O sacrifício de animais e o ensino da biologia. Entrevista especial com Róber Bachinski | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Em 2007, o estudante de biologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Róber Bachinski
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Aspectos sobre a vida e acerca dos fundamentos humanísticos. Ênfase à explanação e à discussão das ideias, na busca do conhecimento. Relevo ao humanismo, base necessária para nossa época.
VIVISSECÇÃO
HOSPITALISTA
Eis, finalmente, um fato que indica o retorno de algo parecido ao antigo médico da família. Claro que não com as mesmas características, pois, hoje, isso não mais seria possível, em face das condições psicossociais e do tamanho geográfico das cidades, do número de pessoas que habitam um espaço urbano, da multiplicidade e da variação de diagnósticos médicos, em função dos avanços da ciência e da tecnologia, dentre outros aspectos.
Ao lado dos especialistas médicos, estes também, médicos, serão especialistas do acompanhamento pessoal, contextualizados na tecnologia paralela que diagnostica um mal, situados num ambiente hospitalar que eles deverão conhecer muito bem e junto da equipe de enfermagem. Ou seja, ninguém perde o seu espaço e o doente incorpora, de forma permanente, um profissional pleno junto de si. Certamente a empresa hospitalar ganhará com a redução de custos operacionais e todos serão beneficiados com a redução de erros médico-hospitalares. Aparentemente, pelo menos, esta deverá a ser a nova realidade.
Mercado Para Novos Médicos
ORIENTAÇÃO VOCACIONAL
Pensou em pediatra, cardiologista, psiquiatra? Pois pode começar a incluir na sua lista de opções a medicina hospitalar. Os futuros médicos hospitalistas, que se dedicam integralmente ao cuidado de pacientes internados em hospitais, ainda estão sendo formados no Exterior, mas prometem ascensão de um novo perfil profissional no Brasil.
Por iniciativa de médicos gaúchos, que criaram no ano passado a Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar (Sobramh), jovens residentes e recém-formados em Medicina estão fazendo estágios e imersões em hospitais americanos, onde a especialidade foi criada há 15 anos e já é a que mais cresce no país. O convênio entre as sociedades brasileira e americana de Medicina Hospitalar está sendo estudado, mas os contatos iniciais já abriram caminho para seis profissionais gaúchos que estão nos EUA ou embarcam nos próximos meses para a especialização ainda não-regulamentada no país.
- A medicina hospitalar reconhece que o hospital por si determina riscos à saúde. Trabalhamos para promover o uso adequado a quem precisa. O médico atende no consultório, interna o paciente e o visita uma ou duas vez por dia. Esse é um modelo que não serve mais - diz Guilherme Brauner Barcellos, presidente da Sobramh e preceptor de Medicina Interna do Hospital Conceição.
Para Guilherme, o hospital está abrindo mercado também a um outro tipo de médico cuja atuação se parece muito com a do hospitalista. São os que integram os chamados Times de Resposta Rápida, grupos que atuam para solucionar problemas dos pacientes quando o médico responsável não está presente.
- O hospitalista se diferencia porque acompanha o paciente o tempo todo. Ele se destaca em áreas como tecnologia da informação, pesquisa médica e, sobretudo, na organização de diagnósticos e atendimentos para reduzir o tempo de internação e aumentar a segurança - explica Guilherme.
Para investir na medicina hospitalar ainda é preciso sair do Brasil. Foi o que fez a porto-alegrense Michelle Biehl, 28 anos, pela segunda vez. Depois de um estágio durante a faculdade, ela cursa hoje a residência no Jackson Memorial Hospital (JMH), da Universidade de Miami, nos EUA. Familiarizada com os novos conceitos, Michelle garante que a clínica do paciente enfermo e internado está em grande crescimento.
