DIGNIDADE

Parabéns CELSO KARSBURG! Ser Magistrado é isso também, ao conseguir a visão do todo e não apenas da letra da Lei. Julgar é saber enteder a Lei, compreender a Lei e contextualizá-la. Enfim, ser Magistrado e ter dignidade, o que, aliás, está muito bem demonstrado nesse teu posicionamento.
Abaixo, segue íntegra da notícia do jornal Gazeta do Sul.
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10/10/2014 - 21h10

Juiz de Santa Cruz renuncia a auxílio-moradia e vira notícia nacional

Celso Karsburg anunciou que dispensaria o benefício em um artigo na Gazeta do Sul
Foto: Michelle Treichel/Banco de Imagens
A decisão de um juiz do trabalho que atua em Santa Cruz do Sul de renunciar ao auxílio-moradia ganhou repercussão nacional. Celso Fernando Karsburg, do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, anunciou por meio de um artigo publicado na Gazeta do Sul no último dia 1º que abriria mão do polêmico benefício.

O artigo foi destacado no blog do jornalista Frederico Vasconcelos, do jornal Folha de S. Paulo, na manhã desta quinta-feira, 9. No texto, o magistrado classifica a gratificação como "imoral, indecente e antiética". Segundo ele, que é juiz há 17 anos e desde 2001 possui casa própria, a publicação não gerou manifestações oficiais de entidades de classe da magistratura, mas a tendência é que outros juízes também dispensem o auxílio. Karsburg disse ter comunicado a decisão via e-mail ao serviço de orçamento do TRT.

Alvo de polêmica, a concessão de auxílio-moradia para todos os juizes do País foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal. O benefício, já regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pode chegar a R$ 4,7 mil mensais. Promotores e procuradores também devem ter direito.

Confira o artigo na íntegra:
 
Auxílio-moradia para juízes

"Recente decisão de ministro do Supremo Tribunal Federal, concedendo indistintamente o auxílio-moradia a todos os magistrados do País, repercute gerando acirradas controvérsias e indignação. Apenas para relembrar. Depois de anos de luta, a magistratura conseguiu a instituição do subsídio a que se refere o § 4º do artigo 39 da Constituição Federal, sendo que o critério para correção deste – anual – se encontra fixado no inciso X do artigo 37. Com a instituição do subsídio, visava-se tornar mais transparente a forma como a magistratura é remunerada e acabar com toda a sorte de ajuda-disto e auxílio-daquilo pagos indistintamente. A Lei Orgânica da Magistratura, promulgada em 14/3/1979, no artigo 65, por sua vez, entre outras vantagens, prevê o pagamento de “ajuda de custo, para moradia, nas localidades em que não houver residência oficial à disposição do Magistrado”.

É fato notório, também, que desde 2006 o Poder Executivo não vem concedendo reposição salarial plena – e não está a se falar em aumento salarial, apenas reposição das perdas causadas pela inflação – a que se refere o artigo 37 supracitado, o que vem levando à exasperação não somente a magistratura mas também todos os servidores públicos abrangidos pelo artigo em questão, em evidente desrespeito à Constituição Federal.

A partir dessas constatações, uma indagação. Se desde 1979 já existia o direito ao recebimento do auxílio-moradia, por que somente agora, passados 35 anos, alguém se lembrou de requerer seu pagamento? Será que ninguém percebeu que esse direito estava ao alcance de todos os juízes mas que, por alguma insondável razão de bondade, não foi exercido durante todo esse tempo? À evidência que não. E a resposta é simples. Porque durante todos estes anos o pagamento da vantagem, indistintamente a todos os juízes, era visto como algo indevido, para não dizer absurdo, imoral ou antiético. E somente deixou de assim ser visto quando a magistratura percebeu que o Poder Executivo não iria conceder a reposição do poder aquisitivo causado pela inflação que ele mesmo produz.

