INFORMAÇÃO SUFICIENTE?


Às vezes, circulam na rede informações sobre a velocidade do conhecimento tecnológico e acerca da surpreendente evolução dos equipamentos e dos programas computacionais que fazem dos antigos processos de aprendizado, modelos de escrita e de armazenamento de dados ancestrais, algo risível e  inimaginável, portanto, para a geração atual. Em face da evolução e do estágio que alcançamos, com a visão de hoje, e neste contexto, porém, é possível pressupor e sonhar, sempre, com o inalcançável. Há os que dizem que já está em gestação um computador capaz de pensar tanto quanto nós, senão mais. Descrer? Não mais devemos ousá-lo! Afinal, pensar é ser capaz de processar infindáveis correlações entre outros infindáveis dados conhecidos.
Pois bem, vê só a que ponto já chegamos! Somos capazes de conhecer, pelo menos em tese, o que sabemos existir, também no campo da pressuposição, conhecimentos que superam em muito os grãos de areia do planeta.
Depois de tudo isso não é anormal pensar que somos nada nesse cosmos terráqueo, não é mesmo? Mas, ao contrário, nossa análise deve ser no sentido inverso, pois se tudo isso existe, e é conhecido, e interage, é por que existimos, somos e interagimos desde as nossas moléculas de DNA, como diz o texto, até aquelas que formam o cosmos intergaláctico.
Sugiro, então, a leitura abaixo que, imagino, deva gerar pensamentos individuais profundos sobre nossa existência.


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Quanta informação há no mundo?
Redação de Inovação Tecnológica - 11/02/2011

Você acha que está sobrecarregado de informações?
Então talvez possa se consolar olhando o mundo ao seu redor.
Pesquisadores acabam de divulgar o primeiro estudo a tentar plotar uma série temporal da capacidade tecnológica mundial de lidar com dados. Segundo o estudo, 2002 deve ser considerado o ano do verdadeiro início da era digital, por ter sido o primeiro ano em que a capacidade total de armazenamento digital superou a capacidade de armazenamento analógica.
Em outras palavras, eles afirmam ter mensurado quanta informação a humanidade é capaz de armazenar, comunicar e processar.
Quanta informação há no mundo?
Depois de fazer uma estimativa de 60 dispositivos de memória, tanto digitais quanto analógicos - o que inclui livros, revistas, fotos, discos de vinil e papelada em geral - os pesquisadores calcularam que a humanidade é capaz de armazenar pelo menos 295 exabytes de dados.
Um exabyte pode ser representado pelo impronunciável e difícil de imaginar número 295.000.000.000.000.000.000 de bytes - ou 29518, para facilitar.
Apenas para tentar dar uma dimensão disto, se uma estrela representasse um bit de informação, haveria uma galáxia de informações para cada pessoa na Terra.
Isto é 315 vezes mais do que o número estimado de grãos de areia que existem no planeta.
Mas não é quase nada se comparado com a quantidade de informações armazenadas em todas as moléculas de DNA de um único ser humano - os 295 exabytes correspondem a cerca de 1% de nossos registros biológicos.
Início da era digital
Segundo o estudo, 2002 deve ser considerado o ano do verdadeiro início da era digital, por ter sido o primeiro ano em que a capacidade total de armazenamento digital superou a capacidade de armazenamento analógico.
Já em 2007, quase 94% da nossa memória planetária estava em formato digital.
Nesse ano, a humanidade transmitiu 1,9 zetabyte de informação por meio de tecnologias de difusão, como TV, rádio e GPS - isso equivale a cada ser humano ler 174 jornais inteiros por dia.
Na intercomunicação, nós compartilhamos 65 exabytes de dados - o que equivale a cada pessoa no mundo ditar o conteúdo completo de seis jornais pelo celular para o seu melhor amigo.
Capacidade mundial de computação
Também em 2007, que foi o último ano que o estudo cobriu, os computadores mundiais computaram 6,4 x 1018 instruções por segundo.
Ainda que os impulsos nervosos do seu cérebro façam algo equivalente no mesmo segundo, se fosse necessário fazer todos esses cálculos à mão, os pesquisadores calculam que levaria 2.200 vezes o tempo transcorrido desde o Big Bang.
De 1986 a 2007, o período coberto pelo estudo, a capacidade de computação mundial cresceu 58% ao ano. As telecomunicações cresceram 28% ao ano e a capacidade de armazenamento 23%, enquanto a difusão - rádio e TV e similares - se contentaram com 6% de incremento.
"Esses números são impressionantes, mas continuam minúsculos quando comparados com a ordem de magnitude com que a natureza manuseia informações," afirmou Martin Hilbert, da Universidade do Sul da Califórnia, que fez os cálculos juntamente com sua colega Priscila López, da Universidade da Catalunha.
"Em comparação com a natureza, nós somos humildes aprendizes. Entretanto, enquanto o mundo natural tem uma dimensão de fritar a mente, ele se mantém praticamente constante. Por outro lado, a capacidade tecnológica de processamento de informações está crescendo a taxas exponenciais," conclui.
Bibliografia:

