O HOMEM RATO


É isto, o que analisa o texto abaixo! Normalmente, falta estrutura pessoal para saber se posicionar no meio em que vive. Normalmente, ainda, administra-se a conduta por estereótipos, por padrões que foram convencionados aleatoriamente, ou, simplesmente, por modismos, num movimento de seguir a manada comandada por "iluminados" palestrantes ou consultores. Então, o que falta, mesmo, é estabilidade emocional para esses chefes terem coragem de assumir o fator empatia com o orientador das ações e das decisões no grupo. A leitura do texto termina com uma fábula de Millor.
Boa leitura!
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Chefe é chefe – uma reflexão fabulosa!

Um dos fundadores da sociologia, o economista alemão Max Weber, conceitua o poder como sendo toda a probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, obstante qualquer resistência e independentemente do fundamento dessa probabilidade.
 Um dos exemplos mais simplórios e também um dos mais anacrônicos do exercício do poder está manifestado no membro administrativo de algumas corporações, com grau hierárquico executivo identificado simplesmente como “o chefe”.
“O chefe” é o personagem muitas vezes caricato que, encarnando o detentor de alguma forma de poder, tem muitas vezes seu grau de hierarquia oficializado por títulos sugestivos, tais como coordenador, gerente, diretor, supervisor, etc.
Independentemente do título, ser chefe é ter acesso privilegiado às informações e às decisões, e também a outros instrumentos administrativos que viabilizam o exercício desse poder, tais como a promoção e a demissão de seus subordinados, por exemplo.
No Brasil das corporações anacrônicas é comum se ouvir nos bastidores:

- O chefe tem sempre razão!
- Manda quem pode – e obedece quem tem juízo!

E por aí vai.
A infelicidade de tal prática, onde chefe é chefe e subordinado é subordinado (sendo a diferença muito nítida também no montante dos salários) geralmente está acompanhada pelo autoritarismo de uma parte e a subserviência da outra.
Talvez uma herança atávica do feudalismo, o exercício do micro poder diário das chefias nos convida a um questionamento filosófico também sobre o exercício diário da ética, que se traduz, na interpretação de muitos filósofos modernos, como sendo simplesmente o exercício da moral.
Muitos chefes possuem um poder circunstancial. Mandam mas não lideram.
E talvez por falta dessa mesma liderança ameacem, intimidem e se transmigrem amiúde na versão tragicômica de pequenos tiranos.
Em síntese: um rato que ruge.
E o que é pior, é que muitos desses chefes tiranos brotaram do plano comum de seus subordinados.
Quando então promovidos simplesmente “mudam de lado”.
Talvez porque na maioria das corporações onde exista um chefe tirano, também existam subordinados que trabalhem direito apenas quando contam com uma “severa” supervisão.
Flagra-se, portanto, a carência de moral, tanto de uma parte como de outra.
Qual é a solução?
Melhorando-se o subordinado, transformando-o em colaborador se melhoraria também a chefia?
Ou trocando-se um chefe por um verdadeiro líder, a coisa toda mudaria de figura?
Será?
Ou é do indivíduo que temos de falar – antes de mais nada?
Para concluir este artigo e suscitar essa fabulosa reflexão – quero apresentar aqui minha releitura recorrente de uma das “Fábulas Fabulosas” de Millôr Fernandes:

“O rato que tem medo”
A história é bem simples. Um rato que depois de muito sofrer pede para um grande mágico transformá-lo em um gato. Não suportava mais ser perseguido e intimidado.
Nem bem foi transformado, ironicamente, passou a perseguir todos os ratos que encontrou. Porém, com inédita crueldade e efetiva precisão. Afinal conhecia com propriedade o modus operandi destrutivo dos ratos.
Viveu satisfeito até encontrar um cão – que então o persegue.
Implora mais uma vez para que mágico o transforme, dessa vez em um cão, e assim, por efeito da magia vai subindo sucessivamente a escala zoológica até chegar na iminência de ser transformado em ser humano.
Nessa passagem, o mágico, numa peripécia o transforma novamente num rato.
- Mas por que voltei a ser rato?  – pergunta o animal, transbordando frustração.
É com a sabedoria típica das fábulas que o Grande Mágico responde:
- De que adiantaria para o mundo mais um Homem com “coração de rato”!


O OUTRO LADO DA PROPAGANDA OFICIAL: A REALIDADE


Extraí a informação e o comentário correspondente, da coluna diária do César Maia. Não vejo o tema com a mesma acuidade dele, pois não sou da área e não me dedico a buscar esse tipo de dado. Agora, lendo a sua análise e observando a tabela anexa, do IBGE, órgão governamental, portanto, a identificação da má intenção da propaganda governamental que circula por aí, salta aos olhos. Sugiro acompanhar!

