A PERDA DE UMA GERAÇÃO

Obtive o texto abaixo navegando na rede e não sei quem o escreveu. Concordo com tudo o que ele explana, mas discordo do seu final, pois o aspecto mais grave da crise que vivenciamos é a moralidade destruída. E essa destruição pega em cheio uma geração que se acostumou a ver a impunidade dos políticos, dos executivos públicos e privados, dos legisladores e, até, do judiciário. Essa impunidade e esse descaso com as instituições éticos e morais da nossa vida cotidiana, levou ao fortalecimento do "jeitinho" para ludibriar tudo e todos, pegando, digo novamente, em cheio a atual geração. O quanto perdemos de evolução da nacionalidade nunca poderá ser medido. Infelizmente!
____________________________________________






A CRISE MAIS GRAVE: BRASIL PERDE UMA GERAÇÃO!

1. Em 2011, o populismo keynesiano adaptado aqui começava a diluir. Daí para frente os fundamentos macroeconômicos foram derretendo até tornarem a recessão "sustentável". Em 2015, a situação dramática pós-eleitoral deu nitidez a tudo isso. As medidas de ajuste adotadas mostram-se insuficientes para dar uma resposta em curto prazo.

2. As projeções de cenários apontam para o alongamento da recessão até, pelo menos, 2017. Alguma luz no fim do túnel, talvez, em 2018, assim mesmo como transição e se o dever de casa for feito adequadamente. A alternativa seria a tradição latino-americana de tributar e crescer com a inflação. Mas a mudança em 2018 seria inevitável.
     
3. Serão 8 anos em 2018. Oito anos em que as perspectivas negativas das pessoas, das famílias e das empresas, como reação ao clima de desconfiança hoje e de imprevisibilidade amanhã, as faz atuar defensivamente. Vale dizer, perde-se a ousadia.
     
4. Supondo um jovem terminando o ensino fundamental, isso significa que dos 15 aos 23 anos esse pessimismo o estará contaminando. Nas empresas -além do desemprego- aumenta a rotatividade de forma a trocar funcionários de maior por menor salário, desestimulando todos.
     
5. Os governos municipais e estaduais, vivendo a mesma crise fiscal do governo federal, apontam contra sua maior despesa, que são os servidores públicos. Interrompem os concursos, aplicam reajustes menores que a inflação, interrompem políticas de estímulo e cortam quando podem. Com isso, o setor público perde dinamismo, criatividade e ousadia ou, em uma palavra, produtividade, acentuando as curvas da crise.
     
6. Portanto, a crise que o Brasil atravessa precisa ser medida muito além dos dados objetivos e mensuráveis, como inflação, juros, câmbio, taxa de desemprego, taxa de crescimento, taxa de inadimplência, etc. O impacto da crise é muito mais profundo, pois atinge a motivação e a formação dos jovens e, dessa forma, o futuro.
     
7. Após a crise, lá por 2018 ou 2019, o desenvolvimento brasileiro perderá impulso interno sustentável e terá que se valer de fatores humanos externos, importando ainda mais tecnologia, bens de capital e obras, e novos meios de desenvolvimento da educação, da saúde e da segurança.
     
8. Esse é o aspecto mais grave da atual crise.

MILAGRES?

Simples assim, mas pleno de verdade o pensamento, na linguagem do poeta.

____________________________________________________________
DOS MILAGRES (Mário Quintana)

O milagre não é dar vida ao corpo extinto, 
Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo,
Nem mudar água pura em vinho tinto,
O milagre é acreditarem nisso tudo

FHC, SOBRE "LULLOSE" E MEDIOCRIDADES

Excluídas algumas opiniões emitidas aqui e ali por Fernando Henrique Cardoso, que confrontam meus pontos de vista, sobre alguns fatos da política recente brasileira, percebe-se nele a tranquilidade soberana de um intelectual experiente, denso e atualizado. No artigo abaixo, publicado neste final de semana pelo Estadão, é fácil perceber tudo isto. A partir do início da sua escrita, quando trata de amenidades da sua viagem e da sua visão sobre as coisas, ao analisar as dificuldades da comunicação de uma época, passando rapidamente para as facilidades de hoje e, repentinamente, entrando no debate dos nossos últimos dias, sendo possível, aí, sentir a sua profunda crítica e o seu desprezo à superficialidade de visão política e à tentativa de cooptação vil, estabelecidos por LULLA e sua trupe, tudo para levar levar mais pessoas à profundidade escura em que se colocaram. 
Fernando, então, dá a volta por cima e mostra qual é seu verdadeiro pensamento. Enfim, um belo e esclarecedor texto!