- No JMH, temos o Serviço de Medicina Hospitalar, com ótima estrutura, e os Times de Resposta Rápida. O hospitalista melhora o desfecho dos pacientes internados e a qualidade do atendimento - diz Michelle, formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Michelle alerta que os hospitalistas cursam a residência em medicina interna ao sair da faculdade. Por isso, podem atender a qualquer tipo de problema que possa ocorrer com o paciente internado, como faz a equipe de resposta rápida. Mas não baseiam nisso a sua atuação. Estão preocupados com o funcionamento do atendimento e com a segurança do paciente. Buscam um novo perfil profissional que está bem longe do modelo tradicional, no qual o médico se contenta com uma ou duas visitas diárias ao paciente internado.
Para boa parte dos médicos, o hospital significa ambulatório ou sala de cirurgia. O dia-a-dia da internação faz parte da rotina da enfermagem de médicos plantonistas, que atendem emergências. Mas uma mudança começou em 2005 no Estado, quando o Hospital Mãe de Deus, na Capital, criou a primeira equipe médica de resposta rápida para solucionar problemas na ausência do médico assistente. O sucesso do serviço, hoje já implantado no Complexo Hospitalar Santa Casa, é o embrião do novo médico.
- As equipes de resposta rápida já mostraram muitos benefícios. O hospitalista ampliará esse trabalho. Ele não tira o lugar de ninguém - diz a médica Alice Gallo de Moraes, 27 anos, com viagem marcada para os EUA, a fim de estagiar na área em Miami.
Conforme a Society of Hospital Medicine (SHM), entidade que se dedica a promover o cuidado ao paciente hospitalizado, o novo médico diminui despesas hospitalares, em média, em 13%. Mas, conforme o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) há estudos indicando mais de 30%.
- Contratamos hospitalistas porque precisamos implantar um sistema de proteção para a sociedade. Quanto mais complexo é o hospital, mas distante ele fica do modelo atual de atendimento que ainda se baseia no médico que está fora do hospital - diz Alberto Kaemmerer, diretor médico-científico do Sistema de Saúde Mãe de Deus.
A formação do hospitalista
No Brasil, a especialização ainda não foi criada. Os interessados buscam estágios e residência nos EUA, por meio da recém-criada Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar. Jackson Memorial Hospital (JMH), da Universidade de Miami, Mayo Clinic, em Rochester, e Brigham and Womens Hospital, da Harvard Medical School, em Boston, recebem brasileiros.
O mercado no Brasil
O Hospital Mãe de Deus, na Capital, criou em 2005 a primeira equipe de médicos contratada pelo hospital para atender a intercorrências de pacientes internados. A iniciativa existe também no Complexo da Santa Casa e se assemelha ao trabalho do hospitalista, que teria maior carga horária e atuação mais ampla.
Há projetos embrionários em outras instituições que se baseiam em benefícios já comprovados pelos pioneiros como redução de mortalidade, custos e tempo de internação.
O perfil nos EUA
82% dos hospitalistas são clínicos, com idade média de 37 anos, especialização em medicina interna e pelo menos um ano em medicina hospitalar
Está apto a reconhecer, diagnosticar e tratar doenças prevalentes
É capaz de antecipar problemas e, rapidamente, responder a crises ou mudanças no estado do paciente
Assume a liderança nas iniciativas relacionadas à segurança do paciente, como as de elaboração de protocolos
A especialidade
A Medicina Hospitalar surgiu na metade da década de 90, nos Estados Unidos. Hoje reúne mais de 20 mil médicos. A expectativa é de que, até 2012, somem 30 mil, um número maior do que o de cardiologistas no país.
Saiba mais
O 1º Congresso Brasileiro de Medicina Hospitalar ocorre de 1º a 3 de maio, em Gramado. Médicos americanos trarão a história de como a especialidade surgiu há 15 anos e já desponta como a segunda em número de profissionais. Haverá workshops gratuitos e exclusivos para estudantes.