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PRIMEIRO DE MAIO: NÚMEROS DO IBGE (MARÇO-2013) DE EMPREGO MOSTRAM QUE NÃO HÁ NADA A COMEMORAR! É UMA TAXA IBÉRICA!
    
1. Este Ex-Blog tem insistido que o IBGE não mede taxa de desemprego, mas taxa de desocupação. Os jornais insistem em chamar de taxa de desemprego. Já o Jornal Nacional, na sexta-feira, chamou corretamente de taxa de desocupação. A diferença é que quando a ocupação é precária não é considerada emprego. Alguns países chamam de emprego precário. Os números do Brasil, nesse sentido, são iguais aos do Paraguai, por exemplo: 5% de desocupação e 20% de ocupação precária.
    
2. Vejamos os números do IBGE de março de 2013: PEA –população economicamente ativa- 24 milhões 295 mil. / Pessoas Ocupadas: 22 milhões 922 mil. / Pessoas Desocupadas: 1 milhão 373 mil. Taxa de Desocupação 5,7%.
    
3. Vamos aos números da Ocupação Precária. Pessoas Marginalmente Ligadas a PEA: 713 mil / Pessoas Subocupadas por Insuficiência de Horas Trabalhadas: 413 mil / Pessoas Ocupadas com rendimento por hora menor que o salário mínimo por hora: 3 milhões 533 mil / O IBGE informa essas taxas: 2,9% + 1,8% + 15,4% = 20,1%.
    
4. Ou seja, os Desocupados e os Ocupados Precariamente que constituem a efetiva Taxa de Desemprego representam 5,7% + 20,1% = 25,7% da PEA.  Essa é a Taxa de Desemprego efetiva. Ibérica!
    
5. Outros dados do IBGE que reforçam a precariedade do emprego no Brasil. Pessoas que saíram do trabalho no período de 365 dias: 2 milhões e 36 mil. Dividamos pela População Ocupada, ou 22 milhões e 922 mil = 8,9% que é a rotatividade anual no emprego.
    
6. Mais um dado: Pessoas Ocupadas, mas procurando outro emprego nos últimos 30 dias: 2,2% ou 534 mil.
    
7. E, finalmente, atenção: Pessoas Empregadas no Setor Privado, mas Sem Carteira Assinada: 2 milhões 250 mil ou 9,8% das Pessoas Ocupadas.
    
8. São números que mostram o que está por trás da propaganda governamental que fala de baixa taxa de “desemprego”. É altíssima, é ibérica, é espanhola, pois alcança 25,7%.
   