The world's technological capacity to store, communicate and compute information
Martin Hilbert, Priscila López
Science
10 February 2011
Vol.: Published Online
DOI: 10.1126/science.1200970

DE NOVO "PARA LAMENTAR"

Durante os últimos dias, a discussão sobre o aumento do salário mínimo tomou conta da vida nacional. Houve um esforço, e este esforço medido pelas vantagens (!!!) adicionais e escondidas dadas aos parlamentares, para garantir a aprovação da vontade do governo. Como sabemos, esta vontade prevaleceu, referenciada no valor menor em debate, os 545 reais. Interessante, e trágico, é que esses mesmos parlamentares que foram tangidos para a rede de cooptação proveitosa do petismo, aprovaram há pouco mais de dois meses, valores significativamente maiores para si mesmos, bem como benefícios adicionais que elevam o total do dispêndio nacional com o Congresso a quantias escandalosas.ç
Apenas para relembrar, pois, e para poder visualizar melhor a disparidade, a falta de vergonha e a canalhice que vige no meio politiqueiro, reproduzo os textos abaixo que permitem uma análise confrontatória das situações e anexo um mapa do custo parlamentar. Ou, como disse aquele bispo que recusou uma honraria do Congresso, não seria um custo “para lamentar”?
Para possibilitar um entendimento melhor, anexo abaixo, matérias do sítio Congresso em Foco.
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17/12/2010 - 07h00
Com aumento, congressista vai custar R$ 1,9 milhão por ano
O reajuste de 62% no salário dos parlamentares representará um custo mensal entre R$ 130 mil e R$ 159 mil por senador, e entre R$ 116 mil e R$ 131 mil por deputado federal, incluídos todos os demais penduricalhos a que eles têm direito
Eduardo Militão

Todos os meses, o mandato de cada deputado federal custará aos cofres públicos entre R$ 116 mil a R$ 131 mil. O de senador, de R$ 130 mil a R$ 159 mil por mês. Assim, o custo anual de um senador poderá chegar a R$ 1,9 milhão. Os números fazem parte de levantamento exclusivo do Congresso em Foco, a partir da elevação salarial que os parlamentares conferiram na quarta-feira (15) a si mesmos somada aos demais benefícios já conquistados no passado. Mesmo os valores máximos não incluem benefícios difíceis de serem mensurados, como uso ilimitado de telefone celular e plano de saúde e as impressões de materiais.

VEJA AQUI O SALÁRIO E TODOS OS BENEFÍCIOS DE UM DEPUTADO OU SENADOR 
Quem apoiou a votação do aumento para os parlamentares

A partir de 1º de fevereiro, os deputados e senadores deixarão de ganhar R$ 16.512,09 e passarão a receber R$ 26.723,13 mensais. Como já acontece hoje, eles terão direito a 14º e 15º salários todos os anos. A nova remuneração é igual à dos ministros do Supremo Tribunal Federal e será paga também à presidente da República, seu vice e todos os ministros da Esplanada.
A mudança nos salários vai impactar também as despesas anuais com a remuneração dos congressistas. Se antes elas variavam de R$ 755 milhões a R$ 878 milhões, agora irão para um nível entre R$ 843 milhões e R$ 966 milhões. O salário novo e os benefícios antigos dos 594 parlamentares significam um custo anual de 10% a 12% maior a partir do ano que vem.


CUSTO DO PARLAMENTO SOBE DE 10% a 12%
Tipo de custo

Custo Anterior
Custo Atual
Diferença
%
Um deputado em um mês
Mínimo
103.673,24
116.437,04
12.763,80
12%
Máximo
119.143,15
131.906,95
12.763,80
11%
Um senador em um mês
Mínimo
120.317,29
130.528,33
10.211,04
8%
Máximo
148.853,87
159.064,91
10.211,04
7%
Total dos 594 congressistas em um ano
Mínimo
755.160.886,71
843.659.970,39
88.499.083,68
12%
Máximo
878.131.208,43
966.630.292,11
88.499.083,68
10%