Informações: www.medicinahospitalar.com.br
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De Porto Alegre para Boston
MATRIZ ENERGÉTICA
Uma discussão que Dilma Rousseff ficou devendo | |
A presidente Dilma Rousseff precisa incluir com urgência em sua pauta uma discussão que ficou devendo: qual a matriz energética adequada para o País e os passos que devem ou não devem ser dados. A opinião é do jornalista Washington Novaes em artigo no jornal O Estado de S.Paulo, 24-12-2010. Eis o artigo. A poucos dias do início do seu governo, a presidente Dilma Rousseff precisa incluir com urgência em sua pauta uma discussão, com a sociedade brasileira e os setores produtivos, que o atual governo federal ficou devendo: qual a matriz energética adequada para o País e os passos que devem - ou não devem - ser dados para atingi-la. Já se recordou neste espaço o estudo promovido pela Confederação Nacional da Indústria mostrando que o setor pode consumir 25% menos energia do que hoje, com programas de eficiência e conservação. Também já se discutiu o estudo daUnicamp/WWF segundo o qual o consumo total de energia no País pode ser metade do que é hoje - ganhando 30% com conservação e eficiência, 10% com a redução das perdas nas linhas de transmissão e mais 10% com repotenciação de geradores de usinas antigas (e a custo muito menor que o de novas geradoras). Mas só o que se lê e ouve é sobre planos de investimentos de dezenas de bilhões de reais em novas usinas, principalmente na Amazônia, em meio a graves discussões sobre os problemas ambientais e sociais dessas unidades - e ainda esquecendo que esses investimentos poderiam ser redirecionados para setores carentes, como o da saúde, sem necessidade de recriar impostos. E para energias "alternativas". O noticiário das últimas semanas tem sido farto sobre os problemas nesta área. A começar pela repetição da disputa judicial - no leilão de uma hidrelétrica no Rio Teles Pires (entre Pará e Mato Grosso) - do processo de Belo Monte. Porque na verdade se trata de um complexo de várias usinas, com licença prévia do Ibama, mas submetido a 63 condicionantes (14 da Funai), por envolver questões delicadas com áreas indígenas e de preservação permanente. O mesmo caminho desponta no horizonte com a Usina São Luís do Tapajós, parte de um complexo de 10 mil MW, já condenada pelo Fórum Social Pan-Americano (O Eco, 30/11) e por grupos indígenas da região. E continua com a ação proposta pelos ministérios públicos federal e de Rondônia, por causa de irregularidades no assentamento de todas as famílias deslocadas pela Hidrelétrica de Jirau (Rio Madeira) com a inundação em Mutum Paraná - sem falar nas discussões sobre a conveniência de uma linha de transmissão da energia do Madeira para o Sudeste, com 2.369 quilômetros de extensão (quando quase toda a Amazônia só dispõe de energia de termoelétricas). Já a discussão sobre o projeto de Belo Monte (classificado pela revista do Instituto de Engenharia de São Paulo como "vergonhoso") parece não ter fim. A última vistoria do Ministério Público Federal mostrou (Amigos da Terra, 17/12) que não estão sendo cumpridas condicionantes impostas pelo Ibama na análise do estudo de impacto ambiental. Em dez anos são dez ações judiciais em torno do projeto, que nem sequer se sabe exatamente quanto custará, pois as informações variam de R$ 7 bilhões a R$ 30 bilhões. Nem quanto gerará de energia, pois isso depende de transposição de águas na seca (e para isso se fala na escavação de um canal maior que o do Panamá, sem explicar onde se depositarão os sedimentos). Ou para quantas pessoas se terá de prover instalações (20 mil? 80 mil?). Ainda assim, a usina é incluída no livro de realizações do atual governo e a Eletronorte anuncia o início das obras para abril de 2011, sem que 40 condicionantes do Ibama tenham sido cumpridas (o órgão já deu dois pareceres contra o início da construção), sem que se tenha autorização para remover comunidades indígenas atingidas e sem que se saiba até mesmo para onde irá a energia (ao que parece, em parte para usinas de alumínio e alumina no Pará. Será com subsídios na