Portanto, digam o que quiserem dizer: o pagamento do auxílio-moradia, indistintamente a todos os juízes, ainda que previsto na Loman, é uma afronta a milhões de brasileiros que não fazem jus a esse “benefício” e na realidade se constitui na resposta que um Poder – o Judiciário – deu a outro – o Executivo – porque este não cumpriu sua obrigação de repor o que a inflação havia consumido. É uma disfarçada e espúria concessão de antecipação ou reposição salarial por “canetaço” ante a inércia do governo federal – que tem dinheiro para construir portos para regimes políticos falidos, perdoar dívidas de outros tantos, que deixa bilhões escorrer entre os dedos das mãos nos incontáveis casos de corrupção que diariamente são noticiados – mas não tem dinheiro para repor as perdas causadas pela inflação, nem para remunerar de forma digna a magistratura.

Outras perguntas. Se o Poder Executivo continuar não concedendo a reposição da inflação nos próximos anos – continuando a demonstrar, assim, o seu desprezo para com a magistratura – a PEC 63/13, que institui a parcela indenizatória de valorização do tempo de serviço (ATS), também será atropelada por liminar do STF fazendo valer o inciso VII do mesmo artigo 65 da Loman antes já mencionada, que prevê o pagamento de gratificação adicional de 5% por quinquênio de serviço, até o máximo de 7?

Como ficam os juízes que residem na comarca e em residência própria? Irão receber a gratificação? Sob a justificativa de que a União não fornece a residência? E os casais, quando ambos forem juízes, qual deles receberá o auxílio-moradia? Receberão ambos? De minha parte, apenas uma certeza. Desde já renuncio ao recebimento da “gratificação”, por considerá-la imoral, indecente e antiética. Não quero migalhas recebidas por vias transversas e escusas. Quero apenas o mínimo que a Constituição Federal me assegura para exercício de meu cargo com dignidade. A reposição da inflação anualmente. Nada mais do que isso."


fonte: Redação Gazeta do Sul

AGORA, UMA POESIA!

A poesia de Drummond, abaixo, parece não dizer nada, mas diz tudo. Fala do enfado e da revolta, da desilusão e do perdão e, ao seu final, dá relevo à pequena ocorrência da Natureza, em local inóspito, mas um fato da maior importância para vida. 
Boa leitura!

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A FLOR E A NÁUSEA
Carlos Drummond de Andrade

Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias, espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Vomitar este tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.
Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.
Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

COLISEU

Embora não pareça, este é um assunto extremamente relevante para sociedade brasileira, especialmente neste momento, o de eleições. Relevante porque mostra de forma clara o defeito do gerenciamento nacional, caracterizado por seus vários desvios operacionais, conceituais e ideológicos, todos contidos num mesmo fato.
Não é concebível que, para atender à demanda de um parlamentar, se pratique o proselitismo governamental, em nome de conceitos ideológicos distorcidos.
Em uma comunidade de 16.000 habitantes, caracterizada pela pobreza e sem time de futebol, é construído um estádio capaz de abrigar  20.000 espectadores, a um custo de 1.300.000 reais de dinheiro público. Para manter a grama plantada, em região de seca extrema e histórica, rega-se o solo duas vezes por dia, todos os dias. Sabemos que no contexto regional, além da falta de água, há carência de dinheiro, também público, para abastecer as pessoas com ... água!, visando atender suas necessidade mínimas. Também sabemos que quando há dinheiro liberado para obras com esse fim, ele é todo desviado pelos canais da corrupção dominados pelo governo e pelos representantes parlamentares.
Na mesma região, sabe-se agora, a nascente do rio São Francisco, aquele, onde se faz a transposição que nunca acaba, mas consome recursos financeiros, secou.
Tudo isto entrelaçado, dá um sentimento de descrença, de desânimo e uma visão do caos, pois mostra que os eleitores escolhemos governantes medíocres e mal-intencionados e somos governados por eles, que se fartam ricamente na pobreza de princípios que têm.
Enfim, parece vivermos numa autocracia e menos na democracia.