As variações entre o mínimo e o máximo se devem à diversidade de benefícios aos quais os parlamentares têm direito, que ainda  dependem do estado em que moram. Por exemplo: a verba de transporte aéreo no Senado e o ‘cotão’ da Câmara, que paga despesas como voos de avião e diárias em hotéis, é maior para quem mora em Roraima. E menor para os senadores e deputados do Distrito Federal.
Benefícios
Voar pelo Brasil não é a única vantagem de ser parlamentar. Os deputados e senadores têm direito a serem ressarcidos com despesas de transporte, alimentação, hospedagem, consultorias técnicas, pesquisas, segurança, combustíveis, aluguel de escritórios políticos, divulgação do mandato, assinaturas de publicações e serviços de internet e TV.
Os congressistas ainda têm direito a uma cota para correspondências. Na Câmara, ela faz parte do ‘cotão’. No Senado, pode chegar a 159 mil cartas, caso o senador seja líder ou membro da Mesa Diretora.
Os deputados não têm direito a carro oficial, à exceção do presidente da Câmara e dos demais seis membros da Mesa Direitora da Casa. No Senado, cada senador possui um veículo com motorista e uma cota semanal de 25 litros de gasolina ou 36 litros de álcool. Os carros só podem rodar em Brasília. Veja aqui detalhes sobre os veículos dos parlamentares
Funcionários
Na Câmara, os congressistas têm direito a até 25 funcionários. No Senado, são 20. Em ambas as Casas, os colaboradores podem ser divididos entre o gabinete e escritórios políticos nos estados. Na Câmara, a verba de gabinete de R$ 60 mil mensais paga os salários que podem chegar a R$ 8 mil por mês.

No Senado, o senador tem à disposição um conjunto de funcionários que, juntos, consumiriam R$ 82 mil. O maior salário é de R$ 8 mil, mas como é permitido contratar servidores efetivos, esse valor pode ser maior.
Na Câmara, não é permitida a contratação de funcionários efetivos nos gabinetes. No Senado, é obrigatório que o chefe de gabinete seja um servidor da própria Casa.
Plano vitalício
Na Câmara, o deputado tem à disposição um Departamento Médico (Demed) para ser atendido quando precisar. Se não houver atendimento específico para o parlamentar, ele pode ser reembolsado, sem limite de despesas, pelos gastos feitos na rede particular.
No Senado, o plano de saúde é ilimitado e vitalício. Ao contrário dos colegas deputados, os senadores ainda podem ser ressarcidos em até R$ 32.958,12 por ano, o equivalente a pouco mais de R$ 2 mil mensais, em despesas odontológicas e psicoterápicas.
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Sexta-Feira, 18 de Fevereiro de 2011
Reportagens Especiais
18/02/2011 - 07h00
56 anos separam mínimo de salário de parlamentar
Quem ganha piso de R$ 545 por mês terá de trabalhar mais de meio século para alcançar o salário anual de um deputado ou senador. Por mês, cada congressista recebe o equivalente a quatro anos de salário mínimo
Edson Sardinha

O trabalhador que ganha um salário mínimo por mês terá de trabalhar mais de meio século de vida, sem gastar um centavo, para amealhar o que recebem em apenas um ano os deputados que aprovaram o mínimo de R$ 545 anteontem (16). Mais precisamente 56 anos, o mesmo tempo de vida pública que tem o mais antigo dos congressistas, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Ao longo do ano, os parlamentares recebem 15 salários de R$ 26,7 mil, ou seja, um montante de R$ 400,5 mil. A conta dos assalariados de baixa renda é bem mais modesta. Caso a proposta do governo seja confirmada pelo Senado, serão 13 salários de R$ 545: apenas R$ 7.085 anuais. Em tese, uma diferença que só poderia ser alcançada em 2067. Além do salário, os congressistas têm direito ainda a uma série de benefícios, como passagens aéreas, auxílio-moradia ou apartamento funcional e ressarcimento por despesas relacionadas ao mandato.

Quando se compara o mínimo proposto aos vencimentos mensais dos parlamentares, a distância é literalmente olímpica. Quatro anos, o intervalo de uma edição dos Jogos Olímpicos para outra, ou de uma Copa do Mundo, esse é o tempo necessário para que alguém que ganhe o piso de R$ 545 acumule os R$ 26,7 mil recebidos mensalmente por deputados, senadores, pela presidenta Dilma Rousseff, pelo vice Michel Temer e por seus 37 ministros. Detalhe: nesse período, o assalariado não poderia gastar um centavo.

Com os R$ 545 propostos pelo governo, o brasileiro que sobrevive com o piso salarial terá de trabalhar 49 meses para alcançar a renda mensal dos congressistas e da cúpula do Executivo. Se o trabalhador tiver carteira assinada, poderá atingir a cifra em três anos e dez meses de trabalho, considerando-se os 13 salários anuais. 