tarifa?). Também não se sabe como fica a discussão sobre a matriz energética na Amazônia, onde as hidrelétricas suprem apenas 20% do consumo total e o restante vem de usinas movidas a óleo diesel. Há 115 termoelétricas no Estado (13 em Manaus, que consomem perto de 1 bilhão de litros de diesel por ano). Segundo o Fórum de Mudanças Climáticas do Amazonas (O Eco, 29/11), já em 2008 a Amazônia emitia, por esse caminho, 3,97 milhões de toneladas anuais de dióxido de carbono, quase 40% mais que seis anos antes. O consumo de combustíveis nas usinas custou R$ 2,4 bilhões em 2009 e chegará este ano a R$ 4,7 bilhões (Estado, 9/8). Segundo o Tribunal de Contas da União, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não tem controle sobre os métodos e técnicas para esse consumo (Folha de S.Paulo, 14/8) e por isso o custo subiu 7,8% comparado com igual época do ano passado (da mesma forma que a Aneel não controlou os aumentos de tarifas de energia nos últimos anos e agora diz não ter como exigir a devolução de cerca de R$ 8 bilhões aos consumidores). O gasoduto Coari-Manaus, que pode reduzir em R$ 1 bilhão os custos, ainda não opera, não tem rede de distribuição (Estado, 9/8). E não se sabe com que técnica se pretende construir um linhão Tucuruí-Macapá-Manaus que atravesse os muitos quilômetros de largura do Rio Amazonas para transportar energia hidrelétrica (Estado, 15/3). Como não se sabe o que fazer para evitar que aumentos no preço do álcool desviem parte do consumo para a gasolina, aumentando os preços. Ou até quando se estimularão termoelétricas poluidoras. Talvez não seja demais pedir que também se discutam um pouco os caminhos pelos quais se pretende apressar a exploração do petróleo na camada pré-sal. Certamente não é despropositado pedir que a sociedade - que paga tudo - seja esclarecida e possa opinar. Que a comunidade científica, que tantos estudos tem feito, possa conhecer os argumentos que avalizam as posições contrárias que estão prevalecendo. Democracia é para isso. E seria muito bem-vinda se levada à prática - nesta e em todas as áreas - desde os primeiros dias. O País só ganhará se, em lugar de entregar-se ao "gênio" de alguns iluminados, puder cada vez mais participar das discussões e da escolha dos seus caminhos. | |
DECISÕES ADEQUADAS
Processo n° 2005.002.003424- 4
S E N T E N Ç A
Cuidam-se os autos de ação de obrigação de fazer manejada por ANTONIO MARREIROS DA SILVA MELO NETO contra o CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO LUÍZA VILLAGE e JEANETTE GRANATO, alegando o autor fatos precedentes ocorridos no interior do prédio que o levaram a pedir que fosse tratado formalmente de "senhor".
Disse o requerente que sofreu danos, e que esperava a procedência do pedido inicial para dar a ele autor e suas visitas o tratamento de ' Doutor, senhor" "Doutora, senhora", sob pena de multa diária a ser fixada judicialmente, bem como requereu a condenação dos réus em dano moral não inferior a 100 salários mínimos. (...)
DECIDO: "O problema do fundamento de um direito apresenta-se diferentemente conforme se trate de buscar o fundamento de um direito que se tem ou de um direito que se gostaria de ter." (Noberto Bobbio, in "A Era dos Direitos", Editora Campus, pg. 15).
Trata-se o autor de Juiz digno, merecendo todo o respeito deste sentenciante e de todas as demais pessoas da sociedade, não se justificando tamanha publicidade que tomou este processo.
Agiu o requerente como jurisdicionado, na crença de seu direito. Plausível sua conduta, na medida em que atribuiu ao Estado a solução do conflito.
Não deseja o ilustre Juiz tola bajulice, nem esta ação pode ter conotação de incompreensível futilidade. O cerne do inconformismo é de cunho eminentemente subjetivo, e ninguém, a não ser o próprio autor, sente tal dor, e este sentenciante bem compreende o que tanto incomoda o probo Requerente.
Está claro que não quer, nem nunca quis o autor, impor medo de autoridade, ou que lhe dediquem cumprimento laudatório, posto que é homem de notada grandeza e virtude. Entretanto, entendo que não lhe assiste razão jurídica na pretensão deduzida.
