Belo
texto, o que está abaixo! Não apenas pela linguagem correta, mas, também,
pela simplicidade e clareza. Mais ainda, pela exposição de um fato e
clarificação dele, já que o conhecíamos pela circulação na rede, embora
muitas vezes pensemos sê-lo somente historietas criadas. Eis, então, qual é o
pensamento de pessoas que, de um lado, governam para a Nação e
qualidade de vida dos seus cidadãos, sem se preocupar com louros, glórias e
dinheiro desviado para o próprio bolso e, de outro, pessoas imorais, fisiológicas,
patrimonialistas e oportunistas que querem enriquecer à custa do povo, sem se
preocupar com a mesma Nação, como o são os governantes que nos governam nos
últimos anos.
Sem
saudosismo algum, fica apenas o registro HISTÓRICO do posicionamento correto
de um cidadão que estava Presidente, tinha consciência dos problemas
nacionais e sabia que amanhã tornaria ser povo. Muito diferente de realidades
que nos afligem.
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PAULO -
Filho do Ex-Presidente Figueiredo
RESPOSTA A SEU AMIGO FLÁVIO!
Flávio. De repente, hoje eu comecei a receber uma enxurrada de mensagens
mencionando esta história.
Sou,
evidentemente, o cara mais suspeito para tecer considerações sobre qualquer
matéria que faça juízo de valor a respeito de meu pai, especialmente em atos
do seu governo.
Mas
sobre este episódio, especificamente, não posso me furtar a lhe dizer, e com
certeza absoluta, que o que está relatado é totalmente verdadeiro.
Até porque,
veja você, calhou de eu estar presente no mencionado encontro. Tinha acabado
de vir do Rio, e fui direto para a Granja do Torto ver os meus pais, como eu
sempre fazia assim que chegava em Brasília. Soube que o "Velho"
estava reunido com o Havelange, no gabinete da residência. Como sempre
tivemos com ele uma relação muito cordial, me permiti entrar para
cumprimentá-lo e dar-lhe um abraço.
"-
João e João! Esta reunião eu tenho que respeitar!", brinquei
irreverente, dele recebendo um carinhoso beijo. (Havelange sempre teve o
hábito de beijar os amigos). Ia, logicamente, me retirar, mas papai me deixou
à vontade:
"-
Senta aí, estamos falando de futebol, que é coisa que você adora".
Fui
logo sacaneando: "Vocês já descobriram um jeito de salvar o Fluminense?"
(risos - os dois eram tricolores roxos).
"-
Ainda não, mas vamos chegar lá. Estamos conversando sobre Copa do
Mundo..."
Filho,
neste momento, o Havelange está me sugerindo realizar a próxima Copa do Mundo
no Brasil e eu vou dar uma resposta a ele com o seu testemunho: “Havelange,
você conhece uma favela do Rio de Janeiro? Você conhece a seca do nordeste?
Você conhece os números da pobreza no Brasil? Com essa realidade, você acha
que eu vou gastar dinheiro com estádio de futebol? Não vou! E, enfie essa tal
de Copa do Mundo no buraco que você quiser, que eu não vou fazer nenhuma
coisa destas no Brasil!
O Velho
não concordava que o país despendesse quase um bilhão de dólares (valor
abissal para os números daquela época) para tentar satisfazer o caderno de
encargos da FIFA, principalmente diante do quadro de enorme dificuldade
financeira que o Brasil atravessava. Uma situação cambial dramática,
resultante de um aperto histórico na liquidez internacional - taxa de juros
internacionais de 22% a.a, barril de petróleo a 50 dólares no mercado spot -
agravada pela necessidade de se dar continuidade a um importantíssimo
conjunto de obras de infraestrutura. Muitas delas iniciadas, diga-se de
passagem, em governos anteriores, mas que não poderiam ser paralisadas por
serem realmente de vital importância para a continuidade do nosso
desenvolvimento.
Realmente,
era contrastante com o que se fez (ou melhor, o que NÃO se fez) nos governos
seguintes: várias hidrelétricas, começando por Itaipu - até hoje é a segunda
maior do mundo, além de Tucuruí, Balbina, Sobradinho, todas com as suas
gigantescas linhas de transmissão; conclusão da expansão de todas as grandes
siderúrgicas (CSN, Usiminas, Cosipa e outras - que fizeram o Brasil passar de
crônico importador para exportador de aço); conclusão das usinas de Angra 1 e
2; um programa agrícola que permitiu que ainda hoje estejamos colhendo os
frutos da disparada de produção de grãos - graças à Embrapa, ao programa dos
cerrados e ao programa "Plante que o João garante"; um salto
formidável nas telecomunicações, até então ridículas; multiplicação da malha
rodoviária - a mesma, praticamente, na qual hoje ainda rodamos, só que agora
sucateada e abandonada; inauguração de dois metrôs: Rio e São Paulo;
instalação de vários açudes no sertão nordestino; a construção de 2.400.000
casas populares, mais do que toda a história do BNH até então, e muito mais.
Isto é
apenas o que eu me lembro agora, ao aqui escrever rapidamente. Em resumo:
naquela época, o dinheiro dos impostos dos brasileiros, simplesmente,
destinava-se ao desenvolvimento do país.
Mas,
para concluir, já falando do presente: o que se está fazendo com o povo
brasileiro é simplesmente criminoso. Só que a roubalheira na construção dos
estádios é apenas a ponta do iceberg.
Só chamando
um Aiatolá para dar jeito, mesmo.
Grande
Abraço,
Paulo
Figueiredo
Obs.: 1 - Paulo Figueiredo é filho do ex-presidente João
Figueiredo.
2 - Por dever de
justiça, é de se ressaltar que o Presidente João Figueiredo morreu pobre.
Anos após morreu sua esposa, D. Dulce nas mesmas condições. Seu filho Paulo,
hoje trabalha como qualquer mortal e nunca se teve notícia de qualquer
negócio fantástico envolvendo seu nome, nem tampouco, que enriqueceu no
governo do pai.
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