MEIO-DIA, Olavo Bilac

Poesia antiga. Tema sempre atual. Enfim, é renovação da vida!
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MEIO-DIA, Olavo Bilac

Meio-dia. Sol a pino.
Corre de manso o regato.
Na igreja repica o sino;
cheiram as ervas do mato.

Na árvore canta a cigarra;
há recreio nas escolas:
tira-se, numa algazarra,
a merenda das sacolas.

O lavrador pousa a enxada
no chão, descansa um momento,
e enxuga a fronte suada,
contemplando o firmamento.

Nas casas ferve a panela
sobre o fogão, nas cozinhas;
a mulher chega à janela,
atira milho às galinhas.

Meio-dia! O sol escalda,
e brilha, em toda a pureza,
nos campos cor de esmeralda,
e no céu cor de turquesa...

E a voz do sino, ecoando
longe, de atalho em atalho,
vai pelos campos, cantando
A vida, a luz, o trabalho! 

"ERAM OS DEUSES ASTRONAUTAS?" (filme)

Este é um filme que recomendo assistir a quem já leu o livro, ou ouviu falar sobre, "ERAM OS DEUSES ASTRONAUTAS?", escrito em 1968 e com primeira edição brasileira de 1969. Mesmo sem conhecer o livro, vale a pena assistir ao documentário. Reconheço que há muitas questões dadas como definitivas e que devem ser creditadas apenas à suposição, mas que são irrespondíveis para A ciência que conhecemos. Acima disso tudo, devemos manter a mente aberta para admitir que não há sentido em pensarmos no mundo e na vida como a sabemos sem que não lhes tenham ocorrido fatos indutores de ordenamento superior aos padrões do conhecimento admitidos pela Humanidade atual. 
No mesmo tom do livro em questão, também recomendo "DEUSES, TÚMULOS E SÁBIOS", do alemão C. W. Ceram, escrito no começo dos 50 e com edição brasileira de 1967. Ainda, não dá para esquecer do magistral livro "O DESPERTAR DOS MÁGICOS", dos franceses Louis Pawels e Jacques Bergier, escrito no início dos 60 e editado no Brasil na década de 70, este com um perfil um tanto mais diferenciado, já que trata também de questões transcendentais da formação da Humanidade.
Enfim, se essas questões inexplicáveis e situadas na penumbra do conhecimento humano interessarem, não custa aproveitar duas horas desses feriados, para formar opinião sobre.


http://youtu.be/ip6xjIk-hVc

DOCUMENTÁRIO SOBRE A REVOLUÇÃO DE 1964

Sem dar importância ao que cada um de nós imagina sobre o período de 21 anos do regime militar, penso ser importante assistir ao vídeo indicado abaixo, pois traz aspectos e imagens pouco conhecidos ou lembrados pela sociedade brasileira que forma a Nação de hoje. Há que ter cuidado nas interpretações do filme, efetuando um esforço para compreender o contexto em que os fatos ocorreram. Apenas como exemplo, há um dos depoentes que, em determinado momento, analisa o que seria, do ponto de vista dele, o absurdo de os militares se dizerem nacionalistas, embora fossem vinculados à vontade do Estados Unidos. Ora, faltou-lhe analisar o outro ponto de vista, aquele que fez deflagrar o movimento revolucionário e que estava levando à instalação, esse sim, de uma ditadura comunista, nos moldes soviéticos e chineses. Então, apesar do apoio estadunidense, o objetivo era evitar a implantação de um modelo sanguinário que, onde implantado, levou ao assassinato de milhões de pessoas.




http://youtu.be/GNkziKTM_nc

CONGRESSO BRASILEIRO EM CÓDIGO DE BARRAS

Nos últimos dias, vi diversas definições para a esbórnia que cerca a compra de parlamentares pelo governo federal. Agora, esta do Josias está insuperável, pois, embora aparentemente elegante, é a mais vergonhosa para esses politiqueiros que "legislam" para os seus bolsos. Pior ainda do que "legislar para os seus bolsos", é a demonstração de incapacidade de PENSAR e COMPREENDER como funciona o processo democrático de uma República  e de como se forma e se consolida uma NAÇÃO.