"Doutor" não é forma de tratamento, e sim título acadêmico utilizado apenas quando se apresenta tese a uma banca e esta a julg a merecedora de um doutoramento. Emprega-se apenas às pessoas que tenham tal grau, e mesmo assim no meio universitário. Constitui-se mera tradição referir-se a outras pessoas de 'doutor', sem o ser, e fora do meio acadêmico.
Daí a expressão doutor honoris causa - para a honra -, que se trata de título conferido por uma universidade à guisa e homenagem a determinada pessoa, sem submetê-la a exame.
Por outro lado, vale lembrar que "professor" e "mestre" são títulos exclusivos dos que se dedicam ao magistério, após concluído o curso de mestrado. Embora a expressão "senhor" confira a desejada formalidade às comunicações - não é pronome -, e possa até o autor aspirar distanciamento em relação a qualquer pessoa, afastando intimidades, não existe regra legal que imponha obrigação ao empregado do condomínio a ele assim se referir.
O empregado que se refere ao autor por "você", pode estar sendo cortês, posto que "você" não é pronome depreciativo. Isso é formalidade, decorrente do estilo de fala, sem quebra de hierarquia ou incidência de insubordinação. Fala-se segundo sua classe social. O brasileiro tem tendência na variedade coloquial relaxada, em especial a classe "semi-culta" , que sequer se importa com isso.
Na verdade "você" é variante - contração da alocução - do tratamento respeitoso "Vossa Mercê". A professora de linguística Eliana Pitombo Teixeira ensina que os textos literários que apresentam altas freqüências do pronome "você", devem ser classificados como formais. Em qualquer lugar desse país, é usual as pessoas serem chamadas de "seu" ou "dona", e isso é tratamento formal.
Em recente pesquisa universitária, constatou-se que o simples uso do nome da pessoa substitui o senhor/a senhora e você quando usados como prenome, isso porque soa como pejorativo tratamento diferente. Na edição promovida por Jorge Amado "Crônica de Viver Baiano Seiscentista", nos poemas de Gregório de Matos, destacou o escritor que Miércio Táti anotara que "você" é tratamento cerimonioso. (Rio de Janeiro, São Paulo, Record, 1999).
Urge ressaltar que tratamento cerimonioso é reservado a círculos fechados da diplomacia, clero, governo, judiciário e meio acadêmico, como já se disse. A própria Presidência da República fez publicar Manual de Redação instituindo o protocolo interno entre os demais Poderes. Mas na relação social não há ritual litúrgico a ser obedecido. Por isso que se diz que a alternância de "você" e "senhor" traduz-se numa questão sociolingüística, de difícil equação num país como o Brasil de várias influências regionais.
Ao Judiciário não com pete decidir sobre a relação de educação, etiqueta, cortesia ou coisas do gênero, a ser estabelecida entre o empregado do condomínio e o condômino, posto que isso é tema interna corpore daquela própria comunidade.
Isto posto, por estar convicto de que inexiste direito a ser agasalhado, mesmo que lamentando o incômodo pessoal experimentado pelo ilustre autor, julgo improcedente o pedido inicial, condenando o postulante no pagamento de custas e honorários de 10% sobre o valor da causa. P.R.I. Niterói, 2 de maio de 2005.
ALEXANDRE EDUARDO SCISINIO
/Juiz de Direito/
OS "PARA LAMENTAR"
Abaixo, está um panorama da composição remuneratória dos congressistas, organizado pela organização Transparência Brasil.
Se obtivermos apenas o somatório das Casas do Congresso Nacional, teremos para o Senado o custo de R$ 2.371.460,00 X 81 Senadores = R$ 242.088.260,00. Para a Câmara de Deputados, multiplicamos o custo individual de R$ 1.492.898,00 por 513 Deputados e obteremos o resultado de R$ 765.856.674,00. Somando ambos os resultados, apuramos quanto nos custa ao povo, anualmente, somente o Congresso Nacional: R$ 1.007.944.934,00. Mais de um bilhão de reais por ano, considerando o cálculo de um representante de Brasília. Sê-lo-á muito mais significativo se esse cálculo for efetuado relativamente a cada representante de cada estado brasileiro.