_____________________________________________________
Lobo ou cordeiro? (Fernando Henrique Cardoso, para o jornal O Estado de São Paulo)

Tardiamente, círculos petistas se lembraram de que talvez fosse oportuno conversar com os tucanos

Passei três semanas de julho na Europa, entre o trabalho (pouco) e o descanso (a que reluto a me entregar). Ainda agora escrevo da Sardenha. Caminhando pelos pequenos portos da ilha, assim como pelos da Córsega, sentindo a placidez que ainda hoje envolve a vida dessa gente, não pude evitar a nostalgia pelo nunca vivido por nós metropolitanos.
Nostalgia e inveja, mesmo sabendo, pela leitura apaixonante de Fernand Braudel, cujo livro sobre o Mediterrâneo carrego comigo, que a placidez atual mal esconde as agitações do passado, quando sarracenos, fenícios, normandos, gregos, romanos e toda gama de diferentes povos lutavam pela conquista do Mare Nostrum.
As marcas de tudo isso estão esculpidas nos fortes, torres e casamatas que se espalham pela região, quando não pelas correntes que fechavam literalmente a entrada do porto de Bonifácio, uma fortificação erguida pelo Papa Bonifácio II, incumbido da defesa da Córsega, no final do século IX.
Naqueles tempos não havia o furor pela informação em tempo real. É verdade que a notícia de um ataque pirata a uma localidade entre Gênova e Split chegava a Nápoles em três horas, graças aos fogos que, nessas ocasiões, encarregados acendiam nas torres ao longo da costa de Portofino. Mas nenhuma informação, por certo, cruzaria rapidamente o Mediterrâneo de Chipre a Gibraltar, muito menos dali à costa brasileira do outro lado do Oceano Atlântico.
Hoje, não passa dia ou noite sem que o celular ou o e-mail perturbe a paz do pretendente ao sossego. Não há notícia, boa ou má, relevante ou não, que as tecnologias atuais e a ansiedade por comunicar “novidades” não façam chegar de imediato a quem deseje ou não dela saber.
Assim, tive minha tranquilidade entrecortada, não pela agitação dos mares, mas pelo lento e contínuo noticiário sobre o desmoronar de muito do que se construiu a partir da Constituição de 1988 no Brasil. A desagregação vem de longe, mas parece ter ricocheteado com mais força no mês de julho. Tornou-se claro para a opinião pública que a crise atual nada tem a ver com a “lá de fora”, e que ultrapassa o ridículo insistir em que a culpa é do FHC.
Tornou-se óbvio que há um acúmulo de crises: de crescimento, de desemprego, de funcionamento institucional, moral, de condução política. Tardiamente, círculos petistas se lembraram de que talvez fosse oportuno conversar com os tucanos… Parece a história do abraço do afogado. Calma, minha gente, há tempo para tudo. Há hora de conversar, hora de agir e hora de rezar.
Na ocasião da viagem que a presidente Dilma e os ex-presidentes fizemos juntos à África do Sul, em dezembro de 2013, para assistir ao funeral de Mandela, disse a todos que a descrença da sociedade no sistema político havia atingido limites perigosos.
Ainda não era possível antecipar o tamanho da crise em gestação, mas não restava dúvida de que o país enfrentaria dificuldades econômicas e que essas seriam ainda maiores se as suas lideranças políticas não dessem resposta ao problema da legitimidade do sistema político.
Disse também que todos nós ali presentes, independentemente do grau maior ou menor de responsabilidade de cada um, deveríamos nos entender e propor ao país um conjunto de reformas para fortalecer as instituições políticas. A sugestão caiu no esquecimento.
Naquela ocasião, como em outras, a resposta do dirigente máximo do PT foi, ora de descaso, ora de reiteração do confronto, pela repetição do refrão autorreferente de que antes dele tudo era pior. Para embasar tal despautério, o mesmo senhor, no afã de iludir, usou e abusou de comparações indevidas.
Mais uma vez agora, sem dizer palavra sobre a crise moral, voltará à cantilena de que a inflação e o desemprego de hoje são menores do que em 2002, omitindo que, naquele ano, a economia sofreu com o medo do que poderia vir a ser o seu governo, um sentimento generalizado que, em benefício do país, meu governo tratou de atenuar com uma transição administrativa que permitiu ao PT assumir o poder em melhores condições para governar. Sobre a crise de hoje, nenhuma palavra...
Perguntado por uma repórter sobre se o ex-presidente Lula me havia enviado emissários para abrir um diálogo, respondi que ele não precisa de intermediários para isso, pois tem meus telefones. E condicionei o eventual encontro: desde que seja para uma discussão de agenda de interesse nacional e pública. Por que isso?
Porque não terá legitimidade qualquer conversa que cheire a conchavo ou, pior, que permita a suspeita de que se deseja evitar a continuidade nas investigações em marcha, ou que seja percebida como uma manobra para desviar a atenção do país do foco principal, a apuração de responsabilidades.
Será que chegou o tempo de rezar pela sorte de alguns setores da vida empresarial e política? Talvez. Mas a hora para agir já não é mais, de imediato, do Congresso e dos partidos, mas, sim, da Justiça. Essa constatação não implica dizer um “não” intransigente ao diálogo.
Decidam a Justiça, o TCU e o Congresso o que decidirem, continuaremos a ter uma Constituição democrática a nos reger e a premência em reinventar nosso futuro. Tomara que as aflições pelas quais passam o PT e seus aliados lhes sirvam de lição e os afastem da arrogância e do contínuo desprezo pelos adversários, até agora tratados como inimigos.
É hora de reconhecerem de público que a política democrática é incompatível com a divisão do país entre “nós” e “eles”. Para dialogar, não adianta se vestir em pele de cordeiro. Fica a impressão de que o lobo quer apenas salvar a própria pele.
Mais ainda, passou da hora de o lulopetismo reconhecer que controlar a inflação e respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal nada têm a ver com neoliberalismo, senão que são condição para que as políticas sociais, tanto as universais como as específicas, possam ter efeitos duráveis.
Em suma, cabe aos donos do poder o mea-culpa de haver suposto sempre serem a única voz legítima a defender o interesse do povo.

