ASSIMETRIA DA OUVIDORA DA "FOLHA DE SÃO PAULO"

Este é um dos casos, contido nos 60%, com que concordo com o Reinaldo Azevedo. Integralmente! Já havia lido o comentário da ouvidora da Folha na semana passada e lido a réplica do autor no último domingo. Afora as questões conceituais em torno da cultura do estupro, em cujas linhas ela atravessa o samba, jamais, no papel que cumpre, poderia se intrometer no conteúdo do colunista do jornal, pois não lhe cabe esse olhar. Se assim fosse, deveria se meter em todas as colunas do Jânio de Freitas, por exemplo, pela qual ele não apenas enaltece o crime lullopetista e critica os opositores, como também, e especialmente, manifesta violência escrita contra a Operação Lava Jato e nominalmente a todos os algozes do crime, como Moro, Procuradores e Polícia Federal. Portanto, se a ouvidora, criticou Reinaldo Azevedo por ele manifestar opinião com a qual o jornal não concorda, deveria também, e de forma reiterada, manifestar sua discordância com o Jânio, pois ele agride a legalidade enaltecendo a ORCRIM, em todos os seus escritos.
A assimetria da ouvidora da Folha salta aos olhos!
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RESPOSTA À OMBUDSMAN DA FOLHA: Cultura da intolerância
Paula Cesarino Costa não esconde que inexistiria pluralidade em seu mundo ideal, em que não se precisasse pagar um preço
Por Reinaldo Azevedo, em 13/06/2016
Leia texto publicado na edição da Folha deste domingo:
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Escrevi na sexta retrasada (03/05) uma 
coluna contestando a existência da “cultura do estupro” e acusando o uso político de uma tragédia. Paula Cesarino Costa, a ombudsman, me brindou com uma grosseria. Escreveu: “O colunista Reinaldo Azevedo preferiu contornar o fato objetivo para apontar o ‘estupro como estandarte’ ideológico. A pluralidade do jornal, por vezes, cobra seu preço.”
Paula não esconde que inexistiria pluralidade em seu mundo ideal, em que não se precisasse pagar um preço. Perguntei a Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha, se estou no jornal para cumprir cota, como um “cão tolerado pela gerência”. Negou.
Não tratei do estupro em si nem especulei sobre a veracidade da história. Contestei a existência de uma cultura. Houvesse, os estupradores também seriam vítimas das circunstâncias, como as estupradas. Cobrei que os usuários da expressão a definissem.
Uma cultura gera valores e bens simbólicos; desdobra-se em produtos e se impõe como uma segunda natureza. Onde está a dita-cuja? A própria Paula escreve um texto de 5.018 toques. A expressão “cultura do estupro” está no título e só reaparece depois de 3.867 toques. A partir daí, ela a emprega quatro vezes, em minguados 1.151 caracteres (com espaço), repetindo a falha dos demais: não explica o que é. Se a maioria diz existir, existe. Se alguém discorda, então é um preço que se paga. Não consta que ser juíza de colunistas esteja entre suas atribuições. Cobrar precisão e apontar inconsistências são, sim, tarefas que lhe cabem.
A cada vez que leio na Folha e em toda parte que há, por ano, estimados 500 mil estupros no Brasil, eu me pergunto a origem desse dado, qual é a fonte — e entendo que a ombudsman deveria fazer o mesmo. Seria um número compatível com ocorrências em zonas de ocupação, em que a violação de mulheres se torna um símbolo da conquista, da sujeição e da humilhação.
Alexandre Vidal Porto lembrou lembrou nesta Folha, citando o historiador Antony Beevor, que o Exército Soviético estuprou, entre 1945 e 1948, dois milhões de alemãs. Os homens por aqui seriam os “soviéticos” das brasileiras…
Minha coluna foi publicada no dia 3, mas eu a entreguei ao editor no dia 2 à tarde, antes de um ato no Rio em que Dilma, a Afastada, pegou carona na tragédia para se vitimizar. Eu apontava justamente o uso político do tema e a sua transformação em estandarte ideológico.  Eu estava certo. Talvez eu seja um bom custo…
Em Pajeú do Piauí, houve outro estupro coletivo nesta semana. Três dos quatro violadores são menores. Os manifestantes de antes se calarão porque, como escreveu um cretino, “a direita vai aproveitar para cobrar a redução da maioridade penal”. Que coisa!
Repito o que vai no primeiro e no último parágrafos da minha coluna, escrita antes do crime de Pajeú do Piauí: os ditos “progressistas” desprezam pessoas e adotam causas. São capazes de condenar todo um país por sua “cultura do estupro”, mas passam a mão na cabeça de estupradores.
Recomendo a Paula que seja mais tolerante com a pluralidade e que fique mais atenta ao que se escreve do que a quem escreve.

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