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Dilma colou um código de barras no Congresso

Josias de Souza
04/12/2014 05:08

Numa sessão encerrada às 4h58 da madrugada desta quinta-feira, após 19 horas de embates, o Congresso Nacional aprovou o texto-base do projeto de lei que autoriza o governo a fechar as contas públicas de 2014 no vermelho. Por ausência de quórum, faltou votar uma emenda ao texto principal. Haverá nova sessão na próxima terca-feira. Mais cinco dias para que os adversários e, sobretudo, os aliados do governo tirem mais algumas lascas da imagem de Dilma Rousseff.
Praticamente concluída, a votação desce à crônica do primeiro mandato de Dilma como uma prova da eficiência do governo. Ele fixou a meta de superávit fiscal, ele mesmo descumpriu a meta e ele mesmo se absolveu, arrancando do Congresso uma lei que o desobriga de cumprir a meta.
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Sessão do Congresso tem socos, tumulto e protestos56 fotos

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3.dez.2014 - A administradora Ruth Gomes de Sá (de óculos), 79, agredida em protesto nas galerias do plenário do Congresso Nacional durante a sessão tumultuada desta terça-feira (2), voltou ao Congresso e diz não querer virar "celebridade". Ela tirou fotos com as pessoas que passavam pela entrada da Câmara e deu mais de 15 entrevistas. Ao ser questionada pela reportagem do UOL sobre por que voltou ao Congresso hoje, Ruth respondeu: "vim quebrar o pau aí" Leia mais Arte/UOL
Para obter do Legislativo a decisão que a livrará de um eventual enquadramento no crime de responsabilidade, Dilma paga um preço. Pelo alto, negocia ministérios com cardeais dos partidos governistas. Na planície, brindou o baixo-clero parlamentar com um decreto liberando R$ 444 milhões em emendas ao Orçamento da União.
Cada deputado e senador passou a dispor de uma mesada de R$ 748 mil para aplicar em obras nos seus redutos eleitorais. Coisa de R$ 11,7 milhões por ano. Tudo isso condicionado à aprovação da manobra fiscal. Foi como se Dilma grudasse no plenário do Congresso um código de barras.
Como se sabe, nem todos os parlamentares estão sujeitos ao suborno. Mas 90% dos quadros do Parlamento dão aos 10% restantes uma péssima reputação. De resto, ao fixar num decreto o valor de cada voto —coisa inédita na história do fisiologismo nacional—, Dilma deixou claro que não faz questão de tirar da nova lei a marca do preço.
Além de rebaixar o teto de um Congresso que não consegue aumentar sua estatura, Dilma ministra um grande ensinamento aos 27 governadores e aos mais de 5 mil prefeitos de todo país: governar é desenhar com borracha. Ficou entendido que a Lei de Responsabilidade Fiscal só vale até certo ponto. O ponto de interrogação. Guiando-se pelo exemplo federal, gestores estaduais e municipais que flertarem com a irresponsabilidade fiscal poderão reivindicar o direito de desfritar um ovo.

"CARTEIRADA", mais uma, de um outro

O quê há por trás de um "carteiraço"? Quase sempre há alguém sem caráter ou um mau caráter. Em muitas outras vezes, essas implicações no caráter são acompanhadas de desvios de personalidade. No caso do juizinho da matéria abaixo, parece haver de tudo o que é ruim, pois, além do "carteiraço", que já uma atitude inaceitável entre os seres humanos, há o registro do breve histórico da sua vida privada, demonstrando facetas negativas do ser, que também é juiz. Ao final, tudo acobertado pela classe à qual pertence.


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Juiz chega atrasado para voo e dá ordem de prisão a funcionários da Tam

Magistratura   |   Publicação em 09.12.14

Camera Press

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Juiz Baldochi

Três funcionários da Tam Linhas Aéreas, que atuam no aeroporto de Imperatriz (MA) foram conduzidos por uma guarnição da Polícia Militar ao plantão central da Polícia Civil na cidade, após receberem ordem de prisão do juiz Marcelo Testa Baldrocai, que atua na comarca da cidade de Senador La Roque, no Maranhão.

Segundo depoimentos prestados pelos funcionários na delegacia, o magistrado ordenou a prisão dos funcionários ao ser impedido de entrar em uma aeronave, minutos após os procedimentos de embarque serem encerrados. Na ocasião, a aeronave ainda não iniciara o taxiamento, mas – conforme os padrões da Infraero – já figurava como “voo encerrado”.

O episódio aconteceu na noite de sábado (6), quando o juiz tentou embarcar em um voo de Imperatriz (MA) para Ribeirão Preto (SP). Segundo o jornal O Globo, “o magistrado, então, teria ordenado as prisões e chamado a Polícia Militar, imediatamente após ser informado que não poderia entrar no avião por causa do seu atraso no comparecimento ao check-in”.

Enquanto os atendentes da Tam eram conduzidos à DP, o juiz comprou outra passagem e embarcou, cerca de uma hora depois, em voo da Gol.

