Quem
diria! Ah, quem diria que chegaríamos ao ponto em que torcer para que o
mal fosse confrontado, significaria torcer para que o mal suplantasse o
mal, restando o mal como resultado melhor. Só nos resta aguardar o
resultado da História escrita, a ocorrer algumas décadas à frente, para
que possamos ver o que de nefasto sobrou da equação.
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20/03/2015
às 21:46 \ Direto ao Ponto (Augusto Nunes)
às 21:46 \ Direto ao Ponto (Augusto Nunes)
O marqueteiro avisou que Dilma poderia virar rainha. Faltou prever que Eduardo Cunha seria o primeiro-ministro de Maria II
“A
República brasileira não produziu uma única grande figura feminina, nem
mesmo conjugal”, pontificou João Santana em dezembro de 2010. “O espaço
metafórico da cadeira da rainha só foi parcialmente ocupado pela
princesa Isabel. Dilma tem tudo para ocupar esse espaço”. Com duas
frases, o marqueteiro da corte comunicou a milhões de súditos que eram
apenas questão de tempo a Proclamação da Monarquia, a transformação do
gabinete presidencial em sala do trono e a coroação de Dilma Rousseff.
Nesta semana, depois do fulminante despejo de Cid Gomes — a primeira
demissão de um ministro anunciada não pela presidente da República, mas
pelo presidente da Câmara —, o palavrório declamado há quatro anos pelo
vidente aprendiz pareceu menos amalucado: cada vez mais, a cara, o jeito
e o falatório de Dilma lembram uma rainha cujos poderes foram amputados
pelo regime parlamentarista.
Pior: Santana nem de longe imaginou que a segunda rainha do Brasil —
no início do século 19 houve Maria I, mãe de dom João VI — teria como
primeiro-ministro um deputado como Eduardo Cunha. Ela faz reinações, ele
manda. Ela promete em discurseiras desconexas o que não pode cumprir.
Ele demite ministros indicados pela soberana, decide quem deve liderar a
bancada governista e, simultaneamente, chefia a oposição a Maria II.
Pena que Maria I não ressuscitar só para ter uma conversa com Maria
II. Depois de três ou quatro frases sem pé nem cabeça, Dona Maria, a
Louca, entenderia que doida é a outra. Aos gritos, exigiria aos gritos
que o epíteto, junto com o trono e a coroa, fosse imediatamente
repassado à rainha de João Santana.
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