Recentemente
foi lançado o livro "ADEUS, HOMENS DE DEUS", do jornalista Michael
Rose, no qual ele narra como a Igreja Católica começou a ser destruída a partir
do seu interior e ao longo de três décadas. por meio de medidas sutis dos
adversários, pela exclusão de ideias construtivas em favor daquelas ditas
revolucionárias e que modificariam o status tradicional, corrompendo
princípios e atitudes. Como consequência, ocorreu a perplexidade e novo
ambiente permissional foi criado, iniciando a derrocada da Instituição pelo
rompimento de linhas de conduta e de pensamento e, com isto,
enfraquecendo a estrutura que a mantinha. A análise ocorreu nos Estados Unidos,
mas pode ser aplicada aos demais locais onde a Igreja existe.
Ao conhecer a entrevista do General, como está no anexo, percebi que há
pensamento igual ao meu, no que se refere às chamadas frequentes para que o
Exército intervenha aqui e acolá, em questões de Segurança Pública. À
Instituição Militar não pode ser destinada essa responsabilidade, pois não lhe
cabe essa função. Preocupa-me a evolução disso, temendo que ocorra a
consolidação da prática, ocasionando os inequívocos impactos nas Forças
Armadas. Por esta razão é que correlaciono o livro que mencionei com os
chamamentos reiterados que são feitos ao Exército para o cumprimento de meras
missões policiais. Essas missões de âmbito estadual devem ser regidas e
executadas pelas Polícias locais e, se houver inconsistência, os estados devem
priorizar investimentos na formação e no suporte estrutural delas, para que
essas forças cumpram a responsabilidade que lhes é afim. Afinal, a culpa de
eventual inoperância nunca será das forças de segurança estaduais e, sim, da
incapacidade gerencial dos seus Governos.
Por que os Governos, nos vários níveis, não apelam ao Exército para a
construção de obras de infraestrutura? Será que a elevada formação dos
militares levaria à construção de obras com maior durabilidade e isso não
interessaria à "indústria da corrupção"? Ou será que os custos das obras dos militares ficaria muito abaixo das que são praticadas no mercado, com
isso enaltecendo a racionalidade e eficiência, fato que não interessa à mesma
indústria?
A leitura, tanto da entrevista, quanto do livro, para quem tiver
interesse, é oportuna e ajuda a ver um outro lado da questão.
Enfim, penso ser o momento de voltar os olhos para o assunto, pois temo
pela integridade das Forças Armadas, já que sabemos ser o mundo criminoso
extremamente apto em arrebanhar fiéis e de torná-los de fidelidade cega, e de
como é capaz de cooptar pessoas, manipulando sentimentos e vontades, levando-as
a um mundo sem retorno.
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Contaminação de tropas
federais por facções criminosas preocupa
Comandante do Exército vê
negligência dos Estados e critica uso frequente das Forças Armadas em ações de
segurança pública
Entrevista com Eduardo Villas
Bôas, comandante do Exército, por Tânia
Monteiro, do Estadão, em 15/01/2018
A
atuação frequente das Forças Armadas em operações de segurança pública nos
Estados “preocupa muito” pela possibilidade de infiltração do crime organizado
nas tropas, afirma o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. Em
entrevista ao Estado, o general diz que por isso quer evitar o uso
frequente das Forças Armadas e cita um caso registrado no Rio. “Foi pontual.
Está infinitamente distante de representar um problema sistêmico, mas temos
preocupação e estamos permanentemente atentos em relação a isso.”
Para
o comandante, houve “negligência” em grande parte dos Estados em relação à
segurança pública. Ele avalia que o uso das tropas federais “não tem
capacidade” de solucionar os problemas e se mostra incomodado com a
possibilidade de “uso político” das Forças Armadas nas eleições. O comandante
avalia que, no dia 24, quando está sendo anunciada uma grande mobilização para
acompanhar o julgamento do ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva, em
Porto Alegre, a Brigada Militar do Estado tem “plenas condições” de controlar a
situação.
A
seguir, a entrevista:
Parte inferior do formulárioEm algumas comunidades, as organizações
criminosas têm conseguido eleger candidatos e fazer indicações políticas para
cargos públicos. Há preocupação da indicação política em polícias militares nos
Estados?
A escolha de um comandante da
Polícia Militar sempre tem o caráter político. O problema é que houve distorção
e adquiriu caráter político-partidário. Isso acaba provocando sectarismos,
divisões e perda da coesão em instituições militares. A Constituição de 1988
permitiu que houvesse direito de associações com caráter de sindicato, o que
atrapalhou a hierarquia e disciplina, porque ela é mecanismo de conter a
violência e mantém a coesão das instituições. Sempre que uma instituição perde
sua coesão, ela traz desgraças para ela própria e para a sociedade a que serve.
Há
preocupação de que indicações políticas possam levar o crime para as
instituições?
