"BESAME MUCHO"

Assistindo à apresentação do vídeo, participamos daqueles momentos inesquecíveis da vida, quando rememoramos o sentimentalismo e o romantismo de uma das formas de arte, hoje vilipendiada por mesmices repetitivas de sons e grunhidos sacolejantes que nada dizem e nada transmitem, a não ser a superficialidade e o vazio de mentes que nada sabem da vida.
Ah!, recomendo não segurar a emoção e chorar à vontade, deixando vazar o sentimento da grandiosidade do momento.

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A CARTILHA DA CORRUPÇÃO

Tudo isso tem um didatismo e está tão claro como os ensinamentos da cartilha. Lembras da cartilha, aquele livrinho da escola primária onde b + a = ba, ba + ba = baba? Pois é! Apenas não temos certeza se há provas irrefutáveis de tudo o que vem sendo dito, mas, penso que sim, pois o envolvimento dos depoentes mostra serem ele profissionais, tanto atuando no ataque, quanto na defesa, aquela, dos seus interesses.
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Desvios na Petrobras aumentaram após desmontagem do esquema do mensalão 

Josias de Souza
10/10/2014 05:27
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No depoimento que prestou à Justiça Federal do Paraná na quarta-feira (8), o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa expôs uma cronologia reveladora. Segundo o delator, o balcão de negócios instalado na maior estatal brasileira passou a operar mais intensamente a partir de 2006. Pouco depois, portanto, do fechamento dos guichês do mensalão, em 2005.
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Saiba quem são políticos delatados por ex-diretor da Petrobras17 fotos

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PAULO ROBERTO COSTA, O DELATOR - Investigado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, que apura esquema bilionário de lavagem de dinheiro, Paulo Roberto Costa é ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, cargo que ocupou entre 2004 e 2012. Foi preso em março deste ano por tentar ocultar provas que o incriminavam. Solto em maio, foi preso novamente em junho, e fez acordo de delação premiada com a PF em agosto, o que possibilitaria uma redução de sua pena em caso de condenação. Em depoimentos gravados feitos à polícia, ele cita, segundo a revista "Veja", ao menos 25 deputados federias, 6 senadores, 3 governadores, um ministro de Estado e pelo menos três partidos políticos (PT, PMDB e PP), que teriam recebido propina de 3% do valor dos contratos da estatal Leia mais Renato Costa/Frame/Folhapress
Paulo Roberto assumira a diretoria de Abastecimento da Petrobras em 2004, sob Lula. O delator explicou que, no alvorecer de sua gestão, as oportunidades de negócios eram escassas: “Em 2004 e 2005, nós tivemos pouquíssimas obras, porque o orçamento era muito restrito e também não tinha projeto”, disse Paulo Roberto.
“Então, as obras na área de Abastecimento praticamente começam no ano de 2006”, ele acrescentou. No ano anterior, 2005, outro delator, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), jogara o mensalão no ventilador. Sem vincular um escândalo ao outro, Paulo Roberto deixou transparecer que a Petrobras converteu-se numa rendosa fonte alternativa de trambiques.
Foi nessa época, segundo o delator, que ganharam impulso as obras da refinaria Abreu e Lima, hoje célebre por seus superfaturamentos. “Vai ficar pronta em novembro deste ano”, previu Paulo Roberto. “A parte de terraplanagem começou em 2007.” Antes, segundo suas palavras, “teve um período de pouquíssima realização financeira.”
A corrupção aumentou na proporção direta da elevação da “realização financeira”. De acordo com o delator, os contratos celebrados na Petrobras rendiam um pedágio político de 3%, que desciam às arcas de pelo menos três legendas: PT, PMDB e PP. A campanha eleitoral de 2002 fora irrigada com as verbas sujas do mensalão. A de 2010, informou Paulo Roberto, foi besuntada com verbas do petrolão, como vem sendo chamado o novo escândalo.
Um dos pontos áureos do depoimento de Paulo Roberto Costa foi o instante em que, autorizada pelo juiz Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato, a defesa do doleiro Alberto Youssef formulou um lote de perguntas ao depoente. O inquisidor fez os questionamentos sabendo quais seriam as respostas do delator. Interessava-lhe deixar assentado nos autos que Youssef era um mero operador, não o mentor da petro-roubalheira.
— O senhor disse que Alberto Youssef procurava pessoas nas empreiteiras para pegar o dinheiro. É isso?, indagou o defensor do doleiro.
— Correto, respondeu Paulo Roberto, seco.
— As empresas sabiam que esse dinheiro que estava sendo pago ia para agentes públicos?
— Sim.
Na abertura do depoimento, o juiz determinara que não fossem mencionados os nomes das autoridades e dos políticos suspeitos de corrupção. Eles dispõem de prerrogativa de foro. Estão sendo investigados pelo STF. Daí o advogado ter tratado os beneficiários das propinas apenas como “agentes públicos”.
— Eles [os representantes das empresas] tinham convicção de que esse dinheiro ia financiar políticos e campanhas políticas?, prosseguiu o defensor de Youssef.
— Certamente. Sim, a resposta é sim, disse Paulo Roberto, em timbre categórico.
— Ou seja, esse esquema, me perdoe a expressão, de propina era também usado para financiar políticos brasileiros e o esquema de financiamento de campanhas políticas?, insistiu o advogado de Youssef.
— A resposta é sim.
— Em 2010, o senhor disse que esse dinheiro financiou campanhas políticas?
— Sim.
— Várias campanhas?
— Várias.
— Inclusive majoritárias?
Candidatos majoritários concorrem ao Senado, aos governos estaduais e à Presidência da República. O juiz farejou as intenções do advogado. E interveio: “Não, aí não vamos entrar nessa questão, doutor”, brecou. “Eu disse campanhas, Excelência, não disse de quem era”, tentou justificar o defensor do doleiro. E o magistrado: “Doutor, está indeferida a questão.”
“O senhor concorda que esse sistema acaba prejudicando um pouco o meu cliente?”, indagou o advogado. O juiz ironizou: “Bem, mas seu cliente é um político ou é o senhor Alberto Youssef?” O advogado tentou esticar a prosa: “A partir do momento que ele tem…” Mas não teve tempo de completar a frase: “Está indeferida a pergunta, doutor!”
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Operação Lava Jato da PF33 fotos

