A BOA ESCOLHA

Esta postagem tem relação com a anterior. Aquela, situa a crítica na acomodação da sociedade que gera os seus representantes que, por sua vez, indicam os seus executores (ministros, juízes, etc), fazendo com que uma má escolha pelo sufrágio, corresponda a maus, indolentes ou omissos executores. Já, o artigo abaixo mostra como perdemos tempo e espaço no campo competitivo entre as nações. Estas, as vitoriosas e, muitas vezes, sem os recursos fartos que temos, superam, a partir da formação da base, as dificuldades e carências, ensinando as suas gerações a pensar, por meio de sistemas e de procedimentos adequados, sérios e eficientes. No final, vemos a eficácia dessas escolhas.
Marcos Troyjo, articulista do Instituto Millenium

Imagine embarcar numa máquina do tempo. Voltar a 1971. Chegar a uma suposta conferência que reúne ganhadores do Prêmio Nobel, os mais respeitados estrategistas e futurólogos. O objetivo é profetizar o futuro de China e Brasil.
Para orientar as projeções, uma série de perguntas. Dali a 40 anos, em 2011, qual desses dois países:
- estará prestes a superar o PIB nominal dos EUA tornando-se a maior economia do mundo em 2020?
- ocupará 60% de seu PIB com atividades de comércio exterior?
- será o maior destino de investimento estrangeiros diretos (IEDs)?
Todos apostariam suas fichas no Brasil. Estávamos no “milagre brasileiro”, crescendo a mais de 10% por ano. Naquela época, como agora, era grande o entusiasmo pelo País.
A China dos anos 1960-70 chamava a atenção internacional não por sua produção de bens e serviços, mas por sua produção de problemas.
O que aconteceu nessas  quatro décadas de modo a permitir à China essa proeminência? Mesmo com o Brasil em plena moda e o respeito quanto ao potencial de outros emergentes, o fato é que em 2011 Brasil, Índia e Rússia equivalem economicamente a uma China.
A grande diferença é que o Brasil enfrentou as últimas décadas com uma “lanterna na popa”, voltada para trás (e às vezes apagada). A China, com uma “lanterna para o futuro”. A China planejou, escolheu um modelo; manteve-se firme no caminho. O Brasil, não.
A desordem macroeconômica varreu do vocabulário brasileiro a expressão “longo prazo”.  Os brasileiros sofreram, mas não se sacrificaram em nome de um projeto nacional, pela simples razão de que não havia projeto nacional.
A China decidiu irradiar poder e prestígio a partir de uma sólida base econômica. Erigiu um projeto nacional baseado em comércio exterior e atração de IEDs. Sacrifica gerações em nome de poupança e investimento, ambos em torno de 50% do PIB. Aplica mão pesada a direitos humanos e meio ambiente.
A maneira com que a China combina PPPs, legislação trabalhista, remuneração da mão-de-obra, tratamento ao capital estrangeiro e carga fiscal faz com que o país seja o maior parque industrial do mundo.
O Brasil não implementou nessas 4 décadas um projeto de poder ou prosperidade. Hoje se confunde o conceito de um projeto nacional com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Indispensável e bem-vindo, o PAC não é a construção do futuro. É a recuperação do tempo perdido. Infraestrutura física, portos, aeroportos, estradas – é fazer com que o passado alcance o presente.
Já o futuro virá de converter o Brasil numa sociedade intensiva em tecnologias nos mais diversos setores. Não há tema mais estratégico para o País. Transformar um povo criativo numa sociedade de empreendedorismo e inovação.
As vantagens comparativas de hoje (agroenergia, mineração, petróleo, pré-sal) têm de estar a serviço da construção das vantagens competitivas de amanhã (muita P&D, patentes, novos produtos, universidades e empresas umbilicalmente associadas).
Que bom seria viajar na máquina do tempo e encontrar, logo ali na esquina do futuro, um Brasil tecnologicamente dinâmico, próspero e justo.

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