9. Veja você mesmo a tabela do IBGE

AINDA HÁ ESPERANÇA


Às vezes, somos obrigados a mudar de opinião, num mesmo dia. É o que faço, ao ler a entrevista com Osmar Terra. Não "tátudodominado", não! Ainda há resistência dos bons.
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Entrevista (à revista VEJA)
Osmar Terra: 'Traficante é um homicida que mata várias pessoas ao mesmo tempo'
Projeto de deputado do PMDB gaúcho que poderá ser votado na quarta-feira iguala pena para traficantes ao crime de homicídio; parlamentar também defende mais rigor na punição da posse de drogas no combate ao vício
Marcela Mattos, de Brasília
"Se disser que não é crime, a pessoa vai andar com a droga no bolso, e o número de usuários vai se multiplicar muito rápido. Tem que dizer que é crime e que tem pena"
Na esteira dos esforços para conter o avanço do consumo de drogas no Brasil, um projeto de lei que poderá ser votado na próxima quarta-feira pela Câmara dos Deputados endurece a pena para traficantes como um caminho para frear o comércio e, consequentemente, o consumo de entorpecentes no país. Pela legislação atual, o tráfico de drogas é punido com cinco a quinze anos de prisão e multa. A proposta do deputado federal Osmar Terra (PMDB-RS) aumenta o tempo mínimo para oito anos de prisão e, nos casos com agravantes, como a fabricação da droga, permite aplicação de pena máxima prevista para o crime de homicídio: vinte anos. “O traficante pode não ser um homicida que dá um tiro, mas ele está matando um monte de gente ao mesmo tempo”, compara.
O deputado, que é médico, sugere penas mais duras para flagrantes de usuários de drogas: de seis meses a um ano de trabalho comunitário - atualmente são cinco meses. No caso de reincidência, de um a dois anos, ante os dez meses atuais. O projeto de Terra recebeu apoio dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil), o que deverá facilitar a aprovação no Congresso.
Leia a seguir trechos da entrevista ao site de VEJA.
O senhor é criticado por propor mais rigor na punição do usuário flagrado com a droga, mesmo para consumo pessoal. A legislação atual é frouxa nesses casos? A legislação atual até pune, mas temos de ser mais rígidos. Esse período maior [de pena] é para dizer que é crime e que não é para fazer de novo. Se disser que não é crime, a pessoa vai andar com a droga no bolso, e o número de usuários vai se multiplicar muito rápido. Tem que dizer que é crime e que tem pena. O usuário está cometendo um ato ilegal, que o prejudica, e ele vai ter a oportunidade de fazer uma reflexão.
No projeto, a pena máxima para traficantes se iguala a do homicídio. A gravidade desses crimes pode ser comparada? Eles são homicidas. Vinte e cinco por cento dos usuários de crack morrem nos primeiros cinco anos, segundo dados da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). O traficante pode não ser um homicida que dá um tiro, mas ele está matando um monte de gente ao mesmo tempo. Os meninos vão morrendo. Morrem de aids, de problemas pulmonares, de hemorragia cerebral e também de morte violenta. E todos são jovens, não morreriam se não fossem dependentes de droga. Então, não é uma pena exagerada.
O projeto prevê, após o primeiro flagrante, que o usuário não poderá frequentar determinados lugares e impõe restrição de horários. Para evitar o dano e os desdobramentos que a droga causa, a saída é a abstinência. É proposta uma série de medidas restritivas que não significam a prisão, mas são para constranger o usuário, para dizer que o que ele está fazendo não é uma coisa lícita.
Por que para o usuário pego com droga o projeto mantém pena mais branda? Porque o usuário é doente, está precisando de atendimento. Se ele não está viciando outros, é mais importante dar cuidados de saúde do que pena de prisão.
Em quais casos seria necessária a internação involuntária? Nós tiramos no projeto a internação compulsória, pois ela pressupõe um processo judicial e uma decisão do juiz. Isso já está na lei hoje, mas só vale quando a pessoa representa um risco social. Então demora muito, e poucos são internados por decisão do juiz. No caso da internação involuntária, a pedido da família, o médico avalia o caso e pode determinar a internação, sem precisar de juiz. Isso vai antecipar o início do tratamento. Como 90% dos meninos não se tratam voluntariamente, no caso do crack, isso pode colocar uma parcela muito maior para ficar em abstinência inicial.
Por que o projeto pune os gestores que não cumprirem as determinações básicas? Porque hoje é um jogo de empurra. Vamos falar com um prefeito e ele diz que é da responsabilidade do governo do estado. Vai falar com o governo do estado e diz que é a prefeitura, que reclama que o governo federal não ajuda. Aí ninguém faz. O projeto redefine as responsabilidades, determinando o que municípios, estados e governo federal têm de fazer. Quem não cumprir essas regras será responsabilizado administrativamente, até com perda da função.
O que o projeto traz de novo para a recuperação dos dependentes químicos? Estou propondo que se acrescentem as comunidades terapêuticas à rede dos Caps. Hoje existem mais de 2.000 comunidades terapêuticas pelo Brasil, com cerca de 60.000 vagas que não são usadas. Os Caps foram criados para atender casos de transtorno mental, mas resolveram que eles podem atender também a dependência química – mas é um fracasso. Eles não têm protocolo, não tem uma organização articulada entre si e a maioria das pessoas trata a questão da dependência química como uma opção. As pessoas vão ali e voltam para a boca de fumo. Nas comunidades os usuários ficam em abstinência prolongada, afastados até da família. Lá terão um programa de ressocialização, com empresas ou com o próprio governo estabelecendo um número de vagas. Além disso, tem de ter acesso a lazer, esporte e cultura.
A ideia é aproximar o governo dessas comunidades? É trazer esse trabalho para a formalidade. É criar regras para ele. A Anvisa já determina o que uma comunidade terapêutica deve ter, e o governo estabelece protocolos de atendimento. Mas a verdade é que não tem protocolo para nada. Já ouvi uma psicóloga do Caps dizer que é uma bobagem classificar o crack como uma epidemia e que a pessoa pode fumar uma pedrinha de vez em quando em alguns casos. Eles não fazem nenhum esforço para tirar a pessoa da dependência. O Ministério da Saúde não cria protocolo, não cria nada. A orientação, nesse ponto, realmente deixa muito a desejar. É um discurso bonito, filosófico e humanitário, mas, na prática, eles vão filosofando e os meninos vão morrendo.
O senhor faz críticas duras ao serviço atual. É totalmente ineficaz. Eles não sabem lidar com o problema. O crack transtornou tudo, criou um transtorno mental coletivo. A avalanche do crack, a forma epidêmica que ele se propagou, desorganizou tudo. Ninguém estava preparado para isso. Os Caps funcionam para outros transtornos. Mas, para o crack, não.
Qual o valor estimado para arcar com os gastos previstos no projeto e de onde viriam esses recursos? É necessário aumentar muito a rede. A Dilma [Rousseff, presidente], quando lançou o programa “Crack, é possível vencer”, estimou em 4 bilhões de reais os gastos para os dois anos seguintes. Eu acho que deveria ser 4 bilhões por ano – e ainda assim não sei se resolveria para reduzir a demanda. A gente tinha proposto que a taxa de imposto cobrada do álcool e do cigarro fosse para o programa de drogas. É um volume grande, daria uns 8 bilhões de reais, mas o governo está resistente.
Quando o texto deve ir a plenário? O senhor acha que haverá resistência dos parlamentares? Vamos votar o mérito no dia 8 de maio. Há cerca de dois meses foi aprovada a urgência no plenário. A turma a favor da legalização foi contra, não queria votar. Mesmo assim obtivemos 344 votos favoráveis contra seis. Isso já mostra mais ou menos o ânimo que está a Casa. Nós estamos procurando diminuir a resistência do governo. A conversa com a ministra Gleisi Hoffmann foi boa. Ela disse que é contra a descriminalização, a favor das unidades terapêuticas e de tudo do projeto. Sobre as penas, ela disse que deveria conversar com o ministro da Justiça, porque as prisões estão lotadas. Acho que estamos chegando a um consenso. O governo também não pode segurar muito tempo, pois a pressão é da sociedade.