A JUSTIÇA E A ADVOCACIA (Joaquim Falcão)

Parece que a operação Lava Jato, e nela contextualizada a ação da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal, aqui expressada mais por Sérgio Moro, estabelece novos parâmetros de combate ao crime, fazendo com que seja difícil desmoralizá-la, desacreditá-la e, consequentemente, paralisá-la. A vontade, percebe-se, de muitas das forças da sociedade brasileira, especialmente aquelas criminosas, criminosas demais, ou acadêmicas, acadêmicas demais, é de que tudo acabe. Especialmente, o elemento novo inserido nela, a delação premiada, tem sido o travamento de ganhos fáceis de muitos escritórios de advocacia, pois lhes tira a possibilidade de aprofundamento, encadeamento e tergiversação no contexto de cada ação judicial. Enquanto no outro lado, o novo elemento faz gelar o coração dos criminosos facilmente escondidos na sombra.
Por essas razões, vale uma leitura do breve texto abaixo, de autoria de de um eminente jurista, que sabe o quê fala.


______________________________________________________________________
LAVA JATO MUDA A JUSTIÇA E A ADVOCACIA
JOAQUIM FALCÃOPARA O JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO, DE 31/07/2015
A Justiça penal não será a mesma depois do mensalão e da Operação Lava Jato. Tanto a prática de juízes, delegados, procuradores e advogados como nas doutrinas e tribunais. Tudo começa a mudar. Que mudanças são essas?
Mudança geracional. Juízes, procuradores, delegados são mais jovens. Fizeram concurso mais cedo. Vivem na liberdade de imprensa, na decadência dos partidos e na indignante apropriação privada dos bens públicos. E não têm passado a proteger ou a temer.
Dão mais prioridade aos fatos que às doutrinas. Mais pragmatismo e menos bacharelismo. Mais a evidência dos autos –documentos, e-mails, planilhas, testemunhos, registros– do que a lições de manuais estrangeiros ou relacionamento de advogados com tribunais.
Erram aqui e acolá. Às vezes, extrapolam, mas passaram por duro aprendizado institucional com Banestado, Castelo de Areia, Furacão e outras operações. Atentos, buscam evitar nulidades processuais. O juiz, e não mais os advogados, conduz o processo.
Usam de múltiplas estratégias. Jurídica, política e comunicativa. Valorizam a força das imagens, que entram, via internet, televisão, lares e ruas, nos autos e tribunais.
São informados e cosmopolitas. Organizam cooperação internacional com Suíça, Holanda e Estados Unidos. É difícil para a tradicional advocacia individual enfrentar essa complexa articulação entre instituições. Usam com desenvoltura a tecnologia. Extraem inteligência de “big data” (análise de grandes volumes de informação). Aplicam-se em finanças e contabilidade.
As consequências para a advocacia são várias. Plantar nulidades para colher prescrição –o juiz não seria competente, a defesa foi cerceada, o delegado extrapolou poder investigatório etc.– é estratégia agora arriscada. Tribunais superiores não suportam mais serem “engavetadores” de casos que chegam quase prescritos. Diminuem-se diante do olhar da opinião pública.
Apostar que juízes, procuradores e delegados agem com arbítrio, ferem direitos fundamentais dos réus, sem clara e fundamentada evidência, é protesto que se dissolve no ar.
Algumas defesas tentam politizar o julgamento. Juízes, delegados e procuradores agiriam a serviço do governo ou dos políticos envolvidos. Colocam suas fichas que no Supremo Tribunal Federal tudo se resolveria politicamente. É tentativa possível. Nunca deixará de ser. Mas hoje o sucesso é menos provável.