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8.out.2014 - O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa viajou do Rio de Janeiro para Curitiba para prestar seu primeiro depoimento à Justiça Federal depois do acordo de delação premiada. Costa e o doleiro Alberto Youssef disseram que o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, intermediava os recursos desviados de obras da estatal para o partido. Costa também declarou em depoimento à Justiça que existe um cartel de cerca de dez empresas que controla grande obras dentro e fora da Petrobras Leia maisSamantha Lima/ Folhapress
Nada mais revelador da encrenca que está por vir do que o silêncio sobre os nomões escondidos atrás do escândalo. As cifras desviadas são bilionárias. A Polícia Federal estima que apenas o doleiro Alberto Youssef, que operava em nome do PP, lavou o equivalente a R$ 10 bilhões em dinheiro sujo. E ele não era o único a atuar na Petrobras.
Pelo PT, disseram Paulo Roberto e Alberto Youssef, operava o diretor Financeiro da legenda, João Vaccari Neto. Pelo PMDB, quem passava o chapéu era um cidadão chamado Fernando Soares. O esquema se servia de propinas pagas por pelo menos 12 empresas: Camargo Corrêa, OAS, UTC, Odebrecht, Queiroz Galvão, Toyo Setal, Galvão Engenharia, Andrade Gutierrez, Iesa, Engevix, Jaraguá Equipamentos e Mendes Junior. Todas negaram participação no esquema. Operavam sob a forma de cartel. Dentro e fora da Petrobras, disse Paulo Roberto.
Youssef prestou depoimento na sequência. Confirmou a maioria das informações de Paulo Roberto. Ecoando as preocupações de sua defesa, o doleiro qualificou-se como parte da engrenagem, não como mentor. A certa altura o juiz Sérgio Mouro pediu a Youssef que esclarecesse como funcionava o recebimento das propinas de 3% que o PP (1%) era obrigado a dividir com o PT (2%). O doleiro expressou-se com um didatismo hediondo:
“Vou explicar, para Vossa Excelência entender: o contrato é um só. Uma obra da Camargo Corrêa, de R$ 3,480 bilhões —R$ 34 milhões ela tinha que pagar para o PP. Eu era responsável por esse aporte [referente à diretoria de Abastecimento]. A outra parte eu não era responsável. A empresa tinha que pagar mais 1%, mais R$ 34 milhões, ou 2%, como o Paulo Robeto está dizendo, para outro operador, no caso o João Vaccari”, já que o PT controlava a diretoria de Serviços, responsável por orçar, licitar e fiscalizar as obras tocadas por outras diretorias.
No instante em que encerrava o interrogatório de Paulo Roberto Costa, o juiz Sérgio Moro perguntou ao delator se ele queria “dizer alguma coisa”. E o interrogado: “Queria dizer só uma coisa, Excelência. Eu trabalhei na Petrobras 35 anos. Vinte e sete anos do meu trabalho foram trabalhos técnicos, gerenciais. E eu não tive nenhuma mácula nesses 27 anos.”
Paulo Roberto prosseguiu: “Se houve erro —e houve, não é?— foi a partir da entrada minha na diretoria por envolvimento com grupos políticos, que usam a oração e São Francisco, que é dando que se recebe. Eles dizem muito isso. Então, esse envolvimento político que tem, que tinha, depois que eu saí não posso mais falar, mas que tinha em todas as diretorias da Petrobras é uma mácula dentro da companhia…”
A ser verdade o que disse Youssef em seu depoimento, o próprio Paulo Roberto é fruto de uma chantagem política dos aliados do Planalto. Nessa versão, ele foi alçado ao posto de diretor depois que deputados governistas bloquearam as votações na Câmara por 90 dias. Se a prisão dos mensaleiros ensinou alguma coisa foi que a ética não pode ser ensinada a quem não quer aprender. Quem sai aos seus não endireita.