Como o magistrado Baldochi viajou – não comparecendo à DP – os funcionários da Tam foram liberados. O delegado de polícia local disse que vai ouvir o depoimento de Marcelo Baldochi, para decidir qual o encaminhamento que dará ao expediente.

Em nota, a Tam informou “que está colaborando e prestando todos os esclarecimentos às autoridades”. A empresa complementou que “segue todos os procedimentos de embarque regidos pela legislação do setor”.

A AMB – Associação dos Magistrados Brasileiros, também em nota, afirmou que “compartilha da indignação da sociedade e considera inadmissível qualquer ato praticado por agentes públicos, magistrados ou não, que represente abuso de poder e autoridade”.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o juiz Baldochi foi denunciado, em 2009, por manter 25 pessoas em situação de trabalho escravo na Fazenda Pôr do Sol, na cidade de Bom Jardim (MA), incluindo um menor que jamais teria frequentado a escola.

Os empregados foram encontrados sem quaisquer condições de segurança ou higiene, além de ter sido comprovado – segundo o Ministério Público do Trabalho - que eles precisavam pagar pelo próprio material de trabalho, assumindo dívidas ilegais com o patrão.

No ano seguinte, o Pleno do TJ-MA rejeitou a denúncia contra o juiz.

"CARTEIRADA" (II)

A respeito do assunto que envolve a "carteirada" do juizinho sobre a agente de trânsito, e sobre o qual já publiquei o comentário anterior e respectiva notícia, passamos a saber mais sobre a tal figura pública, de quem pagamos o salário e esperamos que pratique a Justiça. Abaixo, notícia publicada no jornal Folha de São Paulo, de 08/11/2014. A prepotência e o oportunismo da figura execrável ficam caracterizados nas duas investigações do STJ sobre ele.
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'Ele está massacrado', diz ex de juiz parado em blitz no Rio

Para Alice Tamborindeguy, agente de trânsito foi 'desrespeitosa' e 'grosseira'
Na ocasião, profissional falou que magistrado, que estava sem carteira, não era Deus; caso será reavaliado pela Justiça
DIANA BRITODO RIO
A advogada e ex-deputada estadual Alice Tamborindeguy, ex-mulher do juiz João Carlos de Souza Corrêa, disse à Folha nesta sexta-feira (7) que ficou "indignada" com a atitude da agente de trânsito que o parou em blitz.
Luciana Tamburini foi condenada a indenizar o magistrado por ter dito, em uma fiscalização da Lei Seca em 2011, que ele "não era Deus".
O juiz foi abordado no Leblon, zona sul do Rio, sem habilitação e em um veículo sem placa. Na ocasião, o magistrado anunciou voz de prisão à agente de trânsito.
O caso ganhou repercussão nos últimos dias após Luciana, atualmente licenciada, ter sido condenada a indenizá-lo em R$ 5.000.
Ex-mulher de Corrêa e irmã da socialite Narcisa, Alice conta que, no dia da blitz, chegou em dez minutos ao local com a carteira que ele havia esquecido em sua bolsa.
"Ele está tão massacrado com tudo que está acontecendo", afirma Alice. Ela diz que a agente foi "desrespeitosa, debochada, grosseira" e ficou "alteradíssima o tempo inteiro" durante a abordagem.
"Depois que soube que ele é juiz, ela [agente] montou em cima dele: Sabe que não pode andar sem carteira. Você é um juiz... Não conhece a lei? Pensa que é Deus?'", relata.
A ex-deputada destacou que não tem dúvidas de que a decisão da Justiça do Rio, que considerou que Luciana "tinha a clara intenção de deboche" e o "objetivo de expô-lo ao ridículo'', foi justa.
A Folha tentou contato com Luciana nesta sexta, mas ela não foi encontrada.
A Corregedoria Nacional de Justiça anunciou que fará uma reavaliação do caso.
INVESTIGAÇÃO
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) informou que o juiz é alvo de outra investigação, relacionada a decisões sobre disputas de terra na Comarca de Búzios, cidade da região dos Lagos do Rio, onde Corrêa atuou até 2012.
Há duas denúncias contra o magistrado: a mais grave por suposto favorecimento a um advogado que afirma ser dono de uma área de 5 milhões de metros quadrados, em área nobre do município.
A reportagem foi até o gabinete do juiz no Fórum de Campo Grande, zona oeste carioca, mas um estagiário disse que ele havia saído mais cedo para ir ao médico.
Em nota, o CNJ afirma que ainda está sendo investigado "se houve infração disciplinar pelo juiz e, por isso, não há nenhuma condenação contra ele até o momento".
Outro episódio ocorreu em 2007 e foi divulgado na época pela coluna de Ancelmo Gois, do jornal "O Globo".
Segundo a notícia, Corrêa ainda trabalhava em Búzios e aproveitou o momento em que um transatlântico atracou próximo ao píer para fazer compras no "free-shop", que estava fechado.
O juiz insistiu e discutiu com o comandante. A confusão acabou com a chegada da Polícia Federal, chamada por Corrêa, dizem testemunhas.