O invisível ministro Teori Zavascki não dá mostras de vergar. Até agora não se conseguiu colocar Curitiba contra Brasília. Nem vice-versa.
Neste cenário, como em todos os países, a defesa preferencial dos réus tem sido a minimizadora de riscos. Contabilizar perdas e danos.
Por isso aceitam a delação. Amortecem as condenações individuais dos executivos, oferecendo o apoio empresarial às famílias. Fazem acordo de leniência. Pagam alguns bilhões via Controladoria Geral da União. Vendem ou remodelam as empresas. Assim o país se encontra com nova Justiça e advocacia penal no Estado democrático de Direito.
* artigo publicado na Folha de S. Paulo, em 31.07.2015

A TRISTE REALIDADE DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Recomendo fortemente o acesso ao endereço que indico abaixo. É triste, eu sei!, sua leitura, mas é a realidade vivida por nossa nacionalidade. Sem sabermos, ou por estarmos afastados da escola há muito, ou por  não prestarmos a devida atenção aos conteúdos de aula dos nosso filhos e netos, vivenciamos a formação, via lavagem cerebral institucionalizada, de uma geração que comandará o País amanhã. Paramos para pensar e, necessariamente, vêm-nos à mente como ocorreram as revoluções comunistas há décadas passadas, todas elas falidas e enterradas. Aquelas ainda sobreviventes são cômico-cruéis e retrógrado-dependentes, sempre penduradas em benefícios pedidos aos outros, aqueles que ainda lhes têm simpatia.
Afinal, não é admissível sermos enganados por pautas desse tipo, que formam nossos futuros cidadãos.

NOVOS TEMPOS E NOVAS ANÁLISES

Autismo (não o transtorno), isolacionismo, individualismo, idiotismo, enfim! Parece ser esse o nosso futuro. Parece, apenas, porque devemos acreditar na evolução e na assimilação das novas formas de conduta psicossocial, em que estas colaborem para a condução da progressão da Humanidade. Em novos termos, claro!
Durante a semana, li que na Finlândia, modelo mundial em educação, as escolas aboliram o aprendizado caligráfico, valorizando a rapidez no teclado dos equipamentos, pois, segundo eles, o futuro assim o exigirá.


_______________________________
Não é Autismo, é Ipad
(Forum Notícias Naturais)
A fonoaudióloga Maria Lúcia Novaes Menezes está preocupada com um fenômeno que tem percebido nos últimos tempos: o aumento do número de crianças muito novas – de dois ou três anos – usando tablets.

Profissional com mais de 30 anos de experiência, a doutora tem atendido, em seu consultório no Rio de Janeiro, inúmeros casos em que os pais chegam a suspeitar que os filhos são autistas, sem perceber que o uso prolongado de tablets, joguinhos eletrônicos e celulares é que está dificultando o desenvolvimento da comunicação das crianças.

Esta é uma breve entrevista com a doutora Maria Lúcia Novaes Menezes.



A senhora disse estar assustada com o número de pais que deixam filhos pequenos - crianças de dois ou três anos - usarem tablets. Isso tem aumentado nos últimos tempos?

A cada ano percebe-se que aumenta o número de crianças com menos de três anos de idade fazendo uso de tablets. Podemos observar, nos shoppings, bebês com tablets pendurados nos carrinhos. Isso tem prejudicado o desenvolvimento da linguagem e, principalmente, da socialização.


Quais as consequências que a senhora tem percebido nas crianças?