Se fosse contemplada a proposta das centrais sindicais, de R$ 560, a distância salarial entre parlamentares e assalariados de baixa renda seria um pouco menor. O trabalhador teria de suar 55 anos para alcançar o montante anual dos congressistas ou três anos e nove meses para chegar aos R$ 26,7 mil mensais.

Caso os tucanos consigam emplacar no Senado o mínimo de R$ 600, objeto de emenda rejeitada pelos deputados, seriam necessários três anos e meio de trabalho para quem ganha um salário mínimo juntar o salário mensal de um parlamentar, presidente da República ou ministro de Estado. Ou 51 anos de trabalho para alcançar o rendimento anual dessas autoridades. Com os R$ 700 propostos pelo Psol, que nem sequer chegaram a ser discutidos, a distância seria reduzida, respectivamente, a três e 44 anos.

Bolso cheio, boca calada
No dia 15 de dezembro do ano passado, os parlamentares aprovaram a toque de caixa uma proposta que elevou em 62% seus salários. Para Dilma, Temer e seus ministros, o aumento superou os 100%.
Como mostrou o Congresso em Foco, apenas quatro dos 395 deputados presentes na sessão que resultou na elevação dos vencimentos dos congressistas de R$ 16,5 mil para R$ 26,7 mil registraram voto contrário. O aumento foi aprovado por uma maioria silenciosa: somente 11 deputados se dispuseram a usar o microfone para defender o aumento. Entre eles, apenas Sérgio Moraes (PTB-RS), aquele que disse "se lixar para a opinião pública", votou agora a favor do mínimo de R$ 560.
Nos discursos de 15 de dezembro, houve de tudo um pouco: de deputado envergonhado com a magreza do seu contracheque a deputado lamentando passar cinco meses do ano “sem fazer absolutamente nada”. De deputado querendo ganhar quase o dobro dos R$ 26,7 mil aprovados a deputado querendo que o contribuinte garantisse sua “independência financeira”.
VOTAÇÃO DO MÍNIMO
Salário mínimo vigente: R$ 540
PROPOSTAS EM DISCUSSÃO
— Governo: R$ 545 (só reposição da inflação)
— Centrais: R$ 560 (inflação e mais 3%. Valor a mais seria antecipado do aumento de 2012)
— DEM: R$ 560 (sem antecipação do aumento de 2012)
— PSDB: R$ 600 (valor defendido por José Serra na campanha eleitoral)
— Psol: R$ 700 (emenda que não chegou a ser votada)

ÓRGÃO DE CRISTAIS


Eis mais uma das manifestações surpreendentes da arte. Sugiro acessar o endereço indicado abaixo para melhor apreciá-la.





A MORTE DO CISNE

A primeira impressão, que gera o primeiro comentário, pode representar apenas preconceito. Assim como em inúmeras outras situações em que isso ocorre, no vídeo indicado abaixo, também ocorreu. Porém, o desempenho de John Lennon da Silva que se apresentou no programa “Se ela Dança eu Danço”, do SBT, modificou a primeira impressão, ou ausência dela, do trio de jurados.
O rapaz humilde  foi ao palco com roupa simples, o que não agradou, mas, no seu comentário e na sua apresentação, nos  deixa uma lição.
Se gostas de dança, ou não, é o que menos importa. Vê o contexto e, se for o caso, aproveita o belo desempenho.


TECNOLOGIA A SERVIÇO DA RACIONALIDADE

Acessando o endereço indicado abaixo, poderá ser visualizado um vídeo que já circulou há algum tempo na rede e pelo qual se pode acompanhar um processo de implantação ferroviária. Bem, claro, isso em países onde se quer implantar o meio de transporte de melhor sustentabilidade! Não é o caso do Brasil, logicamente! Por aqui, ainda se dá precedência à rodovia, em detrimento da ferrovia e da hidrovia, meios, estes, que seriam mais adequados à nossa situação, em razão de muitas variáveis favoráveis. Mas, curvamo-nos às outras prioridades. Àquelas que são manejadas e manobradas nos bastidores, nos cantos obscuros do poder econômico e  que dominam a indústria automobilística pesada, a de pneus, a de construção de estradas frágeis e mal desenhadas, em mesas de negociação onde sentam esses interesses de um lado e, do outro, os dirigentes interesseiros da Nação.
Assistindo ao vídeo, pois, poderás elucubrar o quanto desperdiçamos  em todos os sentidos, abandonando a evolução tecnológica disponível, em favor da opção pelo atraso.




PENSAR NOSSA VIDA

Vivenciamos, por estes dias, a época do carnaval. Cabe-nos refletir sobre isso e o quê representa essa comemoração para nossas vidas. Por esta razão, efetuo a postagem de artigo extraído do contexto do pensamento logosófico.

Boa leitura e  melhores reflexões, pois.