NÃO TEM MAIS JEITO!


É!, não tem mais jeito. " TUDO DOMINADO".
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Tribunal ignora mensalão e aprova contabilidade do PT
Justiça Eleitoral descartou investigação sobre dinheiro repassado por Valério
TSE levou cinco anos para tomar decisão sobre contas do partido no ano em que esquema começou a funcionar
RUBENS VALENTEANDREZA MATAISDE BRASÍLIA
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aprovou as contas de 2003 do diretório nacional do PT e analisa uma recomendação para aprovar as de 2004, desprezando irregularidades que o processo do mensalão apontou nas finanças do partido nos dois anos.
Para que isso ocorresse, o tribunal concentrou sua análise na contabilidade do partido e deixou de lado mais de R$ 58 milhões movimentados fora dos seus livros, cujo destino foi dissecado nas investigações que levaram à condenação de vários ex-dirigentes petistas no julgamento do mensalão, no ano passado.
Apesar da aprovação das contas, os processos seguem abertos porque o PT recorreu de multas aplicadas por causa de outras irregularidades.
A decisão que aprovou as contas de 2003 foi dada pela ministra Cármen Lúcia em junho de 2010, no início da campanha presidencial daquele ano. O despacho foi registrado semanas depois no Diário de Justiça eletrônico.
Ao contrário do que é costume no TSE, não houve nesse caso nenhuma divulgação da decisão para a imprensa.
A ministra impôs, porém, multa de R$ 180 mil ao PT, por falhas na aplicação de recursos do Fundo Partidário.
Os partidos têm que prestar contas ao TSE uma vez por ano, entregando documentos sobre sua contabilidade e comprovantes de seus gastos.
Em caso de rejeição das contas, o TSE pode suspender os repasses do Fundo Partidário, que é formado por dinheiro público e é hoje uma das maiores fontes de recursos dos partidos políticos brasileiros. O PT recebeu R$ 53 milhões do fundo em 2012.
O esquema do mensalão funcionou do início de 2003 a junho de 2005. No julgamento do ano passado, o Supremo Tribunal Federal concluiu que ele foi alimentado porempréstimos bancários fraudulentos e recursos desviados do Banco do Brasil e da Câmara dos Deputados.
Em 2003, o PT recebeu R$ 5,4 milhões dos bancos Rural e BMG. Em 2003 e 2004, agências de propaganda do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, o operador do esquema, receberam R$ 58,2 milhões em empréstimos, mais R$ 77,8 milhões que teriam sido desviados do Banco do Brasil e da Câmara.
O dinheiro foi distribuído por Valério a políticos indicados pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares, mas ao analisar as contas do partido o TSE só considerou as entradas e saídas da contabilidade do PT.
No processo de 2004, uma nota da área técnica do tribunal deixou isso explícito: "Não foram objeto de análise quaisquer movimentações de recursos não declarados, apesar de constar na denúncia irregularidades financeiras, importando inclusive em práticas de movimentações de recursos à margem da contabilidade e das contas bancárias oficiais do partido, [...] bem como do resultado da apuração da CPI dos Correios [que investigou o mensalão]".
A área técnica pediu a aprovação com ressalvas, após rever um parecer que havia recomendado a rejeição das contas. O então ministro Hamilton Carvalhido estabeleceu multa de R$ 424 mil por mau uso do Fundo Partidário. O PT recorreu da multa.
No processo de 2003, os técnicos também mudaram de opinião. Por três vezes, pediram a rejeição das contas, mas depois aceitaram as explicações do partido para algumas falhas e aprovaram as contas do PT com ressalvas.
O resultado dos processos de 2003 e 2004 contrasta com o das contas de 2005. Neste caso, os técnicos encarregados se valeram de investigações da Receita Federal e da CPI dos Correios para propor a rejeição das contas do PT.
O parecer foi aprovado pelo TSE no ano passado. A decisão, que levou à suspensão dos repasses do Fundo Partidário para o PT por um mês, foi divulgada pelo tribunal.
O PP, um dos partidos que recebeu recursos do mensalão, também teve suas contas de 2003 aprovadas. As contas do antigo PL, hoje PR, foram rejeitadas pelo tribunal.