Adicionalmente, consideremos que há, aproximadamente, 1300 Deputados Estaduais (há estados com mais de 90 e outros com menos de 30 representantes) e que cada um gere um custo de, também especulativamente, R$ 80.000,00 por mês, teríamos, então, mais R$ 1.248.000.000,00 por ano.
Mas há os municípios! Eles são 5564 no País, cada um com sua Câmara de Vereadores e, como ninguém é de ferro, todos têm sua remuneração. Agora, se torna difícil mensurar o custo de cada Vereador em cada Município. Mas imaginemos uma média de 10 Vereadores por Município e obteremos 55.640 representantes municipais. Sejamos, então, condescendentes e atribuamos a cada um o custo médio mensal de R$ 5.000,00 e, após multiplicarmos por 12 meses, obteremos o total de R$ 3.338.400.000,00.
Somando tudo, teremos R$ 5.594.344.934,00 que é custo anual da representação política, para o povo brasileiro. Claro que não está computado o custo dos Prefeitos, dos Governadores e do Presidente da República, nem tampouco, dos Secretários Municipais e Estaduais e dos Ministros de Estado.
Vemos, então, o quanto nos custa manter a parlamentação e, como conseqüência, o quanto é importante sabermos escolher nossos representantes, situados no contexto democrático e no sistema republicano de governo.
Claro que os valores acima expostos são um grande exagero, se me permites o pleonasmo, pois há países muito mais ricos e com melhores condições de vida que não dão suporte a esse tipo de conduta nababesca. Lembremos juntos que, de tudo isso, o suporte somos nós quem o damos por meio dos impostos que pagamos.
Salário representa pequena parcela da remuneração anual de congressistas No debate acerca do recente aumento salarial aprovado pelos deputados federais e senadores para a próxima legislatura, esquece-se que a remuneração dos congressistas não é composta apenas do salário. Ele representará, em 2011, apenas 27% do total a ser recebido por um deputado federal ao longo de um ano, e 17% do que será recebido pelos senadores. O restante do que é pago aos parlamentares vem em forma de benefícios – cuja aplicação é mais difícil de monitorar, tendo em vista os problemas em relação à transparência dos gastos. Exemplo disso é a contratação de consultorias pelos parlamentares: não há publicidade sobre o trabalho desenvolvido pelos consultores. Não são raros, ainda, os casos de desvios ou má aplicação das verbas extras. Em passado não muito distante, registrou-se a chamada “farra das passagens aéreas”, em que deputados federais foram acusados de usar passagens para viagens de lazer ao exterior, acompanhados de suas famílias. Na Câmara, os parlamentares têm direito a três benefícios além dos salários: Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), auxílio-moradia e verba de gabinete. A CEAP varia de acordo com a distância do estado de origem em relação a Brasília. Assim, um deputado do Distrito Federal tem direito ao menor montante (R$ 23.033), e um de Roraima, ao maior (R$ 34.259). A tabela completa com a CEAP para cada estado por ser vista aqui. Para fins de referência, foi usada a Cota de um parlamentar do DF:
No Senado, os benefícios concedidos são sete: verba de gabinete, verba “indenizatória”, auxílio-moradia, cotas para impressão, para telefone, postal e para passagem aérea. A cota postal é determinada de acordo com a população do estado de origem do parlamentar. A menor, desse modo, é a dos senadores do Amapá: R$ 4.000 por mês – este foi o montante usado como base para o cálculo apresentado. Em relação às passagens aéreas, o limite é de 60 passagens por mês para o trecho Brasília – capital do estado – Brasília. Tendo isso em vista, o cálculo foi baseado no custo de uma passagem da Gol Linhas Aéreas para Goiânia, a capital mais próxima de Brasília, com saídas em 11 de fevereiro de 2011 (Brasília) e 14 de fevereiro de 2011 (Goiânia): R$ 178.
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O texto abaixo foi extraído do saite da SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS ESPÍRITAS, www.sbee.org.br , e por pensá-lo adequado ao momento, l...