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Origem do Carnaval

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Muitas vezes as pessoas já se perguntaram qual é a verdadeira origem do carnaval. Alguns opinaram que provém da imitação de cerimônias religiosas que se realizavam na Antiguidade. Por outro lado, a própria caracterização dos atores que apareciam nos primitivos cenários teatrais, parece induzir a pensar que dali nasce a ideia de tornar geral o ato das caracterizações num determinado dia. Nós conhecemos uma lenda que, por ser sugestiva e oportuna, vamos narrar.

Era uma vez um famoso rei, membro de uma das mais poderosas dinastias do Egito, a quem preocupava de especial modo tudo quanto dizia respeito à psicologia de seus súditos. Cercado por uma corte de sábios, mantinha com eles constantes conversações relacionadas com os problemas de seu povo, que ele ansiava situar acima do comum.

Achavam-se um dia tratando destes temas, quando um dos sábios manifestou que, apesar do empenho em ilustrar o povo sobre a necessidade de aperfeiçoar cada dia seus conhecimentos e sua moral, ainda não tinham encontrado manifestações que, com evidência, indicassem que se estava realizando de verdade um processo de superação nos habitantes daquela terra oriental, e ele inquiriu, então, sobre a forma pela qual se poderia chegar a conhecer o sentir interno de cada um, ou os pensamentos que albergavam em suas mentes.

Após breves momentos de meditação, o rei respondeu:

— Vamos fazer uma experiência: decretaremos uma semana de inteira liberdade, para que todos se fantasiem daquilo que mais anseiam ser. Vamos fornecer-lhes trajes que caracterizem os desejos que em particular possam ter, a fim de que escolham o de sua exclusiva predileção.

Desde os adornos do rei até o mais mísero farrapo foram postos numa exposição, para que cada um escolhesse o seu. Foram expostos até trajes de seres imateriais, aqueles com que se vestiam os anjos, os santos e os semideuses. Foram confeccionadas, enfim, sem faltar nenhuma, todas as vestimentas que pudessem representar um personagem. Depois, no edital, que foi colocado nos lugares mais visíveis, foi anunciado que o rei, acompanhado de sua corte, presenciaria, como ato final, o desfile de todos os fantasiados.

E agora vem o mais curioso e sugestivo da lenda: o rei pôde conhecer, por meio dos trajes que vestiam, as aspirações íntimas de seus súditos, e observar, com grande surpresa, que a maioria tinha escolhido o de diabo.

É interessante notar como em cada uma das épocas que a humanidade atravessa, incluindo-se nelas todos os povos, parece reproduzir-se essa mesma aspiração.

Em épocas passadas, dizia-se que o diabo era o rei do inferno, que tinha poderes sobrenaturais, etc., gozando por essa causa de grande prestígio no seio da enorme massa de seres ignorantes que acreditavam nos artifícios de sua magia ou nos malefícios de seu poder vingador. De um modo geral, ele foi sempre representado como possuidor de extraordinária habilidade para seduzir as almas e submetê-las exclusivamente à sua vontade ou, melhor ainda, a seus sinistros desígnios. Pelo fato de também se dizer que ele comandava legiões de diabinhos e tinha meios para produzir encantamentos e transformar as coisas impossíveis em possíveis, não estranha que tantos aspirassem a ser diabos.

Mas a lenda ainda não terminou. Quando o rei viu todos aqueles diabos armados com seus tridentes, fez preparar uma enorme fogueira e os intimou a que dançassem sobre as brasas, como fazia o próprio diabo. Tal convite produziu uma verdadeira debandada: as capas vermelhas desapareceram como que por encanto.

A conclusão moral que surge do relato é todo um ensinamento. A força de atração que os fatos espetaculares exercem sobre o homem, produto de sonhos quiméricos ou, ainda mais claro, de sonhos que ele acaricia em relação a súbitas transformações de seu ser em protagonista de acontecimentos deslumbrantes, não lhe permite pensar com sensatez que, em cada posição que aspire a conquistar, deve existir uma razão que, por sua vez, lhe permita mantê-la, e essa razão é saber ser o que se quer ser. O que menos ele pensa é que mais lhe valeria ser consciente daquilo que sabe, para deixar de ser um inconsciente instrumento de sua imaginação.
 
Artigo extraído do livro Intermédio Logosófico, p. 193

VIVISSECÇÃO

Como podemos reivindicar o direito de reclamar direitos humanos, por aqui ou pelo mundo, e de exigir melhores condições de atendimento pessoal nos hospitais e na rede pública de saúde? Qual é o sentido de valorizarmos os movimentos de recolhimento, cuidados e adoção de animais perdidos, abandonados ou maltratados? Que fundamento tem tudo isso se ainda praticamos a crueldade da vivissecção?
Sugiro acompanhar a reportagem e a entrevista correspondentes, extraídas do Instituto Humanitas UNISINOS:
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O sacrifício de animais e o ensino da biologia.

