FRALDAS E POLÍTICOS TÊM O MESMO CONTEÚDO

 

Verdadeiramente, essa frase não é de Eça, nem tampouco de outros mencionados autores dela, pois ela anônima. Entretanto, ela clarifica a visão que todos temos da classe política, especialmente vinculada às fraldas e a razão da necessidade de troca, pois o conteúdo é o mesmo.

Apesar de a frase não ser de Eça de Queirós, o escritor sempre manifestou na sua obra a crítica à política e ao sistema de governar dos anos 1870 que, pelo visto, ainda são iguais. 

Escreveu ele naquela época que "A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva.”.

Num outro trecho, o autor relata que "Trata-se de votar impostos? Todo o mundo se agita, os governos preparam relatórios longos, eruditos e de aprimorada forma; os seus áulicos afiam a lâmina reluzente da sua argumentação para cortar os obstáculos eriçados: as maiorias dispõem-se em concílios para jurar a uniformidade servil do voto. Trata-se dum projeto de reforma económica, duma despesa a eliminar, dum bom melhoramento a consolidar? Começam as discussões, crescendo em sonoridade e em lentidão, começam as argumentações arrastadas, frouxas, que se estendem por meses, que se prendem a todo o incidente e a toda a sorte de explicação frívola, e duram assim uma eternidade ministerial, imensas e diáfanas. "

Posto isto, existe pertinência entre a análise de Eça há século e meio, com o quê ocorre no nosso Brasil. Ao mesmo tempo em que critica a forma de governar, também o faz em relação à ausência da oposição. Há algo mais relativo à situação brasileira de hoje? Não! A nossa oposição, (êpa!, que oposição?, ela não existe!) virou um mero restolho com ares oposicionistas que vive em brigas internas, em torno de personalidades malfeitas, onde o foco principal são mais estas disputas e menos, muito menos, a crítica aos erros governamentais e a contribuição com ideias, visualizando a Nação para frente.

 Da mesma forma que lá, cá também não temos homens à altura do momento nacional, que dominem a verdadeira Política, não se curvando à politicalha e, como ele diz de ontem, hoje, os que temos são postos à sombra.

 

Um aspecto interessante é a abordagem que Eça faz da diretiva macroeconômica portuguesa da época. Ele critica o “estado-faz-tudo”, subjetivamente preconizando a tese de que atividades que podem ser privatizadas devem sê-lo, dando a entender que isto faz crescer a iniciativa da sociedade. E é verdade! Foi o que vinha ocorrendo nos governos anteriores, tanto criticados pelo PT, e no recente governo  Bolsonaro. Eis que agora, finalmente, há indícios de que os acerbos críticos de ontem estão em processo de curvatura cervical à lógica. Ou será que apenas se sentiram impotentes para governar ao seu jeito?

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