Se considerarmos que, nos primeiros três anos de vida da criança o desenvolvimento da cognição social se dá através do desenvolvimento da intersubjetividade, ou seja, que as diferentes fases da interação da criança com seus pais e cuidadores se dão através de compartilhar experiências e do olhar da criança para o outro, a utilização do tablet impede estas ações.
O tablet, utilizado por longo tempo, retira do contexto da criança esse contato fundamental para a socialização, causando um prejuízo no desenvolvimento das habilidades humanas que dependem da socialização, do envolvimento com o outro, prejudicando o desenvolvimento da socialização e do aprendizado que depende de experiências com o mundo à sua volta.


A senhora mencionou que alguns pais a procuram para tratar de supostos problemas de comunicação das crianças, sem perceber que o uso do tablet é uma das principais razões para isso.

O que tenho observado, principalmente no último ano de clínica, é que o uso do tablet e outros eletrônicos está cada vez mais tomando o lugar da interação entre as crianças e seus pais e o brincar no contexto familiar. Os pais passam muito tempo no trabalho, chegam em casa cansados e, quando os filhos querem assistir desenhos e joguinhos no tablet, eles liberam, em vez de tentar conversar ou brincar.
Como conseqüência, se a criança tem alguma dificuldade para adquirir a linguagem e a socialização, essa pouca comunicação com os pais poderá desencadear esse déficit. Talvez, em um contexto familiar onde fosse mais estimulado a se comunicar e brincar, essa dificuldade não aparecesse de forma tão acentuada. Essa hipótese surgiu da minha prática clínica, onde na entrevista com os pais eles relatam o uso de tablets, jogos no celular e DVD. Tem acontecido com freqüência que a observação dos pais da forma que interagimos e brincamos com a criança no set terapêutico e como, aos poucos, seu filho vai começando ou expandindo a sua comunicação e o interesse em brincar, eles mudam a dinâmica com seus filhos no contexto familiar, a comunicação verbal e social da criança começa a expandir, os pais ficam mais tranqüilos e mais próximos dos filhos, e a criança, tendo a companhia do pai ou da mãe, passa a se interessar mais pelos brinquedos e em brincar e diminui o interesse pelo tablet, DVDs e joguinhos nos celular.


A senhora mencionou casos em que os pais suspeitavam ter um filho autista, mas o problema da criança se resumia a uso prolongado de novas tecnologias.

No ano de 2014 atendi crianças com idade em torno de dois anos, trazidas com queixa de comunicação social e desenvolvimento da fala, os pais suspeitando de autismo. Mas, ao mudar a dinâmica familiar, essas crianças apresentaram uma mudança muito grande na sua comunicação social e verbal.


O que os pais devem fazer para evitar problemas desse tipo, numa época em que os tablets estão em todos os lugares?

Sei que é difícil ir contra o sistema e penso que a criança deve ser cobrada pelos amiguinhos para ter e usar um tablet. O que talvez auxiliasse a romper com o hábito dos joguinhos eletrônicos e tablets seria restringir ao máximo possível o uso do tablet. Talvez a melhor forma de se conseguir é dando mais atenção ao filho através de conversas, do brincar, e utilizar mais jogos não eletrônicos e mais interativos.


Maria Lúcia Novaes Menezes
Fonoaudióloga formada em 1984 pela Faculdades Integradas Estácio de Sá, mestre em Distúrbios da Comunicação, em 1993, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com cursos na New York University reconhecidos e creditados neste mestrado e doutora em Saúde da Criança e da Mulher pela Fundação Oswaldo Cruz (2003). Aposentada da FIOCRUZ em 2014, mas ainda permanecendo como orientadora do projeto de pesquisa do Ambulatório de Fonoaudiologia Especializado em Linguagem / AFEL. Atua como fonoaudióloga na clínica em avaliação e diagnóstico dos distúrbios da linguagem e orientação aos pais. Autora da escala de Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem, idealizado, padronizado e validado no Brasil para avaliar o desenvolvimento da linguagem da criança brasileira.


