É preciso pensar, mas pensar bem
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
É
preciso saber preservar-se dos pensamentos que, ferindo a sensibilidade
e até a própria natureza, podem afetar seriamente a razão. Cada um deve
ser consciente do que pensa e também da utilidade que poderiam ter os
pensamentos que estão servindo de preocupação a todos os homens da
Terra. Seria um erro muito grave a persistência em continuar confiando
aos outros o que incumbe a todos igualmente como dever e como capacidade
de fazer; isto é, pensar por si mesmos, buscando a solução dos
respectivos problemas, tanto quanto a capacidade o permita. Dessa
maneira, se recobrará a confiança em si mesmo e naquilo que é de cada
um. Conseguindo-se realizar isto, se poderá evitar ser arrastado por
correntes mentais que buscam engrossar suas fileiras com os que não
pensam, obrigando-os a caminhar, não por onde gostariam de ir, mas por
onde querem os que movem essas correntes. Quem se deixa conduzir por
esse caminho incerto e duvidoso não terá direito a se queixar amanhã de
tudo quanto possa afetar sua evolução e sua vida.
É
preciso pensar, mas pensar bem, com fundamento, discriminando as
situações com absoluta certeza e com serenidade de juízo, para saber
qual é o melhor caminho a tomar. E embora isso tenha uma perspectiva
externa na vida dos seres humanos, existe também outra de imperiosa
necessidade interna: a de pensar no que se é e no que se pode chegar a
ser seguindo as diretivas da consciência.
A vida requer que lhe seja dado a cada dia, e se possível a cada hora,
um novo estímulo
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Não
se deve esterilizar a vida vivendo-a rotineiramente, mecanicamente. No
homem existiu sempre, por lei natural, a inclinação para a posse;
possuir uma coisa tem se constituído em todas as épocas num prazer,
experimentado desde o momento em que se pensou na posse até sua
conquista. Isto, naturalmente, dá um conteúdo à vida durante todo o
tempo em que o pensamento da posse se mantém vivo; sente-se uma sensação
agradável e feliz que chega a presidir a vigília e até o sono,
sobretudo quando ocorre a aproximação do que se quer alcançar.
Observe-se como, enquanto dura e se realiza a aspiração, o ser vive
venturoso com tal perspectiva. Mas nem todos sabem situar sua razão no
campo da sensatez e, com frequência, ocorre que se busca possuir aquilo
que, em rigor da verdade, não corresponde ou está fora do alcance ou da
capacidade de poder conquistar. Em tais casos sobrevém invariavelmente a
decepção, estado que todo ser inteligente deve evitar.
São
muitos também os que, havendo experimentado essas horas felizes vividas
até o instante de alcançar o que se quer, se desviam buscando o alheio;
e é quando o que antes constituiu um tempo feliz se transforma em tempo
incerto e cheio de torturas.
Momentos felizes são os que o ser experimenta quando é capaz de dar; é aí quando ele se enaltece e se cobre de dignidade.
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