Entrevista especial com Róber Bachinski


Em 2007, o estudante de biologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Róber Bachinski
entrou com uma liminar que o liberava de dissecar e sacrificar animais nas aulas práticas do curso de Ciências Biológicas. A justiça garantiu ao aluno o direito de continuar fiel às suas convicções sem que fosse reprovado por não participar dos sacríficios. A atitude de Róber gerou diversas discussões e inúmeras ONG’s em prol dos animais o apoiaram nesta decisão. A universidade recorreu à decisão de Róber e, três anos depois, a Justiça decidiu, na semana passada, por unanimidade, a sentença de primeiro grau, tornando obrigatória a participação do estudante nos trabalhos do curso de biologia. 

A IHU On-Line, que acompanhou todo o caso, entrevistou Róber, por email, que hoje vive no Rio de Janeiro, sobre a decisão. “Muitas vezes pensei em desistir da Biologia e buscar melhorar essa discussão através da Filosofia. Porém sempre quis fazer biologia e não acho justo alguém desistir de uma vontade por imposição de uma ideia, como pensam os juízes da 2ª Instância. A escolha de um curso e de uma carreira vai além das práticas dessa carreira, até mesmo na modificação dela, e todo aluno tem o direito de questionar a validade ética e metodológica do conhecimento passado na academia”, apontou.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Soubemos que a UFRGS ganhou o processo e que você terá que participar das aulas normalmente. Como transcorreu o processo?

Róber Bachinski – A UFRGS recorreu à 2ª Instância sobre o ganho de causa conseguido de objeção de consciência na Vara Ambiental (1ª Instância). Nós já esperávamos os votos contra a objeção de consciência na 2ª Instância, pois eles já tinham caçado a liminar também ganha na Vara Ambiental. Na prática, para o meu caso, isso pouco interfere, pois as aulas com outros métodos foram realizadas enquanto estava em vigor a decisão liminar, sendo que o que ocorreu nesse período teve caráter permanente. Então não precisarei voltar à faculdade para as práticas. Além do mais, terminei a faculdade de Ciências Biológicas na UFRGS no final do ano passado e já estou seguindo meus estudos na área de métodos alternativos ao uso de animais, tanto na investigação científica quanto na educação. Porém, recorreremos da decisão para instâncias superiores, pois sabemos que devemos levantar esse debate (sobre o direito à objeção de consciência dos alunos e o uso de animais na ciência) e esperamos abrir mais um precedente para que outros estudantes não se sintam constrangidos a fazer aulas práticas que firam seus interesses éticos e que não sejam obrigados a abandonar suas carreiras.

IHU On-Line – Você sofreu algum tipo de represália ou preconceito por parte da universidade ou colegas de curso?

Róber Bachinski – Paulo Freire, no livro Pedagogia do Oprimido, coloca que em uma instituição há dois tipos de opressão: a opressão por parte do opressor que deseja manter a hierarquia e a opressão por parte dos outros oprimidos que temem uma mudança de estado e uma represália geral por parte do opressor. Ambos os casos ocorreram na UFRGS. Professores se pronunciaram a meu respeito em eventos, algumas trocas de e-mails e nas salas de aula com interesse de me desqualificar, sem analisarem realmente os motivos que me levaram a ingressar com o processo. Muitos colegas, como se é esperado, aceitaram as opiniões dos professores e se colocaram contra a minha postura, sem demonstrarem uma postura crítica de questionar as bases do nosso ensino. 

Um dos professores, cuja obrigatoriedade do uso de animais nas suas classes me fez ingressar com o pedido judicial, fez declarações escritas em murais dizendo que as minhas atitudes partiam de “crenças do tipo criacionismo científico e imposição de ideias obscurantistas e político-religiosas”. Muitos professores utilizavam como tentativa de desqualificação me colocar como sectarista religioso e anticienticista, desviando o foco da discussão das bases da ciência hegemônica, no qual todos esses que me ofendiam foram criados e se nutriam em seus laboratórios, para uma figura que eles tentaram montar que não deveria estar na faculdade. Na realidade, a intenção deles era proteger o paradigma científico que eles dominam, com medo de não saber como fazer ciência em um modelo sem o uso de animais. Escrevo sobre essa mudança de paradigma e imposição de ideais na academia, nos cadernos IHU ideias, publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos, disponível na internet.

IHU On-Line – Você tem ideia de quantos animais vivos são usados, por semestre ou por ano, nas universidades?

