POLÍTICA

O Editorial do Estadão, de 18/07/2017, levantou questões fundamentais, às quais não vem sendo dada a devida atenção. Costumamos limitar nossa ação, dos candidatos e da do eleitor, ao período futuro próximo dos mandatos politiqueiros, pois assim nos conformamos aos padrões institucionais, legais, é verdade!, mas perniciosos porque delimitam o programa, quando existe, ao interesse de determinado nome ou agremiação eleito pelo povo. Da mesma forma, está a se consolidar o pensamento de grupos politiqueiros em manter-se no poder por três, quatro mandatos, como caminho para implantar suas vontades, ideias e interesses.
Primordialmente, é necessário que se repense o fundamento filosófico de Política, estabelecendo uma base conceitual para a ação dos representantes populares porque, hoje, mesmo bons Congressistas, são levados a atuar confusamente segundo o momento e o procedimento usuais. A partir daí, reposicionado o pensamento, o rito congressual passaria a ocorrer baseado em bons fundamentos para a sociedade. Assim, cada um dos parlamentares teria sua ação engrandecida, pois participaria de debates mais consistentes e com visão nacional, momento em que cada projeto seria analisado pela qualidade e pelo seu alcance no desenvolvimento nacional ou da cidadania. É verdade que isso se torna difícil e relativo, já que envolve os bons, de um lado, e o baixo-clero (imediatistas, oportunistas, patrimonialistas, corruptos, intelectualmente obtusos, etc), do outro, além das disputas internas entre situação e oposição, mais os interesses, ou não, do Governo, dentre tantas outras variáveis. Mas, há que se ter noção que os verdadeiros representantes populares devem, além dos projetos elaborados, ter a capacidade de influir nas negociações legais, republicanas e cidadãs que signifiquem melhorias para o país e para o povo. A defesa dos interesses da sua região, contextualizada na nação, a proposição de projetos e de idéias que correspondam a ideais partidários e nacionais, extratemporais, com visão de médio e de longo prazos, independentes do tempo do seu mandato e baseados na boa gramática, na retórica e na dialética, definida com o eleitores e com os seus pares, estes são os fundamentos do bom mandato parlamentar. Reconheço que são parâmetros de difícil adoção, em razão da obtusidade imperante há décadas, mas, afinal, por que temos a imprensa, a internet, a mídia em geral, trazendo-nos informação de qualidade e atemporal, com isso possibilitando a interação e a pressão sobre os verdadeiros políticos? É para que possamos acompanhar e avaliar os nossos representantes e emitir opinião quando podemos fazê-lo, cumprindo nossa obrigação de conduzir os destinos da sociedade. 
Afinal, nós, os eleitores, somos os donos do Poder! Do contrário, seremos aquele Homem Medíocre, de José Ingenieros, que "é imitativo e está perfeitamente adaptado para viver em rebanho, refletindo rotinas, preconceitos e dogmatismos, reconhecidamente úteis para a domesticidade". 
Utopia? Mas, alguém tem de começar!
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Respeito com a política
O Estado de São Paulo, 18 Junho 2017
Antes de dar vazão a uma ira desenfreada, que dizima tudo o que está pela frente, os brasileiros prestantes devem resgatar, fortalecer e renovar os elementos fundadores da vida nacional
É cada vez mais comum ouvir sobre o esgotamento do sistema político brasileiro. Às vezes, parece até que essa afirmação se tornou um consenso nacional, não requerendo maiores provas ou argumentos. As causas do suposto esgotamento estariam mais que evidentes aos olhos de todos, a começar pela falta de representatividade dos políticos atuais e, principalmente, pela generalizada corrupção instalada nos usos e costumes políticos. A realidade, no entanto, é mais complexa do que essa afirmação ou, melhor dizendo, generalização. Há muita coisa errada no sistema político, mas nem tudo é inservível – e fazer essa distinção entre o joio e o trigo é essencial para levar o País a algo mais que a um estado de indignação ou de letargia.
É certo que os escândalos de corrupção causam um profundo mal-estar na população e põem à prova a confiança nas instituições. O descompasso entre as cifras da corrupção e as graves carências que uma parcela significativa dos brasileiros ainda padece não pode ser ignorado. Os serviços públicos, especialmente saúde e educação, não aguentam tamanho desaforo imposto pelos corruptos, sejam eles funcionários públicos, políticos ou empresários. A revelação de tantos casos de roubalheira induz ao sentimento de revolta contra tudo o que está aí. Mas esse sentimento não é construtivo e o que o País mais precisa, neste momento, é de ideias novas e firme disposição para o trabalho de reconstrução.
O ponto que se levanta é que a indignação deve, em última análise, transformar-se em motor propulsor de mudanças efetivas, e não destruir o que restou em pé. Uma terra devastada não é o melhor ponto de partida para uma plena recuperação ambiental. Antes de dar vazão a uma ira desenfreada, que dizima tudo o que está pela frente, os brasileiros prestantes devem resgatar, fortalecer e renovar os elementos fundadores da vida nacional.
Ao contrário do que às vezes se tenta impor como verdade inconteste, nem tudo está errado no País. Os brasileiros foram capazes, nas últimas décadas, de levar sua sociedade aos umbrais da modernidade, de igualar o País àqueles mais avançados do mundo. Podem, portanto, refazer aquilo que o populismo lulopetista destruiu com tanto empenho. Afinal, há gente competente e honesta em todos os setores da vida pública e as instituições, ainda que falhas e necessitando de reformas, não são o descalabro apocalíptico que alguns pintam.
Nestes tempos revoltos, faz-se imperioso olhar a vida nacional com um pouco de serenidade, reflexo de uma atitude madura de quem deseja uma sociedade melhor. Uma coisa é reconhecer a gravidade dos casos de corrupção e os defeitos da representação política. Outra coisa é achar que essas deficiências conduzem necessariamente à conclusão de que todas as instituições estão podres e de que o sistema político está irremediavelmente falido.
Nestes tempos estranhos, inverteu-se o ônus da prova. Dá-se por condenado, sem julgamento, qualquer acusado. Da mesma forma, postula-se que o País está podre e condenado sem que se apresente a prova indiscutível de tão cabal sentença.
Pois o País não está acabado. Passa por uma crise e a crise é grave. Mas sua população dispõe de vitalidade suficiente não apenas para superar a crise – como já começou a fazer com a economia –, mas também para promover a regeneração moral da política e dos negócios.
Essa tarefa, ao contrário do que dizem os derrotistas, se fará não a despeito da política, mas por meio da política. Da boa política. Abandoná-la como coisa impura e nefasta é um tremendo equívoco, que não conduzirá o País a lugar nenhum. Longe de significar um empoderamento da sociedade, como os falsos profetas querem vender, a devastação da política só deixará a população refém dos aproveitadores de plantão. Um pouco de cuidado, e também de respeito, com a política não é simples manifestação de bons modos sociais. É antes medida de sobrevivência da nossa sociedade, livre e democrática.