ESPÍRITO DE BOIADA

Tem razão o Ruy, que nojo!  dessas cafonices que surgem e perduram por aí.

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Bleargh! (Ruy Castro, para o jornal Folha de São Paulo, de 11/10/2014)

RIO DE JANEIRO - A Pont des Arts, uma ponte de Paris mandada construir por Napoleão, sobreviveu a duas guerras mundiais. Mas pode desabar ao peso do amor --dos cadeados que milhares de casais aplicam às suas grades (com os nominhos rabiscados a chave), trancam e jogam a dita chave no rio Sena, supondo que, com isso, seu amor ficará "trancado" para sempre.
Há dias, uma parte da grade veio abaixo sob 500 kg de cadeados. Calcula-se que a ponte esteja hoje com 60 toneladas dessa praga --que está se espalhando por outros monumentos da Europa. Nas praças mais turísticas, como Londres, Amsterdã ou Praga, já se vendem cadeados em forma de coração e pode-se gravar os nomes no ato da compra. A mania está chegando a São Paulo. Os primeiros cadeados apareceram na praça do Ciclista, na avenida Paulista.
Os "cadeados do amor" equivalem a outras cafonices, como despedir-se mandando beijos no coração --bleargh!-- ou fazer o gesto do coraçãozinho com as mãos para insinuar amor. Que cantores mandem beijos no coração e jogadores de futebol façam o coraçãozinho depois de um gol, é normal. Nem tanto quando se trata de candidatos à presidência da República. Sem falar no novíssimo e já extinto "É tóis!" --abreviatura, me parece, de "Eta, nóis!"--, criado por Neymar e repetido na TV por Dilma poucas horas antes dos 7 x 1 da Alemanha.
Competem em cafonice a pessoa dizer-se "guerreira"; declarar no Facebook que está "num relacionamento sério"; e, de modo geral, usar o Facebook como se ele fosse a revista "Contigo" --com todo respeito pela "Contigo". E a breguice mais recente está em tirar "selfies" dentro da cabine de votação, posando ao lado da cara do candidato na tela.
Não é apenas contra a lei. Quem garante que, um dia, você não desejará apagar a prova de que votou no Tiririca ou no pastor Feliciano?