Observação: abaixo está reportagem do jornal Folha de São Paulo e, logo a seguir, o endereço da página, onde poderá ser vista a ridícula imagem frontal do estádio.
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Governo federal financia metade de 'Coliseu' no sertão cearense
Capacidade de estádio de Alto Santo, que custou R$ 1,3 mi, supera total de habitantes do município
Sob seca, cidade vive estado de emergência; sem time na 1ª divisão, prefeitura negocia com equipe de Quixadá
ANDRÉ UZÊDAENVIADO ESPECIAL A ALTO SANTO (CE)
O governo da presidente Dilma Rousseff (PT) financiou metade da construção, no sertão cearense, de um estádio de futebol com fachada inspirada no Coliseu romano.
A arena, em Alto Santo (a 230 km da capital, Fortaleza), terá capacidade (20 mil) superior ao número de habitantes do município (16 mil).
Após cinco anos em obras, o Coliseu do Sertão deve ser inaugurado em janeiro do ano que vem. O custo de R$ 1,3 milhão foi dividido entre governo federal e prefeitura.
O Ministério do Esporte repassou R$ 619 mil, por emendas parlamentares --quando o deputado indica a obra e o governo libera o recurso.
Alto Santo não tem time na primeira divisão do Estado --o Alto Santo Futebol Clube, fundado em 2007, não joga em nenhuma divisão do futebol local. Para evitar que a obra faraônica logo se torne um elefante branco, a prefeitura negocia para receber os jogos do time de Quixadá, cidade a 160 km de distância.
Para o ex-prefeito Adelmo Aquino (SD), idealizador do Coliseu, o estádio ampliará o potencial turístico e trará receitas para o comércio local.
"O projeto é a longo prazo e será finalizado gradativamente daqui a dez anos. Daqui a uma década, Alto Santo terá uma população maior, e queremos que o estádio continue atual", afirmou.
A primeira fase da obra será entregue com 6.000 lugares. As demais 14 mil cadeiras, que estão no projeto, viriam numa segunda etapa.
Questionado sobre os critérios adotados pelo governo federal para financiar o estádio, o Ministério do Esporte informou que as emendas já vieram definidas pelo Congresso e que o projeto foi aceito pelos técnicos da pasta.
O governo não disse quantas pequenas cidades do interior do país receberam repasses similares para construir equipamentos esportivos.
IRRIGAÇÃO
O interior do Ceará sofre com a falta de chuvas regulares há quatro anos, e Alto Santo é um dos 175 municípios do Estado (95% do total) que decretaram situação de emergência devido à seca.
Mesmo assim, o gramado é irrigado regularmente, meses antes de sua inauguração.
Para Aquino, água não falta. "Estamos, possivelmente, em um dos locais de maior volume de água de todo o Ceará. Temos aqui dois grandes açudes que nos abastecem em grande volume, o Castanhão e a barragem do Figueiredo", disse à Folha.
Procurado, o atual prefeito da cidade, José Iran Paulino (PRB), não foi localizado.
O município aposta na negociação com o Quixadá Futebol Clube, da primeira divisão cearense. O gramado já foi aprovado pela federação estadual, mas o clube hesita em bancar a taxa relativa ao aluguel do estádio --10% do arrecadado na bilheteria.
Nadoth de Castro, presidente do Quixadá, diz que o clube aceitará jogar no Coliseu se a prefeitura abrir mão dessa receita. "Só é vantajoso se tivermos esse percentual da renda. Caso contrário, fica muito oneroso."
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SOMOS TODOS POSTES

Sem dúvida, somos todos postes! Postes, aqueles equipamentos plantados, imóveis, incolores, frios, enfim, e que carregam silenciosamente para frente do tempo, fios que, estes sim, levam energia e informação para o progresso. Então, somos todos postes que carregamos a energia louca e irresponsável da seita petista e de suas falanges comandadas por Lulla, ao dar-lhes de forma reiterada a primazia do nosso voto, que os leva ao comando da Nação carregados da energia perniciosa, traiçoeira e retrógrada.
Não sabemos sair do buraco em que fomos plantados; não aprendemos a nos movimentar para a reação; não temos conhecimento para colorir nossas faces, pelo menos com a vermelhidão da vergonha; e não temos o calor da energia que nos faça pensar nas estratégias para vencer a canalhice dos oportunistas que saqueiam o País das reservas de honra e progresso que ainda temos.
Então, somos todos postes e não vejo possibilidade de sairmos desse estado, pois tudo indica que a ignorância superará a razão.