O MUNDO CÍNICO

A sutil charge do Sponholz sintetiza um dos tristes lados da História brasileira. Nela está tudo, é só olhar com atenção. Felicitações ao chargista.
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MACONHA E CORRIDA/CORRIDA E MACONHA


A maconha, ela não faz parte do meu cardápio, mas a corrida, há 36 anos faz! Não sei os efeitos/benefícios da maconha, mas os da corrida diária sim. São prazerosos ao máximo.

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Correr causa mesmo estímulo no cérebro que fumar maconha
Por Giselle Hirata, da Superinteressante

Quem diz que praticar esportes dá barato parece ter razão

Maconha: pesquisa mostra que correr causa o mesmo estímulo cerebral do que fumar maconha (Reuters/Blair Gable/Reuters)
Pesquisadores da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, descobriram que exercícios de longa duração, como maratonas, fazem com que o corpo produza um neurotransmissor que causa sensação de euforia e de relaxamento.
Surpresa: não é a endorfina. A substância química liberada durante as atividades físicas é a anandamida, que estimula os receptores canabinoides dos neurônios – os mesmos ativados quando alguém fuma maconha.
Testes realizados em ratos mostraram que aqueles que corriam apresentavam menos stress e sensibilidade à dor.
Este conteúdo foi originalmente publicado no site da Superinteressante.