ORCRIM EM ALERTA

O texto de Gaspari, abaixo, contém um pensamento que me parece ser o ponto principal dessa limpeza que surge no horizonte da Nação. Não que as prateleiras da moralidade nacional permaneçam limpas para sempre a partir disso, pois, afinal, a corrupção sempre existiu e assim permanecerá, como defendem PT e Lulla, em defesa dos seus crimes. Mas, neste momento em que há um esforço de passar a limpo a vida pública, envolvendo corruptos e corruptores, numa via de mão dupla, sobressai um elemento que foi fundamental para que isto tudo ocorresse. Foi a condenação de figuras exponenciais da ORCRIM (organização criminosa, SEGUNDO o Antagonista) que se instalou no País a partir de 2003 e, nesse momento quase sublime da Justiça brasileira, a surgência do seu protagonista que, contra o esforço de "levianosquis" da vida e outras forças de bastidores, levou adiante, mesmo contra alguns preceitos da fidalguia, o processo do MENSALÃO que condenou e aprisionou elementos (segundo a linguagem policialesca) da dita organização.
Esse protagonismo foi exercido por Joaquim Barbosa que, ao que tudo indica, é seguido por Moro e a equipe do Ministério Público que o acompanha nas investigações.

_______________________________________________

A cabeça dos oligarcas (Elio Gaspari, para o jornal Folha de São Paulo, de 22.07.2015)

Em 11 de setembro de 2001, o vigarista Bernard Maddoff achou que suas fraudes não seriam descobertas
Marcelo Odebrecht está preso e foi indiciado pela Polícia Federal. Em sua cela no Paraná, mantém um diário do cárcere. Os barões da Camargo Corrêa foram condenados e, na oligarquia política, fabrica-se uma crise institucional. Houvesse ou não uma Lava Jato, a desarticulação do Planalto envenenaria as relações com o Congresso. Ademais, essa crise tem um aspecto inédito. De um lado, estão servidores a respeito dos quais não há um fiapo de restrição moral ou mesmo política. São os magistrados e os procuradores. Do outro lado está o outro lado, para dizer pouco. Nunca aconteceu isso na vida pública brasileira.
O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, estaria retaliando o governo ao permitir a criação de uma CPI para investigar os empréstimos dos BNDES. Há uma armadilha nessa afirmação. Ela pressupõe uma briga de quadrilhas, com Cunha de um lado e o Planalto do outro. Ou há esqueletos no BNDES ou não os há. Se os há, a CPI, bem-vinda, já deveria ter sido criada há muito tempo. Se não os há, nada haverá.
A verdadeira crise institucional está nas pressões que vêm sendo feitas sobre o Judiciário. Quem conhece esse mundo garante que nunca se viu coisa igual. Se as pressões forem bem sucedidas, avacalha-se o jogo. Cada movimento que emissários do governo fazem para azeitar habeas corpus de empresários encarcerados fortalece a ideia de que há um conluio entre suspeitos presos e autoridades soltas. Ele já prevaleceu, quando triturou-se a Operação Castelo de Areia.
Em 2009, a Camargo Corrêa foi apanhada numa versão menor da Lava Jato. Dois anos depois, ela foi sedada pelo Superior Tribunal de Justiça e, há meses, sepultada pelo Supremo Tribunal Federal. Agora o ex-presidente da empresa e seu vice foram condenados (com tornozeleira) a 15 anos de prisão. O ex-presidente do conselho de administração levou nove. Desta vez a Viúva foi socorrida por dois fatores. O efeito Papuda, resultante da ida de maganos e hierarcas para a cadeia, deu vida ao mecanismo da colaboração de delinquentes em busca de penas menores. Antes, existiam acusações, agora há confissões. Já são 17. A Castelo de Areia não foi uma maravilha técnica, mas a sua destruição será um assunto a respeito do qual juízes não gostarão de falar.
Quem joga com as pretas tentando fechar o registro da Lava Jato sabe que a Polícia Federal e o Ministério Público estão vários lances à frente das pressões. Da mesma forma, quem se meteu nas petrorroubalheiras sabe que suas pegadas deixaram rastro. Curitiba dribla como Neymar. Quando baixa uma carta, já sabe o próximo passo.
Afora os amigos que fazem advocacia auricular junto a magistrados, resta a ideia da fabricação da crise institucional. Ela seria tão grande que a Lava Jato passaria a um segundo plano. É velha e ruim. Veja-se por exemplo o que aconteceu ao vigarista americano Bernard Maddoff: na manhã de 11 de setembro de 2001, ele sabia que seu esquema de investimentos fraudulentos estava podre. (Era um negócio de US$ 65 bilhões.) Quando dois aviões explodiram nas torres gêmeas de Nova York e elas desabaram, matando três mil pessoas, ele pensou: "Ali poderia estar a saída. Eu queria que o mundo acabasse".
Madoff contou isso na penitenciária onde, aos 77 anos, cumpre uma pena de 150 anos.

"BABY BOOMER", COM ORGULHO!

  ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Sim, ...