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"CARTEIRADA"

Cabotinismo, arrogância, fatuidade, presunção, apenas sinônimos, mas que podem caracterizar a personalidade menor de um profissional, também ele empregado público de todos nós. Tudo é relativo ao juiz, assim mesmo, com letra minúscula, protagonista de um fato que diminui a cidadania, ocorrido há algum tempo, mas que só agora veio a público, quando ocorreu a condenação (de fundamento corporativo, claro!) da  agente de trânsito que penalizou um cidadão qualquer, que deveria ser magistrado. Na rede, circula uma gozação sugerindo o "bolsa-carteira", pela qual seriam fornecidas carteiras em puro couro, para que pessoas como ele não ficassem constrangidas ao aplicar a famosa "carteirada".
Já, em sociedades um pouco mais evoluídas, ocorre como descrito no artigo abaixo.
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Por Claudia Wallin, de Estocolmo

”Por que o Rei não fez o teste do bafômetro na hora?”, perguntou certa vez um repórter do jornal sueco Expressen ao Rei da Suécia, Carl XVI Gustaf, no dia seguinte a um pequeno acidente de trânsito protagonizado pelo monarca. Um dia normal na Suécia, onde autoridades não têm complexo de Deus e a síndrome do ”você-sabe-com-quem-está-falando” é tão improvável quanto a volta dos mortos ou a autocrítica dos cretinos.
O episódio da agente de trânsito condenada por danos morais após abordar um juiz em uma blitz da Lei Seca, na zona sul do Rio de Janeiro, demonstra que alguns magistrados brasileiros parecem pensar que são deuses – e que muitos têm a certeza de que são.
Quando foi parado, o juiz e guardião da lei João Carlos de Souza Corrêa dirigia sem a carteira de habilitação, sem placa no carro, e sem os documentos do veículo. Diante do óbvio delito, a agente do Detran Luciana Silva Tamburini informou o juiz que o carro teria que ser apreendido. Houve um entrevero verbal. Segundo Luciana, o juiz, irritado, se identificou como magistrado e deu voz de prisão a ela. O juiz reclama que a agente teria dito que ele era ”juiz, mas não Deus”. O caso ocorreu em 2011.
O desembargador José Carlos Paes, da 14a. Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado do RJ, condena agora Tamburini a pagar R$ 5 mil ao juiz, por ter ”desafiado a própria magistratura e tudo o que ela representa”.
Antes que alguma idéia de se conceder um auxílio-divindade a juízes pegue, manda a lógica concordar que o respeito deve pautar – em mão dupla – a relação entre agentes que trabalham para fazer valer a lei e magistrados que têm o dever de defender o primado da lei. Assim como a relação entre qualquer cidadão e qualquer autoridade.
Mas manda a sensatez que se modernize o conceito de ”autoridade”, em uma sociedade já farta de carteiradas. Antes que seja condenado à morte o respeito da população pela sua Justiça.
Vejamos o caso da Suécia, por exemplo.
Neste país escandinavo, não existe autoridade pública. O que existe é servidor público.
Juízes, políticos, militares, funcionários públicos de alta patente – ninguém está acima de nenhum outro cidadão, e ninguém tem direito a tratamento diferenciado. As leis e os bafômetros são iguais para todos.
A régia exceção é o velho rei, com seu privilégio de dias contados: nem a Rainha Silvia, nem a herdeira da Coroa sueca e nem seus irmãos são imunes aos apitos dos guardas de trânsito e aos rigores da Justiça.
Assim foi que, sem medo de exercer seu ofício, um guarda parou no trânsito a princesa Madeleine, irmã da herdeira da Coroa, quando ela dirigia um Volvo XC 60, da frota real, na faixa reservada aos ônibus no centro de Estocolmo. Madeleine tinha pressa: faltavam quatro dias para o seu casamento com um plebeu americano, e pela lei aquele evento de grandeza real dava permissão especial aos carros da Corte de trafegar na faixa exclusiva. Mas o agente de trânsito desconhecia a tal permissão, e a punição foi diligentemente aplicada naquele verão de 2012.
”Já estamos emitindo uma multa no valor de mil coroas suecas (cerca de R$ 345)”, disse o policial Lars Lindholm.