O CULPADO

Ler o editorial do Estadão, de 29/05/2017, é necessário. Nas suas poucas linhas está descrito todo o problema brasileiro, mas, principalmente, sua maior causa. Lulla, que representa um dos atraso da Humanidade, tem papel central nessa análise, fundamentado nos seus delírios grandiloquentes, na sua retórica vazia, aquela em que o orador fala por horas a fio sem nada dizer, ou repete-se infinitamente, ou mente descaradamente, manifestando o transtorno psicológico da mitomania de que sofre. O problema é que o sebastianismo messiânico explorado por ele  nas suas arengas ocas alcança o âmago de uma camada populacional ignara que mal consegue perceber que está sendo enganada por um pretenso líder, cheio de máculas na sua  moral de ontem de hoje. Mas, que tipo de líder?  De nada! Apesar de seus índices de popularidade expressivos é um "tigre de papel" das iniciativas governamentais, todas elas construídas na ilusão transmitida com boa propaganda, mas que não consegue esconder a devassidão pessoal e do seu grupo. Nada representa para a cidadania. Ao contrário, significa uma grave perda para a consolidação da nacionalidade, já que sua bandeira é a vermelha do Comunismo Internacional, do Bolivarianismo Chavista, do Castrismo Cubano, do Foro de São Paulo, das FARC e de outras organizações criminosas nacionais. É esse o autor da crise. O culpado.


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O autor da crise
O Estado de S. Paulo, 29 Maio 2017
Lula não pode continuar, sem ser contestado, a se oferecer como remédio para o mal que ele mesmo causou
A escassez de lideranças políticas no Brasil é tão grave que permite que alguém como o chefão petista Lula da Silva ainda apareça como um candidato viável à Presidência da República, mesmo sendo ele o responsável direto, em todos os aspectos, pela devastadora crise que o País atravessa.
A esta altura, já deveria estar claro para todos que a passagem de Lula pelo poder, seja pessoalmente, seja por meio de sua criatura desengonçada, Dilma Rousseff, ao longo de penosos 13 anos, deixou um rastro de destruição econômica, política e moral sem paralelo em nossa história. Mesmo assim, para pasmo dos que não estão hipnotizados pelo escancarado populismo lulopetista, o demiurgo de Garanhuns não só se apresenta novamente como postulante ao Palácio do Planalto, como saiu a dizer que “o PT mostrou como se faz para tirar o País da crise” e que, “se a elite não tem condição de consertar esse País, nós temos”. Para coroar o cinismo, Lula também disse que “hoje o PT pode inclusive ensinar a combater a corrupção”. Só se for fazendo engenharia reversa.
Não é possível que a sociedade civil continue inerte diante de tamanho descaramento. Lula não pode continuar, sem ser contestado, a se oferecer como remédio para o mal que ele mesmo causou.
Tudo o que de ruim se passa no Brasil converge para Lula, o cérebro por trás do descomunal esquema de corrupção que assaltou a Petrobrás, que loteou o BNDES para empresários camaradas, que desfalcou os fundos de pensão das estatais, que despejou bilhões em obras superfaturadas que muitas vezes nem saíram do papel e que abastardou a política parlamentar com pagamentos em dinheiro feitos em quartos de hotel em Brasília.
Lula também é o cérebro por trás da adulteração da democracia ocorrida na eleição de 2014, vencida por Dilma Rousseff à base de dinheiro desviado de estatais e de golpes abaixo da linha da cintura na campanha, dividindo o País em “nós” e “eles”. Lula tem de ser igualmente responsabilizado pela catastrófica administração de Dilma, uma amadora que nos legou dois anos de recessão, a destruição do mercado de trabalho, a redução da renda, a ruína da imagem do Brasil no exterior e a perda de confiança dos brasileiros em geral no futuro do País.
Não bastasse essa extensa folha corrida, Lula é também o responsável pelo tumulto que o atual governo enfrenta, ao soltar seus mastins tanto para obstruir os trabalhos do Congresso na base até mesmo da violência física, impedindo-o de votar medidas importantes para o País, como para estimular confrontos com as forças de segurança em manifestações, com o objetivo de provocar a reação policial e, assim, transformar baderneiros em “vítimas da repressão”. Enquanto isso, os lulopetistas saem a vociferar por aí que o presidente Michel Temer foi “autoritário” ao convocar as Forças Armadas para garantir a segurança de Ministérios incendiados por essa turba. Houve até mesmo quem acusasse Temer de pretender restabelecer a ditadura.
Para Lula, tudo é mero cálculo político, ainda que, na sua matemática destrutiva, o País seja o grande prejudicado. Sua estratégia nefasta envenena o debate político, conduzindo-o para a demagogia barata, a irresponsabilidade e o açodamento. No momento em que o País tinha de estar inteiramente dedicado à discussão adulta de saídas para a crise, Lula empesteia o ambiente com suas lorotas caça-votos. “O PT ensinou como faz: é só criar milhões de empregos e aumentar salários”, discursou ele há alguns dias, em recente evento de sua campanha eleitoral fora de hora. Em outra oportunidade, jactou-se: “Se tem uma coisa que eu sei fazer na vida é cuidar das pessoas mais humildes, é incluir o pobre no Orçamento”. Para ele, o governo de Michel Temer “está destruindo a vida do brasileiro”, pois “a renda está caindo, não tem emprego e, o que é pior, o povo não tem esperança”.
É esse homem que, ademais de ter seis inquéritos policiais nas costas, pretende voltar a governar o Brasil. Que Deus – ou a Justiça – nos livre de tamanha desgraça.