A FOSSA SEM TAMPA



O João Ubaldo abriu a fossa; tirou-lhe a tampa. O resultado? Expôs o fedor da vida nacional, regimentada por um regime, este sim, permanentemente golpista, por que vive em constante busca de meios para suplantar a Democracia e ferir a República, utilizando meias-verdades para elaborar sua propaganda, ao final enganosa. A melifluidade de que se utiliza o regime para a construção enganosa é tão sutil, mas tão sutil, que, muitas vezes, modifica costumes sociais, constrói jurisprudência e desconstrói biografias.
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Governantes e governados - JOÃO UBALDO RIBEIRO (O GLOBO - 05/05)

Essa capadoçagem burra, arrogante e irresponsável, tentada no Congresso Nacional, para intimidar e desfigurar o Poder Judiciário, mostra de novo como somos atrasados. Antigamente, éramos um país subdesenvolvido e atrasado. Fomos promovidos a emergente — embora volta e meia me venha a impressão de que se trata de um eufemismo modernoso para designar a mesma coisa — e continuamos atrasados. Nosso atraso é muito mais que econômico ou social, antes é um estado de alma, uma segunda natureza, uma maneira de ver o mundo, um jeito de ser, uma cultura. Temos pouco ou nenhum espírito cívico, somos individualistas, emporcalhamos as cidades, votamos levianamente, urinamos nas ruas e defecamos nas praias, fazemos a barulheira que nos convém a qualquer hora do dia ou da noite, matamos e morremos no trânsito, queixamo-nos da falta de educação alheia e não notamos a nossa, soltamos assassinos a torto e a direito, falsificamos carteiras, atestados e diplomas, furamos filas e, quase todo dia, para realçar esse panorama, assistimos a mais um espetáculo ignóbil, arquitetado e protagonizado por governantes.

Que coisa mais desgraciosa e primitiva, esse festival de fanfarronadas e bravatas, essa demonstração de ignorância mesclada com inconsequência, essa insolência despudorada, autoritária, prepotente e pretensiosa. Então a ideia era submeter decisões do Supremo Tribunal Federal à aprovação do Congresso, ou seja, na situação atual, à aprovação do Executivo. E gente que é a favor disso ainda tem o desplante de lançar contra os adversários acusações de golpismo. Golpismo é isso, é atacar o equilíbrio dos poderes da República, para entregar à camarilha governista o controle exclusivo sobre o destino do país. Até quem só sabe sobre Montesquieu o que leu numa orelha de livro lembra que o raciocínio por trás da independência dos poderes é prevenir o despotismo. Se eu faço a lei, eu mesmo a executo e ainda julgo os conflitos, claro que o caminho para a tirania está aberto, porque posso fazer qualquer coisa, inclusive substituir por outra a lei que num dado momento me incomode.

