AÇÚCAR


Tive o olhar voltado para o problema do açúcar ainda em 1981, ao conhecer o livro “Sugar Blues”, pelo qual, sem exagero, o autor define o produto como veneno para o organismo humano. Para reforçar o escrito, a capa é ilustrada por uma caveira, significando a morte. Há trinta anos, pois, o tema não despertou interesse dos leitores, mas, hoje, em face da epidemia de obesidade e de outras doenças conseqüentes ou causadoras dela, a ciência começa a manifestar preocupação real com o tema.
Ano passado, no jornal Folha de São Paulo, tive a oportunidade de ler a entrevista que está abaixo e senti-me na obrigação de compartilhá-la. Afinal, o entrevistado não é nenhum lunático, pois tem formação no MIT e atua como professor de pediatria clínica, além de ser diretor do programa de avaliação do peso para a saúde de crianças e adolescentes na Universidade da Califórnia.
Sugiro, então a leitura a seguir e, também, a palestra que está no YOUTUBE, indicada no texto.

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Açúcar causa dependência como álcool e cigarro
ENDOCRINOLOGISTA AMERICANO LANÇA POLÊMICA AO CULPAR O CONSUMO DE DOCES E ATÉ SUCOS PELA EPIDEMIA DE OBESIDADE

Entrevista com ROBERT LUSTIN feita por telefone pela jornalista PATRÍCIA CAMPOS MELLO, para o jornal Folha de São Paulo


Açúcar é veneno. Do mais natureba, o mascavo, até o suco de fruta ou o famigerado xarope de milho, o açúcar está por trás de doenças cardíacas, diabetes e câncer.
E deveria ser proibido para menores de 21 anos, como o álcool e o cigarro.
É com essas declarações polêmicas que o americano Robert Lustig, endocrinologista pediátrico da Universidade da Califórnia em San Francisco, ganhou fama internacional nos últimos anos.
Sua palestra "Açúcar: a verdade amarga" teve mais de 900 mil acessos no YouTube (tinyurl.com/ldgu9k). Há duas semanas, suas teses foram tema da reportagem de capa da revista do "New York Times". Abaixo, os principais trechos da entrevista que ele concedeu à Folha, por telefone.
 

Folha - O senhor defende que as pessoas eliminem totalmente o açúcar da dieta?
Robert Lustig - Não, eu não sou um "food nazi". Eu como açúcar, mas muito pouco.
Nosso corpo tem uma capacidade muito limitada para metabolizar o açúcar e nós vivemos muito acima dela. Não precisamos de frutose para viver. Nosso corpo ficaria muito bem sem nenhuma frutose [açúcar refinado, a sacarose é composta de 50% de frutose e 50% de glicose].

Qual é o máximo de frutose que deveríamos ingerir?
Não temos certeza. Mas uma estimativa é 50 g por dia. Meus estudos mostram as similaridades entre frutose e álcool. Eles são metabolizados da mesma forma, no fígado. E nós sabemos qual é o limite de toxicidade para o álcool: 50 g. A epidemia de obesidade começou quando o consumo de frutose ultrapassou os 50 g por dia [ou 100 g de açúcar, o mesmo que duas latas e meia de refrigerante].
A Associação Cardiológica Americana publicou uma orientação, em agosto de 2009, da qual eu sou coautor, dizendo que o consumo atual de açúcar nos EUA é de 22 colheres de chá por dia. Deveríamos reduzir isso para nove colheres no caso de homens e seis no caso de mulheres.

Qualquer açúcar é ruim, não importa se é mascavo ou xarope de milho?
Todos são igualmente ruins.

Deveríamos substitui-los por adoçantes artificiais?
Adoçantes artificiais são uma questão complicada. Não fizemos todos os testes para saber o que os adoçantes fazem no organismo.
Segundo uma linha de estudos, uma vez que a língua sente o sabor doce, o cérebro se prepara para a entrada do açúcar no sangue. Se ele não entra, o cérebro fica confuso, o que pode levar a um aumento no consumo de açúcar.
Há estudos ligando o consumo de adoçantes a obesidade e doença cardíaca.

Qual a alimentação que os pais devem dar a seus filhos?
Crianças devem comer comida de verdade.

Mas isso inclui suco de fruta natural...
Não, suco de fruta, mesmo natural, não é comida de verdade. Deus fez suco de fruta? Não. Deus fez fruta. Qual é a diferença entre a fruta e o suco? Fibras. A fibra é a parte boa da fruta, e o suco, a má.
Sempre que há frutose na natureza, há muita fibra ""há uma exceção, o mel, mas este é policiado pelas abelhas.
As fibras limitam a velocidade da absorção dos carboidratos e das gorduras do intestino para a corrente sanguínea. Quanto mais rápido a energia sai do intestino e vai para o fígado, maiores as chances de danificar o órgão.

Quando o senhor diz que crianças devem comer comida de verdade, isso inclui um sorvete no fim de semana?
Sim. Quando eu era pequeno, sobremesa era uma vez por semana. Hoje, é uma vez por refeição. Esse é o problema. Eu tenho duas filhas pequenas e é isso que faço. Se é dia de semana e elas querem sobremesa, ganham uma fruta. Uma bola de sorvete, só no fim de semana. Elas seguem as regras e não ficam sonhando com doces.

O senhor propõe que a venda de doces e refrigerantes seja proibida para menores, como cigarros e álcool.
Sim. Refrigerantes não têm valor nutritivo, não fazem nenhum bem às crianças. Se os pais quiserem que seus filhos tomem refrigerante, que comprem para eles.

Não é exagero comparar açúcar a álcool e cigarros?
Não. Cigarros e álcool causam dependência, e açúcar também. Nos refrigerantes, tanto a cafeína como o açúcar causam dependência. Sal e gordura causam hábito, mas não dependência.

Como o senhor explica os efeitos nocivos do açúcar?
Quatro alimentos foram associados à doença metabólica crônica: gorduras trans, aminoácidos de cadeia ramificada [soja], álcool e frutose.
A frutose, quando é metabolizada, libera substâncias tóxicas chamadas espécies reativas de oxigênio [radicais livres], que levam a danos nas células no longo prazo, envelhecimento e, potencialmente, câncer.

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