Róber Bachinski – No Brasil nós não temos esses dados. Porém, Regan (Jaulas Vazias) diz que nos EUA, os estudantes relativos ao Ensino Médio e do Ensino Superior brasileiro dissecam anualmente mais de seis milhões de animais. O Quinto Relatório de Estatística Sobre o Uso de Animais na ciência na União Europeia, liberado em 2007, afirma que em 2005, nos países membros da EU, foram utilizados 12,1 milhões de animais em todas as esferas científicas (pesquisa e ensino), sendo desses 53% camundongos e 19% ratos. O Ensino contribui com 1,6% do uso total de animais nesses países. É uma porcentagem baixa, mas, em números absolutos, é uma contribuição de mais de 193 mil animais. Além disso, devemos considerar que a maioria das instituições europeias não utiliza animais no ensino, como na Inglaterra, Alemanha e Áustria.

IHU On-Line – Você considerou abandonar o curso de Biologia ou trocar deuniversidade?

Róber Bachinski – Muitas vezes pensei em desistir da Biologia e buscar melhorar essa discussão através da Filosofia. Porém, sempre quis fazer biologia e não acho justo alguém desistir de uma vontade por imposição de uma ideia, como pensam os juízes da 2ª Instância. A escolha de um curso e de uma carreira vai além das práticas dessa carreira, até mesmo na modificação dela, e todo aluno tem o direito de questionar a validade ética e metodológica do conhecimento passado na academia.

IHU On-Line – Aqui no Brasil há alguma universidade que já optou por não usar animais vivos em aula?

Róber Bachinski – Sim. A Faculdade de Medicina da UFRGS não utiliza animais no ensino desde 2007, mesmo para as disciplinas básicas de Fisiologia e Bioquímica. A Faculdade de Medicina do ABC Paulista, em 2008, decidiu abolir as aulas com animais. Além disso, muitas universidades não utilizam animais e não divulgam isso oficialmente. Sabemos apenas através dos estudantes que em seus cursos não utilizam animais.

IHU On-Line – Por que ainda protegem tanto a vivissecção?

Róber Bachinski – É o paradigma científico vigente, no qual a maioria dos profissionais foi formada e eles resistem à mudança por que essa é a sua instituição. No momento em que o paradigma da vivissecção for quebrado, muitos cientistas verão seus currículos quebrarem juntos. Como diz Grün(1994), “parte dos cientistas de hoje é, tal como diz a metáfora de Descartes, um exército de artesãos trabalhando loucamente para manter um edifício velho, esmigalhando-se, com alguma aparência de estar sendo reparado”. 

IHU On-Line – Você pretende recorrer à decisão da justiça?

Róber Bachinski – Sim, recorreremos, pois há muitos estudantes que necessitam da objeção de consciência para não desistirem dos seus cursos. Há outras tantas pessoas que me escrevem dizendo que desistiram da graduação em Biologia, Enfermagem, Veterinária, Medicina, Farmácia, etc, por que nesses cursos exigiam o uso de animais. Assim necessitamos levantar essa discussão no judiciário e conquistar o direito de formar pessoas foram do paradigma vivisseccionista.

IHU On-Line – Nesse período depois que você requereu o direito de não participar de aulas que sacrificavam animais, o que mudou?

Róber Bachinski – No período logo após ter ganhado a liminar houve um movimento muito forte contra o meu processo. Os professores diziam que eu não deveria ter escolhido Biologia (esse também foi o parecer da UFRGS contra a minha objeção de consciência), instigavam os colegas contra o meu processo e a maioria julgava que processei a UFRGS para chamar atenção. Em nenhum momento pensei em chamar a atenção para mim, tampouco pensei que daria tanta repercussão. Apenas quis levantar um debate que não tinha espaço na “academia”. Embora houvesse muita ação negativa, depois de alguns meses, as pessoas começaram a me respeitar mais, pois mantive meu posicionamento, comecei uma pesquisa sobre métodos alternativos ao uso de animais, inédito naUFRGS. 

Consegui apoio de uma professora da Educação em Ciências, Nádia de Souza, a quem sou muito grato. Comecei a auxiliar outros alunos e a buscar mais alternativas. Fiz meu estágio de Curso no Departamento de Farmacologia e Toxicologia do INCQS/Fiocruz, com métodos alternativos ao uso de animais. E meu Trabalho de Conclusão de Curso - TCC também em métodos alternativos para aulas de bioquímica e técnicas histológicas. Hoje algumas pessoas me dizem que fui corajoso e que fiz bem levantar a discussão. Porém, na época, poucos me incentivaram dentro da UFRGS e ninguém teve coragem de me apoiar abertamente. Isso mostra ainda que a opressão na universidade beira à época da ditadura militar. 