DIGNIDADE

Parabéns CELSO KARSBURG! Ser Magistrado é isso também, ao conseguir a visão do todo e não apenas da letra da Lei. Julgar é saber enteder a Lei, compreender a Lei e contextualizá-la. Enfim, ser Magistrado e ter dignidade, o que, aliás, está muito bem demonstrado nesse teu posicionamento.
Abaixo, segue íntegra da notícia do jornal Gazeta do Sul.
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10/10/2014 - 21h10

Juiz de Santa Cruz renuncia a auxílio-moradia e vira notícia nacional

Celso Karsburg anunciou que dispensaria o benefício em um artigo na Gazeta do Sul
Foto: Michelle Treichel/Banco de Imagens
A decisão de um juiz do trabalho que atua em Santa Cruz do Sul de renunciar ao auxílio-moradia ganhou repercussão nacional. Celso Fernando Karsburg, do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, anunciou por meio de um artigo publicado na Gazeta do Sul no último dia 1º que abriria mão do polêmico benefício.

O artigo foi destacado no blog do jornalista Frederico Vasconcelos, do jornal Folha de S. Paulo, na manhã desta quinta-feira, 9. No texto, o magistrado classifica a gratificação como "imoral, indecente e antiética". Segundo ele, que é juiz há 17 anos e desde 2001 possui casa própria, a publicação não gerou manifestações oficiais de entidades de classe da magistratura, mas a tendência é que outros juízes também dispensem o auxílio. Karsburg disse ter comunicado a decisão via e-mail ao serviço de orçamento do TRT.

Alvo de polêmica, a concessão de auxílio-moradia para todos os juizes do País foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal. O benefício, já regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pode chegar a R$ 4,7 mil mensais. Promotores e procuradores também devem ter direito.

Confira o artigo na íntegra:
 
Auxílio-moradia para juízes

"Recente decisão de ministro do Supremo Tribunal Federal, concedendo indistintamente o auxílio-moradia a todos os magistrados do País, repercute gerando acirradas controvérsias e indignação. Apenas para relembrar. Depois de anos de luta, a magistratura conseguiu a instituição do subsídio a que se refere o § 4º do artigo 39 da Constituição Federal, sendo que o critério para correção deste – anual – se encontra fixado no inciso X do artigo 37. Com a instituição do subsídio, visava-se tornar mais transparente a forma como a magistratura é remunerada e acabar com toda a sorte de ajuda-disto e auxílio-daquilo pagos indistintamente. A Lei Orgânica da Magistratura, promulgada em 14/3/1979, no artigo 65, por sua vez, entre outras vantagens, prevê o pagamento de “ajuda de custo, para moradia, nas localidades em que não houver residência oficial à disposição do Magistrado”.

É fato notório, também, que desde 2006 o Poder Executivo não vem concedendo reposição salarial plena – e não está a se falar em aumento salarial, apenas reposição das perdas causadas pela inflação – a que se refere o artigo 37 supracitado, o que vem levando à exasperação não somente a magistratura mas também todos os servidores públicos abrangidos pelo artigo em questão, em evidente desrespeito à Constituição Federal.

A partir dessas constatações, uma indagação. Se desde 1979 já existia o direito ao recebimento do auxílio-moradia, por que somente agora, passados 35 anos, alguém se lembrou de requerer seu pagamento? Será que ninguém percebeu que esse direito estava ao alcance de todos os juízes mas que, por alguma insondável razão de bondade, não foi exercido durante todo esse tempo? À evidência que não. E a resposta é simples. Porque durante todos estes anos o pagamento da vantagem, indistintamente a todos os juízes, era visto como algo indevido, para não dizer absurdo, imoral ou antiético. E somente deixou de assim ser visto quando a magistratura percebeu que o Poder Executivo não iria conceder a reposição do poder aquisitivo causado pela inflação que ele mesmo produz.

Portanto, digam o que quiserem dizer: o pagamento do auxílio-moradia, indistintamente a todos os juízes, ainda que previsto na Loman, é uma afronta a milhões de brasileiros que não fazem jus a esse “benefício” e na realidade se constitui na resposta que um Poder – o Judiciário – deu a outro – o Executivo – porque este não cumpriu sua obrigação de repor o que a inflação havia consumido. É uma disfarçada e espúria concessão de antecipação ou reposição salarial por “canetaço” ante a inércia do governo federal – que tem dinheiro para construir portos para regimes políticos falidos, perdoar dívidas de outros tantos, que deixa bilhões escorrer entre os dedos das mãos nos incontáveis casos de corrupção que diariamente são noticiados – mas não tem dinheiro para repor as perdas causadas pela inflação, nem para remunerar de forma digna a magistratura.