Hoje, muito tempo depois de Montesquieu, sistemas como o vigente nos Estados Unidos, cujas instituições políticas plagiamos na estruturação da nossa república, dependem de um equilíbrio delicado e sutil, o qual pressupõe uma formação cívica e cultural que nosso atraso nos impede de plagiar também. Uma barbaridade desse porte é praticamente impossível acontecer por lá. E isso se evidencia até no comportamento e nas atitudes de todos. Nenhum deputado americano iria blaterar contra a Suprema Corte e investir contra a integridade do Estado dessa forma. E nenhum dos magistrados sai, como aqui, dando entrevistas em toda parte e tornando-se figurinhas fáceis, cuja proximidade induz uma familiaridade incompatível com a natureza e a magnitude dos cargos que ocupam, intérpretes supremos da Constituição, última instância do Estado, capaz de selar em definitivo o destino de um cidadão ou até da sociedade. Quem já presenciou a abertura de uma sessão da Suprema Corte, em Washington, há de ter-se impressionado com a solenidade majestosa do ato e com a aura quase sacerdotal dos juízes. Aqui, do jeito que as coisas vão, chega a parecer possível que, um dia destes, a equipe de um show de televisão interrompa uma sessão do Supremo para entrevistar os ministros, com uma comediante fazendo perguntas como “que é que você usa por baixo da toga?” e Sua Excelência, olhando para o decote dela e depois piscando para a câmera, dê uma gargalhadinha e responda “passa lá em casa, que eu te mostro”.

Soberana, entre as nossas manifestações de atraso, é a importância que damos à televisão. Não conheço outro país onde visitas apareçam exclusivamente para ver televisão na companhia dos visitados, ou onde se liga a televisão na sala e ninguém mais conversa. Hoje está melhor, mas, antigamente, o sujeito era convidado para dar uma entrevista e todos os funcionários da estação ou da produção o tratavam como se ele estivesse recebendo uma dádiva celestial. Do faxineiro à recepcionista, todos eram importantíssimos e eu mesmo já me estranhei com alguns, um par de vezes. A televisão é tudo a que se pode ambicionar, todas as moças querem ser atrizes de novelas, a fama é aparecer na televisão, quem aparece na televisão está feito na vida. Briga-se por tempo na televisão, ameaça-se o regime por causa de tempo na televisão e avacalha-se a imagem das instituições através dos que parecem sempre ansiosos por aparecer na televisão. Em relação aos ministros do Supremo, creio que todos os dias pelo menos uns dois deles se exibem em entrevistas. Houve a questão do mensalão, mas a moda e o costume já pegaram e qualquer processo no Supremo que venha a ter grande repercussão vai gerar novas entrevistas, pois ministro também é filho de Deus e, se não houvesse seguido a carreira jurídica, teria sido personalidade da televisão.

Quanto aos governados, as chances de aparecer na televisão são escassas e talvez o mais recomendável seja não ambicioná-las, porque isso pode significar que teremos sido assaltados ou atropelados, ou vovó esticou as canelas depois de quatro dias numa maca na recepção de um hospital vinculado ao SUS, ou já viramos presunto. Temos os nossos representantes, que podem representar-nos também aparecendo na televisão, são o nosso retrato. Continuam a caber-nos as duas certezas que Benjamin Franklin via na vida: death and taxes, morte e impostos. Nossas oportunidades de morte são amplas e diversificadas, de bala perdida a dengue. Em relação aos impostos, estamos a caminho do campeonato mundial. E, finalmente, contamos com o consolo de saber que todo poder emana do povo e em seu nome será exercido. Ou seja, pensando bem, não temos de quem nos queixar.

ORA, PARTIDOS POLÍTICOS!



As palavras da escrita abaixo doem muito para o verdadeiro cidadão brasileiro. Verdadeiro, porquê comprometido com os rumos da Nação. Há, claro, a quase totalidade dos 200 milhões que somos, que pouco se importam com o pensamento e a ação daqueles em quem votamos. Tudo isso porque elegemos alguém que está a centenas ou milhares de quilômetros distantes de nós e nada conhece da nossa realidade e nós mal o conhecemos. Ou, ainda, está no parlamento, praticamente sem votos, levado pela legenda, e em razão de votação torrencial destinada a determinado candidato. Pior do que isso, temos senadores "biônicos", pois não receberam um voto sequer e lá estão por terem sido "suplentes".  Votamos em candidatos sem compromisso mútuo e nada recebemos das ideias e das propostas parlamentares por que, primeiramente, estas não são geradas por mentes vazias e, segundamente, por que não lhes interessa trabalhar, mas, apenas, participar de negociatas que lhes favoreçam monetariamente. O texto, lembrando que ninguém discute os temas candentes atuais e, portanto, não sugere propostas, pensando o País do futuro, faz-nos alertas sobre como somos levados a comprovar a frase da música de Zé Ramalho: "vida de gado, povo marcado, povo feliz".
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Procuram-se partidos
“É cada dia maior o hiato entre as cúpulas partidárias e a realidade brasileira, o comando pragmático da política e a produção crítica acadêmica. Os grandes temas ficam para as elites privadas e suas instituições”