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OS POSTES
Maria Lucia Victor Barbosa
25/09/2014
No meu primeiro livro, O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto – A Ética da Malandragem, editado por Jorge Zahar, escrevi:
“É necessário que o candidato em seus discursos aborde problemas cotidianos e use uma retórica exaltada, eivada de ideologia cabocla de justiça social, pois é necessário ressaltar a diferença entre ricos e pobres e clamar por vingança contra os que no momento ou no passado não conseguiram satisfazer as aspirações populares”.
Focando na figura de Lula da Silva compreende-se que foi graças a tais artimanhas que ele, na quarta tentativa, chegou lá. De um lado agradou a maioria composta pela pobreza. De outro, convenceu aos que depois chamou de “zelite”, que não ia mexer no mercado ou desagradar banqueiros, empreiteiros, grandes empresários. Aquela linguagem revolucionária de esquerda era só de brincadeirinha.
No poder Lula deu migalhas aos pobres e agiu como “coronel”, daqueles do “voto de cabresto”. Aos ricos proporcionou lucros inimagináveis e eles, agradecidos, sustentaram suas campanhas e a de seus companheiros. A classe média, onde entre outras categorias se inserem artistas, intelectuais, universitários, profissionais liberais que costumam ostentar ser de esquerda, Lula provocou aquele embasbacar pueril que faz a alegria dos demagogos.
Lula fez da presidência da República seu palanque de politicagem no qual achincalhou a língua pátria e se deliciou ao utilizar pesada retórica onde não faltaram palavrões, impropriedades e estultices. Louvado pela obra de ficção descrita pelo marketing como o Brasil transformado em paraíso reinou absoluto sem nenhuma oposição, quer partidária, quer institucional.
O saldo do seu longo período é a herança maldita que se sente no caos econômico, na corrupção presente em escândalos que permearam seus oito anos de governo, mais os quase quatro de Rousseff em que ele foi o presidente de fato.
O último e mais estrepitoso escândalo está sendo escancarado pelo detento, Paulo Roberto da Costa, ex-diretor da Petrobrás, o companheiro Paulinho. Na tentativa de diminuir sua pena, Paulo Roberto está mostrando que se roubou não em milhões, mas em bilhões e dá nome aos poderosos que se locupletaram, sobretudo, aos companheiros do PT e aos amigões do PMDB e do PP. Lula e Rousseff durante anos não viram nada, não souberam de nada e se alguma coisa houve a culpa foi dos Estados Unidos, de Fernando Henrique e da crise internacional.
Mantém ainda Lula o mesmo poder? Seu primeiro poste, a criatura Rousseff, é um retumbante fracasso e tem conduzido o Brasil à bancarrota. Seu segundo poste, Fernando Haddad, eleito por Lula prefeito de São Paulo, tem uma das piores avaliações entre os prefeitos de todo o país. O terceiro poste, o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, amarga o último lugar na campanha ao governo de São Paulo.
  O teste das urnas, que inclui outros candidatos do PT Brasil afora mostrará se Lula continua poderoso ou não. Para alegria dos petistas pesquisas do momento estão dando esperança ao PT, que estava sentindo medo. O chamado escândalo do pretrolão que fez empalidecer o mensalão não sensibilizou o povo. Inflação acelerada junto com inadimplência, indústria afundando, piora no emprego, o Brasil entrando em recessão, nada disto é notado pelos eleitores que continuam otimistas.
Se os brasileiros não ligam mais para seu bolso, que como dizem é a parte mais sensível do corpo, seria difícil imaginar a maioria assistindo ou entendendo a recente entrevista concedida por Rousseff ao Bom Dia Brasil. Naquela ocasião a governanta esbanjou prepotência, cinismo e total ignorância de dados do seu próprio governo e do panorama internacional.
A última da governanta se deu na ONU, dia 23, antes de seu discurso de autoelogio feito na abertura do evento. Não se sabe se por inspiração de Lula da Silva, que sempre defendeu a pior escória mundial ou se por instrução do chanceler de fato, Marco Aurélio Garcia, Rousseff se posicionou contra os Estados Unidos e aliados, e a favor do Estado Islâmico. Uma aberração diplomática capaz de matar de vergonha os brasileiros que têm informações e senso das medidas.
De fato, com bem disse uma autoridade israelense, somos um anão diplomático. Afinal, apoiamos terroristas fanáticos cujas ações contra os que consideram infiéis são a degola, a crucificação, o enforcamento, o estrupo, a flagelação e o apedrejamento de mulheres. A governanta certamente ignora que pelas leis do IE é uma infiel e, que por isso, merece perder literalmente a cabeça ou no mínimo ser obrigada a usar burca.
Diante de tantos descalabros e ao ver o poste Rousseff subindo nas pesquisas, a pergunta a se fazer não é mais que país é esse, mas que povo é esse, que não se envergonha da incompetência e da corrupção internas e da repulsiva política externa. A resposta estará contida no teste de poder de Lula quando as urnas mostrarem os resultados.
Maria Lucia é socióloga.