Outras perguntas. Se o Poder Executivo continuar não concedendo a reposição da inflação nos próximos anos – continuando a demonstrar, assim, o seu desprezo para com a magistratura – a PEC 63/13, que institui a parcela indenizatória de valorização do tempo de serviço (ATS), também será atropelada por liminar do STF fazendo valer o inciso VII do mesmo artigo 65 da Loman antes já mencionada, que prevê o pagamento de gratificação adicional de 5% por quinquênio de serviço, até o máximo de 7?

Como ficam os juízes que residem na comarca e em residência própria? Irão receber a gratificação? Sob a justificativa de que a União não fornece a residência? E os casais, quando ambos forem juízes, qual deles receberá o auxílio-moradia? Receberão ambos? De minha parte, apenas uma certeza. Desde já renuncio ao recebimento da “gratificação”, por considerá-la imoral, indecente e antiética. Não quero migalhas recebidas por vias transversas e escusas. Quero apenas o mínimo que a Constituição Federal me assegura para exercício de meu cargo com dignidade. A reposição da inflação anualmente. Nada mais do que isso."


fonte: Redação Gazeta do Sul

AGORA, UMA POESIA!

A poesia de Drummond, abaixo, parece não dizer nada, mas diz tudo. Fala do enfado e da revolta, da desilusão e do perdão e, ao seu final, dá relevo à pequena ocorrência da Natureza, em local inóspito, mas um fato da maior importância para vida. 
Boa leitura!

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A FLOR E A NÁUSEA
Carlos Drummond de Andrade

Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias, espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Vomitar este tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.
Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.
Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

COLISEU

Embora não pareça, este é um assunto extremamente relevante para sociedade brasileira, especialmente neste momento, o de eleições. Relevante porque mostra de forma clara o defeito do gerenciamento nacional, caracterizado por seus vários desvios operacionais, conceituais e ideológicos, todos contidos num mesmo fato.
Não é concebível que, para atender à demanda de um parlamentar, se pratique o proselitismo governamental, em nome de conceitos ideológicos distorcidos.
Em uma comunidade de 16.000 habitantes, caracterizada pela pobreza e sem time de futebol, é construído um estádio capaz de abrigar  20.000 espectadores, a um custo de 1.300.000 reais de dinheiro público. Para manter a grama plantada, em região de seca extrema e histórica, rega-se o solo duas vezes por dia, todos os dias. Sabemos que no contexto regional, além da falta de água, há carência de dinheiro, também público, para abastecer as pessoas com ... água!, visando atender suas necessidade mínimas. Também sabemos que quando há dinheiro liberado para obras com esse fim, ele é todo desviado pelos canais da corrupção dominados pelo governo e pelos representantes parlamentares.
Na mesma região, sabe-se agora, a nascente do rio São Francisco, aquele, onde se faz a transposição que nunca acaba, mas consome recursos financeiros, secou.
Tudo isto entrelaçado, dá um sentimento de descrença, de desânimo e uma visão do caos, pois mostra que os eleitores escolhemos governantes medíocres e mal-intencionados e somos governados por eles, que se fartam ricamente na pobreza de princípios que têm.
Enfim, parece vivermos numa autocracia e menos na democracia.