As facções criminosas no Rio e
em São Paulo, que se estendem para outros Estados e produzem filhotes, e essa
estruturação do crime, principalmente em relação ao narcotráfico e associações
internacionais, aumentam em muito a capacidade de contaminação das
instituições. Realmente preocupa porque isso pode se estender, claramente, em
todo o processo político, de forma que eles coloquem pessoas ligadas a eles ou
a seus próprios integrantes em cargos públicos importantes.
Existe
essa contaminação do crime nas tropas federais?
Há preocupação de contaminação
das tropas, e por isso queremos evitar o uso frequente das Forças Armadas.
Recentemente, no Rio, verificamos desvios do nosso pessoal. Foram pontuais,
restritos a um ou outro indivíduo, de nível hierárquico baixo. Está
infinitamente distante de representar um problema sistêmico ou institucional.
Mas temos preocupação e estamos permanentemente atentos.
O
senhor teme o uso político das Forças Armadas para segurança pública próximo
das eleições?
Há preocupação de uso político
das Forças Armadas com a proximidade das eleições porque governos, não querendo
sofrer desgastes políticos com a população e em determinadas situações por
comodidade, solicitam intervenção federal.
Como
o senhor classifica a situação da segurança pública do País?
Tem havido negligência em
relação à segurança pública no País. Mas também é surpreendente uma certa
passividade da população em relação a isso. Nenhum conflito no mundo hoje faz
perder o número de vidas que temos no Brasil, onde são assassinadas 60 mil
pessoas por ano. Há negligência em grande parte dos Estados. Mas a questão da
segurança é muito profunda e está claro que o simples emprego das Forças
Armadas não tem capacidade, por si só, de solucionar problemas de segurança
pública que estamos vivendo.
Onde
a situação é pior?
Nos Estados do Nordeste, os
índices de criminalidade são mais altos do que no Rio de Janeiro. Só que o Rio
é uma caixa de ressonância. Por isso, é difícil dizer onde é mais grave ou não.
No Rio Grande do Norte, de onde sairemos neste fim de semana (a
entrevista foi feita na sexta-feira), fomos empregados pela terceira vez e,
neste espaço de tempo, estruturalmente nada foi feito na segurança pública do
Estado. Sabemos que, ao sairmos de lá, os problemas continuarão, o que indica
que proximamente poderemos ser chamados a intervir. É preciso que se modifique
os aspectos na conduta dos governos locais em relação à segurança pública. Acho
que é inevitável que o governo federal terá de chamar para si a
responsabilidade, pelo menos parcialmente, porque o crime extrapola as
fronteiras e o combate está sem integração. Há Estados que nitidamente
negligenciam essas preocupações e, nesse caso, o governo federal tem de
intervir, usando Forças Armadas e Força Nacional de Segurança Pública.
Como
resolver esta questão da criminalidade que afetou a segurança pública?
Somos um País carente de
disciplina social, que prioriza os direitos individuais em relação ao coletivo
e ao interesse social. E um ambiente de pouca disciplina favorece à diluição
das responsabilidades. Por isso, há uma certa resistência a que se busque o
saneamento das condutas individuais e coletivas. Por outro lado, estamos
vivendo uma imposição do politicamente correto, vivendo uma verdadeira ditadura
do relativismo e com uma tendência a que não se estabeleçam limites nas
condutas. Isso vai numa onda e volta em um refluxo que atinge as pessoas e a
sociedade como um todo. Isso está na raiz dos problemas, insisto, do
politicamente correto, privilegia e atua reforçando o seu caráter ideológico e não
apresentando a solução dos problemas. Quando nós vemos agressões a mulheres,
abusos, quando vemos desrespeito, na raiz disso está a falta de limite e de
disciplina que existe na sociedade. Precisamos de muito mais educação e
responsabilidade por parte de todos e cada um precisa cumprir efetivamente seu
papel e assumir suas responsabilidades até em relação à segurança.
É
necessário o uso das Forças Armadas em Porto Alegre no dia 24 de janeiro
durante o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva?
Este é um problema
essencialmente de segurança pública. Não precisa de decretação da Garantia da
Lei e da Ordem (GLO) para isso. Assim como no Paraná foi muito efetiva a
atuação do governo estadual na estrutura de segurança pública, o Rio Grande do
Sul tem plenas condições de fazer face a essa questão. A Brigada Militar gaúcha
é uma corporação capacitada. A estrutura de segurança pública tem condições de
resolver o problema e o pedido do prefeito de tropas federais é
inconstitucional.
Há
uma banalização do uso das Forças Armadas?
Há uma tendência à banalização
do uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e isso acarreta desvio de emprego
das Forças Armadas.
Qual
sua avaliação das eleições este ano?
As eleições, de certa forma,
representarão um plebiscito em relação à Lava Jato.