IHU On-Line – Algum professor defendeu o seu direito de não sacrificar animais?

Róber Bachinski – A professora Nádia de Souza me apoiou assumindo o meu projeto “Estratégias Substitutivas ao Uso de Animais no Ensino e Pesquisa” e me auxiliando na pesquisa. Conseguimos criar um foco, embora pequeno, sobre esse assunto na UFRGS. Em 2009, fizemos o I Seminário sobre Estratégias Substitutivas, com o apoio do PPG Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde, com vários convidados de diversas áreas falando sobre ética animal, educação, direito, métodos em bioquímica, técnicas anatômicas, etc. Foi muito interessante. Outros professores me escreveram em particular elogiando a minha atitude, porém não se manifestaram publicamente.

IHU On-Line – Que novas perspectivas podemos ter em relação ao direito dos animais no Brasil? De que forma a Lei Arouca pode evoluir?

Róber Bachinski – A Lei 11794/08 (baseada no Projeto de Lei do Senador Sérgio Arouca) não traz muitas novidades práticas sobre o uso de animais na ciência. Ela basicamente segue os mesmos preceitos já estabelecidos pela lei 6.638/79, que foi revogada. O que devemos aproveitar da Lei Arouca é o Inciso 3, do parágrafo 14º: “Sempre que possível, as práticas de ensino deverão ser fotografadas, filmadas ou gravadas, de forma a permitir sua reprodução para ilustração de práticas futuras, evitando-se a repetição desnecessária de procedimentos didáticos com animais.”. Todas as práticas de fisiologia, por exemplo, podem ser reproduzidas através de vídeos, sem comprometer a aprendizagem dos alunos. A falha dessa Lei, muito apoiada pelos pesquisadores e sociedades científicas interessadas na vivissecção, é que não impõe prazo final para experimentos com animais e nem estipula verbas para apoio a pesquisas sem animais. Isso faz com que as pesquisas em métodos alternativos continuem, no Brasil, totalmente desconsideradas dos editais de financiamento. 

IHU On-Line – Você pode nos falar sobre como podemos relacionar a Filosofia da moral ao direito dos animais?

Róber Bachinski – As teorias mais completas funcionam como guarda-chuvas para outras teorias. Acredito que Peter Singer foi o que melhor conseguiu incorporar os animais na esfera moral, quando desenvolveu o "argumento da igual consideração de interesses". No livro Ética Prática ele trata de diversos assuntos apenas utilizando o argumento da igual consideração de interesses e os conflitos de interesses gerados entre indivíduos. No caso do aborto, por exemplo, devemos analisar se o feto possui interesses, com qual tempo de gestação surge os interesses (por exemplo, interesse em não sentir dor ou o próprio interesse de viver) e analisar o conflito de interesse entre o feto e a mãe ou a sociedade. A divisão de renda também envolve um conflito de interesse, entre aqueles que possuem mais e os que possuem menos. Todas as nossas ações, direta ou indiretamente envolvem conflitos que deveriam ser “matematizados” para a realização de uma ação lógica, privilegiando os interesses mais básicos. Podemos analisar, por exemplo, o interesse de um humano em comer carne e o interesse de um animal em não ser preso e sofrer (física e psicologicamente) para a produção de carne. Por lógica, o humano tem obrigação de proteger o interesse básico do animal em não ser preso e tratado como máquina para um interesse de um humano sentir o gosto de um churrasco. No caso das experiências, a discussão gira em torno do interesse dos animais em não serem utilizados em experimentos (com todas as ações que isso envolve, como ser obrigados a nascer, crescer em biotérios e serem objetos de experimentação) e o interesse dos humanos em terem suas vidas melhoradas, mas isso não necessariamente é verdade. 

Há diversas críticas metodológicas às pesquisas com animais. O uso de animais não necessariamente contribui para o conhecimento da fisiologia humana e não prediz os efeitos sobre a saúde humana. A organização Americans For Medical Advancement, por exemplo, trabalha para incentivar outros métodos de pesquisas não baseadas em animais. É uma organização montada pelo Dr. Ray Greek, que possui vários livros e artigos mostrando, metodologicamente, por que as pesquisas com animais não são cientificamente sustentáveis. O conflito de interesse envolvido no caso da ciência é outro e, acredito, muito menos altruísta: são os interesses dos animais (os mesmos interesses básicos de liberdade, não sofrimento, conviver no meio ambiente próprio, que nós, humanos, também possuímos) contra os interesses da indústria farmacêutica em liberar novas drogas com patentes garantidas, de pesquisadores financiados por essas indústrias e da manutenção dos currículos e nomes desses pesquisadores.



"BABY BOOMER", COM ORGULHO!

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