O MAL COM BASE NA MENTIRA

O artigo de Ferreira Gullar, escrito para o jornal Folha de São Paulo, deste domingo, expõe o lamaçal sobre o qual se constrói a retórica petista. Não importam os princípios democráticos, nem os republicanos, nem os da decência pessoal e social e, muito menos, os da ética e da moral. Para obter, ou, agora, para manter-se no Poder, tudo vale. Então, no caso, a mentira é a forma de combater fatos e verdades, repetindo-as tantas vezes quantas a memória das pessoas exigir para que se consolidem como realidades. Aliás, depois tentam desqualificar comentários e seus autores, que  indicam estar o petismo a resgatar métodos que a História quer esquecer.
Vela pena ler.


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A mentira como método (por Ferreira Gullar)
Eles sabem que estão mentindo e, sem qualquer respeito próprio, repetem a mentira por décadas
Tenho com frequência criticado o governo do PT, particularmente o que Lula fez, faz e o que afirma, bem como o desempenho da presidente Dilma, seja como governante, seja agora como candidata à reeleição.
Esclareço que não o faço movido por impulso emocional e, sim, na medida do possível, a partir de uma avaliação objetiva.
Por isso mesmo, não posso evitar de comentar a maneira como conduzem a campanha eleitoral à Presidência da República. Se é verdade que os candidatos petistas nunca se caracterizaram por um comportamento aceitável nas campanhas eleitorais, tenho de admitir que, na campanha atual, a falta de escrúpulos ultrapassou os limites.
Lembro-me, como tanta gente lembrará também, da falta de compromisso com a verdade que tem caracterizado as campanhas eleitorais do PT, particularmente para a Presidência da República.
Nesse particular, a Petrobras tem sido o trunfo de que o PT lança mão para apresentar-se como defensor dos interesses nacionais e seus adversários como traidores desses interesses. Como conseguir que esse truque dê resultado?
Mentindo, claro, inventando que o candidato adversário tem por objetivo privatizar a Petrobras. Por exemplo, Fernando Henrique, candidato em 1994, foi objeto dessa calúnia, sem que nunca tenha dito nada que justificasse tal acusação.
Em 2006, quem disputou com Lula foi Geraldo Alckmin e a mesma mentira foi usada contra ele. Na eleição seguinte, quando a candidata era Dilma Rousseff, essa farsa se repetiu: ela, se eleita, defenderia a Petrobras, enquanto José Serra, se ganhasse a eleição, acabaria com a empresa.
É realmente inacreditável. Eles sabem que estão mentindo e, sem qualquer respeito próprio, repetem a mesma mentira. Mas não só os dirigentes e o candidato sabem que estão caluniando o adversário, muitos eleitores também o sabem, mas se deixam enganar. Por isso, tendo a crer que a mentira é uma qualidade inerente ao lulopetismo.
Quando foi introduzido, pelo governo do PSDB, o remédio genérico --vendido por menos da metade do preço do mercado-- o PT espalhou a mentira de que aquilo não era remédio de verdade. E os eleitores petistas acreditaram: preferiram pagar o triplo pelo mesmo remédio para seguir fielmente a mentira petista.
Pois é, na atual campanha, não apenas a mesma falta de escrúpulo orienta a propaganda de Dilma, como, por incrível que pareça, conseguem superar a desfaçatez das campanhas anteriores.
Mas essa exacerbação da mentira tem uma explicação: é que, desta vez, a derrota do lulopetismo é uma possibilidade tangível.
Faltando pouco para o dia da votação, Marina tem menos rejeição que Dilma e está empatada com ela no segundo turno --e o segundo turno, ao que tudo indica, é inevitável.
Assim foi que, quando Aécio parecia ameaçar a vitória da Dilma, era ele quem ia privatizar a Petrobras e acabar com o Bolsa Família.
