O TEMPO VOA E A HISTÓRIA REGISTRA

A História segue seu caminho registrando fatos que nos impactam, mas logo esquecemos. O importante é que muitas vezes e repentinamente eles nos saltam aos olhos, ou à memória, trazendo vivências antigas e fazendo com que foquemos o passado e os estragos ou os benefícios que ocasionaram. No caso, os estragos, pelos momentos de podridão que nos fizeram conhecer aspectos escabrosos da Igreja Católica, de segmentos da Maçonaria, do sistema bancário e do governo italiano. No seu último livro, "Número Zero", Umberto Eco relembra alguns aspectos dessa figura nefasta, de um momento nefasto de várias Instituições respeitáveis, no contexto da história que ele escreve e que versa exatamente como se constroem e destroem pessoas e conceitos, por intermédio da imprensa

Correlacionando, mas apenas correlacionando!, a notícia da morte de Gelli, como está abaixo, certamente podemos projetá-la e compará-la com o futuro de algumas personalidades messiânicas, populistas e de projeção nacional brasileira que, em poucos anos ou décadas terão o mesmo fim, merecendo apenas uma breve notícia de registro obrigatório e com um também breve relato da podridão que as cercaram.

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Morreu Licio Gelli, o temido líder da Loja Maçônica P2
Revista Isto É Dinheiro
O "Mestre Venerável" Licio Gelli, uma das figuras mais controversas da história recente da Itália, líder da loja maçônica Propaganda 2 (P2), que teve vínculos com a ditadura militar argentina, morreu na terça-feira aos 96 anos em Arezzo (centro da Itpalia), anunciou a família.
O célebre "capo" da temida organização maçônica era um anticomunista convicto e viu seu nome envolvido em vários escândalos políticos e financeiros que abalaram a Itália nos anos 80 e 90.
Amigo dos argentinos Juan Domingo Perón e José López Rega, esteve vinculado com a ditadura militar argentina (1976-1983), país do qual chegou a obter cidadania e representou como diplomata na Itália.
Em 1981, graças às investigações dos juízes de Milão sobre a milionária quebra do banco Ambrosiano, os italianos descobriram a lista com os 962 nomes pertencentes à P2, uma influente rede de políticos, juízes, empresários, jornalistas, agentes dos serviços secretos e militares que o "Mestre Venerável" liderava.
Entre os empresários estava um ainda desconhecido Silvio Berlusconi, que anos mais tarde se tornou o homem mais rico do país e primeiro-ministro.
Também apareciam quase 20 argentinos, entre eles o almirante Emilio Massera e o general Carlos Suárez Mason, integrantes da junta militar que governou o país.
Graças à investigação dos juízes, que durou 13 anos, a loja P2 foi proibida em 1981.
O nome de Gelli apareceu em quase todos os escândalos dos últimos 30 anos, desde a quebra do maior banco da Itália da época, o Banco Ambrosiano, cujo presidente, Roberto Calvi, foi encontrado enforcado sob uma ponte de Londres em 1982, passando por Tangentópolis (subornos das empresas) e a existência de uma estrutura paramilitar secreta de nome Gladio com o objetivo de impedir que os comunistas italianos chegassem ao poder.
O poderoso líder da P2 foi condenado por apropriar-se de segredos de Estado, caluniar magistrados e tentar desviar as investigações do atentado contra a estação de Bolonha em 1980.
O ex-líder da loja mais exclusiva da maçonaria italiana conseguiu fugir de uma prisão suíça em agosto de 1983, buscou refúgio na América do Sul, onde sempre gozou de amizades influentes, e se entregou à justiça na Suíça em 1987.
Nascido em 21 de abril de 1919 em Pistoia, Toscana, Licio Gelli militou durante a juventude no fascismo e foi voluntário na Espanha para lutar ao lado do general Francisco Franco. Em seu retorno, foi recebido na Itália pelo ditador Benito Mussolini.
Na véspera da queda do fascismo, Gelli, que começava a dominar a arte da manipulação e da chantagem, usou os 'partisanos' italianos da Toscana para obter a benevolência das autoridades locais comunistas. Depois da guerra, no entanto, retornou a sua origem com o Movimento Social Italiano (MSI, neofascista).
Segundo a imprensa italiana também foi agente do serviço secreto dos Estados Unidos, a CIA, nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial. Entrou para a maçonaria na década de 1960, criou a loja P2 em 1970, conseguindo infiltrar gradualmente todas as instituições do Estado e as altas esferas da sociedade.

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