima na semana passada, com vistas a alterar (de forma mais profunda que o próprio pré-sal) as regras vigentes no país para prospecção de petróleo. Tudo para garantir que o governo, alguns investidores privilegiados e a “República Sindicalista” fiquem com a maior parte da bolada esperada (por eles). Mandaram ao Congresso, para que seja votado em regime de urgência, um pacote de medidas extemporâneas que, em linhas gerais, pretende reestatizar o pouco que havia sido privatizado no governo passado.
A coisa foi tão absurda e descarada que o jornal Folha de São Paulo, que jamais primou pelo viés liberal, escreveu em editorial: “Consumou-se, na explicitação dos projetos do Planalto para o pré-sal, a revanche contra a abertura do mercado e contra a quebra do monopólio da Petrobras, efetivadas na década passada. A antecipação do calendário eleitoral, motivada pela iniciativa do presidente Lula de viabilizar a candidatura Dilma Rousseff, atropelou o interesse público.”

Para começar, criam a tal de “Petro-Sal” (Roberto Campos deve estar rindo à toa desse nome, dado a sua semelhança com o famoso neologismo “Petrossauro”, de que ele tanto falava e combatia), cujo propósito será gerir os recursos da União e regulamentar a matéria. A ANP foi, assim, jogada para escanteio, afinal esse negócio de agência independente nunca agradou aos pelegos petistas. Além disso, numa jogada esdrúxula e sem sentido, resolveram entregar à Petrobras, sem licitação, 30% dos campos e, para completar, o governo fará um aporte entre 50 e 100 bilhões de reais na estatal, “para que ela possa arcar com os custos iniciais da operação”.

Em resumo: colocarão em risco uma quantidade enorme de dinheiro dos pagadores de impostos para viabilizar um negócio de alto risco que, se tudo correr bem, gerará lucros que serão embolsados pela pelegada petroleira e por meia dúzia de investidores privados, já que, não esqueçamos, a Petrobras é uma empresa com ações negociadas em bolsa. Tudo em nome do “interesse nacional”, claro. Sob o velho slogan “O Petróleo é Nosso”, correm uma corrida alucinada para meter a mão no bolso dos contribuintes. No fim das contas, continuaremos pagando um preço salgadíssimo (com trocadilho, por favor) pelos combustíveis e jamais veremos a cor dos eventuais lucros provenientes das profundezas do Atlântico Sul. Mas os prejuízos, se houver, esses serão certamente nossos.

Além dos riscos naturais já mencionados, há aqueles inerentes à própria ineficiência das empresas públicas. Segundo Mark C. Thurber, diretor do Programa de Energia Sustentável da Universidade de Stanford, citado por Adam Green em recente artigo publicado em O Globo, “em média, PENs (petroleiras estatais nacionais) extraem recursos a taxas muito menores do que as PIs (petroleiras independentes)”. Isso acontece, evidentemente, porque “os monopólios não estão sujeitos à competição e são alvo fácil da corrupção”. Ora, se as estimativas e prognósticos dos analistas antimalthusianos estiverem corretos, quanto mais demorarmos para sacar esse óleo das profundezas da terra, maiores serão as possibilidades de que ele se transforme num mico, cuja extração se torne muito mais custosa que o valor de mercado. O interesse da sociedade, portanto, deveria ser tirar o máximo possível no menor prazo. Para isso, a melhor solução seria entregar a prospecção para quem tem capital, eficiência e tecnologia: empresas privadas.

Longe de mim achar que o modelo atual é bom. Pelo contrário, é ainda muito ruim. Mas essa estrovenga que a “república sindicalista” pretende nos empurrar goela abaixo, juntamente com mais um assalto ao nosso bolso, é indecente, para dizer o mínimo.
Peço perdão aos leitores pelo desabafo e principalmente pelos adjetivos um tanto mais pesados que o habitual, mas isso tudo é muito nojento. Somos reféns de uma malta que não encontra qualquer limite em sua sanha de poder e dinheiro. Que Deus nos ajude!


"BABY BOOMER", COM ORGULHO!

  ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Sim, ...