 
Lendo as notícias dos principais jornais do país e as publicações doIBGE, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), sobretudo os dados especializados em economia, indústria, importação, exportação, ciência e tecnologia, tenho a impressão de que vivemos dois mundos na política brasileira. O primeiro, árido, acadêmico, denso, aparentemente distante do cotidiano da maioria do eleitorado, mas que carrega informações e dados essenciais para a tomada de decisões pelos agentes públicos e privados. O segundo mundo é o do vale-tudo político, do varejo, das negociações pragmáticas, da barganha pelos cargos no governo, da apelação preconceituosa, da busca do voto a qualquer preço. Tudo isso com uma pitada de boa publicidade, sob a regência de eficientes marqueteiros.
Diante desses mundos, pergunto-me como transitam os atuais partidos políticos existentes no país, em especial os chamados grandes e aqueles de esquerda? Todo partido pode ter, mantida com verbas do fundo partidário, uma fundação de estudos que deve subsidiar os debates e as decisões partidárias. O que se percebe, contudo, é que esses organismos funcionam de forma autônoma em relação às direções dos partidos. Suas vidas, seus estudos e publicações, quando muito, servem para enfeitar o discurso e a vitrine das agremiações às quais são vinculados. Na prática, os partidos não discutem para valer os temas do primeiro mundo acima referido. Na maioria das vezes, seus dirigentes preparam discursos para os programas partidários regularmente exibidos na mídia.
Alguém conhece alguma resolução recente, pelo menos da crise de 2008 até hoje, de algum partido, sobre os rumos das políticas monetária, creditícia e cambial, adotados pelo governo federal desde então? Alguém viu ou participou de entrevista coletiva da cúpula de algum partido político, na qual a agremiação expôs sua análise sobre os números das importações e exportações? E sobre o peso das commodities agrícolas e minerais versus a participação de produtos manufaturados, de média e alta complexidade em nossas exportações? Algum sinal de avaliação oficial partidária sobre o fracasso do Plano Nacional de Educação (PNE) que vigorou entre 2001 e 2010? Alguém recebeu nota técnica da direção de algum partido com representação no Congresso analisando a gênese da dívida pública brasileira, sua composição, encargos, seu impacto nas contas nacionais? E as limitações que impõem à elevação da taxa pública de investimentos no país? Certamente ninguém leu, viu ou ouviu tais manifestações com a centralidade que mereciam.
Os partidos conservadores, certamente, não teriam muito a dizer, pois, em linhas gerais, concordam com as diretrizes macroeconômicas seguidas pelos governos de 2008 até hoje. Os partidos de esquerda, eis a questão, estão atuando muito mais restritos à máquina pública, à exceção do Psol. O meu partido, o PDT, quando se unificou na votação de matérias importantes em defesa dos trabalhadores, avançou na esquerda, com a sociedade, sem seguir a orientação do governo, mesmo participando da administração federal desde 2007.
É cada dia maior o hiato entre a vida das cúpulas partidárias e a realidade brasileira, o comando pragmático da política e a produção crítica acadêmica veiculada em teses, artigos nas revistas e jornais, publicações, sob a liderança de professores, economistas e pesquisadores com vínculos nas universidades, no Ipea, no BNDES e outras instituições. Na verdade, parece que vivemos a ‘democracia oligárquica’, como afirmou recentemente o professor Luis Gonzaga Belluzzo, em artigo na revista Carta Capital. Os grandes temas e decisões da economia e do desenvolvimento ficam para as elites privadas e suas instituições, para as autoridades monetárias do governo central e alguns poucos manipuladores de informações. Para as instituições eletivas, fica o varejo. Um equívoco.
Na recente convenção nacional do PDT, em março deste ano, pensando mais no país, assinei, com os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Taques (PDT-MT), um documento com reflexões e questionamentos ao governo Dilma. Procuram-se, portanto, partidos que assumam a responsabilidade e façam, em todo o país, o debate sobre rumos, desafios, limites e rupturas que a nação exige para sair das incômodas posições que hoje apresenta em educação, na saúde, nos números da violência contra a infância e a juventude, no baixo investimento público, na tributação regressiva e indireta, na desindustrialização, nos encargos elevados com a dívida pública, nas desigualdades regionais, na ciência e tecnologia, nas exportações de baixo valor agregado e nos demais déficits decorrentes dessa ordem injusta e desigual. Procuram-se. Quem se habilita a sair dos limites e do conforto dos cargos na máquina pública para pensar e redesenhar o país?