Agora, como quem a ameaça é Marina, esta passou a ser acusada da mesma coisa: quer privatizar a Petrobras, abandonar a exploração do pré-sal e acabar com os programas assistenciais. Logo Marina, que passou fome na infância.
E não é que o Lula veio para o Rio e aqui montou uma manifestação em defesa da Petrobras e do pré-sal? Não dá para acreditar: o cara inventa a mentira e promove uma manifestação contra a mentira que ele mesmo inventou! Mas desta vez ele exagerou na farsa e a tal manifestação pifou.
Confesso que não sei qual a farsa maior, se essa, do Lula, ou a de Dilma quando afirmou que, se ela perder a eleição, a corrupção voltará ao governo. Parece piada, não parece? De mensalão em mensalão os governos petistas tornaram-se exemplo de corrupção, a tal ponto que altos dirigentes do partido foram parar na cadeia, condenados por decisão do Supremo Tribunal Federal.
Agora são os escândalos da Petrobras, saqueada por eles e por seus sócios na falcatrua: a compra da refinaria de Pasadena por valor absurdo, a fortuna despendida na refinaria de Pernambuco, as propinas divididas entre o PT e os partidos aliados, conforme a denúncia feita por Paulo Roberto Costa, à Justiça do Paraná.
Foi o Lula que declarou que não se deve dizer o que pensa, mas o que o eleitor quer ouvir. Ou seja, o certo é mentir.


DESVARIO PERMANENTE

Vale a pena, muito a pena!, ler o depoimento abaixo, da filha de Jorge Amado. Fora do tempo, é verdade!, mas ainda contemporâneo, por representar a contemporaneidade dos desvarios de um político que ainda nos representa.

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Odeio Prepotência
Era 1998, estávamos em Paris, papai já bem doente, participara da Feira do Livro de Paris e recebera o doutoramento na Sorbonne, o que o deixou muito feliz. De repente, uma imensa crise de saúde se abateu sobre ele, foram muitas noites sem dormir, só mamãe e eu com ele. Uma pequena melhora e fomos tomar o avião da Varig (que saudades) para Salvador.
Mamãe juntou tudo que mais gostavam no apartamento onde não mais voltaria e colocou em malas. Empurrando a cadeira de rodas de papai, ela o levou para uma sala reservada. E eu, com dois carrinhos, somando mais de 10 malas, entrava na fila da primeira classe. Em seguida chegou um casal que eu logo reconheci, era um politico do Sul (não lembro se na época era senador ou governador, já foi tantas vezes os dois, que fica difícil lembrar). A mulher parecia uma arvore de Natal, cheia de saltos, cordões de ouros e berloques (Calá, com sua graça, diria: o jegue da festa do Bonfim). É claro que eu estava de jeans e tênis, absolutamente exausta. De repente, a senhora bate no meu ombro e diz: Moça, esta fila é da primeira classe, a de turistas é aquela ao fundo. Me armei de paciência e respondi: Sim, senhora, eu sei. Queria ter dito que eu pagara minha passagem enquanto a dela o povo pagara, mas não disse. Ficou por isso. De repente, o senhor disse à mulher, bem alto para que eu escutasse: até parece que vai de mudança, como os retirantes nordestinos. Eu só sorri. Terminei o check in e fui encontrar meus pais.
Pouco depois bateram à porta, era o casal querendo cumprimentar o escritor. Não mandei a putaquepariu, apesar de desejar fazê-lo, educadamente disse não. Hoje, quando vi na TV o senador dizendo que foi agredido por um repórter, por isso tomou seu gravador, apagou seu chip, eteceteraetal, fiquei muito retada, me deu uma crise de mariasampaismo e resolvi contar este triste episódio pelo qual passei. Só eu e o gerente da Varig fomos testemunhas deste episódio, meus pais nunca souberam de nada…
Paloma Jorge Amado é psicóloga.
Define a sua preferência política desta forma. “Sou livre pensadora. Odeio tudo que é contra o povo, reacionário, retrógrado, preconceituoso. Se tivesse que escolher uma ala, escolheria a das Baianas.”