Consumado o fato, Madeleine seguiu seu caminho. Coube então ao porta-voz da Corte lembrar à polícia a permissão especial que dá de fato aos carros da frota real o direito de dirigir na faixa reservada a ônibus em ocasiões extraordinárias, como dias de visita oficial ao país. E o casamento real de Madeleine, com a chegada de centenas de aristocratas e autoridades estrangeiras à capital sueca, configurava uma dessas ocasiões especiais.
”A princesa não tentou alegar nenhum tipo de imunidade”, destacou o porta-voz.
”Devido às circunstâncias especiais deste caso, a multa será retirada”, comunicou então o porta-voz policial Hans Brandt.
Madeleine livrou-se assim, no último minuto, da multa policial.
Mas não faltam exemplos, na Suécia, de punições exemplares a ”autoridades” públicas.
Em 2010, o deputado Sture Andersson, do Partido do Centro (Centerpartiet), foi parado pela polícia na cidade de Skellefteå quando dirigia seu carro sob efeito de álcool. Como manda a lei, soprou o bafômetro. O teste constatou que Sture tinha naquele momento um nível de álcool no sangue de 1,64% - muito acima do limite máximo de 0,02% estabelecido pela lei sueca. A punição: o político foi condenado a um mês de prisão, além do pagamento de multa de 37 mil coroas suecas (cerca de R$12,8 mil) e das custas processuais.
Sture tentou apelar da decisão junto ao Supremo Tribunal da Suécia. Sem resultado: o Supremo confirmou a sentença, e o deputado foi para o xadrez.
Em 2012, a polícia abordou um juiz durante uma blitz na região de Växsjö, e pediu que ele soprasse o bafômetro. O teste acusou 0,58% de álcool no sangue. Imediatamente, o policial confiscou a carteira de habilitação do juiz, que também foi condenado a pagar multa de 30 mil coroas suecas (cerca de R$10,3 mil).
São vários os casos de autoridades que, na Suécia, são tratadas como qualquer cidadão. Horror, horror.
Em 2010, o próprio chefe regional da polícia, jurista e reitor da Escola Nacional da Polícia Sueca, Göran Lindberg, foi preso e condenado a seis anos de prisão, por crimes sexuais.
”O problema no Brasil é que ainda existe uma inversão de valores sobre o que é ser uma autoridade pública”, diz o policial brasileiro Gustavo Fulgêncio, que desde 2007 trabalha na divisão internacional da polícia sueca.
”A autoridade pública brasileira não quer aceitar o fato de que a autoridade da qual ela está imbuída vem dos cidadãos, e que por isso ela deve trabalhar para o povo. Este é o sentido democrático de autoridade. É o povo que paga o meu salário, então eu trabalho para o povo. No Brasil, ainda sobrevive o conceito de que a autoridade está acima dos cidadãos: ’agora eu sou uma autoridade, e você está abaixo de mim´”, observa o policial, que é também aluno do curso de Ciências Políticas da Universidade de Estocolmo.
Casos como o episódio do juiz-que-não-é-deus jamais aconteceriam na sociedade sueca, diz Gustavo, que antes de chegar à Suécia no ano 2000 trabalhou dez anos na polícia militar de Pernambuco:
”Este tipo de situação não acontece por aqui. E se um juiz ou um político sueco se recusassem a soprar o bafômetro, por exemplo, nós os levaríamos diretamente à delegacia para fazer o exame de sangue”.
”A lei aqui é para todos”, destaca o policial brasileiro, com a devida ressalva à exceção do rei.
Pela lei sueca, o rei Carl XVI Gustaf deveria ter permanecido na cena do acidente de trânsito em que se envolveu, a fim de realizar o teste do bafômetro – esta é a norma para todos os cidadãos.
”O rei deveria ter feito o teste a fim de dar o exemplo, apesar de ser o único que não é obrigado a cumprir esta norma”, disse o funcionário do Vägverket (Departamento de Trânsito sueco) Hans Laurell à época do acidente, ocorrido em 2005.
Abordado pelo repórter do Expressen sobre o bafômetro, o soberano optou pela fleuma e o silêncio real. O jornal estampou em sua manchete: ”O Rei deveria ter soprado o bafômetro”. E ninguém foi processado, nem condenado, por abuso ou desrespeito ao Chefe de Estado sueco.
No Brasil, o êxito da ”divina vaquinha”, a campanha virtual organizada com a hashtag #juiznaoehdeus# a fim de coletar doações para o pagamento da multa imposta à agente do Detran, é um recado claro de que a sociedade está mais atenta aos seus direitos: ao lidar com o cidadão, a autoridade pública também precisa saber com quem está falando.


"BABY BOOMER", COM ORGULHO!

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