Observação: abaixo está reportagem do jornal Folha de São Paulo e, logo a seguir, o endereço da página, onde poderá ser vista a ridícula imagem frontal do estádio.
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Governo federal financia metade de 'Coliseu' no sertão cearense
Capacidade de estádio de Alto Santo, que custou R$ 1,3 mi, supera total de habitantes do município
Sob seca, cidade vive estado de emergência; sem time na 1ª divisão, prefeitura negocia com equipe de Quixadá
ANDRÉ UZÊDAENVIADO ESPECIAL A ALTO SANTO (CE)
O governo da presidente Dilma Rousseff (PT) financiou metade da construção, no sertão cearense, de um estádio de futebol com fachada inspirada no Coliseu romano.
A arena, em Alto Santo (a 230 km da capital, Fortaleza), terá capacidade (20 mil) superior ao número de habitantes do município (16 mil).
Após cinco anos em obras, o Coliseu do Sertão deve ser inaugurado em janeiro do ano que vem. O custo de R$ 1,3 milhão foi dividido entre governo federal e prefeitura.
O Ministério do Esporte repassou R$ 619 mil, por emendas parlamentares --quando o deputado indica a obra e o governo libera o recurso.
Alto Santo não tem time na primeira divisão do Estado --o Alto Santo Futebol Clube, fundado em 2007, não joga em nenhuma divisão do futebol local. Para evitar que a obra faraônica logo se torne um elefante branco, a prefeitura negocia para receber os jogos do time de Quixadá, cidade a 160 km de distância.
Para o ex-prefeito Adelmo Aquino (SD), idealizador do Coliseu, o estádio ampliará o potencial turístico e trará receitas para o comércio local.
"O projeto é a longo prazo e será finalizado gradativamente daqui a dez anos. Daqui a uma década, Alto Santo terá uma população maior, e queremos que o estádio continue atual", afirmou.
A primeira fase da obra será entregue com 6.000 lugares. As demais 14 mil cadeiras, que estão no projeto, viriam numa segunda etapa.
Questionado sobre os critérios adotados pelo governo federal para financiar o estádio, o Ministério do Esporte informou que as emendas já vieram definidas pelo Congresso e que o projeto foi aceito pelos técnicos da pasta.
O governo não disse quantas pequenas cidades do interior do país receberam repasses similares para construir equipamentos esportivos.
IRRIGAÇÃO
O interior do Ceará sofre com a falta de chuvas regulares há quatro anos, e Alto Santo é um dos 175 municípios do Estado (95% do total) que decretaram situação de emergência devido à seca.
Mesmo assim, o gramado é irrigado regularmente, meses antes de sua inauguração.
Para Aquino, água não falta. "Estamos, possivelmente, em um dos locais de maior volume de água de todo o Ceará. Temos aqui dois grandes açudes que nos abastecem em grande volume, o Castanhão e a barragem do Figueiredo", disse à Folha.
Procurado, o atual prefeito da cidade, José Iran Paulino (PRB), não foi localizado.
O município aposta na negociação com o Quixadá Futebol Clube, da primeira divisão cearense. O gramado já foi aprovado pela federação estadual, mas o clube hesita em bancar a taxa relativa ao aluguel do estádio --10% do arrecadado na bilheteria.
Nadoth de Castro, presidente do Quixadá, diz que o clube aceitará jogar no Coliseu se a prefeitura abrir mão dessa receita. "Só é vantajoso se tivermos esse percentual da renda. Caso contrário, fica muito oneroso."
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SOMOS TODOS POSTES

Sem dúvida, somos todos postes! Postes, aqueles equipamentos plantados, imóveis, incolores, frios, enfim, e que carregam silenciosamente para frente do tempo, fios que, estes sim, levam energia e informação para o progresso. Então, somos todos postes que carregamos a energia louca e irresponsável da seita petista e de suas falanges comandadas por Lulla, ao dar-lhes de forma reiterada a primazia do nosso voto, que os leva ao comando da Nação carregados da energia perniciosa, traiçoeira e retrógrada.
Não sabemos sair do buraco em que fomos plantados; não aprendemos a nos movimentar para a reação; não temos conhecimento para colorir nossas faces, pelo menos com a vermelhidão da vergonha; e não temos o calor da energia que nos faça pensar nas estratégias para vencer a canalhice dos oportunistas que saqueiam o País das reservas de honra e progresso que ainda temos.
Então, somos todos postes e não vejo possibilidade de sairmos desse estado, pois tudo indica que a ignorância superará a razão.