NOSSA CAPACIDADE

O texto abaixo foi publicado em 1957, trazendo a vivência daqueles anos, quando a esperança retomava o mundo, os povos retomavam seus caminhos construtivos de novas economia e novas mentalidades, melhorando a Humanidade. Vivíamos tempos mais felizes, pois detínhamos um conjunto de esperanças de uma sociedade melhor. Mas, os tempos passaram e parece havermos retrocedido, ao invés de aperfeiçoarmos as relações intra e interpovos. Resta-nos, porém, a continuada esperança contida no texto abaixo que exalta a capacidade humana de superação pessoal e grupal, por meio da evolução consciente.
Para quem ainda não teve contato com a Logosofia, recomendo um breve contato com o conhecimento ali contido. Vale a pena!


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A grande prerrogativa humana

Pela primeira vez na história da humanidade, é encarada a realização do processo de evolução consciente, único meio real e seguro de tirar o homem do ostracismo mental e psicológico em que permaneceu até aqui e elevá-lo a níveis de superação extraordinários; a prova disso é que ninguém jamais mencionou tão importante assunto, nem deu notícia de progressos dessa ordem que tivessem sido alcançados. Aceitar-se-á, então, a afirmação de que fora da órbita de nossos conhecimentos não é possível levar a cabo tal realização.
Como ponto inicial para a consumação de tão elevado objetivo, a Logosofia ilustra a inteligência acerca da conformação mental-psicológica que habilita o ser humano para satisfazer o objetivo – tantas vezes mencionado e jamais alcançado – de conhecer-se a si mesmo. Precisamente nesse conhecimento se condensa a ciência do aperfeiçoamento, desde o instante em que o homem, enfrentando as partes perfectíveis do ente moral e psicológico que configura seu ser físico e espiritual, dispõe-se a superá-las.
O desenvolvimento dessa possibilidade é impulsionado pela força renovadora e construtiva do método logosófico, no cumprimento das altas realizações conscientes que o magno processo de evolução exige.
O processo de evolução consciente transforma a vida e a enriquece progressivamente
A fonte da sabedoria logosófica não está vedada a ninguém, mas não se chega a ela senão pelo avanço gradual nesse processo que exige ser cumprido com toda a exatidão e em que o esforço é compensado com o eflúvio das grandes verdades que chegam até o homem na proporção de seus merecimentos.
O fato, registrado pela história do mundo, de aparecerem grandes espíritos – não precisamente escalando as elevadas regiões, mas delas descendo para ajudar o avanço da humanidade – não prova uma exceção à regra. Basta-nos saber que o mecanismo mental-psicológico do homem, perfeito em sua concepção original, mas travado pela ignorância do respectivo dono acerca de tão admirável sistema, pode ser restituído à normalidade de seu funcionamento e alcançar essas prerrogativas, o que se revela na dimensão das concepções da inteligência, na força incontível da palavra, na vastidão da sabedoria, no exemplo da própria vida.
“Logosofia-Ciência e Método”, pág. 33, de Carlos Bernardo González Pecotche

SERÁ A ANOMIA?