VISÃO DISTORCIDA INTENCIONALMENTE

Esse, embora espirituoso na sua escrita e, por isso mesmo, agradável de ler em alguns momentos, é um péssimo estrategista das ideias políticas e sociais. Sempre que escreve sobre isto, erra, pois deixa exposto seu fel contra o desenvolvimento da cidadania e da nacionalidade brasileiras. Agora, por exemplo, procura desqualificar uma candidata, colocando no palco argumentos vãos, mas que servem para a plebe ignara que o lê, consolidar a visão distorcida, que sempre prejudica uma campanha eleitoral pensada de nível construtivo.

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Marina
(Luiz Fernando Veríssimo, para O Globo))
Não se imagina que Malafaia e outros bispos evangélicos teriam o mesmo poder no governo que tiveram sobre a redação dos princípios da candidata
A comparação da Marina com o Jânio e o Collor é gratuita, mas, se ela for eleita, entrará na lista dos nossos presidentes exóticos — o que não significa que terá o mesmo destino dos outros. Mulher, negra, com uma história pessoal de superação da sua origem mais admirável até do que a do Lula, ela seria, no governo, no mínimo uma curiosidade internacional, e talvez uma surpresa. Acho difícil que sobreviva a todas as suas contradições e chegue lá, mas no Brasil, decididamente, você nunca pode dizer que já viu tudo. Temos uma certa volúpia pelo excêntrico.
A influencia da religião numa hipotética administração Marina é discutível. Não se imagina que o bispo Malafaia e outros bispos evangélicos teriam o mesmo poder no governo que tiveram sobre a redação dos princípios da candidata, obrigada a mudar alguns para não desagradá-los. E o que significaria termos um governo evangélico em vez de um governo católico ou umbandista? Obscurantismo por obscurantismo, daria no mesmo. Outra excentricidade do momento — sob a rubrica “Só no Brasil” — é o fato de a candidata mais revolucionária nestas eleições ser ao mesmo tempo a mais conservadora.
A aprovação quase universal do casamento gay está tornando esta questão obsoleta, para não dizer aborrecida, mas outras questões em choque com princípios religiosos, como a da liberação do aborto e a pesquisa com células-tronco, afetam a vida e a morte de milhões de pessoas. É impossível saber quantas mulheres já morreram em abortos clandestinos por culpa direta da proibição do uso de preservativos pelo Vaticano, por exemplo.
Não faz a menor diferença para mim, para você e para o nosso cotidiano se Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo porque nem Ele era de ferro, ou se a humanidade descende de macacos. Eu mesmo adotei uma crença mista a respeito: acredito que todos os antepassados da nossa espécie eram filhos de macacos menos os meus, que foram adotados. Mas a oposição à pesquisa com células-tronco que pode levar à cura de varias doenças hoje mortais não é brincadeira. É criminosa.
Acho a Marina uma mulher extraordinária. Mas, como alguém que está na fila para receber os eventuais benefícios de pesquisas com células-tronco, voto no meu coração.

INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL

Levando em conta os debates a Inteligência Emocional, sugiro a leitura do texto abaixo. É um novo campo de inflexão de estudos da mente e do...