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OS POSTES
Maria Lucia Victor Barbosa
25/09/2014
No meu primeiro livro, O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto – A Ética da Malandragem, editado por Jorge Zahar, escrevi:
“É necessário que o candidato em seus discursos aborde problemas cotidianos e use uma retórica exaltada, eivada de ideologia cabocla de justiça social, pois é necessário ressaltar a diferença entre ricos e pobres e clamar por vingança contra os que no momento ou no passado não conseguiram satisfazer as aspirações populares”.
Focando na figura de Lula da Silva compreende-se que foi graças a tais artimanhas que ele, na quarta tentativa, chegou lá. De um lado agradou a maioria composta pela pobreza. De outro, convenceu aos que depois chamou de “zelite”, que não ia mexer no mercado ou desagradar banqueiros, empreiteiros, grandes empresários. Aquela linguagem revolucionária de esquerda era só de brincadeirinha.
No poder Lula deu migalhas aos pobres e agiu como “coronel”, daqueles do “voto de cabresto”. Aos ricos proporcionou lucros inimagináveis e eles, agradecidos, sustentaram suas campanhas e a de seus companheiros. A classe média, onde entre outras categorias se inserem artistas, intelectuais, universitários, profissionais liberais que costumam ostentar ser de esquerda, Lula provocou aquele embasbacar pueril que faz a alegria dos demagogos.
Lula fez da presidência da República seu palanque de politicagem no qual achincalhou a língua pátria e se deliciou ao utilizar pesada retórica onde não faltaram palavrões, impropriedades e estultices. Louvado pela obra de ficção descrita pelo marketing como o Brasil transformado em paraíso reinou absoluto sem nenhuma oposição, quer partidária, quer institucional.
O saldo do seu longo período é a herança maldita que se sente no caos econômico, na corrupção presente em escândalos que permearam seus oito anos de governo, mais os quase quatro de Rousseff em que ele foi o presidente de fato.
O último e mais estrepitoso escândalo está sendo escancarado pelo detento, Paulo Roberto da Costa, ex-diretor da Petrobrás, o companheiro Paulinho. Na tentativa de diminuir sua pena, Paulo Roberto está mostrando que se roubou não em milhões, mas em bilhões e dá nome aos poderosos que se locupletaram, sobretudo, aos companheiros do PT e aos amigões do PMDB e do PP. Lula e Rousseff durante anos não viram nada, não souberam de nada e se alguma coisa houve a culpa foi dos Estados Unidos, de Fernando Henrique e da crise internacional.
Mantém ainda Lula o mesmo poder? Seu primeiro poste, a criatura Rousseff, é um retumbante fracasso e tem conduzido o Brasil à bancarrota. Seu segundo poste, Fernando Haddad, eleito por Lula prefeito de São Paulo, tem uma das piores avaliações entre os prefeitos de todo o país. O terceiro poste, o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, amarga o último lugar na campanha ao governo de São Paulo.
  O teste das urnas, que inclui outros candidatos do PT Brasil afora mostrará se Lula continua poderoso ou não. Para alegria dos petistas pesquisas do momento estão dando esperança ao PT, que estava sentindo medo. O chamado escândalo do pretrolão que fez empalidecer o mensalão não sensibilizou o povo. Inflação acelerada junto com inadimplência, indústria afundando, piora no emprego, o Brasil entrando em recessão, nada disto é notado pelos eleitores que continuam otimistas.
Se os brasileiros não ligam mais para seu bolso, que como dizem é a parte mais sensível do corpo, seria difícil imaginar a maioria assistindo ou entendendo a recente entrevista concedida por Rousseff ao Bom Dia Brasil. Naquela ocasião a governanta esbanjou prepotência, cinismo e total ignorância de dados do seu próprio governo e do panorama internacional.
A última da governanta se deu na ONU, dia 23, antes de seu discurso de autoelogio feito na abertura do evento. Não se sabe se por inspiração de Lula da Silva, que sempre defendeu a pior escória mundial ou se por instrução do chanceler de fato, Marco Aurélio Garcia, Rousseff se posicionou contra os Estados Unidos e aliados, e a favor do Estado Islâmico. Uma aberração diplomática capaz de matar de vergonha os brasileiros que têm informações e senso das medidas.
De fato, com bem disse uma autoridade israelense, somos um anão diplomático. Afinal, apoiamos terroristas fanáticos cujas ações contra os que consideram infiéis são a degola, a crucificação, o enforcamento, o estrupo, a flagelação e o apedrejamento de mulheres. A governanta certamente ignora que pelas leis do IE é uma infiel e, que por isso, merece perder literalmente a cabeça ou no mínimo ser obrigada a usar burca.
Diante de tantos descalabros e ao ver o poste Rousseff subindo nas pesquisas, a pergunta a se fazer não é mais que país é esse, mas que povo é esse, que não se envergonha da incompetência e da corrupção internas e da repulsiva política externa. A resposta estará contida no teste de poder de Lula quando as urnas mostrarem os resultados.
Maria Lucia é socióloga.



O CONTEXTO DO TEMPO E NÓS

O tempo, ah, o tempo! Nada somos no contexto do tempo e nada deixaremos a não ser lembranças, também estas, morredouras. ___________________...