Há poucos dias, quando um político nacional falou que o Brasil passa por uma anomia, poucos deram atenção ao termo, ou por não saberem o seu significado, ou por  situarem-no num dos vazios retóricos que dominam o País. Mas, é uma noção importante e necessária saber a que se refere, pois está vinculado exatamente ao momento pelo qual o Brasil passa. ANOMIA  é o enfraquecimentos das normas, ou a a ausência delas, numa sociedade, levando à desorganização social e, consequentemente, possibilitando ocasionar a desordem total. A consequência primeira de um estado de anomia é a falta de objetivos nacionais, quando muitos interesses de sobrepõem, mesclando-se desordenadamente, pois não há liderança capaz de trazer à razão a sociedade.
Parece estarmos vivenciando a proximidade de uma situação caótica e é a esse estado que o Editorial do Estão faz referência. Vale a pena a leitura.

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Uma questão de liderança
O Estado de S. Paulo, 28 Maio 2017

Uma crise como a desencadeada no dia 17 não deveria impor à opinião pública um sentimento forte de desconfiança em relação à coisa pública ou ao mundo político.
Quando se veiculou, no dia 17 de maio, a versão de que havia um áudio no qual o presidente Michel Temer teria dado anuência à compra do silêncio de Eduardo Cunha e de Lúcio Funaro, foi pelos ares a relativa estabilidade que o País vivia nos últimos meses e que começava a mostrar seus resultados. A crise política voltou forte e arrastou os primeiros indícios de recuperação econômica. Ainda que a divulgação da gravação, no dia seguinte, tenha mostrado que não havia a propalada anuência presidencial, o estrago estava feito e o País, uma vez mais, se via enredado em discussões sobre a governabilidade.
A crise nascida no dia 17 de maio expôs velhas e novas feridas nacionais: a atuação açodada do Ministério Público, com a conivência do Poder Judiciário, os benefícios imorais e ilegais concedidos ao chefe de uma operação criminosa – que ainda ganha dinheiro com o vazamento de sua delação –, as relações espúrias do mundo político com o dinheiro privado, as desastrosas consequências morais e econômicas da política lulopetista dos campeões nacionais, com o completo desvirtuamento da finalidade do BNDES, entre outras mazelas.
Uma crise como a desencadeada no dia 17 não deveria impor à opinião pública um sentimento forte – e talvez definitivo – de desconfiança em relação à coisa pública ou ao mundo político. Afinal, é da natureza das crises expor, sem maiores pudores, as deficiências nacionais, o que, por sua vez, mostra ser absolutamente necessário olhar além da superfície o cenário político e administrativo. Tal atitude serena não é igual a jogar a sujeira para debaixo do tapete ou desviar os olhos da atuação imoral de políticos, funcionários e empresários. O que é preciso fazer, para o encaminhamento de uma solução pertinente para a crise, é ter uma clara noção da situação, uma visão nítida de para onde se pretende conduzir o País e um balanço realista dos meios de que se dispõe para tanto.
Sem isso, não se vai a lugar algum. O mundo real impõe limitações e a política é sempre a arte do possível, dentro do estrito respeito às regras do jogo democrático.
Um dos pontos que a atual crise mais evidencia é a completa ausência de lideranças políticas prontas para dar as respostas rápidas e eficientes que o momento exige. É fácil achar incendiários ou oportunistas. Difícil é encontrar quem, capaz de formular um diagnóstico realista sobre a situação nacional, também possa articular caminhos e soluções viáveis, constitucionais, para destravar o País. Não se confunda a deficiência que acabamos de apontar com qualquer dificuldade para encontrar possíveis nomes para uma eventual substituição de Michel Temer. No momento, esse é um falso problema. O posto presidencial não está vago. Referimo-nos a um problema mais estrutural e prévio à apresentação de nomes e candidaturas: a carência de lideranças capazes de fazer política, na melhor acepção do termo.
Há, sem dúvida, pessoas experientes, que conhecem o funcionamento do Congresso, do Poder Executivo e – o quanto é possível saber – das leis e do Judiciário. O que faz falta são lideranças capazes de projetar o País para o futuro, de pensar estrategicamente. Pessoas que vislumbrem novos horizontes e, como se escreveu nesse espaço há não muito tempo, possam “aglutinar sentimentos, representar vontades, promover consensos e levar adiante projetos que ultrapassem os interesses particulares”.
O momento que o País atravessa é realmente delicado, e o risco advém não tanto de eventual tibieza do governo. O principal perigo é que a atual crise aprofunde a desconfiança da população em relação à política e leve a um distanciamento dela ainda maior de jovens talentos. Essa descrença, tornada crônica, inviabilizaria a governabilidade, não só de agora, mas do futuro. É isso que cumpre evitar, antes de mais nada.
Não é das tarefas mais difíceis falar mal atualmente da política nacional. São muitas, evidentes e graves as suas falhas. É preciso, sem dúvida, analisá-las a fundo, descobrindo suas causas e propondo correções. O que não se pode nem se deve fazer é usar as dificuldades e as mazelas atuais para levar a população a fugir da política, seja alimentando sentimentos que vão da repulsa à indiferença, seja fabricando messiânicas e utópicas soluções.
Terá o Brasil líderes capazes de levar avante essa tarefa?