ACABEMOS COM A AVALIAÇÃO POR NOTAS


Será que os alunos que, na redação do ENEM, complementaram as suas redações com receita do produto Miojo ou com a letra do Hino do Palmeiras, merecem zero? Por que não lhes dar a nota máxima? Afinal, foram eles os causadores de profundas modificações na qualidade de avaliação da qualidade das escritas! Aliás, mais do que modificar procedimentos e aprofundar os métodos de correção, deram uma lição no Governo que, no começo mentiu, ou pelos menos tergiversou, sobre os erros monumentais do sistema, e, depois, admitiu as incongruências sobre o lamentável ocorrido.
Enfim, o artigo de Stephen Kanitz leva-nos a pensar sobre padrões que estão situados na nossa vida, há tanto tempo que nem mais os questionamos.


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VAMOS ACABAR COM AS NOTAS


 


Vamos Acabar Com as Notas
Quantos alunos tiraram nota zero justamente porque foram criativos ou criativos demais?
Damos notas a hotéis, a videogames e a tipos de café.
Mas faz sentido dar notas a seres humanos como fazem as escolas e nossas universidades?
Ninguém dá a Beethoven ou à Quinta Sinfoniauma nota como 6.8, por exemplo.
O que significa dar uma “nota” a um ser humano?
Que naquele momento da prova, ele sabia x% de tudo o que os professores gostariam que ele soubesse da matéria.
Mas saber “algo” significa alguma coisa hoje em dia?
Significa que você criará “algo” no futuro?
Que você será capaz de resolver os inúmeros problemas que terá na vida?
Que será capaz de resolver os problemas desta nação?
É possível medir a capacidade criativa de um aluno?
Quantos alunos tiraram nota zero justamente porque foram criativos ou criativos demais?
Por isso, não damos notas a Beethoven nem a Picasso, não há como medir criatividade.
Muitos vão argumentar que o problema é somente aperfeiçoar e melhorar o sistema de notas, que obviamente não é perfeito e as suas falhas precisam ser corrigidas.
Mas e se, em vez disso, abolíssemos o conceito de notas?
Na vida real, ninguém nos dará notas a cada prova ou semestre.
Você só perceberá que não está sendo promovido, que as pessoas não retornam mais seus telefonemas ou que você não está mais agradando.
Aliás, saber se você está agradando ou não é justamente uma competência que todo mundo deveria aprender para poder ter um mínimo de desconfiômetro. Ou seja, deveríamos ensinar a autoavaliação. Com os alunos se autoavaliando, dar notas seria contraproducente.
Não ensinamos a técnica de autoavaliação, tanto é que inúmeros profissionais não estão agradando nem um pouco como professores e, mesmo assim, se acham no direito de dar notas a um aluno.
O sistema de “dar” notas está tão enraizado no nosso sistema educacional que nem percebemos mais suas nefastas consequências.
Muitos alunos estudam para tirar boas “notas”, não para aprender o que é importante na vida.
Depois de formados, entram em depressão pois não entendem por que não arrumam um apesar de terem tido excelentes “notas” na faculdade.
Foram enganados e induzidos a pensar que o objetivo da educação é passar de ano, tirar nota 5 ou 7, o mínimo necessário.
Ninguém estuda mais pelo amor ao estudo, mas pelas cenouras que colocamos na sua frente.
Ou seja, as “notas” de fim de ano. Educamos pelo método da pressão e punição.
Quando adultos, esses jovens continuarão no mesmo padrão.
Só trabalharão pelo salário, não pela profissão.
Se o seu filho não quer estudar, não o force.
Simplesmente corte a mesada e o obrigue atrabalhar.
Ele logo descobrirá que só sabe ser menino de recados.
Depois de dois anos no batente ele terá uma enorme vontade de estudar.
Não para obter notas boas, mas para ter uma boa profissão.
Robert M. Pirsig, o autor do livro Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas, testou essa ideia em sala de aula e, para sua surpresa, os alunos que mais reclamaram foram aqueles da turma do fundão.
São os piores alunos que querem notas e provas de fim de ano. Os melhores alunos já sabem que passaram de ano.
Muitos nem se dão ao trabalho de buscar o diploma.
Sem notas, os piores alunos seriam obrigados a estudar, não poderiam mais colar nas provas e se autoenganar.
Provas não provam nada, o desempenho futuro na vida é que é o teste final.
Imaginem um sistema geral de autoavaliação em que os alunos não mais estudariam para as provas, mas estudariam para ser úteis na vida.
Imaginem um sistema educacional em que a maioria dos alunos não esqueceria tudo o que aprendeu no 1º ano, mas, pelo contrário, se lembraria de tudo o que é necessário para sempre.
Criaríamos um sistema educacional em que o aluno descobriria que não é o professor que tem de dar notas, é o próprio aluno.
Todo mês, todo dia, todo semestre, pelo resto de sua vida.
 Publicado na Revista Veja, edição 1955, ano 39, nº 18, 10 de maio de 200
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"BABY BOOMER", COM ORGULHO!

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