FUSÃO OU FISSÃO

O corrupto e o corruptor, também poderia ser o corruptor e o corrupto, pois há o momento em que o primeiro corrompe o segundo e, vice versa, quando o corrupto corrompe o corruptor, ao exigir pagamentos ilícitos deste. São, afinal, xifópagos que se fundem ao longo de um processo, ou já nascem assim, como se fosse fissão, quando ocorre o processo de QI, com grandes empresas indicando alguém para determinado cargo, para o fim do desvio com interesse particularizado.
No texto, Ruy Castro foi preciso ao classificar a classe vil, certamente correlacionando com os eventos recentes, onde o BNDES tem papel primordial. Só que a linda Maria Sílvia deu o golpe, saiu, deixando no ar muitas perguntas que o Governo terá de responder. Todas elas embutidas nas denúncias antigas e recentes envolvendo o Banco e que, jogadas para a Presidente resolver no interesse de um lado só, claro!, não foram adiante. Mas, ela não não entrou nesse circuito. 



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O corrupto e o corruptor
por Ruy Castro, na Folha, de 27/05/2017
Agora que estávamos nos acostumando à figura do corrupto —afinal, há séculos convivemos com ele—, eis que surge um novo animal na floresta: o corruptor. E em alto estilo: enorme, viscoso, tentacular, falando de cifras com que nunca sonhamos e com uma naturalidade que escancara para nós, de repente, toda a nossa inocência.
Com que, então, os milhões e bilhões que só conhecíamos por ouvir falar existem de verdade e não como papéis simbólicos, trocados por bancos e governos. Apesar do volume, são moeda corrente entre pessoas reais e circulam em malas, mochilas, meias e depósitos no Exterior, ou na forma de barcos, joias, sítios, tríplexes, aeroportos. A cada denúncia, os montantes têm sido de tal ordem que nos arriscamos a ficar blasés: “Mas como, tanto barulho por R$ 5 milhões? Ainda se fossem dólares…”.
Enfim, se o corrupto não é novidade, nada mais fascinante nos últimos tempos do que nos defrontarmos com o corruptor —o que nos tem sido oferecido à larga pelas gravações da Lava Jato. Desse espetáculo, que supera qualquer reality show, pode-se inferir algo sobre a personalidade de ambos.
O corruptor tem desprezo pelo corrupto. Olha-o de cima para baixo, trata-o pelo primeiro nome ou pelo diminutivo, ignora a liturgia, marca local, dia e hora da visita ou chega sem avisar —claro, se é ele quem paga as contas, presta-se gostosamente aos achaques e compra políticos como se fossem bananas. O corruptor vai às compras com uma longa lista: transferências de fundos públicos, medidas provisórias, primazia em concorrências, isenção de impostos, empréstimos em bancos oficiais. O corrupto avia esses pedidos e, em troca, leva o seu. Mas o ganho do corrupto é pinto se comparado ao do corruptor.
Desprezado pelo corruptor, só resta ao corrupto, em troca, nos desprezar.

"BABY BOOMER", COM ORGULHO!

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